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Maternidade divina

de Maria

A Theotokos Mae de Deus


Antes de tudo...

A Maternidade é o dogma central


Maternidade e Virgindade
A Virgindade aspecto que realça a Maternidade

Imaculada refere-se ao começo da vida de Maria


Imaculada e Assunção
Assunção refere-se ao final da sua vida

Compreender os dogmas de “modo conexos” -


nexus mysteriorum
Bacia do Mediterraneo
Contexto social da época

- Dogma Theotokos foi definido no Concílio de


Éfeso no ano de 431

Para se chegar até o concílio e as discussões


ao seu redor, convém recordar o que
aconteceu até aqui...
Igreja de Jesus dos séculos I
ao IV
• Séc. I: Cristãos estavam crescendo, se tornando
uma minoria suspeita aos olhos do império.
• Séc. II: Império atinge o auge da força e
estabilidade.
• Cristãos já estão desvinculados do judaísmo (religião
lícita pelos Romanos) e vivem em estado de
insegurança.
• Aqui os cristãos começam a ser caluniados. Os meios
populares, raras vezes, desencadeavam perseguições.
• Destaque para Plínio, o Jovem, governador romano da
Bitínia
Igreja de Jesus dos séculos I
ao IV
• Séc. III: Crescimento cada vez maior dos cristãos.
Época da Grande Igreja.
• O império Romano começa a sofrer abalos internos e
externos. Uma das soluções é reafirmar o culto tradicional e
repreender os cultos
• Nessa época a Igreja vive período de paz e perseguições.

Lembrar da fórmula:
Igreja em paz Cresce em número e reflexão
Igreja em perseguição Aumento dos Mártires e Lapsis
Igreja de Jesus dos séculos I
ao IV
• Oficialização das perseguições:
• A figura de Nero e seus jardins de 54-68 d. C.
• 284-305 d.C. Perseguição de Diocleciano (em
especial aos cristãos no ano de 303)
• Edito de Milão (313 d. C.)
• estabeleceu o fim das perseguições, a restituição
dos bens e dos lugares de culto cristãos, isenções
legais, subsídios e doações.
• Com a paz concedida à Igreja, inaugura-se um
novo tempo na história das relações desta com o
Estado. Tem início a chamada CRISTANDADE.
Difusão do cristianismo do I
ao V séc.
Patriarcados
Após o Edito de Milão

• Igreja e Império andam juntas


• Com a abertura e o fim das perseguições, a Igreja
passa a refletir e discutir ainda mais questões de
fé.

Quando a Igreja tem algum problema e


ameaça cisma, isso diz respeito ao Império
E Maria? Onde está?

• Maria sempre foi querida e venerada pelos


Cristãos (sensus fidei)

1. Catacumbas de Priscila (representação de


Maria com o Menino no colo)
2. Oração do SubTuum (Séc. III) onde os cristãos
suplicavam por ajuda
3. Uso do termo em reflexões no século III e a
difusão do termo – Bispo Alexandre de Alexandria
usa o termo para contrapor a doutrina de Ário em 320
Catacumbas de Priscila
Disputas e reflexões intra-
eclesiais

Bispo Nestório Bispo Cirilo


- Bispo de - Bispo de
Constantinopla Alexandria

Defendia a Defendia a
Espressão Espressão
Christotókos (Mãe Theotokos (Mãe de
de Cristo) Deus)
Concílio de Éfeso (431)

• Imperador Teodósio convoca um concílio


• O concílio estava organizado sob duas
frentes:
• Bispos de Alexandria, Éfeso e Jerusalém (frente
Cirilo)
• Bispos do oriente (frente Nestório)

22 de junho é convocado a primeira sessão por


Cirilo, sem a presença dos orientais.
E por ai vai...
Concílio de Éfeso (431)

• O que deu no final de tudo?


• Foi definido o dogma da Theotokos...

Entretanto, por mais que tivesse sido definida,


faltava ainda a articulação necessária para a
compreensão do dogma.
Toda essa explicação se deu em Calcedônia, por
isso que na história, vemos Éfeso e Calcedônia de
modo ligado.
"Teologia do dogma da
Maternidade divina de Maria"

• "Theotokos": consequência de uma experiência de fé e de uma


reflexão: se Jesus é Filho de Deus, a sua mãe é a mãe de Deus.

