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Direito Administrativo - Regime Jurídico Administrativo

Plano de Ensino e Aprendizagem (PEA) - 4 Unidades (AVA), em resumo:


1º Bimestre
Unidade 1: Introdução ao Direito Administrativo
Unidade 2: Atos e Poderes Administrativos
Parcial + Oficial I (calendário acadêmico)
2º Bimestre
Unidade 3: Licitação e Contratos Administrativos
Unidade 4: Bens Públicos e Serviços Públicos
Parcial + Oficial II (calendário acadêmico)

Referências Bibliográficas Básicas


DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. São Paulo: Atlas.
BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. Curso de Direito Administrativo, São Paulo: Malheiros.
CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Administrativo, São Paulo: Atlas.
Referências complementares e outras indicadas, vide AVA.

Aula de hoje: Introdução ao Direito Administrativo (Unidade I).


Direito Administrativo
I - Considerações iniciais
1) Conceito
Para Alexandre Mazza, Direito Administrativo “é o ramo do direito público que estuda os princípios e regras
disciplinadores do exercício da função administrativa.”
Destaca ainda, o Professor:
“Como todo ramo do Direito Público o Administrativo estuda atividades do Estado.
Do outro lado estão os ramos do Direito Privado, como o Direito Civil e o Empresarial, que estudam atividades de
particulares.”(Mazza, 2020)

Maria Sylvia Zanella Di Pietro, conceitua Dir. Adm. como: “ramo do direito público que tem por objeto os órgãos,
agentes e pessoas jurídicas administrativas que integram a Administração Pública, a atividade jurídica não contenciosa
que exerce e os bens de que se utiliza para a consecução de seus fins, de natureza pública.”

Hely Lopes Meirelles define: “conjunto harmônico de princípios jurídicos que regem os órgãos, os agentes e as
atividades públicas tendentes a realizar concreta, direta e imediatamente os fins desejados pelo Estado.”

Por fim, o conceito de Direito Administrativo de José dos Santos Carvalho Filho: “conjunto de normas e princípios que,
visando sempre ao interesse público, regem as relações jurídicas entre as pessoas e órgãos do Estado e entre este e as
coletividades a que devem servir.”
Obs.:
- “Direito Público”: normas imperativas, inafastáveis - portanto, de Estado.
- “Fins”: definidos pelo Direito Constitucional (CF). O Dir. Administrativo realiza esses fins (defesa do interesse público e em
posição de verticalidade, ou seja, prevalece sobre o privado - Supremacia).
- “Interesse Público” = interesse da coletividade.
2) Breve Histórico*
O surgimento do Direito Administrativo, somente foi possível devido a dois pressupostos fundamentais:
1º) a subordinação do Estado às regras jurídicas, característica surgida com o advento do Estado de
Direito, e
2º) a existência de divisão de tarefas entre os órgãos estatais.
A noção de Estado de Direito e a concepção da Tripartição de Poderes têm status sine qua non para a
EXISTÊNCIA do Direito Administrativo.
Durante a Idade Média, período do Estado Absolutista (origem divina do poder), inexistiam regras jurídicas
colocadas acima da vontade dos monarcas. (“o Estado Sou Eu” - Luís XIV; a vontade do Rei tinha força de lei)
Foi somente após a Revolução Francesa, em 1789, que o fortalecimento dos Parlamentos criou condições
para estabelecerem-se regras limitadoras da atuação da administração pública.
Apontada como decisiva para o nascimento da ideia de um Direito Administrativo a publicação da obra “O
espírito das leis” de Montesquieu, na qual o autor defendeu a necessidade de uma distribuição do poder
estatal entre órgãos distintos como um antídoto contra a concentração de poderes e os abusos que
caracterizavam as monarquias absolutistas.
Para Montesquieu, a experiência dos povos evidencia que quem tem o poder possui uma tendência a dele
abusar, pondo em risco a liberdade do homem.
Assim, torna-se necessário frear essa inclinação natural por meio de um sistema de controle do poder pelo
poder. (Obs.: sistema de freios e contrapesos e da tripartição dos poderes – enfim, o surgimento na França do Estado de
Direito, calcado no princípio da legalidade e da separação dos poderes)
Fonte: Mazza, Alexandre (2019).*
Obs.: O direito francês se notabiliza como a principal influência na formação do Direito Administrativo brasileiro, de
onde importamos institutos importantes como o conceito de serviço público, a teoria dos atos administrativos, da
responsabilidade civil do estado e da submissão da Administração Pública ao princípio da legalidade.*
Para ver mais*: https://castro96.jusbrasil.com.br/artigos/762533243/direito-administrativo-surgimento
3) Fontes do Direito Administrativo*
É o que leva ao surgimento de uma regra de Direito Administrativo.
No Direito Administrativo, somente a lei constitui fonte primária na medida em que as demais fontes
(secundárias) estão a ela subordinadas.
Doutrina, jurisprudência e costumes são fontes secundárias.
Por lei deve-se entender aqui qualquer veículo normativo que expresse a vontade popular: Constituição
Federal, emendas constitucionais, Constituições Estaduais, Leis Orgânicas, leis ordinárias, leis
complementares, leis delegadas, decretos legislativos, regulamentos, resoluções e medidas
provisórias.
Somente tais veículos normativos criam originariamente normas jurídicas, constituindo as únicas fontes
diretas do Direito Administrativo. Assim, o conceito de lei deve ser considerado aqui em sentido amplo.
Obs.: o ordenamento jurídico brasileiro normativo está organizado em uma estrutura
escalonada/hierarquizada:
CF

