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Legislação em

Microbiologia
Biossegurança
É também abordada pela RDC nº50, através de um conjunto de práticas, equipamentos e instalações voltados
para a prevenção, minimização ou eliminação de riscos inerentes às atividades de prestação de serviços,
pesquisas, produção e ensino, visando à saúde dos homens, à preservação do ambiente e à qualidade dos
resultados.
Existem quatro níveis de biossegurança: NB-1, NB-2, NB-3 e NB-4, crescentes no maior grau de contenção e
complexidade do nível de proteção.
O responsável técnico pelo laboratório é o responsável pela avaliação dos riscos e pela aplicação adequada
dos níveis de biossegurança, em função dos tipos de agentes e das atividades a serem realizadas.
NB-1 – Nível de
biossegurança 1
Nível básico de contenção que se baseia nas práticas padrões de microbiologia, sem uma indicação
de barreiras primárias ou secundárias, com exceção de uma pia para a higienização das mãos.
As práticas, o equipamento de segurança e o projeto das instalações são apropriados para o
treinamento educacional secundário ou para o treinamento de técnicos e de professores de
técnicas laboratoriais.
Também é utilizado em outros laboratórios onde é realizado o trabalho, com cepas definidas e
caracterizadas de microrganismos viáveis e conhecidos por não causarem doenças em homens
adultos e sadios.
O Bacillus subtilis, o Naegleria gruberi, o vírus da hepatite canina infecciosa e organismos livres sob
as Diretrizes do National Institutes of Health (NIH) de DNA recombinantes, são exemplos de
organismos utilizados neste nível.
National Institutes of Health (NIH) de
DNA recombinante
Diretrizes são baseadas nos “NIH Guidelines” - Guidelines for research involving recombinant DNA
molecules, cuja intenção das diretrizes especificar procedimentos seguros para manipular e descartar
moléculas de DNA recombinantes, assim como organismos e vírus contendo moléculas de DNA
recombinante (organismos geneticamente modificados - OGMs). Em cada laboratório, é responsabilidade
do investigador principal garantir que estes procedimentos sejam adotados sempre que necessário.
Bacillus subtilis: o que é e
quais os benefícios
O Bacillus subtilis é uma espécie de bactéria do gênero bacillus que apresenta
propriedades que protegem o organismo contra os microrganismos
patogênicos. Certas estirpes desta espécie são capazes de produzir antibióticos
naturais que impedem o crescimento ou até eliminam por completo fungos e
outros tipos de bactérias que fazem mal à saúde e podem causar doenças.
A microbiota intestinal é habitada por milhões de microrganismos. Dentre as
bactérias, o gênero bacillus é um dos predominantes: o intestino abriga
centenas de diferentes espécies de bacilos e uma das espécies de bacilos mais
numerosas e importantes para o corpo humano é o Bacillus subtilis.
Assim como ocorre com outras espécies do gênero bacillus, o potencial
do Bacillus subtilis como probiótico é amplo e promissor.
Probióticos são microrganismos que, quando ingeridos como suplemento da
maneira correta, reequilibram a microbiota intestinal e oferecem benefícios ao
hospedeiro humano. Entre várias vantagens, eles impedem a proliferação de
outros microrganismos que fazem mal à saúde.
Naegleria Gruberi
É uma espécie de Naegleria, que são amebas do gênero protista
consistindo de 47 espécies descritas muitas vezes encontrados em
ambientes aquáticos quentes, bem como os habitats de solo.
Ele tem três formas de ciclo de vida: o estágio amebóide, o estágio
cisto e o estágio flagelado, e tem sido rotineiramente estudado por
sua facilidade de mudança de estágio amebóide para flagelado.
Famoso por sua capacidade de mudar de uma ameba, que carece
de um de um citoesqueleto de microtúbulo citoplasmático, para um
flagelado, que tem um citoesqueleto de microtúbulo elaborado,
incluindo os flagelos.
NB-2 – Nível de
biossegurança 2
As práticas, os equipamentos, o projeto e a construção são aplicáveis aos laboratórios clínicos, de diagnóstico,
laboratórios-escolas e outros laboratórios onde o trabalho é realizado com um maior espectro de agente
nativos de risco moderado presentes na comunidade e que estejam associados a uma patologia humana de
gravidade variável.
O vírus da hepatite B, o HIV, a Salmonella spp. e Toxoplasma spp. são exemplos de microrganismos designados
para este nível de contenção.
É adequado para qualquer trabalho que envolva sangue humano, líquidos corporais, tecidos ou linhas de
células humanas primárias onde a presença de um agente infeccioso pode ser desconhecida.
