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Micronutrientes

aniônicos

Cl Mo
Micronutrientes aniônicos

 São: Boro (B), Cloro (Cl) e Molibdênio (Mo)

 São essenciais para plantas e se caracterizam por


serem absorvidos em pequenas quantidades (da
ordem de alguns mg/kg de MS da planta);

 No solo, o teor de micronutrientes é observado na


seguinte ordem: Fe > Mn > Zn > Cu > B > Mo
Figura 12 - Efeito do pH na disponibilidade dos nutrientes e na solubilidade do
alumínio no solo (MALAVOLTA, 1979).
Boro (B)
Freqüência das Deficiências de Boro no
Brasil
Introdução

 O boro (B), juntamente com o Zn são os


micronutrientes que mais limitam a produção;

 As culturas mais exigentes em boro, sendo mais 200


g/ha, são: eucalipto, trigo, café e as hortaliças.

 Existe potencial de resposta ao B, quando sua


concentração no solo estiver baixa (< 0,20 mg dm-3) ou
média (< 0,20 a 0,60 mg dm-3).
1. Boro (B) no solo
 O mineral primário mais significativo contento B é a
turmalina (muito resistente ao intemperismo);

 Matéria orgânica: fonte de B mais importante;

 O B-disponível do solo é a parte do B-total que é


extraída mundialmente por água quente;

 Nos solos brasileiros: - B-total: 30 a 60 mg dm-3


- B-disponível: 0,06 a 0,5 mg dm-3
 Carência de Boro é mais comum em:

• solos pobres em matéria orgânica (M.O.);

• períodos de seca: diminui a mineralização da M.O.;

• excesso de chuva: maior lixiviação;

• solos com textura arenosa: a lixiviação é facilitada.


Abundância de Micronutrientes, em Materiais de Origem
(Kruskopf, 1972)
2. Boro (B) na planta
• Contato íon/raiz: o principal é por fluxo de massa, sendo
afetado pela taxa respiratória da planta.

• Absorção de boro: H3BO3 (preferencialmente) em solos


com pH 4,0 a 8,0; porém também pode ser absorvido como
H2BO3- e B(OH)4-

Acredita-se que a absorção seja um processo passivo, pois


independe da temperatura e não é afetada por inibidores
da respiração.
Portanto, o H3BO3, parece ser o único nutriente que tem alta
permeabilidade (B(OH)3) e vence as membranas
plasmática e tonoplasto) por processo passivo (difusão).
• A eficiência de absorção de B pelas raízes é cerca de 3,5 vezes
superior que a eficiência de absorção pelas folhas.

• Transporte: ocorre via xilema, na forma de H3BO3, por meio


da corrente respiratória.

• Redistribuição: B praticamente não é redistribuído nas


plantas. Portanto é considerado imóvel no floema.

Entretanto, o B foi considerado móvel em plantas que


apresentam polióis (açúcar simples) no floema, como,
macieira, ameixeira, cerejeira e brocólis. E no eucalipto.
3. Funções do Boro na Planta
• Era o único nutriente de plantas que satifazia o critério
indireto de essencialidade até pouco tempo atrás.

 Participa da formação (manutenção) da parede celular;

 Divisão celular: quando há deficiência de B, há menor teor


de RNA e portanto, menor síntese de proteínas;

 Aumento no tamanho das células: o H3BO3 forma complexos


com carboidratos que parecem servir para controlar a
disposição de camadas de celulose, o que evitaria o excessivo
endurecimento da parede celular.
 Em plantas deficientes em B, ocorre um rápido
endurecimento da parede celular e, consequentemente não
ocorre o aumento normal no volume da célula.

 Transporte de carboidratos das folhas para outros órgãos:


o B facilita o transporte de CHO, fazendo com que o produto
fique mais solúvel nas membranas. Além disso, é importante
para manutenção da estrutura e funcionamento dos vasos
condutores.

