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Universidade Federal da Paraíba

Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes


Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas
Curso de Letras Clássicas
Literatura Latina I – 2020.2
Professor Milton Marques Junior
 
Aula 04: 25/03/2021

IV – Início da Narração da Eneida


5.2. Proêmio original

Arma uirumque cano, Troiae qui primus ab oris


Italiam fato profugus, Lauiniaque uenit
litora, multum ille et terris iactatus et alto
ui superum saeuae memorem Iunonis ob iram;
multa quoque et bello passus, dum conderet urbem,               5
inferretque deos Latio, genus unde Latinum,
Albanique patres atque altae moenia Romae.
Musa, mihi causas memora, quo numine laeso
quidue dolens regina deum tot uoluere casus
insignem pietate uirum, tot adire labores                                   10
impulerit. Tantaene animis caelestibus irae?
Tradução Proposta

Eu canto as armas e o herói que, das margens de Troia, primeiro


banido pelo fado, à Itália e aos litorais Lavínios chegou.
Por muito tempo ele foi jogado de um lado a outro nas terras e no alto mar
pela força dos deuses superiores e pela ira memorável da cruel Juno;
muitas coisas também sofreu na guerra, ao mesmo tempo em que fundava a cidade
e transportava seus deuses para o Lácio, de onde [vieram] a raça Latina
e os nossos pais Albanos e as muralhas da altiva Roma.
Musa, lembra-me as causas, por que poder ofendido
ou por que, ferindo, a rainha dos deuses terá levado
um herói insigne pela piedade a precipitar-se em tantos infortúnios,
a expor-se a tantas provações. Tantas iras existem nos ânimos celestes?
Início da Narração da Eneida (versos 12-33) – Parte I (versos 12-22)

Existiu uma cidade antiga – colonos Tírios a habitaram –,


Cartago, longe e em sentido oposto às Tiberinas
bocas, opulenta de riquezas e ferocíssima nas dedicações da guerra,
uma única que, entre todas as terras, diz-se, Juno mais
ter cultuado que a estimada Samos; ali suas armas,
ali o seu carro estiveram; existir este reino entre as gentes, a deusa,
se de algum modo os fados permitirem, já então, tende e favorece.
Mas de fato ela ouvira do sangue Troiano ser conduzida uma progênie
que um dia deitaria por terra as cidadelas Tírias;
daí um povo largamente soberano e soberbo na guerra
haveria de vir para o excídio da Líbia: assim ouvira as Parcas desenrolar.
Início da Narração da Eneida (versos 12-33) – Parte II (versos 23-33)

Temendo isto e lembrando da velha guerra, que,


primeira na fila, levara a Troia pró seus caros Argivos,
e nem ainda as causas das iras e as cruéis dores
desapareceram de seu ânimo, permanecem guardados no altivo espírito
o julgamento de Páris e a injúria da beleza desdenhada
e a raça destestada e as honras do rapto de Ganimedes;
excitada por estas coisas, Satúrnia afastava, longe do Lácio,
jogados, frequentemente, por sobre todo o mar, os Troianos,
restos dos Dânaos e do cruel Aquiles, e por muitos anos
erravam, impelidos pelos Fados, ao redor de todos os mares.
Era de tamanho esforço fundar a nação Romana! 
Dido, a Rainha Tíria (Eneida, Livro I, versos 338-341)
 
Punica regna vides, Tyrios et Agenoris urbem;
sed fines Libyci, genus intractabile bello.
Imperium Dido Tyria regit urbe profecta,               340
germanum fugiens. Longa est iniuria, longae
ambages;
 
Tu vês os reinos Púnicos, os Tírios e a cidade de Agenor;
mas os territórios são Líbicos, raça intratável na guerra.
Dido exerce o poder, tendo deixado a cidade Tíria,
fugindo do irmão. Longa é a injúria, longos
os desvios;
Parcas fiando (Strudwick, 1885)
Vênus aparecendo a Eneias, Pierre Cortone, Século XVII, Louvre
Os amores de Páris e Helena, J-L David, 1788, Louvre

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