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Faculdade de Odontologia da UFMG

Especialização em Ortodontia

Diagnóstico em
Ortodontia

Padrão I
Leopoldino Capelozza Filho

Marcela Silva Araújo Martins


Padrão I
 Indivíduo normal com má oclusão;

 Definição baseada na classificação de Andrews:


Má oclusão dentária sem envolvimento esquelético =
má oclusão normal.

 No paciente Padrão I, o erro dentário é primário, é a


essência da doença.
Padrão I

Padrão I
 Quando há envolvimento esquelético na má oclusão, o
posicionamento dentário é reflexo dele.

 Quando não há erro esquelético, o desarranjo é


independente, inespecífico.

 Não há possibilidade de fazer uma previsão do


posicionamento dentário que se vai encontrar em um
indivíduo Padrão I.
Padrão I

Figura 1: As pacientes apresentadas


têm algo em comum: são portadoras
de más oclusões do padrão I.
Pressupõe-se, a partir desse
conceito, que não é possível prever
pelo exame da face, quais serão as
características dessas más oclusões.
Isso acontece porque elas não
guardam, obrigatoriamente,
correlação com a face.

Desse modo, como saber se a


ordenação de faces e más oclusões
estão corretas?
Padrão I

 Figura 2: Será que a ordenação


anterior está correta ou a que é
apresentada nessa figura é que está
correta? Muda-se a ordenação de
faces e oclusões, e ainda è razoável
admitir que essa nova pode ser
correta.
Padrão I

Figura 3A, B, C: Outra


ordenação, e essa é a
realmente correta.
Padrão I
Padrão I
Padrão I

 Apesar das más oclusões serem muito diferentes, elas


têm em comum o fato de pertencerem ao grupo das más
oclusões do padrão I, estando confinadas à área
dentoalveolar e, portanto, como regra, não afetando de
maneira visível as faces dos seus portadores. Conforme
se verá ainda, essas pacientes serão tratadas de maneiras
muito diferentes, de acordo com as necessidades
impostas pelas características de suas más oclusões. Em
comum, obedecem ao bom prognostico, permitido pelo
adequado padrão de crescimento de seus portadores.
Prevalência do Padrão I
 30% dos pacientes que procuram o tratamento
ortodôntico;

 O verdadeiro indivíduo Padrão I tem que preencher os


requisitos para essa classificação nos exames frontal e
perfil;

 Paciente Padrão II discrepância ântero-posterior


Padrão I (exame frontal).
Prevalência do Padrão I

 Estudos realizados com o intuito de definir características


da população brasileira branca para ambos os gêneros:

 Prevalência dos diferentes padrões;

 Critério de seleção: selamento labial passivo;

 O padrão face longa e face curta não foram incluídos;

 Fatores de exclusão: assimetria facial, ausência de dentes


e história de tratamento ortodôntico ou cirurgia
ortognática.
Prevalência do Padrão I

 A distribuição
observada no
aspecto frontal é
potencialmente
muito positiva do
ponto de vista
estético, já que o
individuo Padrão I
foi predominante
nessa análise.
Prevalência do Padrão I

 Quando o perfil é considerado, a distribuição muda de


modo significativo, principalmente no gênero
masculino.

 Essa mudança é claramente expressa pela migração de


indivíduos classificados como Padrão I no frontal, para
os padrões III e, principalmente II, na classificação
pelo perfil.

 Assim, a prevalência seria de 36% para o gênero


masculino e de 64% para o feminino e de 50% para a
amostra total.
Prevalência do Padrão I
Prevalência do Padrão I

 Deve-se considerar Padrão I somente quando a


classificação se repetir para o frontal e para o perfil.

 A projeção para a população em geral deveria


considerar uma prevalência menor de Padrão I, uma
vez que os indivíduos excluídos pelos critérios
adotados não preencheriam os requisitos para
receberem essa classificação.
Características Faciais
ANÁLISE FACIAL
 Beleza Equilíbrio;

 Equilíbrio Beleza

 Portanto, exige-se do indivíduo Padrão I equilíbrio, não


beleza.

