Você está na página 1de 46

REDAÇÃO OFICIAL

Clássico IV

Prof Dra Arlinda Cantero Dorsa


1
Conceito

Éa técnica usada na escritura das


correspondências, dos processos
e documentos gerados na rotina do
Serviço público.
É a maneira pelo qual o Poder Público
se comunica formalmente com
órgãos públicos, setor privado e com
os cidadãos.

2
A comunicação oficial
A finalidade da língua é comunicar, quer pela fala,
quer pela escrita. Para que haja comunicação, são
necessários:
a) alguém que comunique: serviço público
b) algo a ser comunicado: assuntos relativos às
atribuições do órgão
c) alguém que receba essa comunicação: público,
instituição privada ou órgão de qualquer Poder .

3
Redação Oficial

GOVERNO

GOVERNO Instituições
(Adm. Privadas
Pública)

Particulares
(Cidadão)

4
Atos oficiais: atos de caráter normativo
•Estabelecer regras para a conduta dos
cidadãos, ou
•Regular o funcionamento dos órgãos e
entidades públicos,
•Alcance positivo: em sua elaboração, for
empregada a linguagem adequada.
Expediente oficiais : cuja finalidade precípua é
a de informar com clareza e objetividade

5
Princípios básicos Redação oficial
Devem ser seguidos à risca na elaboração dos
documentos legais de uma repartição. São eles:
•formalidade: padronização da comunicação, incluindo
o uso dos pronomes de tratamento
•impessoalidade: caráter impessoal do tema, ausência
de impressões individuais de quem redige e recebe
•nível de linguagem: uso da norma culta da língua por
se tratar de um serviço público
•concisão: transmissão máxima de informações usando
o mínimo de palavras, exigindo conhecimento e revisão
por parte do redator
6
Aspectos gerais
Tipos de Correspondência:
Formal
Informal
Quanto ao âmbito:
Interna
Externa
Quanto ao sigilo:
Ultra secreto
Secreto
Confidencial
Reservado 7
Correspondência oficial:
não põe em relação dois indivíduos, mas
sim dois órgãos públicos, ou
um órgão público e um particular, por
meio de seus agentes.
•Em razão disso, as marcas autorais do
texto de correspondência oficial tendem a
dar lugar a fórmulas impessoais e,
•em grande parte, padronizadas.
8
IMPESSOALIDADE
• O tratamento decorre:
a) da necessária ausência de impressões individuais
de quem comunica: é sempre em nome do Serviço
Público que é feita a comunicação;
b) da impessoalidade de quem recebe a
comunicação: destinatário deve ser tratado de
forma homogênea e impessoal; e
c) do caráter impessoal do assunto tratado: o tema
das comunicações oficiais é, basicamente, assunto
relativo às competências do órgão de onde parte a
comunicação.
9
PADRONIZAÇÃO
• A estética e clareza da apresentação do
documento,
• o uso de papéis uniformes para o texto
definitivo e
• A correta diagramação são
indispensáveis para a padronização.

10
VOCATIVO
 É a saudação de cortesia que se dirige
ao destinatário antes de entrar no
assunto propriamente dito do expediente.
 É a expressão pela qual se chama a
atenção da pessoa a quem se escreve
ou
 O qualificativo que indica a expressão
de tratamento a ser empregada no texto
do expediente.

11
VOCATIVO
• Não se abrevia o vocativo na
correspondência dirigida aos três Chefes
de Poder, grafando-se:
 Excelentíssimo Senhor Presidente da
República
 Excelentíssimo Senhor Presidente do
Congresso Nacional
 Excelentíssimo Senhor Presidente do
Supremo Tribunal Federal 12
VOCATIVO
• Obs.: Alguns redatores também não abreviam o
vocativo em correspondências para Ministros,
Governadores de Estado, Desembargadores, Prefeitos
Municipais e autoridades eclesiásticas de maior nível
hierárquico.
• Usa-se o vocativo “Senhor” seguido do cargo
respectivo.
Ex.:
 “Senhor Vice-Presidente”
 “Senhor Ministro”
 “Senhor Presidente do Senado Federal”
 “Senhor Governador”
 “Senhor Prefeito”
13
SUPERLATIVO
• São qualificativos específicos, empregados
antes do vocativo, as vezes usados como
vocativos.
· Excelência: Excelentíssimo
· Eminência: Eminentíssimo
 Juiz: Meritíssimo

Bem como qualificativos apropriados a


determinadas instituições ou funções, tais
como:

Egrégio, Colendo e Venerado: significa distinto,


admirável; dispensado aos tribunais superiores.
Nobre para Deputados e Senadores
14
Os pronomes de tratamento podem apresentar
três formas diferentes:

• a) quando constitui um chamado à pessoa:


Excelência, aqui venho, cumprindo a sua ordem;
• b) quando estabelece o diálogo com a pessoa:
Vim falar a Vossa Excelência;
• c) quando indica a pessoa de quem se fala: Estou
chegando de uma conversa com Sua Excelência.

