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Instituto Superior de Ciencia e Tecnologia Alberto Chipande

Curso de Licenciatura em Farmacia

ANTIDOTOS E AGENTES DE DIAGNOSTICOS


I-Grupo

Discentes:
• Afonso Pecardo Luís
• Adérito Simões
• Amado Caisse
• Ana Cristina Manuel Paulino
• António Gildo
• António Machaude Castigo
• Armando Luis Muchargunhe

Beira-2021
Introdução

• O presente trabalho enquadra-se no âmbito do


cumprimento das actividades da cadeira de
Farmacologia, onde tem como foco abordar sobre
Antidotos e Agentes de diagnosticos. Sendo
indicadores de saúde variáveis susceptíveis à
mensuração directa, ou seja, são parâmetros utilizados
com o objectivo de observar e fornecer subsídios aos
clínicos, de modo que o prognostico do paciente
intoxicado depende da exactidão do diagnóstico, alem
da rapidez e eficácia de condutas terapêuticas.
•  
Antídoto

• Segundo Pristy,Chamam de antídotos a todas as


substâncias capazes de contrariar os efeitos
deletérios de determinados produtos, quer através da
neutralização destes (reacção antigénio/anticorpo,
quelação), quer por antagonismo dos seus efeitos.
• Para a O.M.S, conceitua o antídoto como sendo o
medicamento ou produto químico que age sobre o
veneno, ou concomitantemente, opondo-se aos seus
efeitos, através de diferentes mecanismos.
Classificação dos Antídotos
De uma forma didáctica, podemos classificar os antídotos
de acordo com o seu mecanismo de acção:
1. Inibidores da absorção do tóxico;
2. De acção química ;
3. Agem impedindo a fixação no local de acção;
4. Agem impedindo a biotransformação;
5. Antídotos que agem cessando a acção farmacológica;
6. Antídotos que agem sobre o tóxico ou seus
metabólicos;
7. Antagonista farmacológico .
Inibidores da absorção do tóxico
• São utilizados com o objectivo de prevenir ou reduzir a
absorção do agente tóxico pelo organismo quando o
contacto se da por via oral, facilitando a sua excreção por
via intestinal.
• Carvão activado: emprego como de eméticos ou lavagem
gástrica (Para diminuir a absorção digestiva de tóxicos).
• A sua administração e feita por via oral ou através da sonda
de lavagem.
• A posologia recomendada para adultos e de 50-100g (cerca
de 2-4 colheres de sopa), diluídos em 100-300 ml de água.
Em crianças maiores de 6 anos, utiliza-se 20-50g diluídos
em 250-500 ml de água e menor de 6 anos 10g, diluídos em
50 a 100ml de água, nas primeiras 4 horas.
De acção química

• Os antídotos que constituem este grupo reagem


quimicamente com o agente tóxico, formando um
produto de difícil absorção pelo organismo e
facilitando a sua excreção.
• Cloreto de sódio – utilizado no tratamento de
envenenamento por sais de prata, formando cloreto de
prata que e insolúvel (deve-se ter atenção para o risco
da intoxicação por sal, especialmente em crianças). A
dose e de 1 colher de sopa para 1 litro de agua.
Cont.

• Hexacianoferrato férrico de potássio (Azul da


Prússia) - empregado na intoxicação por talio com
o qual forma um quelato inabsorvivel no intestino,
facilitando a sua excreção fecal. Administrado por
sonda duodenal em doses de 250 mg/kg/24 horas,
em 2-4 vezes, junto com manitol a 15%, ate que os
níveis urinários de talio estejam abaixo de 0,5
mg/dia.
Agem impedindo a fixação no local de acção