• Dados da fé: Bases bíblicas; Magistério; Padres da Igreja; Senso


dos fiéis (sensus fidei);
• “Nós dizemos que Deus nasceu de Maria, não no sentido de
que a divindade do Verbo dependia de Maria, nas no sentido
de que o Verbo, o qual, fora antes do tempo, nasceu do Pai, é
eterno como o Pai e o Espírito Santo; na plenitude dos
tempos viveu no seu seio, para nossa salvação e sem
mudança, tornou carne e nasceu dela. A Virgem não gerou
simplesmente um homem, mas um verdadeiro Deus, Deus
não sem carne, mas feito carne” (São João Damasceno).
Aplicação teológica/social do
dogma para nosso tempo
• 1- A "Mãe de Deus" contribui para fazer história;

• 2- A "Mãe de Deus" revela o que podem os seres


humanos;

• 3- A "Mãe de Deus" como figura emblemática da


pessoa que encarna a Palavra de Deus e gera
vida";
A Mãe de Deus: "faz
história"
• Como a Mãe de Deus contribui para "fazer
história"?
• “Tua maternidade todos celebraram, celebram e
celebrarão em todos os tempos... enquanto Deus
for Deus” (Cornélio a Lápide (± 637 – biblista belga);
• É só a fé no imenso poder de intervenção de Maria
que infunde e mantém a imensa confiança do povo
cristão na Mãe de Deus, confiança essa que se
manifesta numa atitude fundamental de súplica,
como no Sub tuum praesidium, a mais antiga
oração dirigida a Maria (fim do século III), em que é
justamente invocada com o título de Sancta Dei
Genitrix. 
A Mãe de Deus: "revela o que
pode a humanidade na história"

• “Os santos Padres julgam que Deus não se


serviu de Maria como instrumento
meramente passivo, mas julgam-na
cooperando para a salvação humana com
livre fé e obediência” (LG 56).
A Mãe de Deus: “revela o que
pode a humanidade na história"

• Inflexão "pobres": pobreza social e


insignificância histórica = dignidade humana;

• Inflexão "mulher": à luz da Maternidade divina


de Maria, a maternidade humana da mulher – de
toda mulher – ganha uma nova coloração. É já
um dom imenso o de poder participar do poder
criador de Deus, gerando seres humanos;
A Mãe de Deus: "encarnar a
Palavra e gerar vida"

• Maria foi por excelência “aquela que acreditou”, de


tal modo que n’Ela “se cumpriu o que foi dito da
parte do Senhor” (Lc 1,45). E o que se cumpriu foi
precisamente a encarnação do Verbo eterno. Isso
quer dizer que a fé de Maria foi uma fé operante –
a “fé que opera pela caridade” (Gl 5,6). Ela
“praticou” a Palavra ouvida (cf. Lc 11,28),
enquanto transformou essa Palavra em ação, vida
e história.
"Geradora de vida e
modelo de discipulado"

• “Esta Virgem deu em sua vida o exemplo daquele


materno afeto do qual devem estar animados todos
os que cooperam na missão apostólica da Igreja
para a regeneração dos seres humanos” (LG 65). 
Conclusão:

• A maternidade divina de Maria revela o mistério da


Encarnação do Filho de Deus (humano e divino),
Deus que visita e age na história humana,
tornando-nos partícipes da vida divina;
"Oração do Papa Emérito Bento XVI,
quando escreveu a encíclica "Deus
Caritas Est"

• Santa Maria, Mãe de Deus, Vós destes ao mundo a


luz verdadeira, Jesus, vosso Filho – Filho de Deus.
Entregastes-Vos completamente ao chamamento de
Deus e assim Vos tornastes fonte da bondade que
brota d’Ele. Mostrai-nos Jesus. Guiai-nos para Ele.
Ensinai-nos a conhecê-Lo e a amá-Lo, para podermos
também nós tornar-nos capazes de verdadeiro amor
e de ser fontes de água viva no meio de um mundo
sequioso (Deus Caritas Est, nº 42). 
Tríade: Liturgia e Devoção
- Aplicação práxis: pastoral

Modelo de Igreja: 
[...] Deus nos apresentou na Virgem Maria "um
admirável exemplo...de oração, desde a Igreja
primitiva...exemplo de oração de concórdia,
comunhão e paz, de obediência à voz do Espírito
Santo, de vigilância na expectativa da segunda
vinda de Cristo e alegre propagação da palavra
de Deus." (Missas de Nossa Senhora, CNBB).
Curiosidade...
Maternidade LITURGIA e
DEVOÇÃO 

• Toda ação devocional, requer


uma lembrança do nascedouro
que é a EUCARISTIA. 
• Paulo VI recorda a importância
do ADVENTO (destaque
à Maria). 
• A Natividade do
Senhor (NATAL) e outras
solenidades se complementam. 
• As outras solenidades
auxiliam em uma
participação direta:
• Natividade de Maria –
08 de setembro ("aurora
da salvação");
• Visitação de Maria – 31
de maio ("leva em seu
seio");
• Nossa Senhora das
Dores - 15 de
Maternidade: LITURGIA setembro...

e DEVOÇÃO
Maternidade: LITURGIA e
DEVOÇÃO

• O dia 02 de fevereiro marca


um momento litúrgico, e ao
mesmo tempo decisivo para
Nossa Senhora:
- Continuidade e atualização
do Antigo para o
Novo Testamento. (cf. 2, 21-
35). 
Maternidade: LITURGIA e
DEVOÇÃO

