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Globalização e Política Industrial:

mitos e realidade
André Nassif
andrenassif27@gmail.com
Departamento de Economia
Universidade Federal Fluminense – UFF

II Escola de Estudos sobre Teoria Keynesiana


XI Encontro Nacional da Associação Keynesiana Brasileira
(AKB)
Porto Alegre, 14-17 de agosto de 2018
Globalização
 Intensidade de integração dos
fluxos de produção, comércio,
tecnologia e finanças globais.
Globalização: Dimensões
 Fato: Duas ondas marcantes no processo de globalização
em perspectiva histórica
2ª onda:
final dos
1970s/
início dos
1980s: Toyotismo
(microeletrônica/
Computador/
internet/4D

1ª onda:
final sec.
XIX: fordismo
(BK/eletricidade/
química/automotiva)
Globalização: Dimensões
 Fato: integração do comércio global associado às revoluções tecnológicas. Na
verdade, foram 2 ondas de globalização (e não 3, como sugere o gráfico, posto
que a 1ª onda foi contida pelas crises do entreguerras)
Revolução
microeletrônica
e digital

Fordismo Na verdade, foram 2 ondas de


Globalização (e não 3, como sugere
o gráfico)
Globalização: Dimensões
 Fato: queda das barreiras ao comércio após a década de 1980
(“guerras comerciais” só foram exceção no entreguerras)
Globalização: Dimensões
 Fato: queda dramática das tarifas médias de importação em todos
os países (liberalização comercial unilateral + acordos pós-Rodada
Uruguai, finalizada em 1994; com criação da OMC)
Globalização: Dimensões
 Fato: a característica da globalização em curso é sua velocidade
e o menor custo de transmissão das informações em nível
global – acesso a conhecimento ficou mais fácil e mais barato
Globalização: Dimensões
 Fato: veloz e menor custo de transmissão das informações
em nível global – acesso a conhecimento ficou mais fácil e
mais barato
 Difícil detectar o que é causa e efeito
no processo de globalização.

 Por ex., foram as quedas das


barreiras ao comércio que
aceleraram o progresso tecnológico
ou o contrário?

 Difícil responder.
Globalização: Dimensões
 Mitos: globalização não implica eliminação de fronteiras nacionais, nem total ausência
de barreiras ao comércio: notem que, no que se refere ao fluxo de trabalhadores,
globalização não passa de mito. Ela é inquestionável no fluxo financeiro (após abertura
das contas-capital e quase generalização de regimes de câmbio flutuantes – Friedman
venceu Keynes após 1970) e nos fluxos de comércio globais. E mais, não prescinde de
Estados atuantes; muito pelo contrário – vide estratégias nacionais no Sul da Ásia,
especialmente, China e Índia (ver também Rodrik, 2011)

Auge ocorre no bojo


de tragédias mundiais:
diáspora ao longo e após
I Guerra Mundial
Globalização: Dimensões
 Fato: a avalanche da globalização financeira
(“financeirização”) – liquidez internacional é fortemente
instável para os países emergentes.
Nosso foco: globalização via comércio
 Livre-comércio teórico é distinto de livre-comércio
real (Bhagwati, 1989);

 Livre-comércio teórico: associado às teorias do


comércio internacional que sempre comparam
situação de “autarquia” (ausência de comércio) com
livre-comércio puro (total inexistência de barreiras ao
comércio) – nem um, nem outro existe na realidade;
são meras pressuposições teóricas.

 Livre-comércio real: associado aos acordos de


liberalização multilateral no âmbito do antigo GATT e
atual OMC.
Protecionismo generalizado é diferente de proteção
“pontual” (ou seja, esta última baseada nos
argumentos para proteção, analisados mais à frente)

Source: Krugman, Obstfeld e Melitz, 2012, p.235

Se ambos protegem, ambos perdem. Se trocarmos Japão e U.S. por


País I e Resto do Mundo, protecionismo generalizado sempre resultará
em catástrofes globais. Logo, Trump está errado ao afirmar que
“guerras comerciais são fáceis de ganhar”, sobretudo se estas se
generalizarem para a economia global.
Argumentos em favor do livre-comércio:
1) Baseados nas teorias do comércio
internacional
Modelo Ricardo-Dornbusch-Fischer-Samuelson: cada país deveria se especializar na
produção de bens para os quais detenha vantagem comparativa (determinada
conjuntamente pelos diferenciais de produtividade e de salários relativos entre países)

