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FALÁCIAS

DEFINIÇÃO DE FALÁCIAS
Falácia é uma forma de raciocínio que parece
correta, mas que, quando examinada
cuidadosamente, não o é.
Elas estão divididas em dois grupos: Formais e
Não-Formais. As Formais são geradas por uma
infração a certos padrões de inferências válidas.
Já as Não-Formais são causadas por
inadvertência ou falta de atenção ao assunto
tratado, ou então porque somos iludidos por
alguma ambiguidade na linguagem usada na
formulação do nosso argumento.
1. FALÁCIAS NÃO-FORMAIS
1.1 Argumentum ad Hominem (Contra o homem)
É cometido “quando, em vez de refutar a verdade do
que se afirma, ataca o homem que fez a afirmação”.
“Este argumento é falaz porque o caráter pessoal de um
homem é logicamente irrelevante para determinar a
verdade ou falsidade do que ele diz, ou a correção ou
incorreção do seu raciocínio”.

Ex:
a) “O que Fulano diz sobre o balanço da empresa não pode
ser levado a sério, afinal ele traiu a mulher”;
b) “O senhor não tem autoridade para criticar a política
educacional, pois nunca concluiu uma faculdade”;

c) “Clodovil não entende nada de espiritualidade, ele é


gay”;

d) “Você diz que o cigarro é um vício horrível, mas ainda


não conseguiu parar. Por que eu deveria lhe dar ouvidos,
então?”
1.2 Argumentum ad Baculum (Recurso à Força)
Ocorre “quando se apela para a força, ou a ameaça
de força, para provocar medo e, assim, a aceitação de
uma conclusão”.
Ex:

a) “Eu acredito que o bicho-papão mora no armário, você


não acredita.  Se eu estiver errado, não terei perdido
nada.  Mas já parou para pensar que, se eu estiver certo
e você errado, ele pode devorar você?”;

b) “É melhor você votar pela condenação do réu ou você


pode ser a próxima vítima dele”.
1.3 Argumentum ad Ignorantiam (Argumento
pela Ignorância)
Este argumento ocorre “sempre que uma proposição é
sustentada como verdadeira, simplesmente pelo fato de
que não foi provada a sua falsidade; ou como falsa, porque
não demonstrou ser verdadeira”.
Ex:

a) “Você não tem provas de que Deus existe. Logo, ele não
existe”;
1.4 Argumentum ad Misericordiam (Apelo à Piedade)
É a falácia que se comete “quando se apela para a piedade ou a
compaixão para se conseguir que uma determinada conclusão seja
Aceita”. Ex:

a) “Estou absolutamente certo de quão rápido eu estava dirigindo,


seu guarda, e era bem abaixo do limite de velocidade. Eu já tive
multas antes, e se o senhor me der mais uma, isso vai me custar
mais de mil reais. E se eu tiver de pagar uma tal multa não vou
ser capaz de financiar a operação da minha mulher; ela está
muito doente e necessita desesperadamente de uma operação!”;

b) “Um jovem foi julgado por um crime particularmente brutal: o


assassinato de seus pais, com um machado. Diante de provas
esmagadoras, solicitou piedade do tribunal porque era órfão”.
(Copi)
1.5 Argumentum ad Populum (Apelo ao Povo)
Ocorre quando, para confirmar determinada conclusão,
apela-se, emocionalmente, “ao povo”. Muito usado pelos
propagandistas, publicitários e políticos.

Ex:

a) “Havaianas. Todo mundo usa”;

b) “Dez milhões de pessoas não podem estar erradas.