• São antídotos utilizados no tratamento da


intoxicação cianídrica.
• Nitrito de Amila, Nitrito de sódio e Tiossulfato
de sódio: estas três substâncias são utilizadas em
conjunto, sendo denominada por alguns
profissionais como “kit cianeto”.
• Prepara-se a solução de nitrito de sódio para
administração endovenosa, 300mg em adultos
(10mL da solução a 3%) em três a cinco minutos e
4,5 a 10,0mg/Kg - de acordo com o nível de
hemoglobina.
Agem impedindo a biotransformação

• Os antídotos deste grupo impedem a biotransformação desses agentes e


o seu consequente aumento de toxicidade. Aqui temos como exemplo o
etanol:
• Etanol (álcool etílico) – o etanol e o antídoto utilizado no tratamento da
intoxicação por metanol.
• O etanol pode ser administrado por via oral ou endovenosa. Para uso
endovenoso, utiliza-se solução a 5% em soro glicosado no seguinte
esquema:
• Dose de ataque: 8,8 ml/Kg da solução a 10% em soro glicosado (em
pacientes diabéticos, utilizar o soro fisiológico), I.V.
• Dose manutenção: 1,4 ml/Kg/h da solução I.V.
Cont.

• Para o uso oral, recomenda-se 0,5 ml/Kg de solução a 50% de


hora em hora. Pode-se utilizar bebidas alcoólicas de graduação
conhecida. Por exemplo: uísque com graduação alcoólica de 40%
- dilui-se a metade com agua destilada, administrando-se 1 a 1,5
mL/Kg de hora em hora. O objectivo e manter uma alcoolemia
entre 100 e 150 mg/dl. Para isto, a administração do etanol devera
ser acompanhada pela determinação periódica da alcoolemia.
•  
•  
Antídotos que agem cessando a acção
farmacológica

• Azul-de-metileno e vitamina C: Situações de meta-


hemoglobinémia (ex. intoxicações por
nitritos,nitroglicerina, nitroprussiato de sódio,
sulfamidas e corantes anilínicos).
• Útil como agente de diagnóstico na visualização de
trajectos fistulares.
• A dose recomendada e de 1 a 2 mg/Kg em infusão
venosa lenta (cinco minutos) e pode ser repetido de 12
em 12 horas, se necessário
Cont.

• Flumazenil - utilizado em intoxicações por


Benzodiazepinicos.( Diazepam, clonazepam)
• Após administração intravenosa sua meia-vida e
inferior a 1 hora. A dose inicial usual e de 0,2-0,3
mg por via intravenosa em 15 segundos. Repete-se
com intervalos de 1 minuto ate obtenção do grau
desejável de consciência ou ate um total de 2 mg.
Antídotos que agem sobre o tóxico ou seus
metabólicos

• Neste grupo de antídotos, encontram-se os


chamados antagonistas dos metais pesados, isto e,
aquelas substâncias que tem a propriedade de se
ligar a metais prevenindo ou revertendo a ligação
com moléculas celulares.
Cont.

• Deferoxamina – Medicamento utilizado na terapêutica da


intoxicação por ferro e alumínio.
• Quando os níveis sanguíneos forem superiores a 500 mg/dl,
preconiza-se a administração por via intravenosa
• A sua diluição deve ser feita com 100 ml de soro fisiológico.
Administra-se através de infusão continua a 15 mg/Kg/h
(máximo de 90mg/h em 8h), por via I.V. Em pacientes em
choque, iniciar com 1g, seguido de duas doses de 500mg cada
4 horas. A via intramuscular pode ser utilizada, com 90
mg/Kg a cada 8 horas (máximo de 1g/dose)
Cont.