Fonte: Dornbusch, Fischer and Samuelson (1977: 825)


Argumentos em favor do livre-comércio:
1) Baseados nas teorias do comércio
internacional

No entanto, a defesa acadêmica do livre-comércio é baseada


na versão Heckscher-Olhin-Samuelson (em que pese a
inadequação empírica – vide paradoxo de Leontief), e não no
modelo de Ricardo (bem mais “realista” que o de H-O-S).
 Vantagem comparativa determinada pelas diferentes
dotações relativas de fatores (Ohlin, 1924; 1933)

 Sob condições muito restritivas, livre-comércio levaria à


total equalização dos preços relativos de bens e fatores de
produção na economia global (Samuelson, 1948).

 Mas tanto o modelo ricardiano como o de H-O-S


pressupõem concorrência perfeita nos mercados de bens
& trabalho e retornos constantes de escala.
Argumentos em favor do livre-comércio:
1) Baseados nas teorias do comércio
internacional

Com concorrência imperfeita, cada caso é um caso.


Dependendo da forma de competição oligopolística, pode
haver:

i)Equilíbrios múltiplos;

ii)Padrão de comércio indeterminado;

iii)E
perdas com o comércio para um dos países (ver caso em
Helpman e Krugman, 1985, pp.51-53).

Mas o papel do tamanho da demanda doméstica é resgatado


por Krugman como fonte potencial de vantagem
comparativa na produção de bens manufaturados (Linder,
1961, é resgatado).
Argumentos em favor do livre-comércio:
1) Baseados nas teorias do comércio
internacional
Mas é o mesmo Krugman que “salva” a teoria de H-O (logo, a defesa do
livre-comércio), ao demonstrar a possibilidade de coexistência de padrões
de comércio sob concorrência perfeita e concorrência imperfeita do tipo
concorrência monopolística a la Chamberlin (economias de escala e
diferenciação de produtos, mas ausência de barreiras à entrada; e firmas
homogêneas dentro da indústria).
Modelo Krugman (1981; 1990)

Fonte: adaptado de Krugman (1990, p.77)


Argumentos em favor do livre-comércio:
1) Baseados nas teorias do comércio
internacional
E nova safra de modelos de comércio na era da globalização:
“novas novas” teorias de comércio internacional (Melitz, 2003)
Estratégias das multinacionais levam a diversas formas
de fragmentação global da produção: a gênese das cadeias globais de valor

Modelo de Melitz (2003) -


empresas multinacionais são
heterogêneas quanto a tamanho
e potencial de produtividade:
fragmentação global da produção
envolve diferentes estratégias;
cada uma depende do confronto
custos fixos x economias de
escala (produtividade).

Note que, por


deterem empresas “menores”
(menor produtividade), países
em desenvolvimento dificilmente
conseguem formar multinacionais
(exceção recente: China)

Fonte: Helpman (2012, p. 151)


Argumentos em favor do livre-comércio:
2) Baseados nas distorções (sobre bem-estar dos consumidores)
decorrentes das barreiras ao comércio: ex: aumento da tarifa de importação
Pm PD Od
Dd
P’D =
DW OW
P’D PD .(1 + t)

P D = PW
PW

Q Qd Cd

Importação
Mercado mundial Mercado interno
10/26/21 Política Comercial 19
Efeito de uma tarifa sobre o excedente
dos consumidores, em ED
PD
DD OD

PD = P*(1 + t)

P*

P’*

Q1 Q2 C2 C1 Q

10/26/21 Política Comercial 20


Efeito de uma tarifa sobre o excedente
dos produtores, em ED
PD
DD OD

Excedente dos
produtores

PD = P*(1 + t)

P*

P’*

Q1 Q2 C2 C1 Q

10/26/21 Política Comercial 21


Efeito de uma tarifa sobre o excedente
dos produtores, em ED
PD
DD OD

Excedente dos
produtores,
após a tarifa
PD = P*(1 + t)

P*

P’*

Q1 Q2 C2 C1 Q

10/26/21 Política Comercial 22


Efeito de uma tarifa
PD
DD OD

PD = P*(1 + t)

P*

P’*

Q1 Q2 C2 C1 Q

10/26/21 Política Comercial 23


Efeito de uma tarifa
PD
DD OD

Custo social
na produção

PD = P*(1 + t)

P*

P’*

Q1 Q2 C2 C1 Q

10/26/21 Política Comercial 24


Efeito de uma tarifa
PD
DD OD

Custo social do
consumo
PD = P*(1 + t)

P*

P’*

Q1 Q2 C2 C1 Q

10/26/21 Política Comercial 25


Livre-comércio x proteção

Até aqui, mostramos os argumentos favoráveis ao livre-


comércio.
Mas existem casos em que o Estado deveria se afastar do
referido regime?

