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3.

Avaliação e Intervenção
Psicológica com os Idosos
Introdução à Psicogerontologia

Sofia von Humboldt


sofia.humboldt@gmail.com

ISPA – 2012/2013
3.2. Prevenção da Doença e Promoção de Saúde

3.3. Estimulação Cognitiva e Autonomia

Sofia von Humboldt


ISPA – 2012/2013 Introdução Psicogerontologia 1
O Idoso, a Saúde e a Doença
• Aumento proporcional de indivíduos idosos;
• Declínio das taxas de fecundidade;
• Desenvolvimento tecnológico e terapêutico no tratamento de doenças;
especialmente as crónicas
• Baixa natalidade
• Importantes mudanças demográficas e epidemiológicas estão a ocorrer
em diferentes lugares e com intensidade variável dentro da região
• A população com mais de 65 anos representará 25% do total em 2050.
(OMS, 2012)

• Envelhecimento populacional num curto período, com impacto para o


sistema de saúde
• Os padrões de doença mudaram, criando diferentes necessidades nos
sectores da saúde e social.
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Senescência e Senilidade
A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera o envelhecer como:

“Um processo sequencial, individual, cumulativo, irreversível, universal, não


patológico de deterioração de um organismo maduro, próprio a todos os
membros de uma espécie, de maneira que o tempo o torne menos capaz de
fazer frente ao estresse do meio ambiente”

Senescência - Envelhecer como um processo progressivo de diminuição de


reservas funcionais
-Declínio físico e mental lento e gradual

Senilidade - Desenvolvimento de uma condição patológica por estresse


emocional, incapacidade, acidente ou doenças

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Quais as doenças mais
comuns no idoso?

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Quais as doenças mais
comuns no idoso?
Diabetes Mellitus Doença Cardio-Vascular

Hipertensão Arterial Cataratas


Depressão
Demência vascular e outras
Cancro do cólon e reto
Osteoporose
Infecções respiratórias
Cancro da mama
Inflamação nas articulações
Cancro da próstata e artrite

Cancro da pele
Doenças Crónicas Não
Acidente Vascular Cerebral Transmissíveis
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Quais as incapacidades
mais comuns no idoso?

Perdas Auditivas
Perda de Equilíbrio
Perdas Cognitivas
Dificuldades Motoras

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O envelhecimento e alterações orgânicas
Principais doenças que são causas de morte:

• Doenças não comunicáveis, com as patologias relacionadas com o sistema circulatório a


representaram 50% do total e as doenças oncológicas com 20%.

Os cancros do pulmão, cólon, estômago e próstata são os que mais matam


nos homens, e o da mama, pulmão, estômago, cólon, útero e ovários os que
mais matam as mulheres (OMS, 2012)

O envelhecimento e a doença não podem ser tratados como factores


interligados mas existe maior vulnerabilidade a adoecer, ou seja, uma
predisposição à doença

No final da terceira década surgem as primeiras alterações funcionais e


estruturais e, a partir da quarta, há uma perda de aproximadamente 1% da
função/ano, nos diferentes sistemas orgânicos
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O Papel da Família

É necessária uma política para os idosos, e programas direccionados à


população idosa portadora de dependência.

Alternativamente, a família é uma das fontes mais frequentes de recurso para


o cuidado do idoso dependente.

O papel do cuidador, familiar, passa a ter importância fundamental na


assistência do indivíduo, especialmente se esta ocorre no domicílio. Em geral,
as responsabilidades do cuidar recaem sobre o cuidador.

O cuidado domiciliário de um idoso seja por motivos físicos ou mentais,


expõe a família a uma série de desafios significativos, principalmente pelas
alterações do modelo de família.

Indisponibilidade do sexo feminino devido à integração no trabalho


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Alternativas à Família

Desenvolvimento de estratégias de suporte ao idoso, à família e ao cuidador


familiar para tornar possível o desencadeamento de acções na promoção da
saúde e prevenção do desequilíbrio no processo saúde/doença desses actores
sociais.

