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Alberto Caeiro

Professora: Sónia Moreira

Carlos Silva Nº4 12ºB_N


Índice

Alberto Caeiro.......................................................................................................................................1
Introdução.............................................................................................................................................3
Biografia de Alberto Caeiro..................................................................................................................4
Tese.......................................................................................................................................................5
Poema I.................................................................................................................................................6
Análise do poema.........................................................................................................................7
Análise gramatical.........................................................................................................................9
Poema II..............................................................................................................................................10
Análise do poema.......................................................................................................................11
Análise gramatical.......................................................................................................................12
Conclusão............................................................................................................................................13
Bibliografia..........................................................................................................................................14
Introdução
Alberto Caeiro, um dos heterónimos mais marcantes criados por Fernando Pessoa, destaca-
se na literatura portuguesa como o "guardador de rebanhos" e um ícone do movimento do
Sensacionismo. A sua poesia reflete uma visão singular do mundo, rejeitando os excessos
intelectuais em prol de uma conexão direta com a natureza e a realidade sensorial. Neste
trabalho, explorarei a vida e duas obras de Alberto Caeiro, mergulhando nas suas
perspetivas filosóficas e estilísticas que continuam a influenciar a poesia contemporânea.
Biografia de Alberto Caeiro
Alberto Caeiro, embora seja uma criação literária de Fernando Pessoa, pode ser
contextualizado historicamente e socialmente dentro do início do século XX em Portugal.
Nesse período, Portugal estava a passar por mudanças significativas, incluindo a transição
da monarquia para a república em 1910.

O contexto social reflete-se na obra de Caeiro, pois ele representa uma reação à
complexidade intelectual e às mudanças culturais da época. O surgimento de movimentos
artísticos, como o modernismo, influenciou a busca por novas formas de expressão. Caeiro,
ao se distanciar do intelectualismo e adotar uma perspetiva mais simples e sensorial, pode
ser visto como uma resposta a essa efervescência cultural.

Historicamente, o período em que Caeiro "viveu" (ficticiamente) coincide com a Primeira


Guerra Mundial, evento que abalou a ordem mundial e teve impactos na consciência
coletiva. Sua poesia, focada na contemplação da natureza e na rejeição de questões
metafísicas, pode ser interpretada como uma tentativa de encontrar estabilidade e
significado em meio a um mundo tumultuado.

Embora Alberto Caeiro seja uma criação literária, sua existência fictícia oferece uma lente
única para examinar as dinâmicas históricas e sociais do início do século XX em Portugal.
Tese
Os dois poemas selecionados foram retirados da obra: “O guardador de Rebanhos”, que
serão posteriormente analisados por uma abordagem estruturada, que conta com a análise
externa e interna do poema. No final das análises de cada poema, haverá uma breve
conclusão sobre os temas abordados.
Poema I
XVIII

Quem me dera que eu fosse o pó da estrada

E que os pés dos pobres me estivessem pisando...

Quem me dera que eu fosse os rios que correm

E que as lavadeiras estivessem à minha beira...

Quem me dera que eu fosse os choupos à margem do rio

E tivesse só o céu por cima e a água por baixo...

Quem me dera que eu fosse o burro do moleiro

E que ele me batesse e me estimasse...

Antes isso que ser o que atravessa a vida

Olhando para trás de si e tendo pena...


Análise do poema
“Quem me dera que eu fosse o pó da estrada": Expressa o desejo de simplicidade e
humildade, identificando-se com algo tão comum quanto o pó da estrada.

"E que os pés dos pobres me estivessem pisando...": Reforça a busca por uma conexão com
a realidade e com pessoas simples, desejando ser útil e presente na vida dos menos
privilegiados.

"Quem me dera que eu fosse os rios que correm": Manifesta um anseio por ser como os
rios, simbolizando fluidez e constância na existência.