Ou seja, há argumentos favoráveis à política industrial –


aqui entendida como um conjunto de instrumentos adotados
pelo Estado para acelerar o processo de desenvolvimento
econômico e social -, que implica algum grau de proteção?

A resposta é SIM. E até mesmo os liberais-neoclássicos


admitem alguns casos muito restritivos. Mas, atenção,
vamos analisar argumentos pontuais para proteção
temporária, e não PROTECIONISMO GENERALIZADO.
1) Argumento neoclássico
 Falhas de mercado: ocorrem quando os mercados
per se não conseguem mostrar os resultados
compatíveis com o “ótimo” paretiano. Se as
economias se afastam do ótimo paretiano, há “falhas
de mercado”.

 Intervenções governamentais admitidas para corrigir


as falhas de mercado.

 Problema: governo pode falhar: “falhas de governo”


podem agravar “falhas de mercado”.

Ver Corden (1974).


2) Argumento para proteção da indústria
nascente

 Argumento tradicional de proteção em defesa da industrialização dos países


que ficam “atrasados” nesse processo: formulado pioneiramente por
Alexander Hamilton (1791) e Friedrick List (1841).

 E aceito pelo liberal clássico John Stuart Mill (1848):

 Mill: Um país atrasado dificilmente alcançará o adiantado com adesão


incondicional ao livre-comércio, em razão de não ter tido a ventura de se
industrializar primeiro (ex. Estados Unidos e demais países estavam
atrasados em relação à Inglaterra em meados do século XIX; Coréia do Sul
e Brasil em relação aos Estados Unidos e Europa, após a II Guerra Mundial,
e assim por diante). Ver também Chang, 1993.

 Quase todos os países atrasados fomentam a industrialização protegendo


indústrias-chave nascentes.

MAS ESTE ARGUMENTO NÃO SERVE MAIS PARA AMPARAR O CASO


BRASILEIRO. NÃO HÁ MAIS INDÚSTRIAS NASCENTES NO BRASIL!
3) Argumento estruturalista-neoschumpeteriano: proteção é
necessária quando há gaps tecnológicos entre países (seria mais
apropriado para o Brasil atual, por causa da desindustrialização
prematura)
Modelos de gaps tecnológicos estruturalistas-neoschumpeterianos

Problemas das teorias de comércio (inclusive as “novas”): ou a tecnologia ou

a dotação de fatores dos países são consideradas dadas (na verdade, elas
podem ser criadas ou modificadas por políticas econômicas).
Esses gaps tecnológicos entre países avançados ou atrasados (ou que se
desindustrializaram precocemente) influenciam tanto o padrão estático de
comércio como as taxas de crescimento dos países no longo prazo.

Modelo de gaps tecnológicos foi desenvolvido pioneiramente por M. Posner


(1961) e recentemente modelado por Cimoli (1988), Cimoli and Dosi (1988)
and Dosi, Pavitt and Soete (1990).

No que segue, apresenta-se uma adaptação do modelo de Cimoli e Porcile


(2010), que partem do modelo de muitos bens (um continuum) de Dornbusch,
Fischer e Samuelson (1977) – cujo gráfico já foi apresentado anteriormente.

Os desdobramentos matemáticos do modelo podem ser verificados


em Nassif e Castilho (2018).
29
Modelo de Cimoli e Porcile (2010): slides
resumidos em inglês
Initially, the model is equal to Dornbusch, Fischer and Samuelson’s (1977)
model.
By assuming South imitators countries and North innovators countries (* for
North):

Rearranging (1):

30
Modelo de Cimoli e Porcile (2010)
Dornbusch, Fischer and Samuelson’s (1977)Ricardian model:

Figure 3. Static Pattern of Specialization in the Ricardian Model with a Continuum of Goods

Trade pattern jointly determined


by differences in relative labor
productivity and relative wages;

All assumptions of traditional


Ricardian model for two goods
are preserved: perfect competition,
constant returns to scale and, last
but not the least, homothetic
preferences.