 O indivíduo dólico, meso ou braquifacial será catalogado


como Padrão I, desde que mostre equilíbrio facial.
Análise Facial
Figura 4: Indivíduos padrão I do gênero feminino, braquifacial, mesofacial e dolicofacial. Apesar de diferentes, elas exibem sinais de
normalidade. Avaliadas quanto à agradabilidade. elas foram consideradas no exame frontal como aceitável, agradável e desagradável e no
perfil como aceitável, agradável e aceitável, respectivamente. Sem entrar no mérito do julgamento, já que ele foi feito com metodologia, fica
claro que a presença de equilíbrio nas relações faciais, que caracteriza o padrão I, não habilita necessariamente a seu portador a classificação de
face agradável. Assim, embora o grau desagradável conferido à analise frontal da mulher dolicofacial, provavelmente, seja exceção para os
portadores do padrão I, é razoável admitir que muitos serão apenas aceitáveis.
Análise Facial

Figura 5: Homem e mulher padrão I. Ambos


exibem níveis diferentes de agradabilidade
para o frontal e perfil. O homem é agradável
para frontal e aceitável para perfil,
obedecendo ao comportamento da amostra
masculina que, sob todos os aspectos,
perdeu qualidade quando do exame de
perfil. A mulher, ao contrário, foi
considerada aceitável no frontal e agradável
no perfil.
Análise Facial

 A análise facial será aplicada a qualquer momento no


diagnóstico em Ortodontia, seja o paciente criança,
jovem ou adulto.

 É preciso ponderar sobre o impacto do crescimento na


morfologia facial para evitar possíveis confusões no
diagnóstico.
Análise Facial

 A evolução da convexidade terá sua magnitude definida


pelo padrão de crescimento do indivíduo.

 A diminuição da convexidade facial deve acontecer de


modo normal, nos indivíduos com padrão de
crescimento normal.

 Os indivíduos portadores de má oclusão, que procuram


tratamento, terão um futuro para convexidade facial
absolutamente dependente do seu padrão de
crescimento.
Análise Facial

 Ao se examinar a face da criança deve-se considerar a


idade biológica e, quando necessário, fazer avaliação da
idade óssea.

 Uma criança pré-púbere pode ter um perfil bastante


convexo e ainda ser Padrão I. Se o diagnóstico ignora
essa característica normal e temporária, e a criança é
classificada como deficiente mandibular, qualquer
tratamento feito será sucesso.
Análise Facial
Idade pode mascarar o padrão verdadeiro.

Figura 7:
Um menino de 14 anos e 2 meses,
mas ainda antes do surto
pubertário de crescimento pode
mostrar um perfil com sinais do
padrão II, deficiência mandibular,
o que deveria ser considerado
com a devida relatividade.
Quando isso ocorre em um
paciente ortodôntico em conjunto
com má oclusão com molares em
classe II, essa confusão é muito
frequente O diagnóstico correto
seria padrão I, classe II.
Análise Facial

Figura 8: O final de
tratamento aos 16 anos e 5
meses, mostra a oclusão
corrigida e melhora facial
ligada ao padrão de
crescimento. Ignorando esse
fato e creditando-o ao
tratamento, estar-se-á
criando uma falsa ideia das
possibilidades terapêuticas
Análise Facial

Figura 9:
O controle do paciente padrão I,
tratado de classe II, 4 anos após
o tratamento, com o
crescimento terminado, mostra
boa estabiliidade para as
relações oclusais e uma
mandíbula ainda melhor, com
crescimento característico do
padrão I.
Análise Facial

Figura 10: O controle de


longo prazo (10 anos) do
paciente que era padrão 1,
classe II e que, após tratado,
ficou classe I, confirma as
características de
crescimento adequado da
mandíbula, com uma
harmonia facial muito boa.
As relações oclusais
apresentam perdas
moderadas.
Análise Facial
Idade pode mascarar o padrão verdadeiro.

