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Orquestra vai ao Museu

“ Fado, Património Imaterial da Humanidade”

BEM-VINDOS!
ChamberTrioON

MARTA DA COSTA
(violino)
ARTUR SENHOR
(contrabaixo)
VITOR BRANDÃO
(percussão)
Se uma gaivota viesse Se ao dizer adeus à vida
Trazer-me o céu de Lisboa As aves todas do céu

GAIVOTA No desenho que fizesse


Nesse céu onde o olhar
É uma asa que não voa
Me dessem na despedida
O teu olhar derradeiro
Esse olhar que era só teu
Esmorece e cai no mar Amor que foste o primeiro

Que perfeito coração Que perfeito coração


No meu peito bateria Morreria no meu peito
Meu amor na tua mão Meu amor na tua mão
Nessa mão onde cabia Nessa mão onde perfeito
Perfeito o meu coração Bateu o meu coração

Se um português marinheiro Meu amor


Dos sete mares andarilho Na tua mão
Fosse quem sabe o primeiro Nessa mão onde perfeito
A contar-me o que inventasse Bateu o meu coração
Se um olhar de novo brilho
Ao meu olhar se enlaçasse

Que perfeito coração


No meu peito bateria
Meu amor na tua mão
Nessa mão onde cabia
Perfeito o meu coração
UM FADO DE
COIMBRA

INSTRUMENTAL
Teus olhos castanhos Teus olhos castanhos
De encantos tamanhos De encantos tamanhos
São pecados meus São pecados meus
São estrelas fulgentes São estrelas fulgentes
Brilhantes, luzentes Brilhantes, luzentes
Caídas dos céus Caídas dos céus

OLHOS Teus olhos risonhos Teus olhos risonhos

CASTANHOS
São mundos, são sonhos São mundos, são sonhos
São a minha cruz São a minha cruz
Teus olhos castanhos Teus olhos castanhos
De encantos tamanhos De encantos tamanhos
São raios de luz São raios de luz

Olhos azuis são ciúme Olhos azuis são ciúme


E nada valem pra mim E nada valem pra mim
Olhos negros são Olhos negros são
queixume queixume
D'uma tristeza sem fim D'uma tristeza sem fim
Olhos verdes são traição Olhos verdes são traição
São cruéis como punhais São cruéis como
Olhos bons com coração punhais
Os teus Olhos bons com coração
Castanhos leais Os teus
Castanhos leais
Sou do fado Nesta voz tão dolorida
Como sei É culpa de todos vós
Vivo um poema cantado Poetas da minha vida
De um fado que eu inventei A loucura, ouço dizer
A falar Mas bendita esta loucura de cantar
Não posso dar-me e sofrer
Mas ponho a alma a cantar Chorai, chorai
E as almas sabem escutar-me Poetas do meu país
Chorai, chorai Troncos da mesma raiz
Poetas do meu país Da vida que nos juntou
Troncos da mesma raiz E se vocês não estivessem a meu
Da vida que nos juntou lado
E se vocês não estivessem a Então não havia fado nem fadistas
meu lado como eu sou
Então não havia fado Então não havia fado nem fadistas
Nem fadistas como eu sou como eu sou
FADO
LOUCURA
As coisas vulgares que há na vida A chuva molhava-me o rosto
Não deixam saudades Gelado e cansado
Só as lembranças que doem As ruas que a cidade tinha
Ou fazem sorrir Já eu percorrera
Ai meu choro de moça perdida
Há gente que fica na história Gritava à cidade
Da história da gente Que o fogo do amor sob chuva
E outras de quem nem o nome Há instantes morrera
Lembramos ouvir

São emoções que dão vida


CHUVA A chuva ouviu e calou
Meu segredo à cidade
À saudade que trago E eis que ela bate no vidro
Aquelas que tive contigo Trazendo a saudade
E acabei por perder
A chuva molhava-me o rosto
Há dias que marcam a alma Gelado e cansado
E a vida da gente As ruas que a cidade tinha
E aquele em que tu medeixaste Já eu percorrera
Não posso esquecer Ai meu choro de moça perdida
Gritava à cidade
A chuva molhava-me o rosto Que o fogo do amor sob chuva
Gelado e cansado Há instantes morrera
As ruas que a cidade tinha
A chuva ouviu e calou
Já eu percorrera
Meu segredo à cidade
Ai meu choro de moça perdida E eis que ela bate no vidro
Gritava à cidade Trazendo a saudade
Que o fogo do amor sob chuva E eis que ela bate no vidro
Há instantes morrera Trazendo a saudade
O Fado nasceu um dia Mãe adeus, adeus Maria
Quando o vento mal bulia Guarda bem no teu sentido
E o céu o mar prolongava Que aqui te faço uma jura
Na amurada dum veleiro Que ou te levo à sacristia
No peito de um marinheiro Ou foi Deus que foi servido
FADO Que estando triste cantava
Que estando triste cantava
Dar-me no mar sepultura