Source: Dornbusch, Fischer and Samuelson (1977)


Trade pattern: a very brief summarizing of
the theoretical literature
Cimoli and Porcile’s (2010) gap technological models:
subverting Dornbusch, Fischer and Samuelson’s (1977) neoclassical
model

No neoclassical assumptions:

i) N goods with different income and price elasticities (no homothetic


preferences);

ii) All goods under imperfect competition (entrepreneurs fix mark-up


according to market power);
iii) Nominal wages determined by bargaining between capitalists and
workers

iv) Capitalist economies are balance of payments constrained;

v) Short and long-term economic growth depend on aggregate demand;

vi) Technology is endogenously determined in the long-run.


Trade pattern: a very brief summarizing of
the theoretical literature
Cimoli and Porcile’s (2010) gap technological models:
subverting Dornbusch, Fischer and Samuelson’s (1977) neoclassical
model
Trade pattern: a very brief summarizing of the
theoretical literature
Cimoli and Porcile’s (2010) gap technological models:
subverting Dornbusch, Fischer and Samuelson’s (1977) neoclassical
model

(11)
Então, podemos concluir até aqui que:
 A capacidade de um país “fechar” o gap tecnológico e efetivar
o “catching up” com os países desenvolvidos depende da
relação entre a elasticidade-renda da demanda das
exportações e a elasticidade-renda da demanda das
importações (a primeira tem de ser superior à segunda; do
contrário, o crescimento é recorrentemente abortado por
crises estruturais do balanço de pagamentos).

 Logo, dificilmente a adesão incondicional ao livre-comércio


assegurará o “catching up”.

 É óbvio que o problema é como desenhar políticas industriais


inteligentes na era da globalização: não dá mais para serem
do tipo das que prevaleceram na fase de substituição de
importações; além disso, deve haver foco/prioridade (e não
generalização de incentivos como na era Lula-Dilma).
O caso do Brasil

Novamente, slides em inglês

Todas as evidências extraídas de Nassif e Castilho (2018).


The case of Brazil
A brief analysis on Brazil’s economic reforms and some
previous indicators
From the end of XIX Century to 1930:

- Brazil as a primary export economy (especially coffee);

- Highly openned to the world economy;

- Long-term economic growth driven by world markets and constrained by


price volatiligy of export goods.
From 1930 onwards:

- IS Import Substitution process (spontaneous until 1950) and managed


by strong state interventions from 1950 to 1980;

- Between 1957 and 1980: a fine coordination between industrial and


trade policies, despite irrational use of instruments (import
licences, excess of subsidies, high protection and so on).

- Despite such irrationality, a large and diversified manufacturing sector in


1980
The case of Brazil
A brief analysis on Brazil’s economic reforms and some
previous indicators
The 1980 decade:

- Lack of coordination between industrial and trade policies;

- Import policy as mechanism for saving foreign exchanges (external debt


problem): e.g., Annex C (thousands of goods with prohibited
imports (such as automobiles, electronic goods and informatic goods). In
practicse, infinite import protection.
From 1990s onwards:

- Trade liberalization (1990-1994): a necessary strategy for redefiniting


Brazilian protection structure;

- Other liberalizing economic reforms from 1992 on (privatization, openess of


capital account, etc);

- Problems: contrary to literature recommendations, trade liberalization


together with openess of capital account and real exchange rate overvaluation;

- Practically no industrial policy from 1990 to 2003. Anyway, labor productivity was
jumped (between 1990 to 1998).
The case of Brazil
A brief analysis on Brazil’s economic reforms and some
previous indicators
2003-2014 (Lula da Silva – Dilma Rousseff’s governments)

- Attempt to implement industrial policy oriented towards innovation and strategic


sectors, but old vicious prevailed, such as:

- Three industrial plans (PITCE – 2004; PDP – 2008; and Brasil Maior – 2011)
characterized by lack of selectivity, excessive use of subsidies; lack of
performance requirements from entrepreneus, etc;

- Last, but not the least: overvaluation trend of the Brazilian real.
Brazil: Real effective exchange rate (REER) – 1988 to August, 2017
(Index-base = Jun-1994=100)

Source: Brazil’s Central Bank.

40
Tariff structure in selected countries (in
percentage)

Data show that the idea that Brazil is a very protected


economy is a myth. But it is a relatively closed
economy (measured by the exports plus imports to
GDP ratio). 41
Technological gap in the Brazilian industries of the
manufacturing sector classified by factor content and
technological sophistication

Source: ECLAC-PADI

A stagnant labor productivity growth between 1999 and 2015


(-0,2 p.y.; against 5% p.y. between 1990 and 1998) increased
significantly the technological gap (in all manufacturing segments).
42
A sharp falling behind: “here everything seems
construction and in ruins”

Note: 1, 2, 3 and 4 refer to quarters.


