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INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO DE SONGO

Curso de Engenharia Hidráulica

HIDROLOGIA
Capítulo 5 – Precipitação

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Nuvens

Formadas por gotas de água e partículas de gelo, a
partir do vapor de água condensado

Tipos de nuvens (combinação de nomes)
 Cúmulos – grande desenvolvimento horizontal e
vertical
 Estratos – muito grande desenvolvimento horizontal
 Cirros – grande altitude, aspecto filiforme
 Nimbos – nuvens que produzem precipitação
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Processo físico da precipitação

Mecanismos de formação da precipitação
 Arrefecimento do ar
 Condensação
 Crescimento das gotas
 Acumulação de humidade na atmosfera

Para haver precipitação, todas as condições
têm de se verificar
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Arrefecimento do ar

Ascensão do ar desde a superfície do solo ou
do oceano até às camadas superiores da
atmosfera
 Redução da pressão
 Abaixamento da temperatura: reduz cerca de
6.5ºC/km até altitude de 11 km

A humidade é transportada pelo ar em
movimento ascensional
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Condensação

Condensação devido a redução da pressão e
abaixamento de temperatura

Condensação facilitada por núcleos de
condensação – sais como cloreto de sódio e iodeto
de prata, produtos de combustão, poeiras

Vapor condensado tem de ser substituído por vapor
de outras camadas de ar, se não a condensação
termina
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Crescimento das gotas

Gotas pequenas vaporizam facilmente, vapor
contribui para o crescimento das gotas maiores

Gotas sobem a velocidades diferentes, crescimento
por coalescência (colisão entre gotas)

Tamanho das gotas que precipitam – entre 0.1 e 6
mm, cresce com a intensidade da precipitação

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Características das Gotas
r = raio , µm, n = número por litro, u = velocidade terminal, cm/s

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Acumulação de humidade

Quantidade de água existente na atmosfera
num dado momento é muito reduzida,
equivalente a uma camada de 25 mm sobre a
superfície da Terra

Precipitação implica que haja um processo de
contínua substituição do vapor condensado

Convergência, zona de baixas pressões
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Tipos de precipitação

Precipitação necessita de substituição do vapor
condensado – ar em movimento ascensional

Tipos de precipitação – de acordo com as causas do
movimento ascensional
 Convectiva
 Orográfica
 Frontal
 De convergência
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Precipitação convectiva

Aquecimento intenso do ar junto ao solo – ar
menos denso, ascende rapidamente

Processo adiabático de arrefecimento

Chuva intensa, com trovoada, curta duração

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Precipitação convectiva

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Precipitação orográfica

Massas de ar húmido têm de ultrapassar barreiras
orográficas

Processo adiabático (redução da pressão, baixa de
temperatura) de expansão do ar, arrefece, satura e
condensa

Precipitação elevada na encosta exposta ao vento

Após a barreira, processo adiabático de
compressão do ar – encosta abrigada tem
precipitação baixa 12
Precipitação orográfica

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Precipitação frontal

Ocorre na região de contacto entre massas de ar
polar (frio e seco) e tropical (quente e húmido)

Frente – região de separação entre as duas massas
de ar

Ar frio por baixo, obriga a massa de ar quente a
subir, arrefece e condensa

Precipitações intensas, prolongadas, sobre uma área
extensa
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Precipitação frontal

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Precipitação de convergência /
ciclónica

Ar desloca-se à superfície para zona de baixas
pressões (como ZCIT), só pode sair por movimento
ascensional

Ciclones formados no Oceano Índico
 Altas temperaturas
 Movimento de rotação devido ao efeito de Coriolis,
turbilhões, ventos de mais de 120 km/h
 Grande poder de destruição
 Dissipam-se em terra
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Precipitação artificial

Lança na atmosfera núcleos de condensação

Resultados duvidosos, não consegue criar
zona de baixas pressões

Por vezes utilizada para evitar queda de
granizo

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Precipitação vs evaporação local

Não há relação entre a precipitação e a
evaporação local

Água evaporada é transportada para longas
distâncias

Água que precipita provém de longas
distâncias

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Medição da precipitação

Altura – volume precipitado por unidade de
área, mm ou L/m2

Intensidade – variação da altura de
precipitação por unidade de tempo I = dh/dt ,
mm/h

Medição com udómetro

Udógrafo – medição com registo contínuo
19
Udómetro

20
Udógrafo de sifão

21
Udógrafo de sifão

22
Gráfico de um udógrafo de sifão

23
Udógrafo basculante

A, B – Reservatórios do
balanceiro
C – Íman
D – Interruptor

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Erros na medição com udómetros

Altura do udómetro – 1.5 m acima do solo

Modifica o campo de velocidades do vento

Evaporação da água durante o período de 24
horas

Evitar proximidade de obstáculos

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26
Radar meteorológico

27
Radar meteorológico

Transmite um impulso electromagnético

Alvo – energia retornada, potência de retorno, eco –
visualização no ecran

Intensidade do eco cresce com intensidade da
precipitação

Permite determinar a extensão da área sob
precipitação

Exige calibração a partir de udómetros no solo
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Rede udométrica

