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Introdução à Ecologia

Prof. Alessandro O. Silva


Ecologia: do grego oikos → casa → ambiente

do grego logos → estudo

1870 – zoólogo alemão Ernst Haeckel:

“Por ecologia, nós queremos dizer o corpo de conhecimento referente à


economia da natureza – a investigação das relações totais dos animais
tanto com o seu ambiente orgânico quanto com o seu ambiente
inorgânico; incluindo acima de tudo, suas relações amigáveis e não
amigáveis com aqueles animais e plantas com os quais vêm direta ou
indiretamente a entrar em contato – numa palavra, ecologia é o estudo
de todas a inter-relações complexas denominadas por Darwin como as
condições da luta pela existência.”

Ecologia é a ciência através da qual estudamos como os organismos


interagem entre si e com o mundo natural.
Fim do século XIX → cientistas americanos e europeus → ecólogos.

Pesquisas em ecologia

Ecologia aplicada Manejo de bacias hidrográficas, terras cultivadas etc.

Estudos: • Regulação populacional de predadores;

• Influência da fertilidade do solo no


crescimento de plantas;
• Respostas evolutivas de micro-
organismos aos contaminantes ambientais;
• Dispersão de organismos sobre a
superfície da Terra.
Uso inteligente de recursos ecológicos Resolução ou prevenção de
problemas ambientais

Ciência Ambiental, Ecologia Aplicada,


Ecologia como ciência
Biologia da Conservação

Utiliza-se de compreensão ecológica

Resolução de problemas referentes


ao meio ambiente e seus habitantes

Sistemas ecológicos podem ser tão pequenos quanto os


organismos ou tão grandes quanto a biosfera
Organismo = unidade fundamental da Ecologia

Troca energia e matéria com o meio ambiente

Modificam condições do ambiente e recursos


disponíveis para outros organismos

Fluxos de energia e ciclo de elementos


químicos no meio natural
Conjuntos de organismos com seus ambientes
físicos e químicos = ecossistema

Sistemas ecológicos complexos e grandes

Contêm organismos com diversos meios

Ecossistema de Ecossistema de
estuário savana
Pouca energia e
substâncias
trocadas
Todos os ambientes e organismos da Terra

Biosfera
Populações = organismos do mesmo tipo vivendo juntos

São praticamente imortais

Mantidos por nascimentos


e mortes

Propriedades: • abrangências geográficas;


• densidades;
• variações no tamanho ou composição → respostas evolutivas
às mudanças ambientais e ciclos periódicos dos seus
tamanhos.
Populações diferentes em um mesmo lugar = comunidade ecológica

Populações e comunidades interagem de várias formas


Ex.:

Populações de águias

Populações de suricatas
Influenciam
número de
Populações de artrópodes
indivíduos
na
população

Abelhas polinizam flores

Benefício mútuo
Perspectivas de estudo na natureza

Abordagem de organismo

Forma
Fisiologia Sobrevivência no ambiente
Comportamento
Diferentes adaptações para cada ambiente

Estudados pelos ecólogos

Devido à evolução ocorrer através da substituição de um tipo de


organismo por outro numa população, o estudo das adaptações
representa uma área comum entre as abordagens de organismos e de
população na ecologia.
Abordagem de população

• Número de indivíduos
• Razão sexual
População através do tempo
• Tamanhos relativos das classes etárias
• Estrutura genética

Dinâmica de população

Influenciadas por

Variações nos números

Condições Taxa de natalidade e


físicas mortalidade
(temperatura e Presas (alimento)
disponibilidade de Patógenos
água) Variações genéticas predadores
Abordagem de comunidade

• diversidade e abundância relativas de tipos diferentes de organismos que


vivem juntos.
provem
• interações entre as populações. ou coexistência entre espécies
limitam
Relações de
alimentação

Movimento de
energia e Conexão entre
Padrões globais de
matéria através comunidade e
biodiversidade
do ecossistema ecossistema
Abordagem de ecossistema

• estuda o movimento de energia e matéria e como estes movimentos são


influenciados pelo clima e outros fatores físicos.

Atividades dos organismos


• funcionamento do ecossistema reflete
Transformações físicas e químicas
da energia e matéria do solo, na
atmosfera e na água
Sol Energia luminosa

Plantas, algas e
algumas bactérias

Fotossíntese

Carboidratos Energia química

Biomassa animal

“Podemos falar de um ecossistema de floresta, ou podemos falar de


comunidades de animais e plantas que vivem na floresta, usando um
jargão diferente e nos referindo a diferentes facetas do mesmo sistema
ecológico.”
R. E. Ricklefs
Abordagem de biosfera

• maior escala da hierarquia dos sistemas ecológicos.

