Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
TRABALHO E CIDADANIA
“Violência, contemporaneidade e cidadania”
“Do rio que tudo arrasta se diz que é violento. Mas ninguém diz
violentas as margens que o comprimem” (Bertold Brecht)
CONTEMPORANEIDADE
“Assim, em virtude de seu inerente dinamismo, a sociedade moderna está acabando com suas formações de
classe, camadas sociais, ocupação, papéis dos sexos, família nuclear, agricultura, setores industriais e, é claro,
também com os pré-requisitos e as formas do progresso técnico-econômico. Esse novo estágio, em que o
progresso pode se transformar em autodestruição, em que um tipo de modernização destrói outro e o modifica, é o
que eu chamo de etapa da modernização reflexiva (BECK, 1997, p. 12).
Violências e contemporaneidade
CONTEMPORANEIDADE
“Sociedade de Riscos”
“[...] uma fase de desenvolvimento da sociedade moderna, em que os riscos sociais, políticos, econômicos e individuais tendem, cada
vez mais, a escapar das instituições para o controle e a proteção da sociedade industrial" (BECK, 1997, p. 15)
1) Os efeitos e as auto-ameaças são produzidos, mas não chegam a se tornar questões públicas ou foco de conflitos políticos;
Anatgonimsos
políticos
Antagonismos Antagonismos
“Sociedade de Risco”: as tensões apresentadas na ideológicos Seguro/Inseguro econômicos
O estranho/outro (o não previsto) é colocado sempre como suspeito, representa a coporificação da falta de
proteção e da insegurança;
Todos aqueles que fogem à imagem ideal do homem ocidental (ariano) são postos à prova (louco, selvagem,
criança, homossexual, favelado, migrante, negro, etc.)
Preocupação com ameças que não se pode nomear e enfrentar;
Crença de que a vida urbana está contaminada de perigos e que a medida mais urgente para resturar a
segurança é livrar as ruas dos ostensivos e ameaçadores estranhos.
A violência era concebida pelas Ciências Sociais como algo vindo de fora, produzindo ruptura com a ordem
e ao equilíbrio.
Busca pela eliminação da violência: produção de dicotomias (centro/periferia, ordem/desordem,
normalidade/desvio).
Violências e Insegurança Social
“[...]o imaginário do medo permite ao Estado medidas cada vez mais autoritárias, leis cada vez mais
punitivas, legitimadas por demandas sociais de proteções reais e imaginárias, principalmente de alguns
setores da sociedade, em especial, a classe média. Além disso, justifica atitudes como a legalização do porte
de armas, a criação de empresas de segurança e o apoio à privatização da polícia. Cria, ainda, uma indústria
de segurança – grades, seguros, alarmes – que, na maior parte das vezes, fornece mais proteção simbólica
que real. Por fim, legitima discursos oficiais de políticos, da mídia, de chefes religiosos, de “personalidades”
diversas, sobre o aumento da violência e da criminalidade como resultado de uma sociedade em decadência
moral. Famílias desfeitas, liberação das mulheres, liberdade sexual, crise da ética do trabalho, crise da fé
religiosa, crise moral são algumas causas citadas desse aumento” (TEIXEIRA; PORTO, 1998).
Violências, sentimento de insegurança e política
3) ao mesmo tempo em que o imaginário do medo coloca todos contra tudo, estabelece uma rede de relações
que fortalece a solidariedade e a sociabilidade entre os membros do grupo, que se unem pelo sentimento
comum de insegurança;
4) a insegurança e o medo, reais ou imaginários, provocam novas medidas de segurança, que, paradoxalmente,
reproduzem-se em novas bases.
Violências, sentimento de insegurança e política
Violências, sentimento de insegurança e política
Caráter consensual
Coisificação da violência
O processo de coisificação prossegue até a definição, que passa a ser vista como a ÚNICA.
Disputa Social
Reificação da violência;
Estado de coisas que torna possível a transformação não violenta e criativa do conflito;
Paz negativa
Evidencia que a erradicação da violência direta não é uma condição estritamente positiva.;
O Conceito de Paz
Paz positiva
Corresponde a asuência das violências direta e estrutural, em um cenário de distribuição igualitária de poder
e recursos;
“a causa da diferença entre o potencial e o real, entre o que poderia ter sido e o que é” (GALTUNG, 1969);
Existência de condições objetivas que impedem ou impediriam alguém de alcançar seu máximo potencial;
A violência está na origem da difrença entre a situação, a condição real e a condição potencial.
TERREMOT
O
Séc. XVIII – morte inevitável, incurável Passado – Inevitável
Séc. XXI – morte evitável, cura mundialmente Atualidade – Inevitável
reconhecida Futuro – ?
