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Título: O título é uma importante porta de entrada para o

texto.

Mestre Finezas – a personagem principal do conto.


A palavra mestre remete-nos para alguém muito
habilidoso e talentoso para fazer alguma coisa,
alguém de grande mérito, um sábio, um artista.

Finezas aponta para a delicadeza, a elegância.


Carlinhos, o narrador, entra na barbearia de
Mestre Finezas, revelando uma certa
intimidade com esta personagem.

(3 primeiros parágrafos)
O narrador-personagem apresenta Mestre Finezas:
- recordando o tempo em que era ainda uma criança e
a mãe o obrigava a ir cortar o cabelo à barbearia;
- recordando o medo que sentia pelo mestre;
- revelando a admiração pelas suas atividades de ator
de teatro e de violinista;
- evocando os seus momentos de fama;
- entristecendo-se com o esquecimento e abandono a
que foi votado por todos;
- revelando cumplicidade mútua de confidentes;
-cortando o cabelo na sua barbearia;
- ouvindo-o tocar uma música lenta e melancólica.
a música torna-se cada vez mais desesperada,
transmitindo a ideia de toda a dor e desolação da vida
do mestre.

(último parágrafo)
Personagens:
Mestre Finezas é a personagem principal deste conto, cuja vida nos é
contada por Carlinhos, o narrador-personagem, em dois momentos
diferentes:
- quando o Mestre era mais novo e o narrador uma criança;
- depois sendo o narrador já um homem adulto e tendo o Mestre
envelhecido.

Quanto ao relevo:
- principal: mestre Finezas;
- secundárias: Carlinhos;
- figurantes: a vila (funciona como uma personagem coletiva)

Quanto à conceção:
-personagens modeladas: Mestre Finezas e Carlinhos são personagens
modeladas, na medida em que nos surpreendem pelas suas atitudes e
comportamentos, revelando densidade psicológica.
Caracterização física e psicológica:
Mestre Finezas:
Mestre dos três ofícios, barbeiro, ator e violinista, o
Mestre é descrito como uma figura alta magra e severa,
de “ pernas esguias, carão severo de magro, o corpo alto,
curvado (…), os braços compridos arqueados”, imagem
que manteve ao longo do tempo, com traços de velhice: “
os cabelos todos brancos”, “mãos tremulas que já mal
seguram (…) a navalha” e o “busto mirrado”.

No passado foi um homem talentoso, hábil e respeitado.


O presente, era uma figura entristecida, magoada, votada
ao abandono, que só vive de recordações e que transpõe
para o violino toda a dor que sente.
Carlinhos:
É o “único confidente” do Mestre, participando da sua mágoa com
ternura e complacência. O medo que no passado sentia, evoluiu para
um sentimento de piedade, à medida que entre eles aumenta o
conhecimento e a identificação.

Sobre a sua própria vida, Carlinhos resume-a em poucas palavras: saiu


para estudar, mas acabou por falhar no curso, e vive agora uma vida de
marasmo e de ociosidade”, ansioso por “partir breve”.

Vila:
A vila surge como personagem coletiva. Este conjunto de pessoas
anónimas não tem um papel meramente decorativo, teve grande
influência na vida do Mestre, aclamando-o como o melhor artista, para
depois o votar ao maior abandono, esquecendo-se da sua fama. Finezas
diz daquelas pessoas que vivem apenas para “o negócio, a lavoura” sem
apreciarem devidamente a vida. Carlinhos deseja afastar-se da vila, pois
apenas sente indiferença, não se identificando com nada.
Processos de Caracterização
- Autocaracterização direta: “ estou muito velho, Carlinhos.”

- Heterocaracterização direta: “ Mestre Finezas é ainda a mesma


figura alta e seca. Somente tem cabelos brancos.”

- Caracterização indireta: “ quase sempre morria quando a cortina


principiava a descer e , na plateia, as senhoras soluçavam alto. (…)
mas a cena tinha sido tão viva e a sua morte tão notada durante o
resto do espetáculo (…) - indícios das suas qualidades de ator.
Tempo
Tempo do discurso
Há um desencontro entre a ordem temporal e a ordem real pela
qual os acontecimentos são narrados (anacronia). O narrador parte
do tempo presente (Agora entro…) para logo de seguida, evocar,
através da analepse, o tempo passado (Lembro-me muito bem de
como tudo se passava…) e regressar ao presente (Passaram os
anos…).

Tempo psicológico
Quando o Mestre Finezas cortava o cabelo, Carlinhos perceciona a
passagem do tempo de forma dolorosa e interminável.
Espaço
Espaço físico
- a vila
- a barbearia
- o teatro da vila: o palco e a plateia.

Espaço social e cultural


A vila é um meio pequeno e rural, que tinha como costume,
assistir às récitas dos atores amadores da vila, hábito que
perderam com o passar do tempo.
Narrador
Quanto à presença:
Homodiegético: o narrador faz o relato na 1ª pessoa, sendo
uma personagem secundária.

Quanto à ciência:
Omnisciente: sabe tudo acerca da interioridade das
personagens.

Quanto à posição:
Subjetivo: emite a sua opinião em relação aos factos narrados.
Modos de apresentação da narrativa:
- Narração: predomina pois tratando-se de um conto, a sua ação é
breve. Predominam os verbos no pretérito perfeito e no presente, que
facilitam os momentos de avanço.

- Descrição: o narrador faz uma pausa para descrever a sua infância. O


tempo verbal predominante é o pretérito imperfeito.

- Diálogo: frases soltas do narrador, que conferem maior realismo à


ação.

Simbolismos
Simbolismo do violino
O violino simboliza a importância da arte na vida de Mestre Finezas
que dizia que a arte era tudo.

Narrativa aberta:
deixa o fim em suspenso.

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