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Interculturalidade, Alteridade e Educação

Disciplina: Educação e Diversidades


Professores: Marlene Barbosa de Freitas Reis e Viviane Pires Viana Silvestre
Discentes: Eliane Silva, Kellita Araujo e Vânia Vieira
Ano / Período: 2021/2
Ler criticamente o mundo, intervir na reinvenção da
sociedade, e visibilizar a desordem absoluta da
descolonização.
Multiculturalismo, Interculturalidade funcional e
Interculturalidade crítica são a mesma coisa?
Como o multiculturalismo e a interculturalidade funcional
tem contribuído para o fortalecimento de das estruturas
sociais estabelecidas e sua matriz colonial?
Interculturalidade crítica

O enfoque e a prática que se desprende da


interculturalidade crítica não é funcional para o modelo
de sociedade vigente, mas um sério questionador
dele.
O interculturalismo funcional responde e é parte dos
interesses e necessidades das instituições sociais; a
interculturalidade crítica, pelo contrário, é uma
construção de e a partir das pessoas que sofreram
uma histórica submissão e subalternização
Pedagogia de-colonial a partir da
interculturalidade crítica

Como projeto político, social, epistêmico e ético, a


interculturalidade crítica expressa e exige uma
pedagogia e uma aposta e prática pedagógicas que
retomam a diferença em termos relacionais, com seu
vínculo histórico-político-social e de poder, para
construir e afirmar processos, práticas e condições
diferentes.
O crítico-político e de-colonial: um diálogo com Freire e
Fanon

Não há prática social mais política que a prática educativa.


Com efeito, a educação pode ocultar a realidade da dominação
e da alienação ou pode, pelo contrário, denunciá-las, anunciar
outros caminhos, convertendo-se assim numa ferramenta
emancipatória. O oposto de intervenção é adaptação, é
acomodar-se, ou simplesmente adaptar-se a uma realidade
sem questioná-la”. (FREIRE, 2004, p. 34)
(Des)colonização – (des)humanização

Para Fanon, a descolonização é uma forma de


(des)aprendizagem: desaprender tudo que foi imposto e
assumido pela colonização e desumanização para
reaprender a ser homens e mulheres.
Em direção ao in-surgir, re-existir e re-viver....

Pensar e agir pedagógicos fundamentados na humanização


e descolonização; isto é, no re-existir e re-viver como
processos de re-criação.
E é com relação a este sonho e construção – e como
maneira de conclusão – que faço ressaltar outro
elemento comum a Freire e Fanon: a esperança como
uma necessidade ontológica que urge para se
enfrentar a raiva e construir o amor. Aqui não falo do
amor romântico, mas do amor como aparato político e
existencial, como componente central de uma
consciência dissidente e criativamente insurgente que
pode intervir (e insurgir) tanto no interior como nas
relações modernas/coloniais/ neoliberais que mantêm
a dominação e desumanização.
ALTERIDADE
ALTERIDADE
“mau selvagem e bom civilizado” “bom selvagem e mau civilizado”

Oviedo (1550) Cristóvão Colombo, apontando no


Caribe
O CORPO EXÓTICO DO OUTRO, ENTRE EXIBIÇÕES E ESPETÁCULOS DA DIFERENÇA
"ZOOS DE HUMANOS“

Se estas exibições desapareceram progressivamente nos anos 30, elas serviram para desempenhar sua
função: criar uma fronteira entre os exibidos e os visitantes. Uma fronteira que podemos nos questionar se
ela não existe ainda.
Jardim da Aclimatação Jardim Etnológico
ALTERIDADE

Dinâmica – Instagram
Imagens para pensar o Outro
O que interpretamos do e sobre o Outro?
Quem é o que nos diz o quem é o Outro?
Aliás, quem é o outro que a imagem tem o poder de retratar?
Quem vê, vê o quê?
O diferente está nos olhos de quem vê a partir de quais referenciais?
O que a diferença desperta?
A desacomodação que gera alteridade ou a indiferença que gera
deboche?
ALTERIDADE
Neste sentido, o que vemos no cotidiano é mediatizado por alguma tecnologia, além do fato de
vermos apenas aquilo que precisamos ver. “Atravessamos nossos dias com viseiras, observando
somente uma fração do que nos rodeia. E quando observamos criticamente, é quase sempre com
o auxílio de alguma tecnologia” (Collier Jr, 1973, p.3).