"E que as lavadeiras estivessem à minha beira...": Reflete o desejo de fazer parte do
cotidiano das pessoas, aqui representadas pelas lavadeiras à beira do rio.

"Quem me dera que eu fosse os choupos à margem do rio" : Revela a aspiração por ser como
os choupos, sugerindo uma busca por tranquilidade e uma ligação profunda com a natureza.

"E tivesse só o céu por cima e a água por baixo...": Enfatiza a simplicidade desejada, com o
céu e a água como companhias exclusivas, aludindo a uma vida descomplicada e em
sintonia com elementos naturais.

"Quem me dera que eu fosse o burro do moleiro": Procura identificação com a simplicidade
e labor do burro do moleiro, representando uma vida de trabalho e proximidade com a
natureza.

"E que ele me batesse e me estimasse...": Aceita as vicissitudes da vida, inclusive as


dificuldades representadas pelo possível castigo do burro, mas também anseia por afeto e
estima.

"Antes isso que ser o que atravessa a vida" : destaca a preferência por ser parte integrante
da vida em vez de simplesmente atravessá-la com desinteresse,

“Olhando para trás de si e tendo pena...”: Transmite uma sensação de reflexão e compaixão
ao olhar para o passado.

Neste poema, Caeiro manifesta seu desejo de ser elementos simples e integrados à
natureza, como o pó da estrada, os rios, os choupos à margem do rio, ou até mesmo o burro
do moleiro. Essa identificação com elementos naturais reflete uma aspiração à
autenticidade e à harmonia com o entorno, rejeitando a agitação e as preocupações da
existência humana convencional.
Análise gramatical

O poema é constituído por dez versos, em que a natureza e a simplicidade são os temas
centrais no poema. O eu lírico expressa um desejo profundo de se fundir com elementos
naturais, como o pó da estrada, os rios, os choupos e até mesmo o burro do moleiro.

Em relação a utilização de conjunções e pronomes é recorrente no poema, como o uso de


"que" é frequente no poema, indicando desejos e condições. Os pronomes pessoais "eu" e
"me" são utilizados de maneira intensiva, destacando a subjetividade do eu lírico.

No tema das marcas verbais, os verbos estão maioritariamente no modo condicional,


expressando desejos irreais ou hipotéticos. Como por exemplo "Quem me dera que eu
fosse", "E que os pés dos pobres me estivessem pisando", etc.

O poema está repleto de recursos estilísticos, como as imagens sensoriais e metáforas,


destacando o desejo de simplicidade e integração com a natureza. Por exemplo, "quem me
dera que eu fosse o pó da estrada", "fosse os rios que correm", "fosse os choupos à margem
do rio", entre outros.

Há uma ironia sutil nas expressões de desejo do eu lírico, uma vez que ele está desejando
ser algo que, à primeira vista, pode parecer menos desejável (como o pó da estrada, os pés
dos pobres, etc.), mas que representam a simplicidade e a harmonia com a natureza.

Em resumo, o poema de Alberto Caeiro é marcado pela simplicidade, pelo desejo de uma
conexão mais profunda com a natureza e pela expressão de um eu lírico que anseia por uma
vida mais próxima dos elementos naturais.
Poema II
XIX

O luar quando bate na relva

Não sei que coisas me lembra...

Lembra-me a voz da criada velha

Contando-me contos de fadas.

E de como Nossa Senhora vestida de mendiga

Andava à noite nas estradas

Socorrendo as crianças maltratadas...

Se eu já não posso crer que isso é verdade,

Para que bate o luar na relva?


Análise do poema
“O luar quando bate na relva": Introduz o cenário noturno e destaca a ação específica do
luar ao incidir sobre a relva, sugerindo um elemento poético e contemplativo.

“Não sei que coisas me lembra...": O eu lírico expressa uma sensação de nostalgia ou
incerteza ao tentar associar o luar na relva a lembranças específicas.