definição dos climas


Correntes oceânicas e ventos calor e umidade
em cada lugar da Terra

Compreensão das - distribuição de organismos;


consequências - dinâmica das populações;
ecológicas das - composição de comunidade;
variações no clima - produtividade dos ecossistemas.
Plantas, animais e micro-organismos: diferentes
papéis nos sistemas ecológicos
Primeiros ecossistemas Bactérias de várias formas

Outras formas Modificações da


de vida biosfera

Formas mais Fotossintetizantes


simples

oxigênio
Menor
necessidade
metabólica Evolução de
formas de vida
móveis mais
Modificações complexas
ambientais

Domínio da Terra
Funcionamento nos últimos 500
do ecossistema milhões de anos
Plantas (produtores)

Dióxido de carbono
luz + moléculas orgânicas
água

evaporação Suprimento constante


de água

epífitas
raiz

Ambientes
úmidos
Animais (consumidores)

Gás carbônico
moléculas orgânicas oxigênio +
água

Superfície de trocas
gasosas interna Menor perda de água

Pulmões Sem suprimento


Superfície 100 m² contínuo
(metade de uma +
quadra de tênis)
Maior
mobilidade
Fungos (decompositores)

Hifas unicelulares Formam rede esparsa

Tecidos animais ou vegetais


ou
Formar cogumelos

Funcionamento do
Decomposição (ácidos e enzimas)
ecossistema

alimento
Protoctistas fotossintetizantes algas Sistemas aquáticos

Não fotossintetizantes Plasmodium malária

ciliados
Foraminíferos e
radiolários
predadores Plasmodium falciparum

Matéria
orgânica

Radiolário Radiolário Foraminíferos


Bactérias e transformações energéticas

• Especialistas químicos do ecossistema ;


• Anucleadas;
• Alta capacidade metabólica e adaptativa.

Nitrogênio Sulfeto (H₂S) Condições anaeróbicas


molecular
(N₂)
energia Regeneram
nutrientes
Proteínas e
ácidos nucleicos
Disponibilidade
para plantas
Cooperação entre organismos na Natureza

Simbiose
e • fungos e algas (liquens);
Mutualismo
• bactérias e vaca;
• bactérias e leguminosas;
• protozoários e térmitas;
• micorrizas;
• cloroplastos e mitocôndrias nas células;
• algas e corais;
• algas e moluscos.
Habitat
• lugar ou locação física no qual um organismo vive.
• distinguidos por notáveis características físicas, frequentemente incluindo a
forma predominante de vida vegetal ou, às vezes, vida animal.
• habitat de floresta, de deserto, de recife de corais...

Habitat

Terrestres aquáticos marinhos

bentônicos
estuarinos oceânicos
pelágicos
Habitats Se sobrepõem amplamente

útil Distribuições absolutas


são raras

Enfatiza diversidade de
condições às quais os
indivíduos estão expostos

Habitantes das Habitantes das


profundezas florestas pluviais
abissais tropicais

Diferentes Luz
condições Pressão
Temperatura
Concentração de oxigênio
Umidade
Viscosidade
Sais
Recursos alimentares
Inimigos naturais
Nicho Representa o intervalo de condições que um organismos pode
tolerar e as formas de vida que possui – isto é, seu papel no
sistema ecológico.

Cada espécie tem um nicho diferente.

Diversidade de habitats Chave para boa parte da diversidade


dos organismos vivos
Sistemas e processos ecológicos têm escalas
características de tempo e espaço

Propriedades
do ambiente

mudanças

As variações de cada medida apresentam uma escala


característica, que é a dimensão no tempo ou no espaço
sobre a qual a variação é percebida.
Variação temporal

Sazonalidade de temperatura e precipitação previsível

Variações irregulares Secas e incêndios imprevisível


Aquecimento global
(longo prazo)

Tempo: fenômenos atmosféricos que variam em períodos de dias ou horas.


Clima: condições atmosféricas médias (num determinado lugar).

A forma como os organismos e as populações respondem à variação em


seu ambiente depende da frequência com que essa variação ocorre.

Condição mais extrema Menos frequente


Variação espacial

O ambiente difere de um lugar para outro

Clima, temperatura e tipo de solo

Movimentação do organismo

Variação temporal + variação espacial

Ex.: Dispersão de sementes

Aterrissagem em diversos habitats

Depende da distância percorrida = variação espacial no habitat


Correlação de dimensões espaciais e temporais

Ambientes terrestres Ambientes aquáticos

Escalas temporais muito longas Mudanças mais rápidas nos


em qualquer escala espacial processos físicos na água

Mudanças lentas na topografia Mais mutáveis que nas rochas e


(rochas) no solo
Sistemas ecológicos e princípios físicos e
biológicos básicos

• Difusão de oxigênio através da superfície corporal.


• Velocidade das reações químicas.
Leis da termodinâmica
• Resistência dos vasos ao fluxo de fluidos.
• Transmissão de impulsos nervosos.

