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Alimentação e nutrição de peixes

Adriel Gaedicke; Willian Oppelt; Mathias Foletto.


INTRODUÇÃO

Dentre os diversos aspectos relacionados à piscicultura, aqueles envolvidos com a


alimentação vêm sendo amplamente discutidos, principalmente por representarem cerca
de 70% dos custos de produção em sistema de cultivo intensivo. As exigências protéicas
são maiores quando comparadas às demais espécies. O fornecimento de alimento
adequado em quantidade e qualidade é importante para o sucesso econômico da
piscicultura. É importante o conhecimento dos hábitos alimentares dos peixes para a
adequação da ração a ser fornecida. O hábito alimentar nos fornece uma idéia das
necessidades nutricionais de cada espécie.O manejo alimentar, portanto, deve levar em
consideração os hábitos do animal, o sistema de cultivo, a produtividade natural, as
condições climáticas o manuseio do alimento, entre outros aspectos. Será descrito nesse
presente trabalho o manejo alimentar de carnívoros e onívoros, principalmente.
Apesar de o cultivo de peixes ser uma atividade milenar, constata-se
que o fornecimento de dietas específicas para animais aquáticos ocorreu
apenas nas últimas décadas. Pesquisadores desenvolveram estudos
visando à substituição, nas rações, da farinha de peixe e/ou da farinha

ALIMENTAÇÃ de carne pela farinha de krill e por subprodutos do abatedouro avícola


(penas e vísceras), farelo de soja e leveduras.
Os cultivos iniciais de peixes, que eram realizados em tanques
O DE PEIXES escavados, utilizavam como alimento sobras de outras culturas
agrícolas. A idéia de utilizar “ração” surgiu da possibilidade de se
adaptar as rações então utilizadas para aves ou suínos. Porém, tais

NO BRASIL rações não possuíam um balanceamento de nutrientes adequado para


peixes, tornando-se ainda impróprios para outros organismos aquáticos,
o que resultava em baixa eficiência de ingestão alimentar, alto aporte de
nutrientes na água e desperdício das vitaminas e minerais.
Mesmo com tais deficiências nutricionais e de manejo alimentar, observou-se
que as respostas zootécnicas eram superiores, quando comparadas aos
sistemas que utilizavam apenas restos de culturas agrícolas ou adubação
orgânica da água. O primeiro grande passo para sanar parte das questões
relacionadas ao uso de ração farelada no cultivo de peixes deu-se com a
peletização das rações. A peletização é a aglomeração de pequenas partículas,
originando partículas maiores (denominadas “pelets”), através de um processo

ALIMENTAÇÃ
mecânico que combina umidade, calor e pressão e devem apresentar
condições ideais para a produção de grânulos de alta qualidade nutricional e
boa estabilidade na água. Isto já representou um avanço em termos de
alimentação.

O DE PEIXES Entretanto, um passo maior estava para ser dado, o que aconteceu através da
possibilidade de extrusão das rações. Extrusão é o processo que utiliza alta

NO BRASIL
temperatura e pressão, causando modificações físicas e químicas nos
alimentos, provocando maior gelatinização do amido e exposição dos
nutrientes contidos no interior das células vegetais à ação digestiva,
melhorando, assim, a eficiência alimentar para os peixes. Ainda com relação a
alterações da estrutura do alimento, a melhora na digestibilidade deve-se ao
fato de que, no processo de extrusão, vários complexos protéicos podem ser
desnaturados, o que torna a fração protéica mais susceptível à ação do
processo digestório.
A dieta extrusada melhora a eficiência alimentar
para os peixes e pela menor deterioração da
qualidade da água, possibilitando um crescimento
mais rápido do animal e um melhor
ALIMENTAÇÃ aproveitamento dos nutrientes, reduzindo, com
isto, os custos com alimento por unidade de peixe
O DE PEIXES produzida, além que o peixe se alimenta na
superfície da água o que proporciona maior
NO BRASIL eficiência na ingestão do alimento e, também,
melhor controle no manejo alimentar. Tais
vantagens são de fundamental importância nos
sistemas de criação intensiva.
SISTEMAS DE
CRIAÇÕES DE PEIXES

Os peixes podem ser criados de várias maneiras,


dependendo das condições e qualidade da água, espécie e
aceitação de mercado. É possível dividir o sistema de
criação em extensivo, semi-intensivo, intensivo e
superintensivo.
SISTEMAS DE CRIAÇÕES DE PEIXES

 b) Sistema semi-intensivo:
 a) Sistema extensivo:
Alimentação natural e suplementar- densidade de
Alimentação natural- densidade de estocagem menor
estocagem de 5.000 a 20.000 peixes/ha- É o sistema
que 2.000 peixes/ha, sem monitoramento da qualidade
mais difundido na criação de peixes - No Brasil cerca
de água, e viveiros sem planejamento (com dimensões
de 95% da produção de peixes é proveniente deste
variadas).
sistema de criação.
SISTEMAS DE CRIAÇÕES DE PEIXES

 d) Sistema superintensivo:
 c) Sistema intensivo:

Renovação de água nos tanques-A ração deve ser


Alimentação completa-densidade de estocagem de
nutricionalmente completa e ter estabilidade na água,
10.000 a 100.000 peixes/ha- Utilizado nas espécies de
pois é a principal fonte de alimento. - Exemplos: race
monocultivo.
way e tanques-rede.
FORMA FÍSICA DAS RAÇÃO FARELADA, PELETIZADA
E EXTRUSADA

Os peixes têm problemas de perda de


nutrientes, por viverem em meio aquático, a
perda acontece geralmente com os nutrientes
mais solúveis. O processamento adequado
da ração é fundamental na alimentação dos
peixes. As formas físicas nas quais pode se
fornecer a ração aos peixes são:
a) Ração farelada
b) Peletizada
c) extruturada
Ingredientes da ração são apenas moídos e misturados;

a) RAÇÃO
Processamento facilita a separação dos ingredientes e possibilita a seletividade
pelas larvas e alevinos, o que acarreta em menor ganho de peso; 

FARELADA
Apresenta baixo custo;

Perdas de nutrientes;

As micropartículas precisa ser adaptado ao tamanho da boca do peixe;

A estabilidade na água é baixa.


Conhecidas também como rações de alta densidade;

A estabilidade dessa ração na superfície da água gira em torno de 15


b) RAÇÃO minutos, o que garante sua qualidade;

Este tipo de ração reduz as perdas de nutrientes na água;


PELETIZA
DA:
Elimina alguns compostos tóxicos- Diminui a seleção de alimento
pelos peixes;

Reduz o volume no transporte e armazenamento da ração;

Custo de produção é mais elevado quando comparada à ração


farelada;

São rações que afundam quando colocadas na água para os peixes;


Conhecidas também como rações flutuantes;

c) RAÇÃO Sua estabilidade na superfície da água é de cerca  de 12 horas, o


que torna o manejo alimentar com este tipo de ração mais fácil;

EXTRUSAD Tem sido a forma de ração mais indicada para a piscicultura;

A: São mais caras;

Melhor gerenciamento e manejo da alimentação dos peixes;


INFLUENCIA NO CONSUMO DE RAÇÃO E
PRÁTICAS PARA UMA BOA
ALIMENTAÇÃO

Para que os peixes aproveitem ao máximo a ração fornecida, é necessário observar alguns fatores como:
 Qualidade da agua;
 Vento;
 Locais;
 Horários;
 formas de distribuição.
Um mau manejo alimentar pode levar a problemas de desuniformidade do lote de peixes e piores taxas de
conversão alimentar.
INFLUENCIA NO CONSUMO DE RAÇÃO E
PRÁTICAS PARA UMA BOA
ALIMENTAÇÃO

teor de oxigênio: antes de alimentar os peixes pela manhã é necessário virificar se a concentração de oxigênio
dissolvido está adequado para iniciar o fornecimento da ração.
Temperatura da agua: Como os peixes não tem a capacidade de regular a temperatura do próprio corpo, quando
a agua esfria, seu metabolismo é reduzido, e quando a temperatura está alta demais, os animais entram em
estresse, levando a redução de apetite.
Vento: ventos fortes dificultam a alimentação dos peixes, pois fazem com que a ração encoste rapidamente nas
margens, caso os peixes não consigam consumir a ração devido o excesso de vento é recomendado que se
cancele alimentação aos peixes ou que ela ocorra em outro momento.
INFLUENCIA NO CONSUMO DE RAÇÃO E
PRÁTICAS PARA UMA BOA
ALIMENTAÇÃO

 Manter a mesma pessoa responsável pela alimentação: como a resposta à alimentação pode ser diferente
entre as unidades de produção, é recomendado manter sempre a mesma pessoa responsável por essa
atividade, pois ela conhece o comportamento dos peixes e pode ajustar a alimentação de cada lote se
necessário.
FORMA DE ALIMENTAÇÃO DOS PEIXES:

 O fornecimento da ração pode ser feito de forma manual, mecânica ou automatizada. A forma deve ser escolhida de acordo com o
tamanho da piscicultura e das unidades de cultivo.
 Fornecimento de ração manual: em pisciculturas de menor porte e em pequenas unidades é um método viável de fornecimento de
ração. Para reduzir o esforço e obter melhores resultados são utilizadas algumas ferramentas como por exemplo: uma caneca e um
carrinho de mão, o primeiro ajuda a espalhar melhor a ração e o segundo facilita o seu transporte.
 Fornecimento mecanizado: o fornecimento manual pode ser inviável em pisciculturas de maior porte devido à grande quantidade
de ração a ser fornecida. Nesses casos o recomendado é que se adote equipamentos mecanizados que auxiliem na distribuição de
ração nas diferentes unidades de cultivo da piscicultura. Temos como exemplo de equipamentos mecanizados os assopradores e os
barcos.
 No mercado existem diversos tipos de alimentadores, puxados ou acionados por trator, que possuem sopradores para lançar a ração
para os peixes, essas maquinas tem capacidades de carregamento de ração variáveis e as mais modernas possuem balanças próprias
para pesar a quantidade de ração fornecida.
FORMA DE ALIMENTAÇÃO DOS PEIXES:

 No caso de represas ou açudes de grande porte ou que não


possuam estradas laterais por onde o veículo com o
soprador possa trafegar se recomenda o uso de barcos para
realizar a distribuição da ração. Nessa forma de
distribuição recomenda-se que o barco siga uma rota que
permita cobrir uma grande área, a ração devera então ser
solta gradativamente a medida que o barco se movimente
pela unidade de cultivo.
 Fornecimento automatizado: o fornecimento de ração
automatizado é interessante para produtores que desejem
diminuir a mão de obra ou que não possuam mão de obra
suficiente para alimentar os peixes. Os equipamentos
utilizados lançam a ração em horários ou frequências que
são programadas automaticamente. Porém deve se
monitorar diariamente a resposta dos peixes na hora que a
ração estiver sendo distribuída para avaliar se a
quantidade de ração fornecida esteja adequada e para
evitar sobras.
 A quantidade de ração a ser fornecida para os peixes
ARRAÇOAMENTO depende de uma série de fatores, como a espécie, o
peso, a temperatura da agua e a estratégia de
: produção adotada
TABELA DE
ARRAÇOAMENTO
PARA TILÁPIAS
EM VIVEIROS
ESCAVADOS
TABELA PERCENTUAL DE ALIMENTAÇÃO EM FUNÇÃO DA TEMPERATURA DA
ÁGUA
PRINCIPAIS NUTRIENTES E
NECESSIDADES NUTRITIVAS DOS PEIXES

 Peixes carnívoros
Necessitam de maior quantidade de proteínas durante seu ciclo de vida
 Peixes onívoros
Necessitam de menor quantidade de proteínas, na fase de alevinos maior quantidade de proteínas.
 Peixes herbívoros
Não se tem muito conhecimento
PROTEÍNAS

 Proteínas fontes de energia


 são mais caras. dieta de baixo custo
 as fontes de energia presentes nos alimentos são proteínas, gorduras, carboidratos e fibras
 as proteínas formam a segunda maior porção do corpo dos peixes
 As gorduras podem aparecer em quantidades moderadas ou pequenas
 Hidratos de carbono e fibras estão praticamente ausentes.
Gorduras e lipídios

Os lipídios são importantes fontes de energia e os ácidos graxos são essenciais ao crescimento normal e
sobrevivência dos peixes. Eles fornecem o veículo para a absorção de vitaminas lipossolúveis e outros
compostos, como os esteróis. Os fosfolipídios e ésteres de esterol exercem papel importante na estrutura das
membranas celulares e estão também envolvidos em muitos outros aspectos do metabolismo, como nos de
muitos hormônios e esteroide.
As quantidades mínimas e os tipos de gorduras, necessários ao crescimento mais eficiente dos peixes, ainda não
são bem conhecidos. As recomendações de vários pesquisadores em nutrição destes animais variam de 4 a 10%
da dieta.
Na formulação de dietas para novas espécies de peixes, para os quais não se têm resultados de pesquisas, é
melhor utilizar teores moderados de gorduras, no caso 6 a 8%, e que, se possível, parte delas seja constituída de
óleo de peixe.
HIDRATO DE CARBONO e FIBRAS

HIDRATO DE CARBONO
O corpo do peixe quase não contém carboidratos. Portanto, estes animais não os utilizam para crescimento,
servindo aqueles como fonte de energia, basicamente. Leve-se em conta que os hidratos de carbono são
considerados a forma mais barata de energia nas dietas para os animais domésticos.
FIBRA
Material fibroso, difícil de ser digerido pelos peixes, ocorre em quase todos os ingredientes básicos usados como
alimentos para peixes.
VITAMINAS

São compostos orgânicos requeridos em


quantidades bem pequenas, atuando
como enzimas ou co-enzimas nos
processos metabólicos, na maioria das
formas de vida. Alguns organismos são
incapazes de sintetizar as vitaminas. Em
cultivos extensivos e semi-intensivos,
com baixas densidades de estocagem, o
alimento natural está sempre em
abundância e assim suficiente para suprir
as vitaminas essenciais.
Tabela de teores de proteínas, gorduras,
hidratos de carbono e fibras, de 16
alimentos disponíveis para dietas,
Tabela 1.- Recomendações para os teores de aminoácidos em dietas
secas, destinadas a peixes criados no Nordeste do Brasil.
ARMAZENAMENTO DA RAÇÃO

 Locar coberto e ventilado - telas


 Livre de ratos roedores insetos
 Sobre estrados
 Distante de paredes
UTILIZAÇÃO DE SUB PRODUTOS

 Raspas de mandioca

 farelos

 Tortas
Viável ou não viável na piscicultura?
CONSORCIA MENTO SUÍNOS X PEIXES

o Fezes suínos para alimentação de peixes


o Alimento desbalanceado
o Problemas em tempo de frio
o Contaminação de carcaça

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