Tipologia da Violência
Tipologia da Violência
Violência DIRETA
Violência CULTURAL
Valida a violência direta e estrutural;
Faz com que a violência direta e estrutural pareçam certas ou não sejam vistas como erradas;
Exemplificada pela religião e a ideologia, a linguagem e a arte, a ciência empírica e formal (lógica,
matemática)
“Culturas inteiras dificilmente podem ser classificadas como violentas; essa é uma razão para preferir a
expressão ‘o Aspecto A da cultura C é um exemplo de violência cultural’ à estereótipos culturais como ‘a
cultura C é violenta’”. (Galtung, 1990, p. 291)
Tipologia da Violência
ESCRAVIZAÇÃO
OMS Urie
BRONFENBRENNER
Modelo Ecológico
para compreender a violência
1. Nível Individual
Para além dos fatores biológicos e demográficos, são tidos em consideração os outros fatores tais como
impulsividade, baixo rendimento escolar, abuso de substâncias [tóxicas] e histórico de agressão e abuso.
Este nível, dá-nos indicação das características da pessoa, avaliando a possibilidade de ser uma vítima ou um
perpetrador da violência.
Modelo Ecológico
para compreender a violência
2. Nível Relacional
Este nível explora como as relações sociais próximas – por exemplo, relações com companheiros, parceiros
íntimos e membros da família aumentam o risco para vitimização violenta e perpetração da violência.
Modelo Ecológico
para compreender a violência
3. Nível Comunitário
Este nível analisa os contextos comunitários em que as relações estão inseridas - como escolas, locais de
trabalho e vizinhança bem como as características desses contextos que podem estar associadas ao fato da
pessoa ser vítima ou perpetrador da violência: mudanças frequentes de residência, falta de vínculos sociais,
elevada densidade populacional, comunidades com problemáticas de tráfico de drogas, elevados níveis de
desemprego ou grande isolamento social.
Modelo Ecológico
para compreender a violência
4. Nível Social
• normas culturais que apoiam a violência como uma forma aceitável para solucionar conflitos, atitudes que
consideram o suicídio como uma questão de escolha individual em vez de um ato de violência que pode ser
evitado;
• normas que dão prioridade aos direitos dos pais sobre o bem-estar da criança;
• normas que validam o uso abusivo da força pela polícia contra os cidadãos;
Três grandes categorias de violência, que correspondem às características daquele que comete o ato
violento:
Tipologia da violência
Violência
coletiva
Violência
estrutural
Violência Violência
autoinfligida interpessoal
Tipologia da violência
1. Violência física
2. Violência psicológica
3. Violência sexual
4. Negligência ou abandono
6. Violência institucional
Tipologia da violência
1. Violência doméstica
2. Violência no casal
5. Violência intrafamiliar
1) Intervenções Universais
2) Intervenções Selecionadas
3) Intervenções Indicadas
Intervenções na violência
1) Intervenções Universais
São exemplos disto os programas de prevenção de violência entregues a todos os estudantes de uma escola ou a
crianças de determinada idade e em campanhas nos meios de comunicação de uma comunidade;
Intervenções na violência
2) Intervenções Indicadas
Abordagens direcionadas a pessoas consideradas em alto risco de violência (expostas a um ou mais fatores
de risco).
Intervenções na violência
3) Intervenções Selecionadas
Abordagens direcionadas a pessoas que já demonstraram comportamento violento; isto é, tratamento para
agressores de violência doméstica.
Ao lidar com a violência em uma série de níveis,
sugere-se:
o Analise dos fatores de risco individuais e tomada de medidas para modificar os comportamentos individuais de risco;
o Influencia nas relações individuais próximas e criação de ambientes familiares sadios, assim como fornecer ajuda profissional e apoio
para famílias;
o Monitoramento de espaços públicos, como escolas, locais de trabalho e bairros, e tomar medidas para enfrentar problemas que possam
levar à violência;
o Analisa dos fatores abrangentes culturais, sociais e econômicos que contribuem para a violência e tomada de medidas para mudá-los,
incluindo metas que diminuam a distância entre ricos e pobres e assegurem acesso equitativo a bens, serviços e oportunidades.
Referências
BECK, Ulrich. Sociedade de risco rumo a uma outra modernidade. São Paulo: Ed. 34, 2010.
BONAMIGO, Irme Salete. Violências e contemporaneidade. Rev. katálysis, Florianópolis , v. 11, n. 2, p. 204-213, Dec. 2008 . Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-49802008000200006&lng=en&nrm=iso>.
DAHLBERG, Linda L.; KRUG, Etienne G.. Violência: um problema global de saúde pública. Ciênc. saúde coletiva, Rio de Janeiro , v. 11, supl. p. 1163-
1178, 2006 . Disponível em: http://www.scielo.br/ scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-81232006000500007&lng=en&nrm =isso.
PALHARES, MFS., and SCHWARTZ, GM. A violência. In: Não é só a torcida organizada: o que os torcedores organizados têm a dizer sobre a
violência no futebol? [online]. São Paulo: Editora UNESP; São Paulo: Cultura Acadêmica, 2015, pp. 11-26. ISBN 978-85-7983-742-5. Available from
SciELO Books .
TEIXEIRA, Maria Cecília Sanches; PORTO, Maria do Rosário Silveira. Violência, insegurança e imaginário do medo. Cad. CEDES, Campinas , v. 19, n.
47, p. 51-66, Dec. 1998 . Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-32621998000400005&lng=en&nrm=iso>.