Source: Nassif, Feijó and Araújo (2015: 1326)
 
Vide modelo de Cimoli e Porcile (2010): dramático aumento
do gap tecnológico do Brasil em relação ao resto do mundo
justifica a adoção de políticas industriais. O problema é como
desenhar e implementar políticas industriais bem-sucedidas no
Brasil, dado o histórico recente de fracasso. 43
Brazilian trade flows from 1990
to 2016
• 1990-2016: strong dynamism of BR trade = total trade value multiplied by 6 while world
trade was multiplied by 4.
• Exports grew faster than imports, despite of the inverted evolution in the 90’s

44
Imports and exports pattern
 Imports stability – importance of SS+SB (40%)
 Primarization of exports – manufactured goods felt from 80% (1995) to 53% (2014). Rise of Primary goods
 Among manufatured goods, RB augmented.
 But among all Resource based goods (PP+RB): exports of non manufactured (PP) grew faster.
 It’s not only about prices...

Gráfico mostra mudança


na pauta de exportações

Elaborated by the authors, based on COMTRADE database. 45


Imports and Exports performance
Resource
Labour Scale Specialized
Primary based Science Manufactured
intensive intensive suppliers n.d Total
goods industry based (5) goods (1-5)
(2) (3) (4)
(1)
EXPORTS
Composition (% of total exports)
1990-1995 21,1 28,5 12,6 23,0 9,7 4,0 1,0 77,9 100,0
1996-2000 22,4 27,3 10,6 21,1 9,8 7,2 1,6 76,0 100,0
2001-2005 26,4 24,2 9,2 20,4 9,1 8,8 1,8 71,8 100,0
2006-2010 36,8 22,3 6,3 17,2 8,1 7,2 2,2 61,1 100,0
2011-2016 45,1 21,2 4,9 14,5 7,2 5,2 1,9 53,0 100,0
Average Annual Growth (p.y.%)
Houve 1990-1995 5,4 9,7 7,7 8,2 10,7 5,6 10,3 8,2
“especialização 1996-2000 5,0 (1,9) 2,3 2,3 1,5 29,2 11,4 3,5
regressiva” 2001-2005 23,4 13,9 10,4 18,5 17,7 7,9 15,2 16,5
2006-2010 21,6 11,3 1,6 1,9 4,7 3,5 11,6 11,2
2011-2016 (2,3) (1,3) (0,7) 0,9 (0,1) (1,7) (8,4) (1,4)
(em bens de IMPORTS
baixa elasticidade-renda 1990-1995 20,7 22,5 7,6
Composition (% of total imports)
14,4 18,8 15,9 0,0 79,3 100,0
da demanda no longo 1996-2000 12,6 20,5 8,7 16,3 21,8 19,9 0,1 87,2 100,0
prazo) 2001-2005 15,5 18,5 7,8 14,2 21,3 22,6 0,0 84,5 100,0
2006-2010 14,4 19,3 8,4 17,7 19,0 20,1 1,2 84,4 100,0
E mais: regressão 2011-2016 11,2 21,0 9,7 19,2 18,7 20,2 0,0 88,7 100,0
Average Annual Growth (p.y.%)
acelerou na era 1990-1995 (1,3) 25,3 33,2 38,2 19,7 19,1 39,0 19,1
Lula-Dilma, ou seja, 1996-2000 (0,6) (0,9) (3,7) (4,9) 2,5 9,0 48,2 0,7
“Agenda-Fiesp” deu 2001-2005 13,1 2,1 5,5 6,5 4,6 5,0 (48,2) 5,7
errado (ver Carvalho, 2006-2010
2011-2016
10,7
(7,9)
22,3
(4,2)
22,9
(2,6)
27,7
(6,8)
19,6
(4,7)
16,2
(1,6)
105,5
(2,8)
19,7
(4,5)
2018). Source: Elaborated by the authors based on COMTRADE database.
46
Brazilian market share
 Huge MS increase in PP market share (6,3% in 2016)
 Primarization has occured not only in Brazil: industrial exports showed some dynamism till 2006.
 Manufactured goods increase their MS till 2008 (1990=2016=0,9%)
 By sectors: LI = ↓ since the 90’s; SB = ↓ since 2008; SS = ↑.

