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José Maria Eça de Queirós (1845-1900)

“Os políticos e as fraldas devem ser mudadas


frequentemente e pela mesma razão”.
Eça de Queiroz
Realismo em Portugal
CONTEXTO: Revolução Liberal do Porto (1820) e
Guerra Civil ( 1828-1834) - Liberalismo
• 1865 – Questão Coimbrã: disputa, na Universidade de
Coimbra, entre os “novos” escritores realistas,
liderados pelo poeta Antero de Quental, e os “velhos”
escritores românticos. Antero escreve o artigo “Bom
senso e bom gosto”, atacando a estética romântica.
• 1871 – Conferências Democráticas do Cassino de
Lisboa – série de polêmicas palestras para a
divulgação das propostas da nova escola/estilo.
• 1875 – publicação da primeira versão do romance O
crime do Pe. Amaro, de Eça de Queirós.
Eça de Queirós (1845-1900)

Sua obra literária apresenta 3


fases:
1ª - Pré-realista/romântica:
influências do Romantismo – O
mistério da estrada de Sintra
(narrativa policial)
2ª - Realismo-Naturalismo: estudo
da sociedade
O crime do Padre Amaro (Igreja –
celibato): Pe. Amaro e Amélia.
O primo Basílio (educação burguesa –
adultério): Jorge e Luísa, Basílio,
Juliana, d. Conceição, Conselheiro
Acácio (“acaciano”), Julião.
Os Maias (nobreza/elite – incesto e
decadência): Carlos da Maia e Maria
Eduarda.
• 3ª - Realismo fantasista:
distanciamento em relação ao
Naturalismo, que não desaparece de
todo, por uma maior valorização da
imaginação fantasiosa e do estilo
lírico impressionista (prosa poética),
bem como por uma valorização das
tradições rurais/aristocráticas
lusitanas.
A relíquia (hipocrisia religiosa -humor):
Raposão e sua “Tite”.
A correspondência de Fradique
Mendes, A cidade e as serras, A ilustre
Casa de Ramires, Últimas
páginas:Vidas de Santos.
Características da prosa queirosiana
• Cenas “grotescas” com linguagem “polida”
• Conteúdo “dolorido” e forma “sofisticada”
• Ironia fina;
• Descritivismo e detalhismo;
• Realismo/Naturalismo.
• A crítica literária costuma identificar três fases
distintas na obra de Eça de Queirós . 
A relíquia (1887)
• Epígrafe: “Sob a nudez forte da verdade, o manto diáfano da fantasia”.
• Proposta estética: escapar dos rigores do modelo realista-naturalista.
• Primeira publicação: folhetins do jornal Gazeta de Notícias (Rio de Janeiro), em
1887.
• Aspectos do enredo
• Relíquia religiosa (falsa): coroa de espinhos.
• Relíquia profana (verdadeira): camisola de Mary.
• Mistura religiosidade/transgressão.
• Primeira moral: “inutilidade da hipocrisia” (sem pudor da verdade).
• Segunda moral: “descarado heroísmo de afirmar” (mentir sem pudor).
Experiência mística
• Teodorico, homem do século XIX, assiste à crucificação de Cristo, no século I.
• Esforço de superação das limitações do Realismo.
• Versão da morte de Cristo: falsa ressurreição.
• Religião: invenção dos homens.
Narrador
• 1ª pessoa: Teodorico Raposo, o Raposão.
• Narrativa memorialística.
• Aparência: comportamento piedoso.
• Essência: sensual e luxurioso.
Personagens
• Dona Patrocínio das Neves (Titi): tia de Teodorico, mulher rica e beata.
• Círculo de influência da Titi:
– Padre Casimiro: alegre.
– Padre Pinheiro: melancólico.
– Padre Negrão: bajulador.
– Dr. Margaride: juiz aposentado.
– Justino: tabelião.
• Círculo de amizades de Teodorico:
– Xavier: primo desprezado pela tia.
– Topsius: arqueólogo que o acompanha na viagem.
– Alpedrinha: figuração paródica do heroísmo português.
– Paulo Pote: guia em Jerusalém.
– Crispim: colega de infância, que se torna cunhado.
• As mulheres de Teodorico:
– Vicência: sonhos infantis.
– Adélia: amante lisboeta.
– Miss Mary: amante inglesa em Alexandria.
– Jesuína: esposa rica.
Tempo e espaço
• Confusão temporal: mistura século XIX (realidade) × século I (experiência
mística).
• Lisboa: espaço de religiosidade e de pecado.
• Peregrinação à Terra Santa.
• Aspectos formais
• Mistura registro elevado/registro baixo.
• – Registro elevado: referências religiosas.
• – Registro baixo: referências vulgares, insinuações eróticas.

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