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A histórica ascensão

do dólar sob a
hegemonia britânica:
a transição
libra-dólar no topo da
hierarquia de moedas

PROFESSORES

CRISTIANO ADDARIO DE ABREU

PA U L O R O B I L L O T I
Aula 02 –
Padrão Libra- Estrutura da aula
ouro 1. O padrão libra-ouro
Aula 02 – O Padrão-libra-ouro
Definição de Padrão-Ouro (PO):
1. Quando o ouro é o numerário efetivo na maioria dos países;
2. Quando outros meios de pagamento usados como numerário
monetário nesses países são prontamente trocado por outro
mediante solicitação dos detentores;
Ao longo do século XIX, apenas a Grã-Bretanha continuou
ininterruptamente fiel ao padrão-ouro até o início da 1ª Guerra
Mundial
◦ Neste período, quase todos os países fizeram sérias tentativas de entrar no
padrão-ouro (a maioria dessas experiencias aconteceu entre 1890 e 1914)

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A adoção ao PO é recomendada pela maioria dos economistas que escreveram sobre o
tema nos últimos séculos – com destaque para Smith e Ricardo.

>> desenvolveram um modelo de relações econômicas internacionais


◦ “Um país nunca deve tentar fazer em casa o que lhe custará mais caro do que comprar”
(SMITH)

>> neste modelo, nem a prata nem o ouro provocam alguma perturbação nas trocas
(Moeda é neutra)
◦ “Ouro e prata são competitivamente distribuídos entre os diferentes países para acomodá-
los ao tráfico natural que ocorreria se nenhum metal existisse e o comércio entre dois países
fosse puramente de escambo” (RICARDO)

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A moeda é neura!
O que se troca é o tempo de trabalho contido em cada mercadoria;
Um país deve vender/se especializar na produção de mercadorias que
comparativamente às demais nações levam menos trabalho incorporado;
Se o que se trocam são trabalhos relativos, sob este aspecto as nações não
diferem estruturalmente.

#Nem Ricardo nem Smith veem a perversidade de tal divisão internacional


do trabalho favorecer muito mais a Inglaterra do que os demais países que
se especializaram na produção de commodities industriais.

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Neste modelo, há espaço apenas para um mecanismo de
equilíbrio internacional baseado em movimentos de preços
relativos e absolutos
>> o Ouro é o meio de equilíbrio por meio dos fluxos de metais
entre um país e outro.
O ouro que flui quando há alterações nas condições que
governam a produção de mercadorias em um país, enquanto
continuam estáveis no resto do mundo.

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Tendência automática ao equilíbrio
O país que recebe mais ouro, aumentará a oferta monetária, o
que incorre em aumento de preços (Teoria Quantitativa da
Moeda).
Essa alta de preços neutraliza a superioridade tecnológica e o
equilíbrio é restabelecido.

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Friedrich LIST se opunha às teses de Smith e de Ricardo
◦ Ricardo -> princípio da Atividade econômica está no esforço
individual para maximizar o bem-estar
◦ List -> traço básico da economia moderna é a possibilidade de
crescer retornos por meios de ganhos crescentes de escala
◦ Isso só é possível na indústria manufatureira
Agricultura tende a ser sufocada pela renda da terra.
MANUFATURA é a solução para o desenvolvimento

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List é Alemão e a Alemanha não participou da 1ª Revolução Industrial. Ele
vê na Inglaterra o progresso.
Mas sua tese é que não se pode obter retornos crescentes de escala através
do modelo inglês -> liberalismo! Essa ideia só beneficiava
fundamentalmente a Inglaterra e as novas classes emergentes da ilha.
◦ É necessário encontrar uma saída Nacional, em que a indústria infante seja
protegida.
A importância de List é no sentido de historicizar as teses de Ricardo e
Smith:
◦ “...os economistas clássicos eram liberais porque o liberalismo era adequado à
Inglaterra na época”

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List e Ricardo foram contemporâneos
◦ A comunidade acadêmica teve sempre à disposição ambas abordagens, mas optou sem
hesitação pelo modelo Ricardiano e, consequentemente, o desenvolvimento do
sistema monetário internacional foi conduzido de acordo com as linhas sugeridas pelo
modelo clássico de comércio internacional

◦ O funcionamento atribuído ao PO também tem sido bastante esquemático, em linha


com a descrição dada pela tradição clássica (Ricardo / Hume)

◦ E como que era a esquematização clássica da operacionalidade do Padrão-Ouro?