Os procedimentos devem ser conduzidos com um equipamento de contenção primária ou com dispositivos
como a Cabine de Segurança Biológica (CSB) ou os copos de segurança da centrífuga. Outras barreiras
primárias, como os escudos para borrifos, proteção facial, aventais e luvas, devem ser utilizadas.
As barreiras secundárias, como pias para higienização das mãos e instalações para descontaminação de lixo,
devem existir com o objetivo de reduzir a contaminação potencial do meio ambiente.
NB-3 – Nível de
biossegurança 3
As práticas, o equipamento de segurança, o planejamento e construção das dependências são aplicáveis para
laboratórios clínicos, de diagnóstico, laboratório-escola, de pesquisa ou de produções.
Nesses locais realiza-se o trabalho com agentes nativos ou exóticos que possuam um potencial de transmissão
via respiratória e que possam causar infecções sérias e potencialmente fatais.
O Mycobacterium tuberculosis, o vírus da encefalite de St. Louis e a Coxiella burnetii são exemplos de
microrganismos determinados para este nível.
Os riscos primários causados aos trabalhadores que lidam com estes agentes incluem a autoinoculação, a
ingestão e a exposição aos aerossóis infecciosos.
Utilizam-se barreiras primárias e secundárias para proteção dos funcionários de áreas próximas, a comunidade
e o meio ambiente contra a exposição aos aerossóis potencialmente infecciosos. Por exemplo, todas as
manipulações laboratoriais deverão ser realizadas em uma cabine de segurança biológica (CSB) ou em outro
equipamento de contenção, como uma câmara hermética de geração de aerossóis.
As barreiras secundárias para este nível incluem o acesso controlado ao laboratório e sistemas de ventilação
que minimizam a liberação de aerossóis infecciosos do laboratório.
NB-4 – Nível de
biossegurança 4
As práticas, o equipamento de segurança, o planejamento e construção das dependências são aplicáveis para
trabalhos que envolvam agentes exóticos perigosos que representam um alto risco por provocarem doenças
fatais em indivíduos.
Estes agentes podem ser transmitidos via aerossóis, e até o momento não há nenhuma vacina ou terapia
disponível. Os agentes que possuem uma relação antigênica próxima ou idêntica aos dos agentes do Nível de
Biossegurança 4 também deverão ser manuseados neste nível.
Os vírus como Marburg e o vírus da febre hemorrágica Criméia – Congo são manipulados no Nível de
Biossegurança 4.
Os riscos primários aos trabalhadores incluem a exposição respiratória aos aerossóis infecciosos, exposição da
membrana mucosa e/ou da pele lesionada às gotículas infecciosas e a autoinoculação.
O completo isolamento dos trabalhadores de laboratórios em relação aos materiais infecciosos é realizado
primariamente em cabines de segurança biológica Classe III ou com um macacão individual suprido com
pressão de ar.
A instalação do Nível de Biossegurança 4 é geralmente construída em um prédio separado ou em uma zona
completamente isolada, com uma complexa e especializada ventilação e sistemas de gerenciamento de lixo
que evitem uma liberação de agentes viáveis no meio ambiente
Barreiras de contenção
biológica
BARREIRAS DE CONTENÇÃO PRIMÁRIAS E SECUNDÁRIAS
Barreiras de contenção primárias
São as cabines de segurança biológica (CSB) ou outros equipamentos projetados para remover ou minimizar
exposições aos materiais biológicos perigosos.
Três tipos de cabines de segurança biológica (Classe I, II e III) podem ser encontradas em laboratórios.
As cabines de segurança biológica Classe I e II, que possuem a frente aberta, são barreiras primárias que
oferecem níveis significativos de proteção para a equipe do laboratório e para o meio ambiente quando
utilizadas com boas técnicas microbiológicas.
As cabines de segurança biológica Classe II subdividem-se ainda segundo o padrão de fluxo do ar em A, B1, B2
e B3. Fornecem uma proteção contra a contaminação externa de materiais (por exemplo, cultura de células,
estoque microbiológico) que serão manipulados dentro das cabines.
A cabine de segurança biológica Classe III, hermética e impermeável aos gases, proporciona o mais alto nível
de proteção aos funcionários e ao meio ambiente.
Barreiras secundárias
São algumas soluções físicas presentes nos ambientes, devidamente previstas nos projetos de arquitetura e de
instalações prediais, e construídas de forma a contribuírem para a proteção da equipe do estabelecimento de
saúde, proporcionando uma barreira de proteção para as pessoas que se encontram fora do laboratório
contra agentes infecciosos que podem ser liberados acidentalmente para o ambiente externo.