15
• Os pronomes de tratamento são sempre os da
terceira pessoa: “Vossa Senhoria nomeará seu
substituto”; ”Vossa Excelência conhece o
assunto”.
• Quando se refere à terceira pessoa, o
pronome de tratamento é precedido de Sua:
“Sua Excelência, o Presidente da República
houve por bem vetar...”.

16
• A boa norma evita abreviar os pronomes
de tratamento em correspondências
dirigidas às principais autoridades:
Presidente e Vice-Presidente da
República, Ministros de Estado, Ministros
do Supremo Tribunal Federal e Superior
Tribunal de Justiça,
Governadores de Estado, Prefeitos
Municipais e autoridades eclesiásticas de
maior hierarquia.

17
• O fecho para as comunicações oficiais possui a
finalidade de marcar o fim do texto e de saudar o
destinatário.
• Foi estabelecido o emprego de somente dois
fechos para todas as modalidades:
• a) para autoridades superiores, inclusive o
Presidente da República: Respeitosamente,
• b) para autoridades de mesma hierarquia ou de
hierarquia inferior: Atenciosamente,
• Nota: As comunicações dirigidas às autoridades
estrangeiras, que atendem a rito e tradição
próprios não obedecem a esta regra
18
19
• Essa terceira edição elimina, portanto, o tratamento
mediante as formas Vossa Magnificência, Vossa Santidade,
Vossa Eminência/Vossa Eminência Reverendíssima e
Vossa Excelência Reverendíssima – todas elas previstas na
segunda edição do MRPR (de 2002).
• Ainda na terceira edição do MRPR (2018), lemos que
quando o destinatário for um particular, no vocativo, pode-se
utilizar Senhor ou Senhora seguido do nome do particular ou
pode-se utilizar o vocativo Prezado Senhor ou Prezada
Senhora.
• Nas duas edições do MRPR (de 2002 e de 2018), está
abolido o uso de Digníssimo e de Ilustríssimo. Também é
indicado evitar o uso de doutor indiscriminadamente.

20
As formas de tratamento segundo o Decreto n. 9.758,
de 11 de abril de 2019
O disposto neste Decreto aplica-se às cerimônias das quais o agente
público federal participe.
•§ 2º Aplica-se o disposto neste Decreto:
1.aos servidores públicos ocupantes de cargo efetivo; 2.aos militares das
Forças Armadas ou das forças auxiliares; 3.aos empregados
públicos;4.ao pessoal temporário;5. aos empregados, aos conselheiros,
aos diretores e aos presidentes de empresas públicas e sociedades de
economia mista; 6.aos empregados terceirizados que exercem atividades
diretamente para os entes da administração pública federal; 7. aos
ocupantes de cargos em comissão e de funções de confiança; 8.às
autoridades públicas de qualquer nível hierárquico, incluídos os
Ministros de Esta
2.do; e 9. ao Vice-Presidente e ao Presidente da República.

21
• 3º Este Decreto não se aplica:
1. às comunicações entre agentes públicos federais e
autoridades estrangeiras ou de organismos
internacionais; e
2. às comunicações entre agentes públicos da
administração pública federal e agentes públicos do
Poder Judiciário, do Poder Legislativo, do Tribunal de
Contas, da Defensoria Pública, do Ministério Público
ou de outros entes federativos, na hipótese de
exigência de tratamento especial pela outra parte, com
base em norma aplicável ao órgão, à entidade ou aos
ocupantes dos cargos.

22
• Pronome de tratamento adequado
• Art. 2º O único pronome de tratamento utilizado
na comunicação com agentes públicos federais é
“senhor”, independentemente do nível
hierárquico, da natureza do cargo ou da função ou
da ocasião.
• Parágrafo único.  O pronome de tratamento é
flexionado para o feminino e para o plural.