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David Hume (1752) trouxe a primeira formalização muito
simplificada do PO, através do price-specie flow model (ou
fluxo de moedas metálicas).
Ideia fundamental: havia um equilíbrio entre as reservas
monetárias de um país e o dinheiro circulando internamente.
"os preços das mercadorias são sempre proporcionais à abundância de dinheiro"

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Estrutura do Balanço de Pagamentos:
1) BALANÇA DE TRANSAÇÕES CORRENTES
1.1 Balança Comercial
Exportações
Importações
1.2 Balança de Serviços / (*Serviços não-fatores)
1.3 Balança de Rendas / (*Serviços fatores)
1.4 Balança de Transferências Unilaterais
2) CONTA DE CAPITAL / CONTA FINANCEIRA
2.1 Investimentos Diretos
2.2 Investimentos em Carteira
2.3 Derivativos
2.4 Outros Investimentos
3) RESULTADO DO BALANÇO DE PAGAMENTOS
4) RESERVAS INTERNACIONAIS
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Supondo superávit duradouro no Balanço de Pagamentos

↑Entrada de ouro / ↑ reservas monetárias


◦ ↓ crédito bancário (as reservas bancárias não podem ficam ociosas)
◦ ↑ Demanda agregada (↑ renda das famílias e das empresas)
↑ nível de preços dos produtos (devido > demanda)
↑ Importações (devido ao ↑ da renda)
↓ Exportações (devido ao encarecimento dos produtos
domésticos)
↓ Superávit da Balança Comercial / (Transações correntes)
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Mas na parte da baixo do BP também haveria
alterações

↑Entrada de ouro / ↑ reservas monetárias


◦ ↓ Taxa de captação dos bancos (estão com muitas reservas)
◦ ↓ Entrada de fluxos de capital (juros menores)
◦ ↓ Saldo Balança de Capitais

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Outras leituras da versão clássica da operacionalidade do PO
também considera a parte de baixo do BP: fluxos de capitais.

↑Entrada de ouro
◦ ↑ Reservas do Banco da Inglaterra
◦ ↓ Passivo do Banco da Inglaterra junto aos depositantes (Lembrando que o
BC obtinha ouro do Departamento de Emissão Monetária da Inglaterra, e
para isso ele dava notas tiradas de suas reservas, elevando seu passivo e e,
assim, o risco de ficar descoberto junto aos depositantes).
◦ ↑ Taxa de Entrada de fluxos de capital (juros menores)
◦ ↓ Saldo Balança de Capitais
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A contraface deste argumento é que tanto os desequilíbrios
internos e externos às economias tendem ao equilíbrio,
através dessas mudanças nos preços relativos de países
devedores e credores via fluxos de ouro.

Havia um ajuste automático pelo qual o volume de poder de


compra num dado país era sempre ajustado aos preços
mundiais das mercadorias.

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Essa análise “clássica” do PO é peca:
◦ 1) É necessário ir além desta visão simplista de um
funcionamento automático e auto-regulado do sistema;
◦ 2) É necessária uma abordagem mais realista, onde a atuação
do Banco Central vai além da ortodoxia monetária;

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BLOOMFIELD (antes de 1914) foi pioneiro em mostrar que as
autoridades monetárias nacionais tinham um alto grau de
discricionaridade de política monetária e que os fluxos de
capital internacional de Curto Prazo.
◦ Derrubou o mito do funcionalismo automático do PO

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TRIFFIN adicionou outra perturbação : economias
desenvolvidas sofriam intensos ciclos econômicos (que
perturbava o funcionamento do sistema)
◦ Países desenvolvidos conseguiam controlar mais facilmente o fluxo de
ouro por meio de variações nas taxas de desconto (diferente era o
caso dos países periféricos do sistema, que sofriam maiores pressões
para flutuações nas taxas de câmbio, com enormes tendências à
depreciação cambial)
◦ Países centrais => tendiam à estabilidade econômico-monetária
◦ Países periféricos => tendiam à instabilidade econômico-monetária

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O grau de estabilidade dependia do impacto das liquidações
monetárias internacionais diante do desenvolvimento dos
mercados monetários e de crédito domésticos
◦ Pressões inflacionárias eram contornadas mais facilmente com ↑ do
déficit em BP do que aumentando a taxa de desconto / juros.