Market share of Brazilian manufacturing exports, by product group


(1990-2016, % of world exports)

47
Pattern of specialisation (1): RCA
 Deepening of manufactured goods
exports disadvantages
Brazilian Revealed Competitive Advantages
Balassa index

Vantagem
comparativa
do Brasil
concentrada em
commodities

48
Pattern of specialisation (2): (lack of)
diversification of Brazilian trade
 Diversification of imports versus recent concentration of
exports – vide Cimoli e Porcile (2010): menor diversificação
de exportações/maior gap tecnológico (caso do Brasil).

2016
Primary goods 0,149
Resource based industry 0,117
Labour intensive 0,116
Scale intensive 0,084
Specialized suppliers 0,086
Science based 0,250
TOTAL 0,035

49
Pattern of specialization (3): Intensive and
extensive margins of trade
 IM = Brazilian market share in goods that the country traditionally exports (consolidated
markets)
 EM = increase of the market share in old or new goods highly demanded by global markets
 Brazilian export growth was based on world market expansion and not on
expansion/diversification of the export basket.

Table 4: The intensive (IM) and extensive margin (EM) of Brazilian exports by product groups (1990-
2016) IM
EM IM
1990 2000 2010 2016 1990 2000 2010 2016
Primary goods 50.1 94.4 97.3 93.7 11.1 2.0 4.5 6.4
Resource based industry 77.9 89.9 87.6 96.8 5.2 1.6 1.8 1.7
Labour intensive 94.2 98.2 98.9 99.3 1.9 0.7 0.6 0.5 EM
Scale intensive 94.4 98.1 98.8 98.9 1.9 1.0 1.1 1.1
Specialized suppliers 96.0 99.2 99.3 99.6 1.2 0.5 0.7 0.7
Science based 97.2 99.2 98.6 99.5 0.9 0.7 0.5 0.4
But, mainly
TOTAL 88.2 96.7 96.3 98.2 2.6 1.0 1.5 1.4 commodities
Source: Calculated by the authors, based on COMTRADE database.
50
Pattern of specialisation (5):
intra-industry trade

Baixo índice de
comércio intraindustrial:
E.U.A e EU em torno
de 0.60

51
Geographical distribution of Brazilian
Exports and Imports
 Global trader (nem tudo está perdido
 Diversification marked by the reduction of traditional
partners (USA, EU) versus gains of China’s market
share.

1990 2000 2010 2016


EXPORT IMPORT EXPORT IMPORT EXPORT IMPORT EXPORT IMPORT
AL 11,0 12,5 24,8 21,7 21,6 15,3 19,5 12,1
ARG 2,1 6,7 11,5 12,3 9,3 8,0 7,3 6,6
MEX 1,6 0,9 3,2 1,4 1,9 2,1 2,1 2,6
USA 24,6 20,1 24,7 23,4 9,8 15,1 12,7 17,5
UE12 28,3 19,4 26,5 22,9 20,4 18,5 16,8 19,4
CHN 1,2 0,9 2,0 2,2 15,5 14,1 19,2 17,0
IND 0,5 0,1 0,4 0,5 1,8 2,3 1,7 1,8
JPN 7,5 7,2 4,6 5,3 3,6 3,9 2,5 2,6
KOR 1,7 0,4 1,1 2,6 1,9 4,7 1,6 4,0
RUS .. .. 0,8 1,0 2,1 1,1 1,3 1,5
WLD 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0
Elaborated by the authors based on COMTRADE database.

52
Conclusões:
 Processo de globalização produtiva, tecnológica, comercial e financeira é
inquestionável.

 Ele pode ser eventualmente (e transitoriamente) abortado por guerras


comerciais iminentes, mas dificilmente revertido.

 O desafio dos países em desenvolvimento não é confrontar a


globalização, mas se posicionar estrategicamente à ela (de forma
defensiva e ativa), tal como têm feito os países da Ásia.

 Gaps tecnológicos no Brasil aumentaram consideravelmente,


especialmente após a década de 2000.

 O desafio é desenhar e implementar políticas industriais inteligentes que


não impliquem protecionismo exagerado nem benesses desnecessárias e
contraproducentes ao setor privado, que sempre está disposto a
capturar rendas improdutivas do setor público (rent-seeking).
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OBRIGADO

andrenassif27@gmail.com

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