Formação de cuidadores e o re-direccionamento dos serviços públicos de


saúde, de modo a contemplar a assistência domiciliária.

Apoio suplementar das instituições com centros de dia, residências assistidas e


centros de noite

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A Saúde do Idoso
A saúde e a qualidade de vida dos idosos sofrem influência de múltiplos factores:
físicos, psicológicos, sociais e culturais, de forma que avaliar e promover a saúde
do idoso significa considerar variáveis de modo interdisciplinar e
multidimensional.

A assistência ao idoso deve prezar pela manutenção da qualidade de vida,


considerando os processos de perdas próprias do envelhecimento e as
possibilidades de prevenção, manutenção e reabilitação do seu estado de saúde.

O processo saúde-doença é um fenómeno complexo, socialmente determinado e


modulado por condicionantes biológicos, psicológicos, culturais, económicos e
políticos e portanto as necessidades de saúde dos idosos referem-se a múltiplas
dimensões e dizem respeito à especificidade dos fenómenos de saúde ou doença
que afectam os indivíduos e as suas famílias

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Promoção da Saúde

É função das políticas de saúde contribuir para que mais pessoas alcancem as
idades avançadas com o melhor estado de saúde possível.

O profissional de saúde, deverá contextualizar o idoso nas dimensões bio-


psico-sociais para poder corresponder às suas necessidades de saúde,

Deverá fortalecer a responsabilização e o entendimento de sua condição


limitante, assim como de suas potencialidades.

A exposição ao estresse ou ao tabagismo, a falta de exercícios ou a nutrição


inadequada são outros factores que contribuem para determinar a qualidade
do envelhecimento

Objectivo Envelhecimento saudável e activo

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Estimulação cognitiva
Numa revisão sistemática recente, desenvolvida por Léonie et al. (2010),
investigou-se a eficácia de 15 programas de intervenção cognitiva dos quais:
cinco estudos eram ensaios controlados randomizados (RCTs), oito eram
estudos quasi-experimentais e dois estudos de caso único

Os resultados evidenciam melhorias substanciais após o tratamento, em


termos de memória, qualidade de vida e humor.

A estimulação cognitiva pode ser entendida como actividades que buscam


estimular as funções cognitivas superiores como memória, velocidade de
processamento, linguagem, função executiva, dentre outras. O objectivo é
amenizar ou mesmo sanar as possíveis dificuldades em uma ou mais dessas
funções.

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A Importância da estimulação Cognitiva
A importância da estimulação vem sendo demonstrada em diversos
estudos como o realizado por Hall e colegas (2009).

Neste estudo os autores demonstraram que participar de actividades de


estimulação pode atrasar o início acelerado da perda de memória em 0.18
anos, ou seja, idosos que recebem estimulação demoram mais para
começarem a sofrer prejuízos na memória ou em outras funções cognitivas
superiores quando comparados a idosos que não recebem nenhuma
estimulação.

As investigações de Machado et al (2009) e Brum et al (2009) evidenciam a


importância da associação do tratamento farmacológico (medicamentos)
ao tratamento não-farmacológico (estimulação cognitiva e funcional,
dentre outros tipos de terapias como a realizada por fono-audiólogos
terapeutas através da arte) como forma de maximizar os benefícios da
terapia.
•-

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Alterações Cognitivas
As alterações cognitivas inerentes ao envelhecimento incluem a diminuição
de (Meyers, 2008):
• Memória
• Capacidade criativa
• Pensamento abstracto
• Acuidade sensorial (5 sentidos)
• Organização de Ideias
• Pensamento lógico

• Podem ser potenciadas por:


• Estresse
• Alcoolismo crónico
• Contacto frequente com estímulos intensos
• Hipertensão arterial
• Diabetes Mellitus
• Doença vascular crónica
• Alterações genéticas
• Diminuição dos níveis de hormonas sexuais
• Deficiência de vitamina D Sofia von Humboldt
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Evitação das Alterações Cognitivas
Podem ser evitadas quando (Myers, 2008):

