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Escola Básica e Secundária Dr.

Mário Fonseca

Trabalho de projeto de
Filosofia
R i t a C a l d e i r a s ; N . º 9 ; 1 0 . º B
R i t a M a c h a d o ; N . º 1 0 ; 1 0 . º B
P a t r í c i a F e r r e i r a ; N . º 1 2 ; 1 0 . º B
Texto 1

O valor moral das ações


O Valor moral da ação não reside portanto no efeito que dela se espera (...)Nada
senão a representação da lei em si mesma que em verdade só no ser racional se
realiza, enquanto é ela, e não o esperado efeito, que determina a vontade, pode
constituir o bem excelente a que chamamos moral, o qual se encontra já presente
na própria pessoa que age segundo esta lei, mas não se deve esperar somente do
efeito da ação.
Kant, Fundamentaçãoda Metafísica dos Costumes.
1-Compare,a partir do texto, a perspetiva de Kant com a de Mill relativamente
àquilo que determina o valor moral da ação.

• Segundo Kant nem todas as ações corretas têm valor moral (“O valor moral da ação
não reside portanto no efeito que dela se espera”). Uma ação será moral se, e somente se, for de tipo
tal que queiramos que todas as pessoas a sigam em todas as circunstâncias. A ação moral é a ação por
dever. Não persegue nenhum interesse particular nem é resultado de inclinações ou desejos. É única e
exclusivamente motivada pelo puro respeito à lei, independentemente das consequências da ação,
mesmo com prejuízo das inclinações ou desejos do agente (“representação da lei em si mesma que em
verdade só no ser racional se realiza, enquanto é ela, e não o esperado efeito”). Segundo
Stuart Mill uma ação terá valor moral se, e somente se, previsivelmente maximizar imparcialmente a
felicidade ou o bem-estar do conjunto dos afetados. Uma ação será correta se previsivelmente
promover imparcialmente a felicidade (o prazer) e incorreta se previsivelmente gerar o contrário da
felicidade (a dor). 
Texto 2
Conflitos de obrigações
Não existe sistema moral algum no qual não ocorram casos inequívocos de obrigações em
conflito. Estas são as verdadeiras dificuldades, os momentos intrincados na teoria ética e na
orientação conscienciosa da conduta pessoal(...) se a utilidade é a fonte ultima das obrigações
morais, pode ser invocada para decidir entre elas quando as suas exigências são incompatíveis.
Embora a aplicação do padrão possa ser difícil , é melhor do que não ter padrão nenhum (...)

Mill, Utilitarismo 
2-Confronte, a partir do texto , as perspetivas de Kant e de Mill acerca da forma
de resolver conflitos e obrigações.

• Os casos inequívocos de obrigações em conflitos estão presentes em todos os sistemas morais.


Stuart Mill posiciona-se acerca deste tema dizendo que para ele a nossa obrigação em situações de
conflito é seguir o princípio da utilidade ou da maior felicidade (“se a utilidade é a fonte última das
obrigações morais, pode ser invocada para decidir entre elas quando as suas exigências são
incompatíveis”). O princípio do utilitarismo diz que devemos fazer aquilo que, previsivelmente,
produza os maiores benefícios possíveis para todos os que serão afetados pela nossa ação. O
filósofo Mill defende ainda que apesar da obediência ao princípio da maior felicidade e aplicação desse
princípio ser o “padrão”, “é melhor do que não ter padrão nenhum”. 
2-Confronte, a partir do texto , as perspetivas de Kant e de Mill acerca da forma de
resolver conflitos e obrigações 

• A perspetiva de Kant é diferente da de Mill. O filósofo fundador da ética kantiana diz que nestas
situações de obrigações em conflitos é da nossa responsabilidade seguirmos em conformidade e
obediência ao imperativo categórico (“Deves fazer X, sem mais” ou “Não deves fazer X, sem mais”).
Para Kant a lei suprema da moralidade á qual devemos recorrer em todas as situações é o imperativo
categórico e pode ser formulado do seguinte modo: “Age apenas segundo uma máxima tal que possas
ao mesmo tempo querer que ela se torne lei universal”. Só esta lei é critério válido para determinar se
uma ação é moral ou não e para responder em caso de obrigações em conflitos. 
Texto 3