Junte-se ao nosso clube você também”;
1.6 Argumentum ad Verecundiam (Apelo à
autoridade)
É cometido quando se recorre a alguma autoridade ou a
“um sentimento de respeito que as pessoas alimentam
pelos indivíduos famosos, para granjear a anuência a uma
determinada conclusão”.
Não que seja errado fazer isso, mas a falácia é cometida
quando se recorre a uma autoridade para testemunhar em
questões que estão fora de sua especialidade.
Ex:

a) “Isaac Newton era um gênio, e acreditava em Deus”;


1.7 Acidente
“A falácia de acidente consiste em aplicar uma
regra geral a um caso particular, cujas
circunstâncias acidentais tornam a regra inviável”.
Ex:
a) “Toda pessoa que agride, deliberadamente, uma
outra pessoa deve ser punida. Portanto, o campeão
dos pesos médios deve ser punido com severidade,
porque agride, deliberadamente, todos os seus
adversários”.
1.8 Acidente Convertido (Generalização
Apressada)
Ocorre quando se aplica resultados particulares
para justificar todas as situações.
Ex:
a) “Minha avó tem dor de cabeça crônica. Meu
vizinho também tem e descobriu que o motivo é
um câncer. Logo, minha avó tem câncer”.

b) “Nas duas vezes em que fui assaltado, os


bandidos eram altos. Bem que minha mãe fala que
toda pessoa alta tem tendência para ladrão!”.
1.9 Petitio Principii (Petição de Princípio ou
Raciocínio Circular)

Ocorre quando se tenta estabelecer a verdade de uma


conclusão, afirmando ela mesma como premissa.

Ex:

a) “Eu acho que alpinismo é um esporte perigoso porque é


inseguro e arriscado”;

b) “Por que eu sou a pessoa mais indicada para o trabalho?


Porque eu descobri que, dentre todos os outros candidatos,
e considerando minhas qualificações, eu sou a melhor
pessoa para o trabalho”.
1.10 Pergunta Complexa
Ocorre quando se faz perguntas que não exigem,
como resposta, um simples “sim” ou “não”. Ex:

a) “Você quer ser um bom menino e ir para cama?”

b) “Você abandonou os seus maus hábitos?”

c) “Você deixou de enganar o professor?”


1.11 Equívoco
Acontece quando, numa mesma frase,
misturamos o significado de algumas palavras. Ex:

a) “O fim de uma coisa é a perfeição. A morte é o


fim da vida. Logo, a morte é a perfeição da vida”;

b) “É raro encontrar ouro nesta região; portanto,


você deve ter cuidado para não perder sua aliança
de noivado”.
1.12 Anfibologia
Um enunciado é anfibológico quando seu significado
não é claro. Daí, a falácia ocorrer quando se argumenta a
partir de premissas cujas formulações são ambíguas em
virtude de sua construção gramatical. Ex:

a) “Se Creso declarar guerra à Pérsia, destruirá um reino


poderoso”;

b) “Compre um pastel de carne, e leve um de queijo”;

c) “João vê Ana com um binóculo”.


1.13 Composição
Esta falácia ocorre quando se raciocina da
seguinte maneira: o que é verdadeiro nas partes, é
verdade também no todo. Ex:

a) “A bicicleta é inteiramente feita de componentes


de massa baixa, e é portanto muito leve”;

b) “Um carro usa menos gasolina e causa menos


poluição que um ônibus. Portanto carros são menos
danosos ao ambiente do que os ônibus”.
1.14 Divisão
É o inverso da composição: o que é verdadeiro
num todo, deve ser também nas partes. Ex:

a) “Você está estudando em um colégio rico.


Portanto você deve ser rico”;

b) “Formigas podem destruir uma árvore. Portanto


essa formiga pode destruir uma árvore”.
2. FALÁCIAS FORMAIS
2.1 Negando o antecedente

Ocorre quando, em uma proposição condicional,


nega-se o antecedente para negar também o
consequente.
Ex:

a) “Se chove a rua fica molhada. Mas não choveu.


Logo, a rua não ficou molhada”.
2. FALÁCIAS FORMAIS
2.2 Afirmando o consequente

Ocorre quando, numa sentença condicional,


afirma-se o consequente para provar o antecedente.
Ex:
a) “Se chove, a rua fica molhada. Ora, a rua não
ficou molhada. Portanto, não choveu”.

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