As barreiras secundárias recomendadas dependerão do risco de transmissão dos agentes específicos.

Sistemas de ventilação especializados em assegurar o fluxo de ar unidirecionado;

Sistemas de tratamento de ar para a descontaminação ou remoção do ar liberado;

Zonas de acesso controlado;

Câmaras pressurizadas com entradas separadas para o laboratório ou módulos para isolamento do laboratório.
Transporte de amostras
Quando há a necessidade de transporte de amostras entre unidades laboratoriais, devemos ficar atentos à
manutenção da integridade das amostras (tempo e temperatura de transporte) e às condições de
biossegurança de quem realiza o transporte e daqueles que possam vir a ter contato eventual com o material
transportado.
Portanto, o laboratório é responsável por garantir o cumprimento das regras de biossegurança.
A regulação do transporte de amostras perigosas, incluindo substâncias infectantes, é estabelecida por vários
documentos publicados pelos órgãos competentes.
A  IAC 153-1001, uma portaria do Departamento de Aviação Civil (DAC) publicada em 2005, trata do transporte
de artigos perigosos e define a documentação da embalagem para o transporte de artigos perigosos.

Responsabilidades do expedidor com respeito à documentação:


Utilizar o formulário adequado da maneira correta;
Completar o formulário de maneira exata e legível;
Certificar-se de que o formulário está adequadamente assinado, quando se
apresentar à expedição ao operador de transporte aéreo;
Certificar-se de que o envio tenha sido preparado em conformidade com o Doc.
9284;
AN 905 da OACI e Regulamentação de Artigos Perigosos da IATA.
A Normatização da International Air Transport Association (IATA) ou AITA em português, determina as regras
para o transporte para materiais infecciosos e substâncias biológicas com ou sem potencial infeccioso, além de
outros materiais perigosos, a nível internacional.
Define que as pessoas jurídicas envolvidas com expedição, transporte, manuseio, movimentação e
armazenagem de artigos perigosos deverão possuir colaboradores habilitados no trato com artigos perigosos,
devendo ter o certificado do curso de carga perigosa. O certificado tem validade de 2 anos para o transporte
aéreo e de 3 anos para o transporte terrestre.
Estabelece, ainda, as codificações para cada material e também o tipo de embalagem específica, assim como
seu modo de manuseio.
O laboratório de microbiologia tem uma enorme responsabilidade para que a execução dos processos seja
segura com o resíduo gerado. Portanto, tem responsabilidade com a qualidade dos seus exames e também
com a saúde dos seus colaboradores, e em evitar a contaminação do ambiente interno e externo.
Além disto, ele é regido por leis e normas que devem ser rigorosamente seguidas para que possa estar em
conformidade com as exigências legais estabelecidas pelos órgãos fiscalizadores competentes.
Resíduos
GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS
A RDC 306, publicada no DPU em 07 de dezembro de 2004, dispõe sobre o regulamento técnico para o
gerenciamento de resíduos de serviços de saúde (RSS).
São geradores de RSS todos os serviços relacionados com o atendimento à saúde humana ou animal, inclusive:
Serviços de assistência domiciliar e de trabalhos em campo;
Laboratórios analíticos de produtos para saúde;
Necrotérios, funerárias e serviços onde se realizem atividades de embalsamamento (tanatopraxia e
somatoconservação);
Serviços de medicina legal;
Drogarias e farmácias, inclusive as de manipulação;
Estabelecimentos de ensino e pesquisa na área da saúde;
Centros de controle de zoonoses;
Distribuidores de produtos farmacêuticos;
Importadores, distribuidores e produtos de materiais e controles para diagnóstico in vitro;
Unidades móveis de atendimento à saúde;
Serviços de acupuntura, serviços de tatuagem, dentre outros similares.
Esta Resolução não se aplica a fontes radioativas seladas, que
devem seguir as determinações da Comissão Nacional de Energia
Nuclear – CNEN, e às indústrias de produtos para a saúde, que
devem observar as condições específicas do seu licenciamento
ambiental.