Leis

Atos normativos
O ato normativo tem que ser compatível com a Lei? Sim. E com a CF? Sim.
Ato inferior tem que ser compatível com a CF (“Relação de Compatibilidade Vertical”- STF)
Doutrina*: é a produção intelectual dos juristas a respeito de certo tema jurídico. A doutrina não cria diretamente a norma,
mas esclarece o sentido e o alcance das regras jurídicas conduzindo o modo como os operadores do direito devem
compreender as determinações legais.

Jurisprudência: entendida como reiteradas decisões dos tribunais sobre determinado tema, não tem a força cogente de uma
norma criada pelo legislador, mas influencia decisivamente a maneira como as regras passam a ser entendidas e aplicadas.
Obs.: Súmula Vinculante é de cumprimento obrigatório pela Administração Pública, revestindo-se de força cogente
para agentes, órgãos e entidades administrativas.

Costumes: são práticas reiteradas da autoridade administrativa capazes de estabelecer padrões obrigatórios de
comportamento. Ao serem repetidos constantemente, criam o hábito de os administrados esperarem aquele modo de agir,
causando incerteza e instabilidade social sua repentina alteração.
Ressalta-se que os costumes não têm força jurídica igual à da lei, razão pela qual só podem ser considerados vigentes e
exigíveis quando não contrariarem nenhuma regra ou princípio estabelecido na legislação. Costumes contra legem não se
revestem de obrigatoriedade.

Obs.: praxe administrativa não é fonte de direito administrativo.


Diogo de Figueiredo Moreira Neto, ao tratar do que chama de fontes inorganizadas do Direito Administrativo, diferencia o
costume da praxe administrativa.*
Enquanto, para o autor, o costume caracteriza-se pelo uso e a convicção generalizada da necessidade de sua cogência, a
praxe administrativa é basicamente uma prática burocrática rotineira adotada por conveniência procedimental, desprovida
do reconhecimento de sua indispensabilidade.

De modo geral, a praxe administrativa não é considerada fonte do Direito Administrativo, mas pode ser utilizada como um
meio útil para solucionar casos novos, desde que não contrarie alguma regra ou garantia formalmente estabelecida.
Fonte: Mazza, Alexandre (2019).*
4) Sistemas Administrativos
a) Contencioso administrativo (sistema Francês)
Praticado um ato administrativo por ex., o controle/revisão do ato fica por conta da própria Administração,
exceto em certas circunstâncias. Ex. ações ligadas ao estado e à capacidade das pessoas.
Regra: Administração decide.
Exceção: Judiciário julga.
É adotado na França, na Grécia, na Alemanha, em Portugal.
b) Jurisdição Única (Sistema Inglês)
É o adotado no Brasil.
Quem decide em definitivo é o Poder Judiciário.
Atenção: é possível o julgamento também pela Administração?
Sim. A Adm. pode decidir, mas essa decisão é reversível pelo Poder Judiciário.
Art.5º, XXXV, CF: “a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito;”
(princípio da inafastabilidade do controle jurisdicional)

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