• Consumo moderado de álcool


• Realização diária de tarefas instrumentais
• Interacção social diária
• Nível elevado de educação
• Abstinência de hábitos tabágicos
• Exercício físico moderado e frequente
• Dieta adequada
• Suplementação de ácido fólico e vitamina B12
• Redução de ruído sensorial

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Exemplos de Estimulação Cognitiva
• Ordenar sequências básicas de situações da vida diária
• Jogos de raciocínio e de palavra (e.g. sudoku, palavras cruzadas,
• sopa de letras, quebra-cabeças)
• Expressão artística, plástica, musical, entre outras
• Puzzles
• Treino de memória
• Exercícios de escrita, leitura e cálculo
• Exercícios de atenção/concentração
• Exercícios de representação
• Interacção social
• Jogos socio-recreativos (e.g., damas, dominó)
• Leitura de jornais, revistas e livros
• Frequentar cursos e universidade sénior
• Discussão de temas da actualidade

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Mini-Exame do Estado Mental (MEEM)
• Foi introduzido por Folstein et al. em 1975.

• Mede as seguintes funções:


• Orientação
• Retenção
• Memória
• Linguagem
• Evocação
• Atenção e Cálculo
• Habilidade Construtiva

A forma do MEEM padrão que é actualmente publicado pela Psychological


Assessment Resources é baseado no conceito original de 1975 com pequenas
modificações feitas pelos autores posteriormente.

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Mini-Exame do Estado Mental (MEEM)
Qualquer pontuação igual ou superior a 26 (num total de 30) é intacto.
Abaixo disso, a pontuação pode indicar perda cognitiva grave (≤9 pontos),
moderada (10 a 20 pontos) ou leve (21 a 25 pontos).

A pontuação bruta pode precisar ser corrigida de acordo com a escolaridade


e idade.
Pontuações baixas ou muito baixas são fortemente correlacionadas com
demência, embora outros distúrbios mentais podem também levar a
resultados anormais no teste MEEM.
A presença de problemas puramente físicos pode também interferir com a
interpretação se não levados em consideração apropriadamente; por
exemplo, um idoso pode não ser capaz de ouvir ou ler instruções
adequadamente ou pode possuir um déficit motor que afecte a habilidade de
escrever ou desenhar.

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Montreal Cognitive Assessment (MoCA)

É um instrumento de rastreio útil, que permite prever o desenvolvimento


da demência em participantes com DCL.

O MoCA avalia 8 domínios de funcionamento cognitivo:


• Atenção e concentração,
• Funções executivas,
• Memória,
• Linguagem,
• Capacidades visuoconstrutivas,
• Pensamento conceptual,
• Cálculos
• Orientação.

O score total é de 30 pontos; um valor ≥26 é considerado normal (Freitas et


al., 2010).

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Actividades Instrumentais da Vida Diária (AIVD’s)

O Lawton Brody IADL (Lawton e Brody, 1969) – versão portuguesa (Araújo


et al., 2008), é um instrumento adequado para a avaliação das capacidades
para uma vida independente.

O instrumento é especialmente útil na identificação do funcionamento


actual do indivíduo e na identificação da melhoria ou declínio ao longo do
tempo.

Este instrumento avalia oito domínios do funcionamento


• Usar o telefone,
• Fazer compras,
• Preparação da alimentação,
• Lida da casa,
• Lavagem da roupa,
• Uso de transportes,
• Preparar medicação
• Gerir o dinheiro.
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Actividades Instrumentais da Vida Diária (AIVD’s)

As mulheres são pontuadas nas 8 áreas de funcionamento (capacidade


para usar o telefone, ir às compras, preparar a comida, arrumar a casa,
tratar da roupa, meio de transporte, responsabilidade pela própria
medicação, capacidade para lidar com as questões financeiras).

Historicamente, os homens são excluídos das áreas de preparação da


comida, arrumar a casa e tratar da roupa.

Outros Testes:
• Teste Mental Abreviado de Hodkinson
• General Practitioner Assessment Of Cognition
• Testes mais longos para análises mais aprofundadas de déficits
específicos.

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