23
• Formas de tratamento vedadas
• Art. 3º É vedado na comunicação com agentes
públicos federais o uso das formas de tratamento,
ainda que abreviadas:
1.Vossa Excelência ou Excelentíssimo;
2.Vossa Senhoria;
3.Vossa Magnificência;
4.doutor;
5.ilustre ou ilustríssimo;
6.digno ou digníssimo; e
7.respeitável.

24
• §  1º O agente público federal que exigir o uso
dos pronomes de tratamento de que trata
o caput, mediante invocação de normas
especiais referentes ao cargo ou carreira,
deverá tratar o interlocutor do mesmo modo.
• §  2º É vedado negar a realização de ato
administrativo ou admoestar o interlocutor nos
autos do expediente caso haja erro na forma de
tratamento empregada.

25
• Endereçamento de comunicações
• Art. 4º O endereçamento das comunicações dirigidas a
agentes públicos federais não conterá pronome de
tratamento ou o nome do agente público.
• Parágrafo único. Poderão constar o pronome de
tratamento, na forma deste Decreto, e o nome do
destinatário nas hipóteses de:
1.a mera indicação do cargo ou da função e do setor da
administração ser insuficiente para a identificação do
destinatário; ou
2.a correspondência ser dirigida à pessoa de agente
público específico

26
A função da clareza
A clareza deve ser a qualidade básica de
todo o texto oficial, buscando possibilitar
imediata compreensão pelo leitor.
• Um texto claro depende da organização do
pensamento e do processo de redação.
• Como a mensagem central conduz o
conteúdo e, portanto, a ordem da
informação, ela determina a direção do
documento.
27
Recursos de concisão
Conhecer o assunto sobre o qual se escreve;
Eliminar palavras inúteis, redundâncias e passagens
que nada acrescentam ao que foi dito;
Manter o emprego cuidadoso de adjetivos, sem
exageros;
Articular a linguagem, técnica ou comum, de modo que
enseje perfeita compreensão do objetivo do texto;
Expressar a ideia, quando repetida no texto, por meio das
mesmas palavras, evitando o emprego de sinonímia
com propósito meramente estilístico;
Evitar o emprego de expressão de duplo sentido ao
texto; 28
Requisitos de coesão
Construir as orações na ordem direta, evitando
preciosismo, neologismo e adjetivações
dispensáveis;
Buscar a uniformidade do tempo verbal em todo
o texto das normas legais, dando preferência ao
presente ou futuro simples do presente;
Usar os recursos de pontuação e as regras
gramaticais e ortográficas de forma correta e
sensata, evitando os abusos de caráter estilístico;

29
A PUBLICIDADE IMPLICA NECESSARIAMENTE

• IMPESSOALIDADE
• UNIFORMIDADE
• USO DE LINGUAGEM FORMAL
• CONCISAO
• CLAREZA

30
Requisitos dos textos oficiais
a) abertura: frase direta sobre o assunto, de forma que o
leitor, após ler o primeiro parágrafo, tenha o
conhecimento do assunto;
b) estrutura: desenvolve a abertura e traz os detalhes
necessários, disponibilizados pela ordem de
importância, magnitude, interesse ou urgência; e
c) encaminhamento: a aparência do documento é de
fundamental importância na exposição de uma
mensagem.
Portanto, devem-se usar parágrafos e frases curtas
com uma só ideia central e palavras de uso corrente
com verbos na ativa.
31
O tratamento na redação pública
• É o componente que ajusta a comunicação ao
papel funcional do receptor, considerando a
relação profissional que existe entre emitente
e receptor.
• O tratamento adequado depende da escolha
das palavras a serem empregadas, que varia
com a finalidade e intenção do texto e o grau
da comunicação.

32
Comunicação oficial
• a) Acima/ascendente: superiores e profissionais
de outra instituição. O tratamento deve
demonstrar respeito e consideração;
• b) Ao lado/horizontal: colegas, na mesma
posição hierárquica. O tratamento é direto,
objetivo e franco;
• c) Abaixo/descendente: profissionais que
trabalham sob sua chefia. O tratamento
adequado para formular ou impor decisões deve
ser decisivo e afirmativo.
33
Tipo de comunicação e intenção
• Acima: Solicita; Pede; Propõe; Sugere;
Informa; e Afirma tentativamente.
• Ao lado: Comunica; Informa; Solicita; Dá
parecer; Afirma positivamente; Recomenda;
e Sugere.
• Abaixo: Autoriza; Adverte; Decide; Afirma
decisivamente; Ordena; Proíbe; Solicita; e
Determina (normas, procedimentos).