• Outros eventos (datas) que • (Nossa Senhora do


merecem destaque no Rosário) 07/10.
calendário Romano:
• (Apresentação de Nossa
• Nsa Sra de Lourdes: 11/02.
Senhora) 21/11...
• Dedicação (Santa M.Maior)
05/08.
• Algumas festas (eclesiais):
• (Nossa Senhora do Monte
Carmelo) 16/07.
Maternidade:  LITURGIA e
DEVOÇÃO
Maternidade: LITURGIA e
DEVOÇÃO

• No missal Romano, o auxílio


na liturgia por excelência - Que Ele "faça de nós uma
oferenda perfeita para
compete-nos lembrarmos de alcançarmos a vida eterna, com os
Maria em forma expressiva:  vossos santos: a Virgem Maria
-  "Unidos na mesma Mãe de Deus".
comunhão, veneramos (Oração Eucarística III). 
primeiramente a memória da MARIA, NO CORAÇÃO DO
gloriosa sempre Virgem SACRÍFICIO DIVINO, Mãe da
Maria, Mãe do Nosso Deus e cabeça e dos membros, de toda a
Igreja. 
Senhor, Jesus Cristo" 
Maternidade: LITURGIA e
DEVOÇÃO
• O Lecionário propiciou uma certa dignidade
para a Virgem Maria, através da própria
reforma litúrgica (CV II). 
• Compreendendo de uma forma exegética a
trajetória de Maria, permite-se aos
poucos, uma mistagogia (em Cristo). 
• As leituras contidas nos
lecionários referentes à Virgem Maria,
fornecem um auxílio na liturgia cotidiana. 
Maternidade: LITURGIA e
DEVOÇÃO

A Liturgia das Horas (Ofício


Divino) apresenta uma
piedade ímpar em relação à
Virgem Maria. As festas
litúrgicas celebradas através
da Eucaristia, dão uma
certa continuidade na
santificação das horas...
"Sub tuum praesidium"....
Mãe de Deus que está presente
nos livros sagrados, Mãe de Deus,
que é Mãe PRESENTE na história
dos seus filhos...
Maternidade: LITURGIA e
DEVOÇÃO
• Por fim, os livros sagrados após o CV II tanto
na experiência do Oriente, quanto no
Ocidente continuam a expressar altos
louvores a Nossa Senhora. Em comunhão
com a tradição declara-se
liturgicamente/cultual (fonte de missão):
Maria como cooperadora do REDENTOR.
(Redemptoris Mater)
Maternidade: LITURGIA e
DEVOÇÃO 
• Podemos afirmar que a dimensão litúrgica
é uma fonte de inspiração para que
CONSCIENTEMENTE compreendamos o
lugar da Maria de Jesus como discípula no
seguimento.
• Uma devoção autêntica deve ser
pautada na vida de Maria (em especial sua
Maternidade) e diversas etapas históricas.
Maternidade: LITURGIA e
DEVOÇÃO 

•  TEÓLOGA: procurava
entender todas
essas coisas e
guardava-as no coração
(cf. Lc 2).
Maternidade: LITURGIA e
DEVOÇÃO 

• MISSIONÁRIA:
mandava as pessoas a
Jesus e também estava
com Ele. 
Maternidade: LITURGIA e
DEVOÇÃO 

• CATEQUISTA:
ensinava as pessoas
com o seu exemplo de
como seguir Jesus.  
Maternidade
: práxis 
Maternidade: práxis 

• Manifestações (santuários Marianos)


• A massa identifica-se com a Mãe, pois ela
compreende todos seus dramas.
• Ninguém imagina o que acontece no coração de
um simples peregrino.
• "pequenos lábios inflamados que deixam escapar
preces luminosas" (BOFF, C. 2006).
• Maria, como vivo e puro santuário da Divindade...
• sensus fidei.
Maternidade: práxis

• Maria ensina-nos como inserir esse caráter


maternal hoje:
• Criando comunidade.
• Ter entranhas de misericórdia, garantir
proteção, etc.
• Maternidade como ser antropológico.
• Feminismo verdadeiro da "Mãe".
• PASTORAL e SOCIAL...
Reflexão...

"Evangelização não é, portanto, em primeiro lugar,


um trabalho de doutrinamento ou de organização,
mas sim uma obra de criação de vida. É gerar nos
corações a vida da graça. Pregação é, pois, um “ato
generativo”. O processo da “maternidade pastoral”
percorre analogicamente todos os momentos da
maternidade biológica: primeiro, o ato de amor que
origina a vida; depois, a concepção lenta no segredo
do coração, seguida da comunicação generosa da
própria substância; após isso, as dores de todo parto;
depois, o cuidado pelo crescimento e assim por
diante."  
Referências:

• BOFF, Clodovis. Mariologia social: o significado


da Virgem para a sociedade. 1.ed. São Paulo:
Paulus, 2006.
• PAULO VI, Papa. Exortação Apostólica Marialis
Cultus. Disponível
em: http://www.vatican.va/content/paul-
vi/pt/apost_exhortations/documents/hf_p-
vi_exh_19740202_marialis-cultus.html. 
• https://cleofas.com.br/curiosidades-sobre-a-
construcao-da-basilica-de-santa-maria-maior/. 

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