A BIOMECÂNICA DE

MEIERHOLD
MOVIMENTO E CORPO
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• Segundo Meierhold o treinamento do ator se assemelha ao treinamento do músico, que
apesar de passar horas solfejando para aprender o tempo certo das notas, e durante seu
esforços para assimilar os modos de se posicionar, tanto com os movimentos dos dedos e
das mãos, como do seu próprio corpo, responde aos estímulos das notas, da harmonia, e
melodia. No entanto, no momento de sua apresentação, o músico ou musicista, cria em
sua apresentação para o público uma técnica que esconde, ou disfarça seus vícios de
aprendizagens, criando movimentos polidos, sem rebarbas e arestas, mostrando para o
espectador um espetáculo limpo, livre de manias ou hábitos. Assim também é o ator.
Após se debruçar sobre a obra que estuda, cria sua própria maneira de identificação e
aprendizagem da interpretação do texto da obra e subtexto.
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• Todavia a percepção teatral, a fluidez do movimento, a entonação da voz, o gesto ou a
pantomima deve conter a polidez deste, de forma que os vícios adquiridos através da
técnica de aprendizagem, tanto próprios, quanto dos diretores ou encenadores, não sejam
observados ou expostos durante sua apresentação, de forma a não revelar todo trabalho
feito até aquele momento, mas estabelecendo em seu trabalho a delimitação entre o
estudo e o aprendizado, entre o exercício e o praticado em cena. Desse modo o ator passa
a mostrar em cena movimentos racionais e conscientes, tomando os espaços como um
desenho cenográfico, não passando o controle das ações ao personagem, mas sendo
controlador deste como ator consciente do que realiza no palco, se tornando livre de
qualquer situação da vida comum .
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• Segundo Levinsk, O movimento biomecânico é um movimento cultural, ao contrário
do movimento espontâneo, emocional. A biomecânica é racional, o essencial dela é o princípio
voluntário. O ator deve ter consciência de si no espaço. [ ... ] O objetivo destes exercícios:
movimentar-se com o máximo de economia, de laconismo, de funcionalismo. Os exercícios
ensinam uma abordagem formal do movimento no palco. E ainda o culto ao desenho. O
desenho se torna um valor em si e um dos recursos cênicos  fundamentais. [ ... ] É o
movimento de um teatro no qual quem age não é  o personagem, mas o ator que o
representa. PICON-VALLIN, B. Reflexões sobre a biomecânica de Meyerhold. In: PICON-
VALLIN, B. A Arte do Teatro entre a tradição e a vanguarda: Meyerhold e a cena
contemporânea. Rio de Janeiro: Teatro do Pequeno Gesto: Letra e Imagem, 2006. p. 53.
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• Meierhold ao considerar o movimento como fator principal dos pontos de expressão do
ator, o coloque em evidência destacando como um dos principais elementos do teatro,
tendo em vista a ação dos corpos em pantomimas que comunicam sem necessariamente
exprimir palavras faladas, mas criando textos e contextos, frases e palavras através dos
movimentos dos corpos, criando em seus trabalhos interpretativos, assim como na música
uma partitura musical, consegue-se uma partitura teatral.: Apesar de admirar seu estudo
ele concordar com a maioria dos seus conceitos das ações pensamos que eu mergulho nas
relações vividas por cada ator ou atriz colabora sobremaneira nas interpretações ou na
busca de alcançar esses nos espetáculos toda havia uma partitura de movimentos cênicos,
ou de corpo do autor para conseguir atingir um objetivo para ser no espetáculo 
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• Um ator só se tornará um bom  ator depois de ter estudado bastante tempo e com muita atenção
tudo que diz respeito do teatro. " Trata-se de uma perspectiva mais globalizante que  totalizante
de uma formação na qual o ator treina, ao mesmo tempo, um  desenvolvimento corporal,
manual, intelectual, num "laboratório cênico gesto, e pode levar a uma exclamação ou a um
texto. Enfim, o movimento é concebido em sua relação com o tempo, ou melhor, com o ritmo,
materializa- do por um fundo musical constante e não-psicologizado. PICON-VALLIN, B.
Reflexões sobre a biomecânica de Meyerhold. In: PICON-VALLIN, B. A Arte do Teatro entre a
tradição e a vanguarda: Meyerhold e a cena contemporânea. Rio de Janeiro: Teatro do Pequeno
Gesto: Letra e Imagem, 2006. p. 56
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• Meierhold, considera que o corpo do ator é apenas uma obra-prima a ser transformada a
serviço do teatro ou daquele que concebe  espetáculo, moldando seu corpo as aspirações de
cada cena, como um barro na mão do oleiro, como as notas de uma partitura escriturados por
um musicista ou maestro. Desse modo, ele procura criar um diálogo para entender as leis
teatrais, procurando conhecer e reconhecê-las, abrindo espaço para dialogar e aprender com
outras vertentes da arte, buscando todas as formas de interpretação, extraindo o suprassumo
destas, sem fechar fronteiras, mas se conectar com estas de forma a interligar o passado com
presente valorizando o que se passou.