• n-Acetilcisteína (NAC) – medicamento utilizado


normalmente como mucolitico, fluidificante e expectorante,
e também indicado nas intoxicações por Paracetamol.
• A eficácia do tratamento e maior quando iniciada entre oito
e dezasseis horas após a ingestão. Administra-se uma dose
inicial de 140 mg/Kg por via oral em 200 mL de soro
glicosado a 5%, ou em veículo de sabor agradável, como
suco ou refrigerante, para torna-lo mais palatavel. A seguir,
70 mg/Kg, cada 4 horas, durante três dias, também por via
oral
Cont.
• Regime de 20 horas (adoptado para casos ate 9 horas após a
ingestão): dose inicial de 150mg / Kg em 200mL de soro
glicosado (SG) 5% para correr em 15 minutos. Em seguida,
50mg/Kg em 500mL de SG 5% para correr em 4 horas.
Posteriormente, 100mg/Kg em 1 litro de SG 5% para correr em
16 horas. (Dose total: 300mg/Kg nas 20 horas).
• Regime de 48 horas (adoptado para casos de atendimento 10 a
24 horas após a ingestão): Dose inicial (ataque): 140mg/Kg em
SG 5% para correr em 1 hora. Em seguida, iniciar administração
de 12 doses consecutivas de 70 mg/Kg, diluídas em SG
Antagonista farmacológico

• Os antidotos que agem por antagonismo farmacologico


têm o seu ponto de acção nos receptores em que age o
veneno. Nestes locais, a acção do veneno e diminuída ou
anulada por um antagonista. Ocorre, então, diminuição do
efeito provocado por uma dose tóxica.
• Atropina - utilizada em altas dose na intoxicação por
organofosforados e carbamatos, antagonizando as acções
da acetilcolina em excesso, provocada pela inibição da
colinesterase. A atropina bloqueia os efeitos muscarinicos
da acetilcolina.
Cont.

• Recomenda-se a administração em bolus (3 a 4


vezes) de 1 a 2 mg a cada 10 a 15 minutos em
adultos e 0,01 a 0,05 mg/Kg em crianças, uso
endovenoso, com monitorização da frequência
cardíaca, ate surgirem sinais de atropinizacao
(rubor facial, taquicardia, boca seca, midriase,
diminuição da secreção brônquica, entre outros).
Cont.
• Naloxona é utilizada na depressão respiratória causada pelos
opiáceos/ opioides, dando imediata protecção as vias aéreas e agindo
sobre outros sinais e sintomas como sonolência, vasodilatação
periférica, melhorando o debito cardíaco. A naloxona desloca os
opioides dos seus sítios receptores se ligando a eles imediatamente.
• Dentro de 1 a 2 minutos, após injecção intravenosa, surgem os
primeiros efeitos. Isto não ocorrendo, deve ser repetida a dose inicial
a cada 2 a 5 minutos ate 20 mg, no máximo. Nas intoxicações por
metadona (opioides de longa duracao), a infusão continua e
recomendada tendo em vista a meia-vida curta da naloxona (20 a 60
minutos). As convulsões induzidas pelos opioides sao revertidas pela
naloxona, exceptuando-se nos casos de intoxicação por meperidina
onde pode haver agravamento do quadro
Agentes de Diagnóstico

• Para (O.M.S.), considera de agentes de diagnóstico aqueles


medicamentos que se utilizam para o diagnóstico clínico das
enfermidades. As que não apresentam um efeito terapêutico
sobre a patologia do paciente, por não administrar se de
forma regular e pautada.
• Por sua relevância actual, os agentes de diagnósticos podem
ser usados na área clínica para certos objectivos tais como:
• Colorantes (Clínica);
• Radiofármacos (contrastes em técnicas de imagem).
Colorantes (Clínica)

• No âmbito diagnóstico terapêutico, utiliza se diversas


substâncias colorantes como marcadores, fármacos
para identificação de espaços vasculares e conductos
fisiológicos para a determinação de fluidos e
integridade de vasos (fístulas).
• Azul-de-metileno Inj. 10 mg/ml - Amp. 20 ml,
indicado para a visualização de trajectos fistulares,
onde devemos injectar um volume de acordo com a
dimensão da fístula.
Cont.