◦ #Lembrando que: ↑ déficit BP = transferências monetárias dos


bancos domésticos para os bancos internacionais (↓ raio de manobra
dos bancos).

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TRIFFIN sofistica, mas não nega o automatismo do PO.
Fio condutor da aula: o Sistema Monetário Internacional (SMI) era mais
baseado na libra do que no ouro em si.
◦ Ponto de partida: Libra enquanto moeda-chave para transações
internacionais (tanto na TC como na CC)

◦ Temos que compreender melhor o Sistema monetário e Financeiro


Britânico para entender como realmente o SMI funcionava;

◦ Para fazer isso, precisamos compreender a hegemonia britânica!


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Grande parte do mal entendido sobre SMI pré-1914 se deve a
um conhecimento insuficiente da história econômica
internacional do período.
Entre 1870-1914 o mundo testemunhou a chamada Segunda
Revolução Industrial
A primeira RI envolveu a Grã-Bretanha -> o gap industrial entre ela e
qualquer outro competidor potencial era gigantesco
◦ Período de triunfo do livre-comércio (conveniente à Inglaterra e aos países
que desejavam comprar as máquinas britânicas)

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Já a II RI não foi um monopólio britânico
Representada pela tecnologia e indústria pesada
A lei dos ganhos de escala se tornam dominantes na economia
A partir de agora, novos players (Alemanha e EUA) reúnem um conjunto de
condições que criam vantagens comparativas em relação à Inglaterra;
1) Intenso processo de acumulação de capital;
2) Novos players reúnem condições de uma corrida capitalista mais eficiente, apostando
em novos setores industriais pesados;
3) Força de trabalho altamente educada do ponto de vista técnico: construíram
máquinas e sistemas organizacionais mais complexos que o Ingles.

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Inglaterra começou a ficar para trás em vários sentidos
População
1870 1909
Reino Unido 31 45
EUA 38 89
Cobre
Alemanha - 65
1890 1910
milhões
Reino Unido 182 264
Aço bruto EUA 140 448
1890 1910 Alemanha 88 219
Reino Unido 7.9 10 milhões de toneladas
EUA 9.2 27.3
Alemanha 4.6 14.6
milhões de toneladas
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Em paralelo à perda da supremacia produtiva e tecnológica, a
Inglaterra também sofreu bastante com a produção agrícola
(sobretudo entre 1890-95)
◦ Consequência: ↑ importações de produtos agrícolas

Share m undial da PRODUÇÃO de Share m undial da EXPORTAÇÃO


m anufaturados de m anufaturados
1899 1913 1899 1913
Reino Unido 20.8% 15.8% Reino Unido 38.3% 31.8%
Alemanha 15.1% 18.4% Alemanha 20.4% 25.6%

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Mas como a GB foi capaz de ainda manter a supremacia das
exportações mundiais ainda que perdendo posição na
produção mundial de manufaturados?

Para responder, precisamos compreender as transformações


pelas quais passava o comércio britânico (especialmente a
destinação de seus produtos).

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1) Inglaterra passa a perder participação em seus mercados
tradicionais (como os EUA) -> não consegue competir à altura
com a Alemanha
◦ ALEMANHA: monopólio nas exportações de químicos, instrumentos de
precisão e materiais elétricos

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Im portações de m anufaturados nos EUA
(m édia anual em m ilhares de dólares)
Produto 1872-73 1889-90 Variação
1873-74 1890-94
Aço e Ferro
da GB 36.165 29.081 - 7.084
da Europa 4.037 5.707 1.670
Tecidos de lã
da GB 34.415 18.371 - 16.044
da Europa 14.290 1.814 - 12.476
Tecidos de Algodão
da GB 22.789 11.984 - 10.805
da Europa 8.783 11.108 2.325
Linho
da GB 20.128 18.723 - 1.405
da Europa 855 4.215 3.360
Seda
da GB 8.801 4.368 - 4.433
da Europa 17.887 23.046 5.159
Vidro
da GB 2.055 702 - 1.353
da Europa 4.720 6.678 1.958
Cerâm ica e Porcelana
da GB 4.233 4.235 2
da Europa 1.124 3.448 2.324