Por isso, em plantas carentes em B, as vezes se


observa engrossamento das folhas, devido ao acúmulo de
CHO, que não pode ser transportado.
Além disso, ocorre maior formação de calose, a qual provoca
a obstrução do floema.
 O processo de germinação do grão de pólen e
desenvolvimento do tubo polínico é muito
dependente do B para promover a deposição da parede
celular.

• Por isso, muitas vezes a exigência de B pelas plantas


no período reprodutivo é mais crítica que no período
vegetativo.
• Em Leguminosas, a falta de B afeta a síntese da
parede celular dos nódulos, permitindo o fluxo de O2,
resultando na redução da FBN.

• A toxidez de Al pode ser minimizada pelo efeito do B


nas enzimas relacionadas ao metabolismo da
glutatione, que é considerada mecanismo importante
das plantas em aliviar estresse do ambiente.
Teores de Boro considerados adequados para algumas
culturas (Malavolta, 1989)
• Culturas mais susceptíveis a deficiência de B:

• Algodão, Brássicas, Girassol, Soja, Amendoim, Alfafa,


Cenoura, Beterraba, Batata, Seringueira, Citros, Eucalipto,
Café, Uva e etc.
PRINCIPAIS FONTES DE BORO EXISTENTES NO
MERCADO BRASILEIRO
4. Sintomas de deficiência de B
 Inicia-se nos órgãos mais novos, pois o B é considerado
imóvel no floema.
 Principal sintoma: inibição do crescimento da parte aérea
e raízes, e até morte das gemas terminais. Podendo ocorrer
brotação lateral;
 Pode ocorrer encurtamento de internódios;
 Folhas e frutos pequenos e deformados;
 Pequena produção de sementes;
 Engrossamento das folhas, tornando-se duras e até
quebradiças;
 Acúmulo de compostos fenólicos, que resultam em
necrose;
 Menor formação de nódulos em Leguminosas.
4. Sintomas de carência de B

Figura 14. Deficiência de boro:


enrugamento das folhas mais novas (J.
Orlando Filho). E menor teor de açúcar.

Foto 15. Deficiência de boro:


folhas quebradiças e
excesso de perfilhamento
Cana-de-açúcar
(G.J. Gascho).
Obs: os sintomas de deficiência de B
são + evidentes após o florescimento.

Fig. Deficiência de B
em folha de girassol.
Fig. Quebra do caule, em função da
deficiência de B.
Fonte: Castro e Oliveira, 2005.
Eucalipto com deficiência de B
Eucalipto com deficiência de B
BORO
Deficiência de Cobre
em Milho Espigas com falhas de granação
Faixas marrons (cortiça)

Morte do meristema apical

Foto-Embrapa – milho e sorgo


Feijoeiro

Boro

Secamento dos pontos de crescimento

FONTE: POTAFOS (2006)


Citros
Sintomas de excesso de B
 Tomar cuidado com a adubação, pois o B pode causar
facilmente fitotoxidez, pois o limite entre a dose
adequada e a tóxica é muito pequeno.

 O sintoma é a clorose malhada, seguida de necrose nos


bordos das folhas mais velhas, em razão da maior taxa
de transpiração nesses locais.

A região da folha sem anormalidades visíveis: teor de B


menor que 100 mg/kg;
No local de clorose malhada: de 100 a 1500 mg/kg;
Nas áreas necrosadas: teor de B maior que 1500 mg/kg.
Girassol
Cloro (Cl)
1. Cloro (Cl) no solo
 Nos solos brasileiros: o teor de Cl varia de 2 a 22 mmolc
dm-3.

 Não se tem notícia ou conhecimento de carência de Cl


em condições de campo.

 O Cloro não é fixado na matéria orgânica ou pelas argilas


do solo, por isso é facilmente lixiviado.