Figura 11:
Ao contrário do que acontece
para o padrão II, mas
obedecendo à mesma
determinante de perda de
convexidade facial com a idade,
uma paciente padrão III pode ser
aceita como I, em idade prévia
ao surto de crescimento. A
paciente apresenta uma face boa,
mas com uma mandíbula forte.
O diagnóstico não é fácil,
deixando dúvidas. Se há dúvida,
a regra de segurança para essa
circunstância é sempre
considerar a paciente provável
padrão III. Isso evita
prognóstico otimista em uma
situação de risco.
Análise Facial

Figura12: Ao final do tratamento,


três anos depois, a paciente (15
anos e 8 meses) apresenta uma face
que expressa claramente o padrão
III, antes camuflado pelo
crescimento não manifesto.
Agravado por um laterognatismo, o
caso foi tratado com uma extração
assimétrica, providência que
resolveu as relações dentárias
temporariamente. Já ao final do
tratamento, há evidências
significativas de que o tratamento
não foi capaz de superar o efeito da
discrepância no diferencial do
crescimento maxilo mandibular
sobre a face.
Análise Facial

Figura 13: Ao final do


crescimento (19 anos, 11 meses),
a face é expressamente padrão III,
na análise frontal e de perfil,
mostrando efeitos de um padrão
de crescimento que, se não podia
ser identificado em termos de
magnitude, poderia ter sido
detectado como provável aos 12
anos de idade. As relações
oclusais são ruins e mostram a
falência do tratamento
compensatório. A insatisfação da
paciente e seus responsáveis com
a face poderá ser resolvida apenas
com cirurgia ortognática.
Análise Radiográfica

ANÁLISE DA RADIOGRAFIA
LATERAL DA FACE
 Indivíduos equilibrados, e sem má oclusão, são os escolhidos
para compor as amostras que geram os números médios usados
como representativos da normalidade.

 Os números das grandezas cefalométricas nos pacientes Padrão


I são bem próximos dos valores definidos como normais
(parâmetro para os indivíduos Padrão I mesocefálicos).

 Braqui e dolicofaciais mostrarão números que tenderão a fugir


da média, obedecendo à variável do tipo facial.
Análise Radiográfica

 Estruturas com boa arquitetura e bem relacionadas compondo


um todo harmônico é algo que pode ser identificado na análise
radiográfica.

 A radiografia permite acesso a áreas que nos exames clínicos


só são presumidas.

 O uso das grandezas cefalométricas é importante em casos de


dúvida e, principalmente, na necessidade de um diagnóstico
diferencial.

 Deve-se tirar desse exame tudo que se puder, sem turvar a


visão com números que tenham a pretensão de definir
normalidade.
Análise Radiográfica

Figura 14: A radiografia lateral da face e suas


medidas não mostram nenhuma grande
discrepância. Esse é o esperado para indivíduos
do padrão I, principalmente se eles forem
mesofacial. As características de normalidade
no exame morfológico estão presentes e
valores numéricos são bastante próximos aos
considerados normais. Neste particular,
números, há uma diferença entre o esperado e o
obtido para o mento (P-NB), que mostra valor
inferior ao que seria considerado bom em
termos de relação com a protrusão do incisivo
inferior (Dif 1-NB e P-NB). De qualquer modo,
a observação desta estrutura, o mento, no perfil
tegumentar mostra muita qualidade.
Análise Radiográfica

Figura 15: A radiografia lateral da face e suas


medidas não mostram nenhuma grande
discrepância. Isso é o que se espera para
indivíduos do padrão I. As características de
normalidade no exame morfológico estão
presentes e valores numéricos são bastante
próximos aos considerados normais, exceto para
convexidade de perfil esquelético e dentes. O
perfil esquelético é mais convexo do que poderia
ser esperado para o tipo facial e não combina com
a análise do perfil tegumentar, que é praticamente
reto. Os incisivos superiores e inferiores
apresentam uma tendência à verticalização, o que
pode ser uma tendência típica do braquicefálico.
Além disso, poderia admitir-se uma tendência a
valores menores para os ângulos que avaliam os
planos horizontais, mais paralelos nesses
indivíduos, mas que a paciente em análise não
apresentou.
Análise Radiográfica

Figura 16: A radiografia lateral da face e suas


medidas não mostram nenhuma grande
discrepância nesse indivíduo do padrão I,
dolicofacial. As características de normalidade no
exame morfológico estão presentes e valores
numéricos são bastante próximos aos considerados
normais. As variações, como um perfil mais
convexo e um ANB maior, são esperadas para um
indivíduo do padrão I, dolicofacial. Maior
inclinação vestibular do incisivo inferior poderia
ser esperada, mas não aconteceu com ênfase nesse
caso. O desenho do pogônio e seu valor são bons, e
ajudam a construir um ângulo mento labial
adequado.
Análise Radiográfica
CARACTERÍSTICAS OCLUSAIS
 A característica da má oclusão em pacientes Padrão I é
estar restrita à área dentoalveolar.