34
O que evitar na redação pública
• É recomendável evitar, na introdução, expressões
redundantes como: Tem este o objetivo de......,
Venho por meio deste informar ..., Venho pelo
presente ..
• Sirvo-me do presente para ... e outras semelhantes.
• No lugar delas, pode-se introduzir o assunto com o
uso de verbos no presente do indicativo, tais como:
• Convido V. Exa. ..., Informo V. Exa. de que ...,
Submeto à apreciação de V. Exa. ..., Encaminho a V.
Exa. Revma. ..., Solicito a V. Revma. A gentileza
de ..., etc.
35
Modalidades

36
Modalidades técnicas
Em sentido restrito engloba a
produção de textos descritivos,
narrativos e dissertativos constantes
em:
Manuais de instrução, pareceres,
relatórios de visita, exposição de
motivos
Projetos de pesquisa, artigos,
teses monografias, dissertações
37
Modalidades de texto técnico
Em sentido extenso, pode-se utilizar a
expressão para designar, além dos
textos citados:
o relatório administrativo,
carta comercial, memorando, ata,
ofício, requerimento, procuração,
declaração , abaixo-assinado,
acordo, alvará , circular, contrato,
currículo
38
REDAÇÃO PÚBLICA
• Ata - Tem por objetivo registrar fatos e
deliberações ocorridas em reuniões.
• Despacho – Dá andamento a um pedido,
de âmbito interno, para prestar
informações a respeito de qualquer
matéria e para encaminhamento de
documento ou informação que tenha
finalidade de cumprimento de alguma
tarefa ou atividade.
39
• Memorando É uma modalidade de
comunicação eminentemente interna, entre
unidades administrativas, podendo ser emitido
de acordo com os seguintes critérios:
• entre unidades de mesma hierarquia;
• para a chefia imediata; e
• para unidades diretamente subordinadas.
• Sua principal característica é a agilidade,
simplicidade e rapidez dos procedimentos
burocráticos.
40
• Ofício - Comunicação oficial cuja finalidade é o
tratamento de assuntos oficiais entre
autoridades de órgãos da Administração Pública,
ou entre estas e particulares
• Ofício circular - Obedece aos mesmos critérios e
padrões do ofício. É utilizado quando um mesmo
assunto é transmitido simultaneamente para
vários destinatários.
• Ofício circular - é assinado e numerado apenas
uma vez, e seus destinatários podem ser
identificados em grupos afins ou
isoladamente. 41
• Parecer técnico - utilizado para relatar fatos e
atos de procedimentos técnicos ou
administrativos, opinando, analisando e
interpretando a matéria em questão.
• O parecer deve conter, obrigatoriamente, a
assinatura do técnico que o elaborou e a
manifestação de sua chefia imediata.
• Relatório - Documento em que se relatam atos e
fatos sobre determinado assunto para a
descrição de atividades concernentes a serviços
específicos ou inerentes ao exercício do cargo.
42
• Portaria - Documento normativo de âmbito
interno com a finalidade de consubstanciar
deliberação de natureza administrativa.
• É utilizado para o estabelecimento de atos
relativos à institucionalização de políticas,
diretrizes, planos, projetos e normas de
procedimentos, bem como nomeação e
designação de ocupantes de cargos em
comissão e funções de confiança,
constituição de comissões e de grupos de
trabalho.
43
• Instrução normativa - Instrumento utilizado
para disciplinar disposições contidas em leis,
decretos e portarias e deve ser publicado no
Diário Oficial da União.
• Ordem de serviço - Ato normativo
mediante o qual o titular fixa comandos
para o cumprimento de ações conjuntas
nas três esferas do governo, ou de
âmbito interno, para determinar a
execução de serviços ou atividades.
44
Reflexões finais
• As normas da redação oficial têm como objetivo garantir a
clareza das comunicações dos órgãos públicos.
• É importante lembrar que a redação oficial pode ser dirigida
ao público em geral, a uma instituição privada ou a outro
órgão ou entidade pública.
• Por seu caráter público, ela deve se comunicar correta e
claramente com a totalidade da população, daí a
necessidade de se adotar uma unidade de expressão que
facilite a compreensão dos textos oficiais.
• Além disso, a redação oficial traz normas em relação a
pronomes de tratamento, como o uso de “Excelentíssimo(a)
Senhor(a)” em comunicações dirigidas a chefes de poder.
Isso é importante para evidenciar o respeito às autoridades
e hierarquias da administração pública.
45
Obrigada!

acdorsa@ucdb.br

46

Você também pode gostar