 O Cl junto com o Mo, tem sua disponibilidade no solo


aumentada com o aumento do valor pH.
• A concentração de Cl nas plantas é alta (parecida com
a dos macronutrientes) atingindo até 20.000 mg kg-1;

• Porém, a exigência pelas plantas é menor, em média


de 340 - 1.000 mg kg-1;
2. Cloro (Cl) na planta
• Contato íon/raiz: o principal é por fluxo de massa;

• Absorção de cloro: a forma preferencial é Cl-

Concentrações elevadas de NO3- e SO42- na solução do solo podem


inibir a absorção de Cl.

Transporte: o cloro tem alta mobilidade no xilema, sendo


transportado na forma de Cl- .

Redistribuição: em geral é considerada alta (móvel no floema).


3. Funções do Cloro na Planta
 Sua principal função: co-fator de enzima que atua na fotólise
da água (fotossíntese), quebrando a molécula de H2O e
liberando elétrons para o fotossistema II.

 Nas ATPases do tonoplasto (permitindo a obtenção de


nutrientes do vacúolo);

 Há também os efeitos osmóticos do Cl no mecanismo de


abertura e fechamento dos estômatos e no balanço de
cargas elétricas.

OBS: O Cl não entra na constituição de compostos orgânicos de


plantas superiores.
4. Sintomas de deficiência de Cl

 No Brasil, não se tem observado problema de deficiência


de cloro.

 Visto que, comumente se utiliza o KCl;

 Além disso, as chuvas (principalmente próximas do litoral)


e irrigação também podem fornecer Cl.
4. Sintomas de deficiência de Cl

 Dependendo da planta, os sintomas aparecem primeiro


nas folhas mais velhas (tomateiro, alface, repolho,
beterraba), ou nas mais novas (milho, abobrinha).

 Sintomas: murchamento, clorose, brozeamento e


deformação da folha;

 As raízes também se desenvolvem menos, ficando


grossas e sem as laterais.
Sintomas de excesso de Cloro

 A toxidez de Cl esta relacionada a solos sódicos,


alcalinos ou salinos, encontrados em regiões áridas do
Nordeste brasileiro.

 Ressalta-se que as culturas apresentam certa tolerância


a altas concentrações de Cl.

 O excesso de Cl pode prejudicar a qualidade dos


produtos. Ex: Citrus e batata.
 Na cultura fumo, não se deve aplicar adubos com Cl, pois
este prejudica a combustão do cigarro.
Molibdênio (Mo)
Freqüência das Deficiências de Molibdênio
no Brasil
1. Molibdênio (Mo) no solo
 É o micronutriente menos encontrado nos solos e o
menos exigido pelos vegetais;

 Muitas vezes  adsorvidos a óxidos de Fe e Al, portanto


a sua maior disponibilidade depende da elevação do pH;

 O Mo também pode estar adsorvido na M.O. ou presente


na solução do solo;

 Nos solos brasileiros: - Mo-total = 0,5 a 5 mg dm-3


- Mo-disponível = 0,1 a 0,25 mg dm-3
 A deficiência de Molibdênio pode ocorrer:

• Solos ácidos, ricos em óxidos de ferro e alumínio;

• Solos com baixo teor de Molibdênio.

 Estima-se que a disponibilidade de Mo seja


aumentada em 100 vezes pela elevação de cada
unidade de pH, após a calagem em solos ácidos.
2. Molibdênio (Mo) na planta
• Contato íon/raiz: o principal é por fluxo de massa;

• Absorção de molibdênio: na forma de MoO4-2 (molibdato),


quando pH do meio é igual ou maior que 5,0. E como
HMoO4- (ácido molíbdico) quando o pH é menor que 5,0.

Entretanto, o excesso dos íons SO4-2 e Cl- podem afetar a


absorção do Mo;

Já o íon H2PO4- tem efeito sinérgico na absorção do Mo.


Motivo: é a formação do Fosfomolibdato que é mais solúvel
na membrana.
 Transporte: ocorre via xilema, na forma de MoO4-2
complexado com os grupos SH de aminoácidos ou com
grupos OH de carboidratos e, ainda, outros grupos compostos
policarboxilados como ácidos orgânicos.