 Todo e qualquer tipo de erro no posicionamento dentário,


nos sentidos transversal, ântero-posterior e vertical, desde
que não haja envolvimento esquelético.

 Os erros não modificam a face, com exceção dos que


impossibilitam o selamento labial, no sentido ântero-
posterior.
Tratamento
TRATAMENTO INTERCEPTATIVO
 Exagero na ideia de normalidade para todos desde que
a função seja estabelecida.

 O processo de crescimento tem comando genético.

 Padrão I normalidade no padrão de crescimento má


oclusão de origem etiológica não genética
(Exceção: Discrepância de massa dentária que justifique
extração).
Tratamento interceptativo

 Distúrbios normais de crescimento (desajustes de


crescimento):
 apinhamentos primários de incisivos superiores e
inferiores;
 diastemas de irrupção entre os incisivos centrais
superiores;
 incompetência labial transitória;
 deglutição atípica.

 O tratamento interceptativo deve ser restrito ao problema, e


uma vez corrigida e estabilizada a posição dentária e
estabelecida uma forma que permita rotina funcional, não há
mais nada a fazer.
Tratamento interceptativo

 As situações mais comuns da necessidade do


tratamento interceptativo em pacientes Padrão I são
para interceptar hábitos ou tratar as más oclusões por
eles criadas.

 Acompanhar a irrupção depois de eliminada a má


oclusão (monitoramento de irrupção) é o suficiente
para permitir um bom caminho até a dentadura
permanente completa, quando o paciente será avaliado
para determinar a necessidade de um tratamento
corretivo.
Tratamento interceptativo

Figura 17: Paciente em dentadura decídua, 5 anos de idade, com mordida cruzada anterior e posterior unilateral. Com a mandíbula
manipulada a mordida ficava de topo na anterior e ainda permanecia cruzada na posterior do lado esquerdo. O tratamento consistiu em um
aparelho fixo tipo Quadhelix para descruzar a mordida posterior, acrescido de molas digitais para vestibularizar os incisivos decíduos
superiores. Após um período de 6 meses, a oclusão posterior estava corrigida e a anterior, pelo menos presumidamente, também.
Presumidamente, porque os incisivos centrais decíduos superiores esfoliaram durante o tratamento. Nenhuma contenção faz parte desse
protocolo.
Tratamento interceptativo

Figura 18: O paciente era


absolutamente funcional para a idade.
Isso significa que ele apresentava
incompetência labial transitória e
deglutição sem padrão definido,
características típicas dessa fase de
crescimento. Essas alterações
chamadas de desajustes de maturação
por Proffit e Mason (1975) e
reconhecidas cientificamente pelo
menos há uma década, são aceitáveis
como normais, desde que não causem
nenhum distúrbio para a fala e a
oclusão. Acompanhar para verificar
como se mantinha a oclusão foi a
conduta adotada (monitoramento de
irrupção).

A irrupção dos incisivos superiores aconteceu com tendência a cruzar a mordida anterior. Na época
propícia, quando já havia trespasse horizontal negativo, o paciente recebeu um aparelho removível
superior com molas digitais, corrigindo sua mordida em dois meses.
Tratamento interceptativo

Figura 19: Novamente, o aparelho foi suspenso já que havia estabilidade na mordida graças ao
trespasse vertical positivo, e o paciente agendado para monitoramento de irrupção e crescimento.
Crescimento, porque essa tendência à mordida cruzada anterior e à expressiva linha queixo
pescoço causaram preocupação, determinando maior cautela no prognóstico.
Tratamento interceptativo