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2) Inglaterra perde terreno e seu próprio mercado doméstico
◦ Entre 1899-1913 as exportações alemãs de manufaturados para a GB passaram
de US$ 149 mi para US$ 246 mi, enquanto as exportações inglesas para a
Alemanha continuaram estáveis em US$ 121 mi no período

3) Inglaterra também perde espaço nos mercados europeus

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Exportações de Manufaturas a preços constantes de 1913 Exportações de Manufaturas a preços constantes de 1913
(milhões de dólares) (milhões de dólares)
Origem Origem
Destino Grã- Total Destino Grã- Resto do
Alemanha EUA Alemanha EUA
Bretanha (mundo) Bretanha mundo
Bélgica Bélgica
1899 48 33 11 157 1899 31% 21% 7% 41%
1913 37 76 11 251 1913 15% 30% 4% 51%
França França
1899 59 31 27 166 1899 36% 19% 16% 30%
1913 79 117 46 322 1913 25% 36% 14% 25%
Alemanha Alemanha
1899 121 35 292 1899 41% 0% 12% 47%
1913 121 84 404 1913 30% 0% 21% 49%
Italia Italia
1899 17 21 6 63 1899 27% 33% 10% 30%
1913 27 75 15 164 1913 16% 46% 9% 29%
Holanda Holanda
1899 45 55 24 149 1899 30% 37% 16% 17%
1913 53 96 47 236 1913 22% 41% 20% 17%
Noruega Noruega
1899 13 15 2 31 1899 42% 48% 6% 3%
1913 16 25 2 54 1913 30% 46% 4% 20%
Suécia Suécia
1899 16 4 2 22 1899 73% 18% 9% 0%
1913 15 38 5 62 1913 24% 61% 8% 6%
Suíça Suíça
1899 - 52 0 97 1899 - 54% 0% 46%
1913 17 85 1 160 1913 11% 53% 1% 36%

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Exportações de Manufaturas a europa (taxa de variação 1899-1913)

Produtos
Produtos tecido e outras
origem de Metais Máquinas
quím icos vestuario m anufaturas
transporte

Alemanha
1899-1913 700 244 236 250 18 163
Grã-bretanha
1899-1913 130 35 -16 22 6 51

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4) NA AMERICA LATINA, A GB MANTEVE SUA SUPREMACIA.

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5) Em contraste com a perda de
competitividade, a Inglaterra
manteve a supremacia do
monopólio de exportações com seu
império
◦ Particularmente a Índia, reservava o mercado
que a GB precisava para escoar seus
produtos;
◦ # Esse traço é fundamental para se
compreender a história econômica monetária
internacional do padrão-ouro (em seu
apogeu)

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Não é contraditório a Inglaterra manter monopólios imperiais enquanto
defendia o livre-comércio?
Sim e não!
◦ Sim: Na prática, ela de fato fazia uso da política para conquistar mercados (a
concorrência não era livre!)
◦ Não: Ela defendia o livre-comércio também em seus territórios imperiais.

Se a GB defendia do Livre-mercado, então como ela fazia para manter o


monopólio no Império?
◦ Claramente não podia ser por meio de tarifas de proteção

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Então qual a maneira de proteção não-tarifária que a GB recorreu?
Dado que o comércio exterior imperial estava nas mãos das autoridades
coloniais, os Britânicos:
◦ 1) Mantinham a convicção viva de que os produtos ingleses eram superiores;
◦ 2) Mantinham nativos fora dos níveis de poder (especialmente em cargos
econômicos)
◦ Apenas atividades industriais de propriedade britânica eram permitidas na Índia -> e seus
proprietários retribuíam comprando produtos britânicos (ainda que com preços crescentes);
◦ 3) Política monetária e financeira na Índia Britânica -> entre 1876 e 1914 os
Bancos estabelecidos em Bengal e Madras nunca tiveram diretores indianos;
◦ Os indianos não tinham nenhum envolvimento com a administração dos bancos de câmbio que
financiavam o comércio exterior da Índia