• Redistribuição: geralmente é muito pequena, por isso o Mo é


considerado pouco móvel no floema da planta.
Reductase do
nitrato
3. Funções do Molibdênio na Planta
 Reductase do nitrato: é uma enzima que reduz NO3- a NO2-, que
contém Mo;
A falta de Mo, faz com que ocorra acúmulo de nitrato no tecido,
podendo causar queima.
Ex: Na cultura do melão:
- sem deficiência de Mo: folhas com 700 a 900 g kg -1 de NO3-
- com deficiência de Mo: folhas com 4.000 a 6.000 g kg -1 de NO3-

 Nitrogenase: é outra enzima que possui Mo. Formada pelos


complexos Fe-Mo-proteína e Fe-proteína. Responsável por
catalisar a redução do N2 a NH3.
Portanto, a deficiência de Mo irá afetar a fixação biológica de N 2.
3. Funções do Molibdênio na Planta

Os nódulos das leguminosas possuem alguns ppm de Mo,


enquanto os demais órgãos da planta possuem décimos de
ppm de Mo.

• O Mo participa como constituinte de várias enzimas,


especialmente as que atuam no metabolismo do N e do S,
que estão relacionadas com a transferência de elétrons.

Nas plantas, o Mo pode sofrer mudanças no estado de oxidação


entre as formas Mo+6 (oxidado) e Mo2- (reduzido).
Nitrogênio total na parte aérea da centrosema cultivada nos
solos de Andradina (A) e São José do Rio Preto (B), em função
de quatro tratamentos de adubação com micronutrientes
(Monteiro, 1991)
Relação entre a concentração de Mo em sementes de soja
e a produção no cultivo subseqüente de plantas cultivadas
em solo com baixa disponibilidade de Mo
(Gurley & Giddens, 1969)
Efeito da aplicação de trióxido de molibdênio na produção
de massa seca e na concentração de nitrogênio em pastagem
de Leguminosa (Desmodium) cultivada em solo com pH 4,7
(Kerridge et al., 1973)
Teores de Molibdênio considerados adequados para
algumas culturas (Malavolta, 1989)
PRINCIPAIS FONTES DE MOLIBDÊNIO EXISTENTES
NO MERCADO BRASILEIRO
4. Sintomas de deficiência de Mo
OBS: As plantas mais exigentes em Mo são as Crucíferas e as
Leguminosas;

A deficiência de Mo é dificil de ser encontrada em campo.

Em geral, ocorre clorose internerval, parecida com a deficiência de Mn,


com margens das folhas tendendo a curvar-se para cima ou para baixo.

Nas leguminosas, é comum o sintoma de clorose uniforme


(deficiência de N);

Em brássicas, é comum ocorrer “rabo de chicote” (folhas novas que


nascem desprovidas de limbo, crescendo apenas a nervura principal)
Deficiência de Mo em couve-flor
Mo

Soja
Mo

Citrus
Girassol

Fonte: www.gape.esalq.usp.br
Girassol

Fonte: Castro e Oliveira, 2005.


Sintomas de excesso de Molibdênio

 A toxicidade de Mo em culturas não é comum, sendo


encontrado apenas quando se verificam teores muito
altos deste nutriente.

 Sintoma mais típico: clorose internerval das folhas,


semelhante à deficiência de Fe, e as folhas novas
podem ficar distorcidas.
Última Lista de Exercícios
(OBS: para estudar apenas, não precisa entregar)

1) Qual o efeito do aumento do valor de pH na disponibilidade


dos 3 micronutrientes aniônicos?
2) Quais as principais funções do B e os seus sintomas de
deficiência na planta? Cite 3 culturas exigentes em B.
3) Quais as funções do Cl na planta? Por que é difícil encontrar
sintomas de deficiência de Cl em campo?
4) Em quais condições se espera encontrar deficiência de
Molibdênio?
5) Quais as 2 principais funções do Mo nas plantas? Explique?

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