Figura 20: Os controles subsequentes diminuíram dúvidas a respeito do padrão do paciente, que
crescia bem e mantinha suas relações oclusais corrigidas e faciais satisfatórias. A parte
funcional também estava bem e apenas o monitoramento de irrupção, com solicitações de
exodontias de dentes decíduos, mostrou-se necessário.
Tratamento interceptativo
Tratamento interceptativo

Figura 22: Após a dentadura


permanente completa, o
paciente exibe uma face
padrão I, produto de seu
padrão de crescimento e da
rotina fisiológica a ele
permitida. Aparelhos, se
estivessem sendo usados,
teriam sido no mínimo
inócuos.
Tratamento interceptativo

Figura 23: O controle desse


paciente já adulto jovem (24
anos) mostra de novo, e agora
de maneira irretocável, a
excelência de seu padrão de
crescimento e a face construída
a partir dele. Como
consequência, oclusão normal e
o atestado de correção às
atitudes empregadas em seu
tratamento, cujo mérito maior
foi o de reconhecer competência
do padrão de crescimento e
deixar acontecer em vez de
tentar fazer.
Tratamento interceptativo
Figura 24: Paciente em dentadura mista,
primeiro período, 7 anos de idade, com
mordida aberta anterior e cruzada
posterior unilateral, mais grave em máxima
intercuspidação habitual. História de hábito
de sucção interrompido recentemente.
Posicionamento inadequado da língua em
repouso e na deglutição, provavelmente
como hábito secundário. Características
faciais de padrão I, com presença de
condições funcionais para selamento labial e
respiração nasal. A família estava muito
preocupada com a magnitude da má oclusão
e a paciente mostrou disposição para o
tratamento e foi muito cooperativa. O
tratamento consistiu em um aparelho fixo
tipo Quadhelix para descruzar a mordida
posterior.

Esse aparelho foi escolhido porque a maxila era absolutamente normal no exame da face e parecia exibir no
exame intrabucal uma alteração apenas na forma do arco dentário superior. Adicionalmente, o efeito
reeducador de língua dos helicóides poderia ser útil para a posição da língua inadequada em repouso. Após
um período de 7 meses, a oclusão posterior estava corrigida. O aparelho foi removido e a paciente
acompanhada sem contenção, para verificação da estabilidade da forma e da possibilidade funcional.
Tratamento interceptativo

Figura 25: Os controles pós-tratamento mostraram


que a paciente estava absolutamente funcional para
a idade e que as correções introduzidas pelo
tratamento se mantinham. Observar as alterações no
posicionamento dos incisivos, que estão em um
processo ativo de irrupção, e verificar como se
mantinha a oclusão foi a conduta adotada
(monitoramento de irrupção).
Tratamento interceptativo

Figura 26: Os controles subsequentes provaram o padrão I da paciente, que crescia bem e mantinha suas relações oclusais
corrigidas e faciais satisfatórias. Após a irrupção de todos os dentes permanentes, um tratamento corretivo parcial foi
realizado. Esse tipo de abordagem parcial, colocando aparelho e tratando apenas uma região que é considerada problema, além
da vantagem de ser mais rápido, tem o mérito de não alterar a forma de arco e as relações oclusais criadas pela paciente após o
tratamento interceptativo.

Tratamento interceptativo

Figura 27- Após esse tratamento


parcial, o paciente exibe uma
face padrão I e uma oclusão
normal. Novamente, o grande
mérito dessa correção é do
padrão de crescimento do
paciente e da rotina fisiológica
presente. A contenção, segundo
o protocolo da época, foi uma
placa de Hawley para o arco
superior, usada 6 meses direto e
mais 6 meses para dormir. A
parte movimentada foi contida e
isso parecia suficiente.
Tratamento interceptativo

Figura 28: Após dois anos,


aos 14 anos de idade, a
oclusão está estável e as
relações faciais mantêm as
características do padrão I.
Tratamento interceptativo
Figura 29: O controle dessa paciente
já adulta (28 anos) confirma a
excelência de seu padrão de
crescimento. A face é equilibrada e a
oclusão muito boa, exceto pela região
antero-inferior, que apresenta um
forte apinhamento. Essa região não
foi contida porque não havia sido
tratada. Na época desse
procedimento, isso era razoável,
porque se pensava apenas em
recidiva e não em instabilidade. Essa
paciente ficou 15 anos sem controle
fazendo o crescimento de maturação
e iniciando as alterações de
crescimento da vida adulta, que
parecem ser mais consistentes
durante a terceira década da vida.