Constitui-se em um conjunto de procedimentos de gestão,


planejados e implementados a partir de bases científicas e
técnicas, normativas e legais, com o objetivo de minimizar a
produção de resíduos e proporcionar aos resíduos gerados um
encaminhamento seguro, de forma eficiente, visando à proteção dos
trabalhadores, à preservação da saúde pública, dos recursos naturais
e do meio ambiente.
Todo gerador deve elaborar um Plano de Gerenciamento de
Resíduos de Serviços de Saúde – PGRSS, baseado nas
características dos resíduos gerados, estabelecendo as diretrizes
de manejo dos RSS. Este deve ser elaborado de forma compatível
com as normas locais relativas à coleta, transporte e disposição final
dos resíduos gerados nos serviços de saúde, estabelecidas pelos
órgãos locais responsáveis por todas as etapas.
Acondicionamento:
Etapas · Os resíduos sólidos devem ser acondicionados em saco constituído de
material resistente a ruptura e vazamento, impermeável, baseado na NBR
9191/2000 da ABNT, respeitados os limites de peso de cada saco, sendo
Manejo do resíduo; proibido o seu esvaziamento ou reaproveitamento;

· Os sacos devem estar contidos em recipientes de material lavável, resistente


Segregação; à punctura, ruptura e vazamento, com tampa provida de sistema de abertura
sem contato manual, com cantos arredondados e ser resistente ao
tombamento;
Acondicionamento;
· Os recipientes de acondicionamento existentes nas salas de cirurgia e nas
salas de parto não necessitam de tampa para vedação. Os resíduos líquidos
Identificação devem ser acondicionados em recipientes constituídos de material compatível
com o líquido armazenado, resistentes, rígidos e estanques, com tampa
rosqueada e vedante.
Identificação
· A identificação deve estar aposta nos sacos de acondicionamento, nos recipientes de coleta interna e
externa, nos recipientes de transporte interno e externo e nos locais de armazenamento. Deve estar em local
de fácil visualização, de forma indelével, utilizando-se símbolos, cores e frases, atendendo aos parâmetros
referenciados na norma NBR 7.500 da ABNT, além de outras exigências relacionadas à identificação de conteúdo
e ao risco específico de cada grupo de resíduos;

· A identificação dos sacos de armazenamento e dos recipientes de transporte poderá ser feita por adesivos,
desde que seja garantida a resistência destes aos processos normais de manuseio dos sacos e recipientes;
· O Grupo A é identificado pelo símbolo de substância infectante constante na NBR-7500 da ABNT, com
rótulos de fundo branco, desenho e contornos pretos;

· O Grupo B é identificado através do símbolo de risco associado, de acordo com a NBR-7500 da ABNT, e com
discriminação de substância química e frases de risco;

· O Grupo C é representado pelo símbolo internacional de presença de radiação ionizante (trifólio de cor
magenta) em rótulos de fundo amarelo e contornos pretos, acrescido da expressão REJEITO RADIOATIVO;

· O Grupo E é identificado pelo símbolo de substância infectante constante na NBR-7500 da ABNT, com
rótulos de fundo branco, desenho e contornos pretos, acrescido da inscrição de RESÍDUO
PERFUROCORTANTE, indicando o risco que apresenta o resíduo.
Outras atividades
O laboratório tem ainda a responsabilidade de cumprimento à Portaria nº5, publicada no DOU, no dia 21 de fevereiro de 2006.
Esta portaria:
• Regulamenta que faz parte das atribuições do laboratório a notificação de doenças da relação nacional de notificação
compulsória;
• Define doenças de notificação imediata;
• Fornece a relação dos resultados laboratoriais que devem ser notificados pelos laboratórios de Referência Nacional ou Regional e
normas para notificação de casos;
• Apresenta a lista Nacional de Doenças e Agravos de Notificação Compulsória.
As diretrizes para retaguarda laboratorial em Tuberculose no Estado de São Paulo são definidas pela Portaria GC-2, publicada no
Diário Oficial (DO) no dia 21 de março de 2006. Estas diretrizes estabelecem que o exame bacteriológico para tuberculose deve:
• Seguir as normas de boas práticas e padronizações;
• O resultado da baciloscopia deve ser liberado em até 4 horas para paciências de emergência e em 24 horas para pacientes
ambulatoriais.

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