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Como consequência, mais da metade das exportações
Britânicas tinham como destino o Império:
Veículos motorizados 67,4%
Louças de cobre e bronze 64,8% Corantes 54,3%
Produtos Elétricos 61,6% Sabão 48,8%
Livros 60,1% Armas e munições 48,8%
Produtos farmacêuticos 59,9% Ferro e utensílios 48,2%
Locomotivas 58,4% Produtos de Tabaco 44,5%
Facas e talheres 57,2% Máquinas 32,5%

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A destinação de locomotivas britânicas é como segue:
Mercado Resto do América
Índia Europa Outros
doméstico Império Latina
1860-89 40% 23% 17% 10% 7% 4%
1890-13 21% 32% 4% 17% 18% 8%

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Share Inglês e Alemão das exportações de manufaturados em
1913 – países selecionados:
GB Alemanha
India 80% 9%
GB - 32%
Alemanha 27% -
EUA n/d 31%
América Latina 31% 25%
Europa 22% 31%
África do Sul 73% 5%

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A mesma tendência é vista no
número de navios britânicos
mercantis chegando nos
portos das nações:
◦ a participação da Inglaterra só
aumenta nos territórios
imperiais!
Se tratava de um imperialismo
de livre-comércio ->
monopolizada o comércio com
o Império
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O próprio império Britânico ao dar sobrevida à supremacia
econômico-financeira à GB, era o prenuncio da decadência
Inglesa na corrida capitalista
◦ GB perdeu a corrida para produzir e exportar novos produtos,
ficando presa a produtos velhos;
◦ Saída: encontrar um mercado protegido para tais produtos (essa é a
função do império)
>> Gerava brutal superávit comercial com o mundo, pela venda de
commodities primárias
>> A GB manteve seu império subdesenvolvido industrialmente porque
dependia deste superavit

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O imperialismo britânico era um fenômeno complexo:

1. Não pressionava nenhum pouco a GB a colocar a casa


industrial em ordem;
2. Ao ficar presa a um mercado subdesenvolvido, a indústria
britânica ficou presa a uma lógica econômica pouco dinâmica
Seu império não podia absorver mais do que um certo número de
mercadorias industriais (porque era muito pobre)

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Foi entre 1870 e 1914 que a maioria dos países tentaram se
enquadrar no padrão-ouro, através de reformas monetárias
internas;
Neste período, o contexto econômico foi muito tumultuado,
marcado com intensas flutuações nos preços;
◦ 1873-96, era das reformas monetárias, o mundo passava por
uma deflação de preços

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Para os economias monetaristas,
◦ ↓ preços = ↓ oferta de moeda
Visão alternativa ao monetarismo
◦ ↓ preços = nova realidade
◦ = 2ª RI: produção massificada de produtos industriais numa
escala inédita)
◦ + Revolução nos transportes (ferrovias conectando mercados
domésticos e continentais
◦ + Novos Navios mercantes (frigoríferos).

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As estruturas de mercado se alteraram
◦ Commodities primárias: vigoravam forte livre-mercado
◦ Commodities industriais: mercado dominado por poucos produtores
◦ EUA* | Alemanha* | França | Bélgica | Itália |

◦ A queda de preços foi maior em produtos com baixo valor


agregado!

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Em 1870, apenas a GB e Portugal estavam no Padrão-Ouro
Entre 1814-1870 a paridade ouro/prata permaneceu
relativamente constante
◦ Após 1872 o preço da prata começou a cair vertiginosamente

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Causas da queda
1) Aumento da oferta de prata?
Produção aumentou 5x entre 1811-1880. Mas no mesmo período, a
produção de ouro crescera muito mais (Entre 1801-10 = 50x e entre 1841-45
= 15x). Porém isso não gerou queda do preço do ouro (nada comparado ao
que ocorreu com a prata)

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Aula 02 – O Padrão-libra-ouro
2) Razões geopolíticas / Novo contexto internacional
- Quando os países adotaram o padrao-prata foi antes da industrialização
europeia se iniciar.
- Mas com o intenso processo de acumulação europeu (1851-66), houve
uma grande prosperidade, preços crescentes e rápido crescimento das
trocas internacionais
(Antes da crise de 73, a adoção do ouro foi estimulada por conveniência: o
ouro representava um esforço de liquidação internacional (transporte de
metal) muito menor comparado com o da Prata.