Com os conhecimentos hoje disponíveis, é razoável admitir que essa ocorrência era previsível (o apinhamento
é a ruga da boca). Não com absoluta certeza, mas com 70% de chance de alguma irregularidade na área. Um
tratamento simples pode corrigir isso, mas talvez uma atitude de caráter preventivo muito mais simples, como
o uso de uma contenção 3/3, pudesse evitar isso.
TRATAMENTO CORRETIVO

Figura 30: Paciente padrão I, com 11 anos e 8 meses, apresentando 3/4 de classe II nos caninos e 1/2 classe II nos molares, com
agenesias dos segundos pré-molares superiores e inferiores. A queixa principal era as agenesias e o desejo de um tratamento com
fechamento dos espaços. Um plano de tratamento com o uso de máscara facial foi proposto, com a justificativa de fazer o
fechamento dos espaços com o mínimo de repercussão facial. A face com tendência de crescimento horizontal preocupava.
Tratamento corretivo

Figura 31: A paciente motivada e


ciente das necessidades de seu
tratamento foi muito colaboradora
no uso da tração maxilar e dos
elásticos de classe II, permitindo
que os objetivos do tratamento
fossem atingidos. Os resultados
para face e oclusão são bastante
satisfatórios ao final do
tratamento (13 anos e 4 meses)
Tratamento corretivo

Figura 32: O controle 2 anos


após o tratamento (15 anos e 6
meses), mostra estabilidade para
os resultados conseguidos.
Tratamento corretivo

Figura 33: O controle na vida


adulta (20 anos) mostra uma
manutenção das re ações oclusais
e a confirmação do padrão
braquifacia
Tratamento corretivo

Figura 37: Paciente padrão I, classe I, crescimento


terminado (21 anos e 7 meses), com história de
longo tempo de tratamento. Queixa não resolvida
de caninos em infravestíbulo versão. Tratada com
aparelhos ortopédicos funcionais, com objetivo de
expansão dos arcos dentários, dissolução de
apinhamento e posicionamento dos caninos
superiores.

Como iatrogenia, presença de recessões gengivais na região vestibular dos dentes superiores
posteriores. Dentes inferiores posteriores muito verticais, necessitando de torque lingual.
Considerando idade, o tratamento com expansão rápida da maxila, que provavelmente teria efeitos
positivos e suficientes para resolver os problemas de espaço, se executado em época adequada, foi
descartado. Como opção, extrações dos primeiros pré-molares foi a conduta adotada.
Tratamento corretivo

Figura 38: Ao final do


tratamento, a queixa da
paciente está atendida, com
os caninos finalmente em
seus lugares. A repercussão
sobre a face foi mínima,
como se espera que aconteça
nos pacientes do padrão I.
Tratamento corretivo

 O desarranjo dentário exposto pela impossibilidade de selamento


labial dá a essa má oclusão uma aparência de muita gravidade. Embora
ela exija um tratamento mais complexo, seja pela quantidade de
movimento, necessidade de ancoragem, colaboração do paciente e
tempo, ainda assim, por estar restrita aos limites dentoalveolares, o
prognóstico continua bom.

Figura 39: Paciente padrão I, classe II


por protrusão dentária superior com
perturbação da estética facial.
Tratamento corretivo

Figura 40: Extrações de


primeiros pré-molares
superiores, com uma
mecânica de ancoragem
e retração, corrigiram a
protrusão dentária
superior. Ainda classe II
nas relações de molares,
a paciente exibe uma
face padrão I plena, sem
perturbação estética.
Tratamento corretivo

 O prognóstico é bom mesmo para as más oclusões de


grande magnitude classificadas como Padrão I na
presença de crescimento.