Ganhos e perdas são equilibrados

Sistemas ecológicos permanecem imutáveis

Estado estacionário dinâmico

Indivíduo = manutenção das População = nascimentos e


características corpóreas mortes
Naturalmente os sistemas ecológicos também mudam. Os organismos
crescem; as populações variam ciclicamente em abundância; os campos
abandonados se revertem em florestas. Contudo, todos os sistemas
ecológicos têm mecanismos que tendem a manter sua integridade.

Sistemas vivos devem gastar energia para se manter

Necessidade energética predação Reposição energética

Evolução dos sistemas ecológicos

Seleção natural

Evolução

Adaptações
Os ecólogos estudam o mundo natural por
observação e experimentação

1. Por que sapos machos coaxam em noites


de verão após as chuvas?

Observações sobre a
Natureza. 2. Por que insetos herbívoros, em geral, só
comem 10% da cobertura vegetal de uma
área?
Hipóteses

a) O canto dos machos atrai fêmeas e leva ao acasalamento;


b) As fêmeas buscam ativamente por machos após as chuvas (talvez porque
aquelas noites produzam as melhores condições para pôr ovos);
c) O canto tem um custo, que compele os machos a economizar o seu canto
para os períodos em que produzirão os maiores benefícios.

a) Plantas se defendem dos herbívoros, não correndo ou se escondendo,


mas sintetizando várias substâncias químicas que reduzem sua
palatabilidade → defesas impedem que herbívoros se alimentem e
controlam o crescimento da população de herbívoros;
b) Predadores reduzem as populações de herbívoros, e assim evitam que
eles sobrepastem seus alimentos vegetais.
Previsão

Experimentos Tratamentos Controle


Testes mais
fortes das
hipóteses

Abordagens alternativas ao teste de hipótese

Experimento natural

Microcosmo

Modelos matemáticos
Questões para o próximo encontro:
• Que é ecologia, e o que os ecólogos estudam? Se
um ecólogo estudasse os efeitos de um determinado
gene, descreva como a ênfase do trabalho desse
pesquisador poderia diferir da ênfase de um
geneticista ou de um biólogo celular?
• Como funciona o método científico? Inclua na
resposta a descrição de um experimento controlado.
Próximo encontro: Introdução à Ecologia e Método
Científico.

Material recomendado para leitura:


• A economia da Natureza. Ricklefs 5ª ed. capítulo 01.
• A economia da Natureza. Ricklefs 6ª ed. Capítulo 01.
Atividade prática: Crescimento populacional e
interações.
 
Objetivos instrucionais:
• Compreender o conceito de recurso se sua
importância para a sobrevivência dos organismos;
• Comparar a importância de diferentes recursos para a
sobrevivência dos organismos;
• Determinar qual é a densidade populacional máxima
para uma população, ou seja, sua capacidade de
suporte;
• Recomendar máximas densidades populacionais para
plantio.
Preparação do material:
 
Duração: 3 meses.
Material:
• Potes de plantio de 1 litro (com fundo perfurado); 12
potes por grupo.
• Pratinhos descartáveis para bolo.
• Terra de jardim.
• Sementes de feijão.
Procedimento:
Cada grupo deve etiquetar os 12 potes de maneira que
sejam reconhecidos por várias semanas.
Os potes devem ser perfurados para não haver acúmulo
de água. Colocar um pratinho descartável embaixo de
cada pote para evitar o contato direto do pote com o
solo.
Encher todos os potes com quantidade semelhante de
terra de jardim.
Plantar os feijões com 3 repetições com uma semente, 3
com duas sementes, 3 com quatro semente e 3 com oito
sementes, formando assim quatro tratamentos.
Procedimento:
Organizar os potes aleatoriamente em filas no canteiro.
Regar os potes a cada dois dias, ou sempre que for
necessário.
A cada quatro dias, visitar os potes, anotar o tamanho
dos feijoeiros, bem como qualquer observação que
possa ser de interesse, como a cor das folhas e a
presença de insetos herbívoros.
Quando os feijões chegarem à idade adulta, anotar o
número de flores produzidas em cada um dos
tratamentos (1, 2, 4 e 8 sementes por pote), bem como o
número de vagens por planta e o número de sementes
por vagem. Coletar as sementes e colocar para germinar
em areia lavada ou vermiculita.
Procedimento:
Após 3 meses, coletar as partes aérea e radicular das
plantas, secá-las e medir a massa seca de cada planta
comparando os tratamentos.
Comparar estatisticamente o crescimento das plantas, o
número de flores produzidas, o número de vagens por
planta, o número de sementes por vagem e a proporção
de sementes germinadas em cada tratamento.
Fazer gráficos dos resultados obtidos.
Discutir os resultados.

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