PORTUGUÊS Ai que lindeza tamanha


Ora eis que embora outro dia
Quando o vento nem bulia
Meu chão, meu monte, meu vale E o céu o mar prolongava
De folhas flores frutas de oiro À proa de outro veleiro
Vê se vês terras de Espanha Velava outro marinheiro
Areias de Portugal Que estando triste cantava
Olhar ceguinho de choro Que estando triste cantava

Na boca de um marinheiro Ai que lindeza tamanha


Do frágil barco veleiro Meu chão, meu monte, meu vale
Morrendo a canção magoada De folhas flores frutas de oiro
Diz o pungir dos desejos Vê se vês terras de Espanha
Do lábio a queimar de beijos Areias de Portugal
Que beija o ar e mais nada Olhar ceguinho de choro
Que beija o ar e mais nada
Fui bailar no meu batel
Além do mar cruel
CANÇÃO
E o mar bramindo
Diz que eu fui roubar
DO MAR
A luz sem par
Do teu olhar tão lindo
Vem saber se o mar terá razão
Vem cá ver bailar meu coração
Se eu bailar no meu batel
Não vou ao mar cruel
E nem lhe digo aonde eu fui cantar
Sorrir, bailar, viver, sonhar contigo
Vem saber se o mar terá razão
Vem cá ver bailar meu coração
Se eu bailar no meu batel
Não vou ao mar cruel
E nem lhe digo aonde eu fui cantar
Sorrir, bailar, viver, sonhar contigo
No teu poema No teu poema
Existe um verso em branco e sem medida Existe o grito e o eco da metralha
Um corpo que respira, um céu aberto A dor que sei de cor, mas não recito
Janela debruçada para a vida E os sonos inquietos de quem falha
No teu poema NO No teu poema
Existe a dor calada lá no fundo
O passo da coragem em casa escura
TEU Existe um canto, chão alentejano
A rua e o pregão de uma varina
E, aberta, uma varanda para o mundo POEMA E um barco assoprado a todo o pano

Existe a noite Existe um rio


O riso e a voz refeita à luz do dia O canto em vozes juntas, vozes certas
A festa da Senhora da Agonia Canção de uma só letra
E o cansaço E um só destino a embarcar
Do corpo que adormece em cama fria No cais da nova nau das descobertas
Existe um rio Existe um rio
A sina de quem nasce fraco ou forte A sina de quem nasce fraco ou forte
O risco, a raiva e a luta de quem cai O risco, a raiva e a luta de quem cai
Ou que resiste Ou que resiste
Que vence ou adormece antes da morte Que vence ou adormece antes da morte

No teu poema
Existe a esperança acesa atrás do muro
Existe tudo o mais que ainda me escapa
E um verso em branco à espera do futuro
No Castelo, ponho um cotovelo No Terreiro, eu passo por ti
Em Alfama, descanso o olhar Mas da Graça, eu vejo-te nua
E assim desfaço o novelo Quando um pombo te olha, sorri
De azul e mar És mulher da rua
À Ribeira encosto a cabeça E no bairro mais alto do sonho
A almofada da cama do Tejo Ponho o fado que soube inventar
Com lençóis bordados à pressa Aguardente de vida e medronho
Na cambraia de um beijo Que me faz cantar
LISBOA
MENINA E Lisboa, menina e moça, menina Lisboa, menina e moça, menina
Da luz que os meus olhos veem tão pura Da luz que os meus olhos veem tão pura
MOÇA Teus seios são as colinas, varina Teus seios são as colinas, varina
Pregão que me traz à porta, ternura Pregão que me traz à porta, ternura
Cidade a ponto luz bordada Cidade a ponto luz bordada
Toalha à beira-mar estendida Toalha à beira-mar estendida
Lisboa, menina e moça, amada Lisboa, menina e moça, amada
Cidade, mulher da minha vida Cidade, mulher da minha vida

Lisboa no meu amor, deitada


Cidade por minhas mãos despida
Lisboa, menina e moça, amada
Cidade, mulher da minha vida
Orquestra vai ao Museu

“ Fado, Património Imaterial da Humanidade”

OBRIGADO!
De manhã cedinho eu salto do ninho Que triste fadário e que itinerário tão
E vou pra paragem infeliz
De bandolete à espera do 7 mas não pela viagem PICA DOS 7 Cruzar meu horário
Eu bem que não queria Com o dum funcionário de um trem
Mas um certo dia eu vi-o passar da carris
E o meu peito céptico, por um pica de eléctrico Se eu lhe perguntasse
Voltou a sonhar Se tem livre passe pró peito de alguém
Vá-se lá saber
A cada repique, que soa do clique Talvez eu lhe oblitere o peito também
Daquele alicate
Num modo frenético, o peito céptico toca a rebate Ninguém acredita no estado em que
Se o trem descarrila o povo refila fica
E eu fico num sino O meu coração
Pois um mero trajeto no meu caso concreto Quando o 7 me apanha
É já o destino Até acho que a senha me salta da mão
Pois na carreira desta vida vã
Ninguém acredita no estado em que fica Mais nada me dá a pica que o pica do
O meu coração sete me dá
Quando o 7 me apanha
Até acho que a senha me salta da mão
Pois na carreira desta vida vã
Mais nada me dá a pica que o pica do sete me dá

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