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• como numa solução química concentrada, importantes segredos do palco e da profissão,
da condição de ator, segredos que devem ser de  novo revelados numa prática atual:
reencontrar, entender, decifrar, atualizar  em fórmulas precisas, parecidas às vezes com as
da álgebra, assimilar, não  para voltar atrás, mas para ir mais longe e acabar com a tirania
do declamador  ou do "ator-gramofone". Ou, para utilizar uma outra imagem: trabalhando
os  materiais históricos e os textos, o "ator meyerholdiano" 
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• - ficção que  corresponderia a uma síntese ideal das concepções do encenador sobre o  ator em
diferentes estágios da sua evolução - segue concretamente as pega- das dos atores do passado,
para garantir a exatidão do seu caminhar (no  sentido próprio e figurado) ulterior, autônomo
e firme. PICON-VALLIN, B. Reflexões sobre a biomecânica de Meyerhold. In: PICON-
VALLIN, B. A Arte do Teatro entre a tradição e a vanguarda: Meyerhold e a
cena contemporânea. Rio de Janeiro: Teatro do Pequeno Gesto: Letra e Imagem, 2006. p. 56 
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• No início dos anos de 1920, Meierhold envolvido nas revoluções Russas e com grande
interesse pela máquina, prioriza projetos produtivos vistas e construtivistas dos pontos ator
Operário, palco oficina, de fábrica, acentuado os sistemas de movimentos cênicos esterilizados.
Observando e o corpo máquina das Indústrias nos esportes em geral tais como: acrobacias,
vírgula, dança clássica, popular e ginástica rítmica dentre outros.
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• Para Meierhold, os exercícios ajudavam a tornar o corpo mais saudável, além de se aproximar
do eixo da gravidade, fazendo com que o ator tomasse consciência do seu próprio corpo no
espaço da cena, buscando sempre no espetáculo um equilíbrio, e percebendo tudo em sua
volta. 
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• mostrar a vida em  cena não significa mimá-la, copiá-la, mas atuá-la; no palco, o essencial
é  "viver num clima especificamente teatral", "a alegria", que "se torna a  esfera fora da qual [o
ator] não pode existir, mesmo quando ele tem que morrer em cena"; longe de entrar na pele do
personagem, o ator deve, de  uma certa maneira, sair dele, ver-se e contemplar-se no processo
de sua  atuação; as emoções no palco (atrapalham e turvam a sua precisão, a sua alegria e o seu
brilho; enfim, o texto é o ornamento da estrutura teatral  construída pelo trabalho do corpo no
espaço: "as palavras são somente os  desenhos sobre a tela do movimento" . Provisoriamente,
Hamlet é interpretado como uma pantomima, mas para poder, um dia, apresentar o texto
na  sua integralidade, sem omitir uma única cena.
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• Segundo Meierhold, ao contrário do que parece, a abordagem biomecânica da
atuação  não reduz o ator ao estado de máquina (mas pode permitir mostrar a máquina, ou
o boneco, dentro do personagem) e, mais, não ignora a sua capacidade de improvisação,
ela abre a atuação ao princípio da montagem, torna o ator responsável pela criação de
imagens espaço-rítmicas sem função ilustrativa redundante em relação ao texto, ela
obriga a ver e  se ver dentro do espaço. Esse tipo de atuação se apóia sobre a
consciência  que o ator tem da inscrição do seu corpo sobre e dentro da área cênica,  
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• sobre seu conhecimento da mecânica corporal, sobre conceitos dinâmicos de aceleração, de
resistência, de frenagem, sobre noções de emprego, de autolimitação. A assimilação de um
certo número de regras libera a imaginação e dá ao ator, além do slogan simplista de eficiente
homem- máquina das utopias produtivistas, a disponibilidade do seu corpo e a abertura, num
espaço autolimitado, mínimo, de uma margem de liberda- de que deve ser plenamente
aproveitada. A assimilação das regras lhe  dá, enfim, e sobretudo, talvez a possibilidade de
transgredi-las (contra- emprego,* movimento dito "excêntrico"). PICON-VALLIN, B.
Reflexões sobre a biomecânica de Meyerhold. In: PICON-VALLIN, B. A Arte do Teatro entre a
tradição e a vanguarda: Meyerhold e a cena contemporânea. Rio de Janeiro: Teatro do Pequeno
Gesto: Letra e Imagem, 2006. p. 64
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• por tudo isso, ele acreditava que a preparação do ator através de exercícios dos movimento
levava a libertação da submissão, permitindo que o ator pudesse criar e identificar sua própria
linguagem cênica, sendo capaz de através deste último, liberar emoções, desencadeando no
palco a plasticidade dinâmica e o ritmo pela biomecânica e pelo retorno as raízes do teatro.