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NÃO

RITA, Edição

GRITA!

25.ª

Rita vivia fazendo birra.


FLÁVIA MUNIZ Implicava com tudo,
Ilustrações de batia o pé por qualquer coisa,
gritava à toa.
WALTER ONO Por quase nada
abria um bocão.
Era tão chata,
que ninguém
agüentava mais!
Daí os colegas
resolveram
dar um jeito nela.
Leia a história
e veja o que
aconteceu com a Rita.
Esta é a história de uma menina. Esta Rita magricela,
Vou contar como ela era. a tal da cara magrela,
Seu nome é Rita Magrela. tem uma mania esquisita: vive fazendo birra!
Além de ser gritadeira, A confusão logo começa já no café com pão:
Rita é muito tagarela. se Rita quer mais geléia e a mãe lhe diz que não,
A tal Rita magricela pronto!... Já abre aquele bocão.
tem o nariz arrebitado,
sardas por todo o lado
e o cabelo espetado
amarrado com fita amarela.
Depois de feita a merenda, Sua mãe vive pedindo:
a chateação continua, - Rita, não grita!
pois Rita escolhe a roupa Mas a Rita nem dá bola
que usa ao brincar na rua: e sai danada da vida;
- O short amarelo está rasgado, e novamente na escola
o vermelho, amarrotado, continua a fazer birra.
no tênis falta um cordão! Bastou esquecer a borracha
É tanta reclamação ou a ponta do lápis quebrar,
que até a mãe fica tonta, Rita já perde a paciência
com a Rita fazendo fita, e recomeça a gritar.
que bate com os pés no chão, Os colegas avisam, dizendo:
de novo abrindo o bocão, - Rita, não grita!
com aquela choração. Mas a magrela nem dá bola
para os colegas da escola.
Nas brincadeiras do recreio, Os amigos já não agüentavam
os outros não tinham vez. tanta arruaça da Rita
Não podiam bater-cara e resolveram dar um fim
e nem contar até três! naquela mania esquisita.
Rita queria tudo primeiro, Um plano combinaram então
queria ser a melhor... para a próxima vez
E pra quem desconfiasse que houvesse gritação.
ou até dissesse: Não!
lá vinha mais berração!
Logo no dia seguinte, E a Rita magricela
a turma brincava de amarelinha ficou com o berro abafado,
quando a pedrinha ficou com o grito engasgado.
sem querer, na vez da Rita, Não tinha com quem gritar,
caiu pra fora da linha. não podia espernear.
Daí a Rita avermelhou, Ficou muito chateada,
arregalou o olhão, com aquele berro grosso
encheu as bochechas de ar entalado no pescoço.
e já ia estourar...
quando a turma se mandou.
Sumiu. Desapareceu.
A partir daquele dia, Foi daí que a vovó chegou,
a magrela foi percebendo o que acontecia. trazendo o lindo presente:
Na escola, pra brincar de pega, um jogo de caixa e bola.
esconde-esconde, polícia e ladrão, E a Rita pulou de contente:
não convidavam mais a Rita, não. - Oba! Agora os meus amigos
Nem pra pular corda, pra jogar peteca vão querer brincar comigo!
ou fazer bolhas de sabão. E então o novo brinquedo
Ela podia espernear, berrar, abrir o bocão saiu correndo a mostrar.
que ninguém prestava atenção. Logo juntou criança
E a Rita sozinha, sem jeito, com vontade de brincar.
com aquela falta de graça enroscada dentro do peito,
foi ficando triste, doente, emburrada,
sem querer conversa, comida e nem nada.
A brincadeira da bola maluca Na vez de Rita - que azar! -
era gozada, era de assustar. o palito encostou e... B U M !!
Cada um espetava o palito na caixa fez a bola estourar.
onde estava o balão escondido, Então, desanimados,
e ele não podia estourar. os colegas ficaram esperando
Primeiro foi o João o que já estavam acostumados:
que escapou de raspão! o bocão aberto da Rita,
Depois foi a Beatriz gritando por todo lado.
que escapuliu por um triz!
Mas daí aconteceu A Rita magricela pensou num jeito esperto
a surpresa boa, engraçada. de não ficar tão zangada com o que não dava certo.
Ao invés de fazer isso, E hoje cada vez que acontece de algo sair errado,
Rita arreganhou a boca a Ritinha sardenta, do nariz arrebitado,
numa bela gargalhada! não faz pirraça, nem fita, nem grita.
E uma risada emendou na outra, Pode até estourar chicletes na cara,
a brincadeira foi em frente, derrubar a sopa na saia,
com todos se divertindo, arranhar os joelhos no chão.
com todos muito contentes. Ela acha engraçado e leva tudo na gozação.
E para as coisas mais difíceis.
procura a melhor solução.
A tal Rita magrela,
do nariz arrebitado,
que usa fita amarela
no cabelo espetado,
continua tagarela.
Mas deixou pra lá a mania esquisita de gritar à toa.
Descobriu que sabe também resolver as coisas numa boa.

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