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Pontos da Apresentação
1. Fernando Pessoa
1.1. Fernando Pessoa e os outros poetas;
1.2. A poesia e a identidade nacional.
2. Mensagem (1934) e Os Lusíadas (1572)
2.1. O “desenho”
A ‘arquitectura perfeita’ de Mensagem e a estrutura épica sui generis d’Os Lusíadas;
2.2. A visão da História
A ‘predestinação’ no poema de Pessoa e o ‘alto valor lusitano’ em Camões;
O dado matricial da cultura grega;
Os diferentes critérios de selecção das figuras histórias em Pessoa e em Camões;
D. Sebastião – objecto de desejo em Pessoa / razão de esperança em Camões.
2.3. O amor
O amor sonhado em Mensagem e o amor vivido (e poeticamente celebrado) n’Os
Lusíadas;
2.4. O mar
O mar sem fim de Pessoa e o mar ‘experimentado’ de Camões;
O Mostrengo e o Adamastor – figuras do medo.
2.5. O Império (im)possível
O imperialismo sem matéria sonhado por Pessoa e o império cantado em Camões;
“Que farei com esta espada?” – o misto de tristeza e esperança no final dos dois poemas.
3. Notas finais
Mensagem e Os Lusíadas
– Um diálogo entre dois poetas
1.
Fernando Pessoa (1885-1935)
Mensagem é, em certo sentido, uma ‘passagem a limpo’, para uma versão moderna,
do poema Os Lusíadas, de Luís de Camões.
E na resposta ao inquérito Portugal Vasto Império (1926, 1934) Pessoa afirma claramente:
«Há só uma espécie de propaganda com que se pode levantar a
moral de uma nação – a construção ou renovação e a difusão
consequente e multímoda de um grande mito nacional. […] Temos,
felizmente, o mito sebastianista, com raízes profundas no passado e na alma portuguesa».
2.
Mensagem (1934) e Os Lusíadas (1572)
Da leitura d’Os Lusíadas ressalta […] a busca de uma solução real para
reverter a situação da pátria; dos poemas de Mensagem, ressai,
intensificada no poema final, “Nevoeiro”, a proposta de uma solução não
mais de dimensão humana, mas transcendente.
C. Berardinelli, “Os Lusíadas e Mensagem: um jogo intertextual”, 2000
2.
Mensagem (1934) e Os Lusíadas (1572)
2.1.
O Desenho
Mensagem e Os Lusíadas
– Um diálogo entre dois poetas
2.1. O “desenho”
Mensagem (1934)
«[…] uma das obras mais perfeitamente realizadas da Literatura Portuguesa do século XX […]»
(C. Berardinelli. “Mensagem: Poemas in Fieri”, Fernando Pessoa: outra vez te revejo.
Rio de Janeiro: Lacerda, 2004)
Estamos perante uma «arquitectura pensada e harmónica, que torna este livro uma constelação
de poemas.»
(Fernando Cabral Martins, 1997)
Abrindo com uma proposição latina (Benedictus Dominus Deus Noster qui dedit nobis
signum),
a obra está dividida em três partes:
Proposição que
Primeira Parte – Brasão aponta, desde logo,
para o carácter
Segunda Parte – Mar Português evangélico da obra
Terceira Parte – O Encoberto
Mensagem e Os Lusíadas
– Um diálogo entre dois poetas
Brasão real português Sétimo (I): D. João o Primeiro A outra asa do Grifo: Afonso de Albuquerque
utilizado no século XV Sétimo (II): D. Filipa de Lencastre
19 poemas
Mensagem e Os Lusíadas
– Um diálogo entre dois poetas
I – Os Campos
(dois poemas)
II – Os Castelos
Sete poemas + um
III – As Quinas
Cinco poemas
IV – A Coroa
Um poema
V – O Timbre
Cabeça (um poema)
Brasão real português Asas (dois poemas)
utilizado no século XV
Mensagem e Os Lusíadas
– Um diálogo entre dois poetas
I. Os Símbolos
Primeiro: D. Sebastião III. Os Tempos
Segundo: O Quinto Império Primeiro: Noite
Terceiro: O Desejado Segundo: Tormenta
Quarto: As Ilhas Afortunadas Terceiro: Calma
Quinto: O Encoberto Quarto: Antemanhã
Quinto: Nevoeiro.