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3) O começo da industrialização tardia na Europa demandou elevadas
importações de produtos britânicos (único país no padrao-ouro).
Neste contexto, a libra-esterlina assume um status dominante como um
meio de troca internacional
A prata (mais desvalorizada) representava um ônus ao esforco de
modernização industrial europeia.
Passou a representar um entrave à acumulacao de capital

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4) Aumento de pesadas arbitragem com as moedas de prata na Europa
Em 1850/60 as autoridades monetárias aumentaram suas preocupações
com este problema.
Havia circulação quase livre de moedas de prata na Europa.
Tais moedas (cunhadas em um pais) podiam ser trocadas em qualquer país:
Itália, França, Holanda e Bélgica.

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Vamos entender melhor.
BÉLGICA : tinha um estoque novo, já a FRANÇA tinha um estoque de moedas
mais desgastadas (pesando em média 8% a menos que as moedas belgas).
Apesar desta diferença na pesagem e conteúdo de Prata, as moedas eram
trocadas ao par;
Consequencia: Havia um estímulo para se comprar moedas na França (mais
leves) e exporta-las para a Bélgica, com objetivo se utiliza-la para as
necessidades de troca (com um custo menor que se tivesse comprado
diretamente as moedas belgas).

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Uma vez trocadas, as moedas Belgas eram exportadas para a Alemanha ou
Holanda.
◦ >>Cerca de 85% das moedas Belgas estavam fora de suas fronteiras, enquanto
que internamente havia basicamente moedas francesas.

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Isso ocorreu somente na Bélgica?
Não!
Em 1862 a Itália adota o padrão francês de pesagem (cada moeda deveria
conter 0.9 g de Prata pura).
Entretanto, na verdade, as moedas italianas continham 0.835.
Consequência: moedas italianas invadiram a França, que invadiram a Bélgica, que fluía para
Alemanha e Holanda.

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SAÍDA DIANTE DO PROBLEMA: países discutiram uma cooperação
monetária: a União Monetária Latina em 1865, composta por França, Itália,
Bélgica e Suíça.
Todos esses países (exceto a Franca) expressavam desejo de adotar o
padrão-ouro.
>> A França era a economia mais forte da União (e a econonia mais internacionalizada
financeiramente da Europa, depois da Inglaterra).
>> Permanecer no padrão-prata era dar uma sobrevida à sua posição de sub-líder monetário-
financeira.

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SOLUÇÃO: acordaram em manter o bi-metalismo com uma paridade ouro-
prata de 1 para 15,5 e a cunhar moedas de Prata contendo 0.875 de pureza.
◦ A França tentava preservar sua influência e manter a Alemanha isolada.

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SURPRESA em mai/1866:
◦ A Itália declarou a inconversibilidade de sua moeda: cedulas italianas deixaram
de ser trocadas por prata e ouro
◦ Entre 1859-65 houve uma política de expansão financeira e a Itália sofria
grandes déficits em transações correntes (financiado com empréstimos
externos).

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Aumentou drasticamente a desconfiança quanto à solvência dos títulos
italianos negociados na Bolsa de Valores de Paris:
◦ houve desvalorização de 50%
Aumentou a demanda para trocá-los por outro e prata junto à autoridade
monetária italiana.

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A adoção ao curso forçado fiduciário foi a única saída da crise, dado que o
governo italiano não tinham reservas suficientes de metal;
A CRISE ITALIANA REVELOU OS LIMITES DS UNIAO MONETÁRIA LATINA: foi
fundada sob uma base artificial e arcaica.
◦ >> pressupunha a União de vários sistemas monetários nacionais, mas cada país
continuou escolhendo sus política econômica com independência.