Recomendações de densidades mínimas da
WMO
 Regiões de clima temperado ou mediterrânico,
clima tropical com pouco relevo – 600-900
km2/estação
 Idem, áreas montanhosas – 100-250 km2/estªº
 Pequenas ilhas montanhosas – 25 km2/estªº
 Zonas áridas e polares – 1500-10000 km2/estªº
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Preenchimento de falhas

Método da razão normal
= P x [( P A
)+ ( P B
)+ ( P C
)]
P x
3 P A P B P C

N
 w iP i

Método do US NWS P (x ,y)  i1
N
 w i
i 1
1
w i  
d i
30
Preenchimento de falhas

Para séries mensais com poucas falhas
 Se a série for assimétrica, normaliza-se a série tomando
logaritmos
 Padroniza-se a série normalizada subtraindo a cada valor
a média mensal e dividindo pelo desvio padrão mensal
 Na série normalizada e padronizada, toma-se para os
meses em falta as médias dos valores mensais do mesmo
ano
 Volta-se à série original invertendo os passos 2 e 1
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Precipitação sobre uma região
1
P 
A A P (x, y) dA


Precipitação medida localmente Pi, área de
influência

Método da média aritmética
1 N
P (x ,y)  P  
N i1
Pi
32
Precipitação sobre uma região

Método dos polígonos de Thyessen
4.6

1.6

6.2
4.1

4.5

9.1

4.1
9.7
1.3
5.0

8.2
A i
P   A
Pi
33
i
34
Precipitação sobre uma região

Método das isoietas
4.6
4.6

1.6 1.6

6.2 6.2
4.1 4.1

4.5 4.5

9.1 9.1

4.1 4.1
9.7 9.7
1.3 1.3
5.0
5.0

8.2
8.2

P  P
P 
1
A


2
1
A   A 1 
35
Método das isoietas

Exemplo: isoietas de 100 em 100 mm

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Thyessen vs Isoietas

Polígonos de Thyessen não dependem dos valores
registados nos vários postos; isoietas variam com
os valores registados

Isoietas – mais subjectivo

Isoietas – permite considerar relevo, exposição aos
ventos, etc

Isoietas – dá uma imagem visual da precipitação

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Precipitação em Moçambique

Principais factores de influência
 Relevo
 Distância ao litoral
 Latitude

38
Distribuição espacial da precipitação anual média

39
Distribuição temporal da
precipitação

Grande variabilidade temporal
400

 Ciclicidade anual 350

 Variabilidade inter-anual 300

250

 Dias com chuva intensa

P (m m )
200

150

100

50

0
OUT NOV DEZ JA N FEV MAR ABR MAI JU N JU L AGO SET

40
Distribuição temporal da
precipitação

Variabilidade mensal num dado ano
12
P i  P  2
 12
i1
C V PM 
P

Ano médio – ano fictício em que o valor num
certo período de tempo é a média dos valores
registados nesse período de tempo ao longo
dos anos
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Precipitação anual em Maputo

Variabilidade inter-anual
1800

1600

1400
Precipitação Anual (mm)

1200

1000

800

600

400

200

0
14 17 20 23 26 29 32 35 38 41 44 47 50 53 56 59 62 65 68 71 74 77 80 83 86 89 92 95 98 10
01 10
04
1 4
Ano
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Valores característicos de
precipitação

A partir de uma série de registos de muitos
anos

Precipitação média (diária – 365 valores,
mensal – 12 valores, anual – 1 valor)

Índice de humidade do período (dia, mês,
ano) – relação entre a precipitação no
período e a precipitação média nesse período
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Precipitações intensas

Causam cheias, inundações, erosões

Dimensionamento de obras hidráulicas

Duração t e período de retorno T

Intensidade média decresce com duração

Máximos mundiais de precipitação, P – mm, t
– min, I - mm/h P  0 ,5
P  50 t 0 ,5 I   3000 t
t 44
Recordes mundiais de precipitação
100000

10000
Precipitação (mm)

1000
Recorde Mundial
Recorde Português

1440; 292
2880; 299
360; 272
720; 276
100 Envolvente
60; 96
30; 59
5; 20

10

1
1

10

100

1000

10000

100000

1000000

10000000
Duração (min)

45
Precipitações intensas

Utilização de distribuições de probabilidades
(Gumbel, LN2)
 Para dada duração t, obtém-se os valores
máximos de h registados para cada ano
 Ajusta-se a distribuição a essa amostra, testes
 Extrapola-se para os períodos de retorno
pretendidos

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Precipitações intensas

Curvas de possibilidade udométrica ou curvas
i-d-f (intensidade-duração-frequência)
I ( t , T )  a ( T ) t b (T ) 160
140
120
100

I ( m m /h )
80
60
40
20
0
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 550 600
t ( m in )

M a p u to L i s b o a ( IG ID L )

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Curvas IDF (anexo 11
do RSPDADAR)

48
Precipitação máxima provável

PMP – valor próximo do limite superior da
precipitação físicamente possível na região
para a duração em estudo

Pode-se calcular considerando o factor de
probabilidade de KT=15
x T  x  K T s x

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