 Para definir o prognóstico na ausência de crescimento


lei da gravidade, ou Lei G.
Tratamento corretivo

1. Localização da má oclusão:

 Podem estar localizadas em quatro nichos: na


maxila, no arco dentário superior, no arco dentário
inferior ou na mandíbula.

 Definir a natureza do defeito no espaço: transversal,


vertical e ou ântero-posterior.

OBS: Pode ser apenas um desses, ou mais de um.


Tratamento corretivo

2. Etiologia:

 As más oclusões de caráter dentoalveolar não têm


determinante genético (fator etiológico local).

 Se há previsão de que após o tratamento haverá uma


possibilidade funcional plena tem-se um ponto
positivo para o prognóstico.
Tratamento corretivo

3. Idade:

 Idade adulta sem crescimento.

 Na ausência de crescimento, correção de grandes


discrepâncias, como a protrusão e a retrusão
dentárias e a atresia dentoalveolar superior, torna-se
inviável ou de risco, com prognóstico ruim.
Tratamento corretivo

4. Gravidade:

 Interação do fator idade com a gravidade.

 A magnitude (ou gravidade) da má oclusão


confere ao fator G um ponto negativo para o
prognóstico.
Tratamento corretivo
Tratamento corretivo

 Paciente adulta com má oclusão dentoalveolar, local e grave (não pode ser
tratada adequadamente devido à ausência de crescimento).

Figura 34. Paciente padrão I, com relações oclusais tendendo à classe III, incluindo a compensação nos incisivos e caninos
inferiores. Crescimento terminado (15 anos, 3 meses) e queixa relativa à situação dentária. E razoável admitir o padrão I,
considerando as relações esqueléticas e faciais, principalmente na ausência de crescimento. O plano de tratamento foi bastante
atípico. O arco inferior e a decisão de como tratá-lo, desencadearam as demais condutas. A discrepância de modelo era
significante, mas extrações de pré-molares foram descartadas devido ao equilíbrio existente na região posterior do arco inferior.
Extrações no arco inferior exigiriam contrapartida similar no arco superior o que não parecia recomendável considerando a
relação justa que maxila e mandíbula guardavam entre si e expressavam na face. Extração de um incisivo central inferior foi,
então, a hipótese levantada para dissolver o apinhamento e permitir a sua correção com movimento para mesial dos caninos
inferiores. Isso descartaria a necessidade de extrações no arco superior, cujo apinhamento menor que o inferior poderia ser
corrigido com desgaste nos dentes anteriores. Essa foi a conduta adotada, e executada com montagem parcial dos aparelhos nos
arcos superior e inferior.
Tratamento corretivo

Figura 35.
Um tratamento localizado e
rápido foi suficiente para
corrigir as relações oclusais da
paciente, sem interferência nas
suas relações faciais.
Tratamento corretivo

Figura 36. O controle, 5


anos depois, na vida
adulta jovem, mostra
estabilidade nas relações
dentárias e manutenção
das características
faciais. Essas boas
experiências com
procedimentos atípicos
reforçam a indicação do
bom senso nas atitudes
de diagnóstico e terapia.
Tratamento corretivo
 Paciente adulta, Padrão I, com má oclusão de localização dentoalveolar, complicada
pela ausência de elementos dentários.

Figura 41. Paciente padrão I, adulta, com protrusão dentária superior, retrusão dentária inferior, sobremordida
e diminuição da altura facial anterior inferior. Múltiplas perdas dentárias fazem parte da etiologia e complicam
o caso.
Tratamento corretivo

Figura 42. Resultado do tratamento cirúrgico da paciente padrão I, conduta determinada principalmente pelo fator idade. A face perturbada
pela grande protrusão dentária superior, retrusão dentária inferior e sobremordida, volta a apresentar uma estética consistente com o padrão I.
Protocolo de contenção para o
Padrão I
 As alterações pós-tratamento dos pacientes Padrão I deverão
ser determinadas pela recidiva e pela instabilidade, causadas
à oclusão pelo processo final de crescimento ativo e pelas
alterações de crescimento da vida adulta.