• Carmin de índigo Inj. 8 mg/ml - Amp. 10 ml, E.V. e indicado


para visualização dos orifícios ureterais em exame cistoscópico,
com a dose de 1 amp. O medicamento apenas a ser utilizado
por urologista ou médico familiarizado com o seu uso.
• Pilocarpina Inj. 1 mg/ml - Amp. Via I.D. indicado no
diagnóstico diferencial de lesões cutâneas suspeitas de lepra
(prova de Smith), em doses de ½ amp. na lesão + ½ amp. na
pele sã. Para tal necessário efectuar a seguinte técnica:
• (1) Passar tintura de iodo na lesão suspeita.
• (2) Injectar pilocarpina nas doses acima indicadas.
• (3) Polvilhar com amido.
• (4) O aparecimento de pequenos pontos violáceos significa que
há sudação e a lesão não é leprosa.
Cont.

• Tuberculina Purificada 2 TU Inj. 1,5 mL


(contendo Tuberculina 2 TU PPD Rt 23 com
Tween 80) - Amp. via I.D., indicado para (1) Como
teste complementar no diagnóstico da tuberculose
sobretudo na criança. (2) Para estudos de risco
anual de infecção tuberculosa.
•  
Cont.
• Técnica de injecção:
• Administrar 0,1 ml por via intra-dérmica na face dorsal do braço
esquerdo. A injecção deve ser feita lentamente com agulha de calibre
25 G ou 26 G e com o orifício da agulha orientado para cima. A
injecção correcta provoca uma pequena pápula semelhante à picada
de mosquito.
• Leitura da reacção: É feita passadas 72 horas e deve ser limitada à
induração e não ao eritema. Palpar a induração e medi-la no diâmetro
transverso do braço com uma régua de preferência transparente e
calibrada em milímetros. O teste é positivo se o diâmetro da
induração for maior ou igual a 10 mm; duvidoso se o diâmetro for de
5-9 mm e negativo se tiver um diâmetro menor que 5 mm.
Radiofármacos (contrastes em técnicas de imagem)

• Qualquer produto que quando este preparado para o uso com


finalidade terapêutica o diagnóstica contenha um o mais
radionucleidos (isótopos radioactivos).
• Diatrizoato Inj. 14,5 g/25 ml Fr. Via de administração E.V.,
indicado para (1) Urografia, esplenoportografia e arteriografia.
(2) Visualização de atrésias do esófago e ânus. (3) Sialografia
e sinusografia.
• Diatrizoato Inj. 76% (conteúdo em iodeto 290 mg, 370
mg/ml) Via de administração: E.V. indicado para (1)
Urografia, esplenoportografia e arteriografia. (2) Visualização
de atrésias do esófago e ânus. (3) Sialografia e sinusografia.
Cont.
• Iohexol, Inj. (conteúdo em iodeto 300 mg, 350 mg/ml) - fr. 50 ml Via de
administração: E.V., Indicado para (1) Urografia, esplenoportografia e
arteriografia. (2) Visualização de atrésias do esófago e ânus. (3)
Sialografia e sinusografia.
• Iotrolan Inj. (conteúdo em iodeto 240 mg/ml) - Amp. 10 ml, Via de
administração: E.V. indicações: Mielografia, ventriculografia ou
cisternografia. Leia o folheto informativo do produtor para mais detalhes.
• Sulfato de bário Pó 150 g, Via de administração: oral, Indicações: exame
radiográfico do tubo digestivo.
Estes agentes de diagnóstico devido a sua complexidade, as doses devem ser
consultados sempre o folheto informativo do produto.
Bibliografia

• Guimarães S, Moura D, Soares da Silva P.


Terapêutica medicamentosa e suas bases
farmacológicas. 5ª ed. Portugal: Porto editor; 2006.
• World Health Organization. WHO Model
Formulary 2006. Geneva: World Health
Organization; 2006. [CD-ROM];
• Ministério de Saúde. MISAU; Formulário
Nacional de Medicamentos; 5 ᵃ edição-2007.
Questões e sugestões
Muito obrigado

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