 A seguir uma célebre fotografia de Elliott Erwitt que retrata o racismo nos Estados Unidos na
década de 1950. O retrato de uma época que ainda se faz presente sob outras roupagens causa
indignação ao mostrar os bebedouros separados para brancos e negros.
ALTERIDADE
A utilização da imagem para produzir formas positivas de reconhecimento da diversidade
cultural e novas sensibilidades políticas
Os Sete Sapatos Sujos
"Não podemos entrar na modernidade com o atual fardo de preconceitos. À porta da
modernidade precisamos de nos descalçar. Eu contei Sete Sapatos Sujos que necessitamos de
deixar na soleira da porta dos tempos novos. Haverá muitos. Mas eu tinha que escolher e sete é
um número mágico:
- Primeiro Sapato - A ideia de que os culpados são sempre os outros.
- Segundo Sapato - A ideia de que o sucesso não nasce do trabalho.
- Terceiro Sapato - O preconceito de que quem critica é um inimigo.
- Quarto Sapato - A ideia de que mudar as palavras muda a realidade.
- Quinto Sapato - A vergonha de ser pobre e o culto das aparências.
- Sexto Sapato - A passividade perante a injustiça.
- Sétimo Sapato - A ideia de que, para sermos modernos, temos de imitar os outros."
Mia Couto (Excertos desta oração foram publicados no Courrier Internacional, nº. 0, de 2 de
DESAFIOS EDUCACIONAIS

De acordo com o que discutimos até o momento, fica a indagação: há possibilidades de outros modos de
educar ou de conceber a educação, a partir da qual as pessoas sejam colocadas em primeiro lugar, capazes de
relações aquecidas pelo respeito, responsabilidade e justiça diante do outro?

A tolerância mútua, o reconhecimento dos diversos costumes, ideais, convicções, etnias, gêneros e classes
sociais em todos os espaços e especialmente na escola, são princípios fundamentais para o convívio das
culturas heterogêneas e, na ausência desses princípios, o medo assume a forma de atritos e conflitos
abertos.

Hannah Arendt (2003) defende “uma dimensão que possibilita pensar nas condições para o outro poder a
vir a ser outro”, esse pensamento reflete um ponto de articulação entre alteridade e educação.
ALTERIDADE

“Ou aprendemos a viver como irmãos, ou vamos


morrer juntos como idiotas” (Martin Luther King).
PROVOCAÇÕES

“mau selvagem e do bom civilizado“ "bom selvagem e do mau civilizado".

As imagens acima retratam o encontro com o Outro, a partir da perspectiva do europeu. São imagens que
trazem representações que construíram e desconstruíram esse encontro pelas figuras do "mau selvagem e do
bom civilizado" e do "bom selvagem e do mau civilizado".
Se a perspectiva do índio fosse documentada em imagens, quais representações seriam possíveis sobre esse
encontro?
Aqui a imagens retrata o encontro com o Outro no século XIX, que ainda não rompera com as amarras
econômicas que se sustentava pela escravidão tanto dos negros africanos quanto dos indígenas nativos. O uso
das imagens de caráter jornalístico, as imagens que documentam o homem e o seu cotidiano, a cidade e o
campo, a paisagem e os fatos gerados por ela, sempre são representações que independente de como são
registradas (fotografia, litografia, xilogravura, pintura, etc.), conduzem o interlocutor a interpretações
diversas. Nesse sentido, como podemos pensar a relação do uso da imagem no encontro com o Outro?
Aqui damos um salto no tempo, entramos no século XXI para
pensar as imagens no encontro com o Outro
contemporaneamente. Se antes as imagens eram produzidas
da perspectiva colonizador > colonizado, atualmente são
produzidas por diferentes óticas da sociedade,
independente da forma sempre produzem conhecimento e
representações sobre o Outro. Mas há algo que o nosso
conhecimento nos impede de ver. Quem vê, vê o quê? E como
a alteridade ao longo do tempo produziu novas formas de
olhar para o Outro?
 
Podemos pensar a diversidade cultural a partir de imagens,
de forma a que essa atividade produza a “descolonização do
modo de pensar e da contenção da supremacia imagética e
cultural indo-europeia, significante fator na ampliação da
democracia e na limitação do colonialismo cognitivo e mental”
Que imagens ajudam a descolonizar/desconstruir o
pensamento hegemônico sobre o Outro em sociedades
diversas?
Queixamo-nos de que as pessoas não lêem livros. Mas o déficit de leitura é muito mais geral. Não sabemos ler
o mundo, não lemos os outros. Mia Couto

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