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Prata começa a cair vertiginosamente em 1872 em todos os países que
permitiam sua cunhagem livre.
Em 1871 Alemanha entra no padrão-ouro -> muito devido à indenização
francesa pela Guerra Franco-Prussiana, que fora realizada em títulos
conversíveis em ouro no mercado londrino.
Em 1873 os EUA proíbem a livre cunhagem e adota um programa de
compra oficial de Prata.

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ORIENTE reduziu sua absorção de Prata
◦ - Índia reduz muito suas importações de US$ 4.7 mi para 3.5 mi entre 1870-72 e
1872-73.
◦ - Persia tentou frear a saída de ouro - unificou a cunhagem tanto de ouro como
de Prata.
◦ - Japão também limitou a cunhagem de Prata neste período.

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IMPERIO AUSTRO-HUNGARO + RUSSIA E EUROPA ORIENTAL
Sofreram tentativas de arbitragem internacional de privá-los de seus próprios
ouro, exportando para eles a inflação da Prata (acarretando em uma
depreciação ainda maior de suas moedas)

França e Bélgica também foram obrigadas a aceitar a inflação da Prata e em


1873 limitaram sua cunhagem às casas oficiais.

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Abre -se um periodo de bi-metalismo manco (limping bimetalism)
introduzido pela própria União Monetária Latina
Na conferência de 1874, os membros já apontavam querer optar pelo padrão-
ouro, mas o bi-metalismo-manco permaneceu como solução.

POR QUÊ?

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Ora, a prata italiana ainda estava circulando em elevada quantidade nos
países da União
-> se o padrao-ouro fosse adotado, a Itália dificilmente teria metal suficiente
para resgatar suas moedas de Prata.

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Em 1876 a Franca para de cunhar Prata por lei.
Agora, somente a Itália defendia o padrao-prata / bimetalico.
A União aprova a continuidade da Itália seguir cunhando Prata, desde que
assumisse compromisso de resgatar toda a prata quem tivesse em mãos de
estrangeiros.

Itália instrui o Banco da França a recolher todas as moedas italianas,


prometendo resgata-las por valor de face.
>>Tentativa de retomar a conversibilidade em 1880

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Relações Franco Italianas pioram
-França detinha 309 milhões de francos em moedas italianas (valor muito
expressivo)
--Em 1881 o parlamento italiano aprova lei de inconversibilidade - agora
moedas de Prata cunhadas no exterior nao seria mais curso forçado.
-Governo exige que direitos alfandegários sejam pagos em ouro;-set/83 lei
decreta que pelo menos 2/3 das reservas bancárias devam ser mantidas em
ouro;
-- bancos italianos nao deveriam mais aceitar Prata em troca por notas.

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FRANÇA reage ameaçando reclamar os 300 milhões de francos
-> Itália recua nas violações à UML e adota tom mais conciliador.
Entra no padrão-ouro, na esteira de seu processo de industrialização.
O importante a reter aqui é que a partir de 1881 a UML se tornou uma frente
anti-prata.

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DEFESA ESTAVA NAS MÃOS DA RUSSIA E DA AUSTRIA-HUNGRIA
Semelhança: são países exportadores de produtos agrícolas, e era mais
conveniente permanecerem presos à prata.
>> prata mantinha suas moedas desvalorizadas e desta forma as oligarquias
agrárias mantinham a competitividade internacional

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CONFLITO NO IMPÉRIO AUSTRO-HUNGARO
Áustria inicia seu processo de industrialização
o padrao-prata começa a ser um grande inconveniente (diferentemente da
Hungria)
>> prata não garante a estabilidade monetária necessária para atrair capitais,
tão necessários em qualquer processo de industrialização tardia.
>>quem quisesse estabilidade necessariamente deveria entrar no padrão-ouro.