II. Os Avisos
Primeiro: O Bandarra
Segundo: António Vieira
Terceiro: (Screvo meu livro à
beira-mágoa)
Mensagem e Os Lusíadas
– Um diálogo entre dois poetas
2.
Mensagem (1934) e Os Lusíadas (1572)
2.2.
A visão da História
Mensagem e Os Lusíadas
– Um diálogo entre dois poetas
N’Os Lusíadas, D. Sebastião é o “herói épico em potência” (C. Berardinelli, 2000), uma
vez que o sonho de conquistar o Norte de África ainda povoa as mentes da época. Na sua
dedicatória, Camões incentiva o rei a novas empresas bélicas…
Fazei, Senhor, que nunca os admirados
Alemães, Galos, Ítalos e Ingleses,
Possam dizer que são pera mandados,
Mais que pera mandar, os Portugueses
Os Lusíadas (X, 152)
Mensagem e Os Lusíadas
– Um diálogo entre dois poetas
2.
Mensagem (1934) e Os Lusíadas (1572)
2.3.
O Amor
Mensagem e Os Lusíadas
– Um diálogo entre dois poetas
2.3. O Amor
Em Mensagem, Pessoa não inclui um dos “mitos” que Camões ajudou a criar: o
mito de Inês de Castro (só duas mulheres têm lugar no poema de Pessoa: D. Tareja e D.
Filipa de Lencastre).
Em Pessoa, o amor e o sentimento são transpostos para uma
esfera transcendente – o desejo, em Mensagem, é o desejo de um mito.
2.
Mensagem (1934) e Os Lusíadas (1572)
2.4.
O Mar
Mensagem e Os Lusíadas
– Um diálogo entre dois poetas
2.4. O Mar
Sobre o “Mar” em Pessoa e em Camões, Eduardo Lourenço caracteriza
deste modo aquilo que separa os dois poetas:
Evocando o poema Os Lusíadas, José Régio escreveu que «o mar entrou nele e coube». Podia
caber em oitava rima esse mar nunca dantes navegado que nos sagrou como nautas modernos
porque era um mar ao mesmo tempo vivido e revisitado graças à intercessão poética de Virgílio. O
mar de Pessoa, menos vivido que o de Camões e plural na sua essência de abismo da natureza e do
espírito, inundou, como nem antes nem depois acontecera na odisseia pouco marítima do
imaginário português, toda a poesia do autor de Mensagem, mas não coube nela.
Eduardo Lourenço, “Os Mares de Pessoa”. O Lugar do Anjo. Ensaios Pessoanos. Lisboa: Gradiva,
2004
O mar n’Os Lusíadas é possibilidade de realização, coisa presente e exterior;
em Mensagem, significa promessa e desafio, o Horizonte por buscar.
Como o mar de Álvaro de Campos, o mar de Mensagem é feito da
«Distância Absoluta», do «Puro longe» (Ode Marítima)
Mensagem e Os Lusíadas
– Um diálogo entre dois poetas
2.4. O Mar
2.
Mensagem (1934) e Os Lusíadas (1572)
2.5.
O Império (Im)possível
Mensagem e Os Lusíadas
– Um diálogo entre dois poetas
O tom de tristeza (tom de requiem) comum ao final dos dois poemas mistura-se com
uma leve esperança de renovação. Vejamos:
Verso final de Mensagem : “É a Hora!”
(seguido de Valete Fratres, uma saudação mística associada à fraternidade Rosa-Cruz)
Três versos d’Os Lusíadas:
Fico que em todo o mundo de vós cante,
De sorte que Alexandre em vós se veja,
Sem à dita de Aquiles ter enveja.
Duas soluções diferentes
Os Lusíadas Mensagem
3. Mensagem e Os Lusíadas
– Notas Finais
Mensagem e Os Lusíadas
– Um diálogo entre dois poetas
Semelhanças essenciais:
o desejo de superar e a consciência do valor da poesia