 Maior recidiva arcos inferiores expandidos, distância


intercanina inferior aumentada aleatoriamente, retrusões ou
protrusões sem justificativa ou exageradas.
Contenção

 Recidiva é a compreensão, segundo Enlow (1980), de uma


"resposta histo e morfogenética a uma violação anatômica e
funcional, de um estado existente de equilíbrio anatômico e
funcional".

 Pacientes Padrão I correção dentária protocolo de


contenção voltado para preservação da posição dos dentes.

 Quanto maior a magnitude da correção executada e quanto mais


especulativa a abordagem terapêutica, maior a chance de recidiva a
maior a preocupação com a contenção.
Contenção

Figura 43. “Experiência pode não trazer conhecimento, mas pode e deve trazer perspectivas”. Essa frase de um artigo sobre
contenção para sempre (PARKER, 1989), justifica sair do imobilismo e tomar atitudes com base em experiências próprias. A
experiência com pacientes tratados e examinados depois do tratamento, ao longo do tempo, confirma a hipótese do apinhamento
ântero-inferior aparecendo ou se agravando com o tempo. Hoje, essa hipótese é praticamente confirmada pela literatura. Nessa
perspectiva, conter por muito tempo, talvez para sempre, essa região é a conduta que se sugere para evitar ou minimizar o
apinhamento que é a ruga da boca.
Contenção

• 12 anos;
• Padrão I;
• Classe I;
• Apinhamento e
falta de espaço
para os caninos;
• Tratamento sem
exodontia;
• Maxila com
atresia relativa.

Expansão rápida
da maxila
Contenção
Contenção
Contenção
Contenção

 O resultado foi bastante razoável e uma contenção


clássica foi adotada (placa de Hawley) para o arco
superior, com uso contínuo durante 6 meses e depois
mais 3 meses para dormir, enquanto para o arco inferior
contenção fixa 3 a 3 com recomendação de uso até o
final do crescimento.
Contenção

 Placa de Hawley 6 meses:


 período em que o tecido ósseo e o conjuntivo do periodonto
se reorganizam.

 3 meses para dormir:


 Aceitando que a adaptação da musculatura a uma nova
forma pode demandar mais tempo, parece razoável adotar
um período de contenção transversal de 2 anos.

 Contenção do arco inferior até o final do crescimento:


 Considerando que o crescimento continua a influenciar esta
área até o final da terceira década de vida, seria este o tempo
limite que se deveria indicar para o uso desse contensor.
Contenção

 Controle por 3 anos após a retirada do aparelho.

 10 anos após a retirada do aparelho, motivada pela


recidiva e instabilidade, a paciente relatou que com 18
anos, sua dentista recomendou a remoção da contenção
fixa (“final do crescimento”).

 Embora essa retirada tenha em tese obedecido à


recomendação de "remover o 3/3 após o final do
crescimento", ela foi equivocada.
Contenção

Figura 47. Alterações pós tratamento (recidiva e instabilidade) apresentada pela paciente padrão I, tratada com ERM, placa lábio ativa e aparelho fixo. A paciente
removeu sua contenção 3/3 aos 18 anos de idade, com orientação profissional, porque “seu crescimento tinha terminado e os terceiros molares haviam sido
removidos”. Fora de controle, desde o final do tratamento, compareceu à clínica para queixar-se do apinhamento. A oclusão em geral ainda é boa, e os problemas são
restritos a um desalinhamento moderado dos incisivos superiores e ao apinhamento dos incisivos inferiores.
Contenção

 Apinhamento na área dos incisivos inferiores.

 No arco superior, as alterações são menores e restritas


aos incisivos laterais.

 A aparência geral da oclusão ainda é boa e muito melhor


do que a inicial.

 A paciente está bem funcionalmente.


Contenção

 A melhor maneira de respeitar a forma corrigida pela


natureza, eliminando apenas aquilo que é reconhecido
como problema, é não tocar nos dentes que não se
pretendem movimentar.
Contenção
Contenção

 A contenção inferior deverá ser utilizada até o final da


terceira década de vida.

 Mesmo se esse período for cumprido, a retirada da


contenção deverá ser seguida de um período de vigilância
para determinar se a área mantém ou não estabilidade de
forma.
Contenção
OBRIGADA!

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