Dilema ético
O José é um multimilionário bastante idoso que tem apenas algumas horas de
vida e pretende entregar toda a sua fortuna ao Futebol Clube do Porto. Para
cumprir este objetivo, o José entrega ao seu mordomo Carlos um cheque. O
Carlos compromete –se a fazer chegar devidamente o cheque ao Clube. No
entanto , quando o Carlos se encaminha para o Clube depara-se com uma
campanha da UNICEF contra a fome no mundo .Surge um conflito para o
Carlos: deve ser fiel à sua promessa com o José ou deve contribuir para acabar
com a fome no mundo ?
3-Como responderiam Kant e Mill ao dilema apresentado no texto? Justifique a
sua resposta com base na teoria ética de cada um.

• A partir da ética racional de Kant, ou seja, uma ética deontológica, podemos concluir que o


filósofo diria ao Carlos para ser fiel á sua promessa com José, pois quebrar uma promessa é sempre
incorreto, independentemente das consequências boas ou más que possam resultar da ação.
Segundo o utilitarismo de Stuart Mill, um exemplo de ética consequencialista, o filósofo
diria ao Carlos para contribuir e acabar com a fome no mundo, doando o dinheiro para a campanha
da UNICEF, ou seja, para Mill romper uma promessa é correto, dependendo das consequências
boas ou más que resultem da ação e da felicidade ou infelicidade do conjunto dos afetados. Neste
caso, romper uma promessa trairia felicidade para pessoas vivas e infelicidade para uma pessoa
morta. Como a pessoa está morta não podemos dizer se vai sentir felicidade ou infelicidade, por
isso devemos focar-nos na felicidade ou infelicidade do conjunto dos afetado que estão vivos. 
Texto 4

Avaliar ações

Imagine que dois amigos, o Manel e o Francisco, passam a noite de sábado num bar a beber
cerveja. Ambos acabam a noite bastante embriagados e ambos decidem ir para casa a conduzir
os respetivos carros. O Manel, apesar da sua condução perigosa , tem a sorte de chegar a casa
sem causar qualquer acidente. Mas o Francisco não tem essa sorte e atropela uma pessoa que
atravessava a passadeira.
• Segundo a teoria de Kant a ação dos dois amigos (Manel e
Francisco) de conduzirem em estado bêbado não tem valor
moral, uma vez que para este filósofo uma ação será moral
se, e somente se, for de tipo tal que queiramos que todas as
pessoas a sigam em todas as circunstâncias. Como é óbvio
4-Avalie a ação moral do não queremos que as pessoas conduzam embriagadas, logo a
Manel e a do Francisco ação não tem valor moral do ponto de vista de Kant.
segundo a teoria de Kant e Segundo a teoria de Mill esta ação praticada pelos dois
de Mill. amigos não tem valor moral, uma vez que causou o
contrário de felicidade (dor) à pessoa que teve o azar de ser
atropelada pelo Francisco. Para Stuart Mill a ação teria valor
moral se maximizasse imparcialmente a felicidade ou o
bem-estar do conjunto dos afetados, o que não acontece
nesta ação praticada pelo Manel e pelo Francisco. 
5-Qual das duas teorias éticas lhe parece mais adequada? Porquê?

• Na nossa opinião a teoria ética mais adequada e que faz mais sentido é a teoria do
utilitarismo de Stuart Mill. Esta teoria diz que uma ação será moral se, e somente se,
previsivelmente maximizar imparcialmente a felicidade ou o bem-estar do conjunto dos
afetados. Uma ação será correta se previsivelmente promover imparcialmente a felicidade
(o prazer) e incorreta se previsivelmente gerar o contrário da felicidade (a dor). Para nós
esta teoria é a mais adequada, pois baseia-se nas consequências que uma ação trará para o
conjunto dos afetados e na felicidade ou tristeza dos afetados, sendo, portanto, uma teoria
mais “humana” que olha para os sentimentos dos outros. 
Bibliografia
-Manual "Clube das Ideias"

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