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RUSSIA
Depois de que a Alemanha adotou o ouro, o Ministro das Finanças da Rússia
começou adotar uma política de cunhar o mínimo possível de Prata
aumentando a cunhagem em ouro, com a introdução de política oficial de compra de ouro.
Em 1875 o pais tinha 294 milhões de roubles em ouro (vindo de 1867 com 171
mi).
É um crescimento expressivo, visto que a emissão fiduciária não aumentou no período.1876
proibe-se a livre cunhagem de Prata

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Contexto da reforma monetária Russa fora totalmente favorável:
Safra agrícola de 1893-94 foi 40% maior que a de 1888-92
Governo adota imposto sobre lucro comercial sem grandes protestos
Aumentam as importações e os direitos alfandegários com Europa
(acordos com França, Áustria e Alemanha).
Exportações aumentam, junto com produção de ouro

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Houve empréstimos externos para estabilizar a moeda russa, que se
deteriorava junto com a prata.
Em 1899 Rússia coloca ouro em circulação
-> Concluída a reforma monetária Russa, todos as grandes Nações europeias
entraram no Padrão-ouro.

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Entretanto, tão padrão teve diferente graus de plenitude:
ALEMANHA e FRANÇA: aparelharam suas autoridades monetárias para defender
suas reservas de ouro sempre que necessário.
-Banco da França: podia resgatar notas em prata se achar necessário
-Reichbank: podia recorrer a moeda fiduciária sempre que achasse preciso.

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As nações economicamente poderosas transformaram seus sistemas
metálicos...

◦ ...mas mantiveram o curso-forçado fiduciário de papel moeda, uma vez que


tinham pouca crença de que o ouro fluiria livremente para seus territórios
(tratava-se de uma tácita guerra de tesouros).

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O padrão-ouro NÃO funcionava em outros países como funcionava na
Inglaterra.
- Só na Inglaterra e a Franca tinham superávit em TC.
◦ Os demais países, os BC's não conseguiam estimular longas entradas de ouro
apenas variando taxa de juros (portanto, não podiam confiar apenas no
mercado financeiro doméstico)
- Autoridades perceberam que deveriam ter uma dupla linha de defesa:
◦ Interna: acúmulo de reservas internacionais
◦ Externa: camada interna de reservas em ouro ou crédito de Curto Prazo no SFI;

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A lógica é a mesma que prevaleceu no pos-guerra (sistema Bretton-Woods):
países que eram devedores de LP tinham que compensar o desequilíbrio
com uma produção credora de CP
- Só assim evitavam uma desvalorização de suas moedas frente ao ouro.

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A rigor, um padrao-ouro estável, podia existir apenas nos países centrais
KEYNES coloca o debate padrão-prata/bi-metalismo vs. Padrão-ouro como
uma disputa entre devedores/exportadores de commodities primárias vs.
Países credores/industrializados;
O contexto da adoção do Padrao-ouro nas 3 décadas anteriores à 1GM foi a
prevalência da indústria sobre a agricultura, dos credores sobre devedores
◦ >> as elites tradicionais foram completamente substituídas pela política
econômica das novas classes

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Na AMÉRICA LATINA
-> eram agro-exportadores e desta forma deveriam investir em uma moeda
mais desvalorizada.
Mas, investidores estrangeiros (Bancos Britânicos) eram contra depreciação e
pressionavam em favor de uma política monetária mais estável.
>> mesmo porque na hora de repatriar livros, era mais favorável uma moeda mais vallrizada
>> além disso, sempre teve temor de governos inflacionários não honrar débitos externos

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Quando os países da região entram no PO?
◦ Argentina – 1890
◦ Chile – 1892/95
◦ Costa Rica – 1906
◦ Panamá – 1906
◦ Brasil – 1906
◦ Equador – 1898
◦ México – 1905

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A adoção do Padrão-ouro deve ser mais entendida a partir de sua economia
política e contexto histórico do que por fatores técnicos propriamente;
A prata foi largamente utilizada até sua inflação se tornar intolerável às
economias;
Adoção ao Padrao-ouro: foi uma tentativa de defesa conta a forte queda das
commoditirs primárias e da Prata.
Foi necessária a adoção ao PO para se ter acesso ao crédito internacional em
moedas fortes a um custo menor.

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-PONTOS A RETER:
- PO não tinha qualquer tendência à ajustes automáticos e promoção de estabilidade
internacional;
- - os vários governos que o adotaram o fizeram considerando a política monetária q
melhor servisse as novas classes dominantes;
- -tratava-se de uma necessidade financeira!

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