"Lembra-me a voz da criada velha": Inicia uma evocação de memórias ligadas à voz de uma
criada idosa, indicando a presença de elementos do passado.

"Contando-me contos de fadas": A narrativa se expande para incluir a criada contando


histórias de contos de fadas, sugerindo um ambiente de encantamento e imaginação.

"E de como Nossa-Senhora vestida de mendiga / Andava à noite nas estradas / Socorrendo
as crianças maltratadas...": A criada continua a contar, agora incluindo a imagem simbólica
de Nossa Senhora agindo benevolamente à noite para ajudar crianças maltratadas,
adicionando uma dimensão de compaixão e proteção.

"Se eu já não posso crer que isso é verdade, / Para que bate o luar na relva?": O eu lírico
questiona a veracidade das histórias, sugerindo um ceticismo ou uma perda de fé nas
narrativas contadas. A pergunta final destaca a aparente falta de propósito para o luar
iluminar a relva, sugerindo uma reflexão mais profunda sobre a natureza da nostalgia e da
crença.

Este poema é marcado pela contemplação do luar na relva, introduz uma atmosfera
nostálgica e evocativa. Caeiro mergulha nas lembranças da infância, onde o luar lembra-lhe
a voz da criada velha e contos de fadas, incluindo a imagem mística de Nossa Senhora.
Contudo, essa nostalgia é acompanhada de um questionamento sutil sobre a veracidade
dessas recordações, lançando dúvidas sobre a credibilidade do imaginário infantil.
Análise gramatical
Este poema é constituído por nove versos, em que o tema predominante é a simplicidade e
humildade. As imagens de uma criada velha contando contos de fadas e de Nossa Senhora
vestida de mendiga transmitem uma sensação de simplicidade, humildade e conexão com o
cotidiano.

Os recursos expressivos presentes são a metáfora: O luar "batendo na relva" cria uma
imagem visual que pode simbolizar a luz da compreensão ou da revelação, anáfora: A
repetição da expressão "Quem me dera" cria uma anáfora que destaca os desejos e as
imagens evocativas do poema, ironia: O verso "Para que bate o luar na relva?", pode ser
interpretado como uma forma irônica de questionar a realidade ou a relevância das
memórias e das histórias narradas, e aproveitando o verso citado anteriormente podemos
encontrar uma pergunta retórica.

Em síntese, o poema utiliza uma variedade de recursos expressivos, marcas formais e


recursos estilísticos para criar uma atmosfera de contemplação, explorando temas como
memória, fé e a natureza evocativa das histórias contadas.
Conclusão
Com base nos poemas de Alberto Caeiro apresentados, emerge uma poderosa reflexão
sobre a busca pela simplicidade, conexão com a natureza e desprendimento das
complexidades da vida. Essa tríade de temas permeia a obra do heterônimo de Fernando
Pessoa e é claramente expressa nos versos analisados.

Em ambas as peças, Caeiro revela um olhar desencantado em relação à vida convencional,


sugerindo que a verdadeira riqueza e significado residem na simplicidade da natureza e nas
experiências autênticas. A linguagem direta e despretensiosa de Caeiro, aliada à sua visão
despojada da existência, estabelece uma poética que continua a ressoar e inspirar reflexões
sobre a essência da vida e a busca pela autenticidade.

Assim, os poemas de Alberto Caeiro apresentam uma estética singular que transcende o
tempo, desafiando convenções literárias e explorando temas fundamentais da existência
humana, como a conexão com a natureza, a simplicidade e a autenticidade.
Bibliografia
https://guiadoestudante.abril.com.br/estudo/analise-poemas-completos-de-alberto-caeiro-
heteronimo-de-fernando-pessoa/

https://imprensanacional.pt/wp-content/uploads/2022/03/Poemas-de-AlbertoCaeiro.pdf

https://www.ebiografia.com/alberto_caeiro/

https://ciberjornal.files.wordpress.com/2009/01/caracteristicas-alberto-caeiro.pdf

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