“Mestre Finezas”
Personagem principal do conto
MESTRE Alguém que domina uma arte ou uma ciência; um especialista.
O nome da personagem sugere alguém que é exímio (mestre) numa arte que exige
delicadeza e graciosidade.
1.1. As personagens são o narrador e um barbeiro, com o nome Mestre Finezas. O narrador é
um cliente desse barbeiro.
1.2. Quanto à presença, o narrador é participante. “Agora entro, sento-me de perna
cruzada…”
2.1. a) “Agora entro, sento-me de perna cruzada” – PRESENTE; b) “Lembro-me muito
bem de como tudo se passava” – PASSADO; c) “Como o tempo corria devagar!” - PASSADO
d) “Passaram anos. Um dia, parti para os estudos. Voltei homem.” - PRESENTE
2.2. 1º momento, PRESENTE, do início até “Lembro-me muito bem de como tudo se
passava”.
2º momento, PASSADO, de “Minha mãe tinha de fingir-se zangada.” (l.5)até “Voltei
homem.”(l.45)
3º momento, PRESENTE, de “Mestre Finezas é ainda a mesma figura seca” até ao fim.
Ação
Estrutura da ação
Introdução: Carlinhos, o narrador, entra na barbearia de Mestre Finezas, revelando uma
certa intimidade com esta personagem.
Desenvolvimento: o narrador-personagem apresenta Mestre Finezas:- recordando o
tempo em que era ainda uma criança e a mãe o obrigava a ir cortar o cabelo à barbearia;-
recordando o medo que sentia pelo mestre,- revelando a admiração pelas suas atividades
de ator de teatro e de violinista;- evocando os seus momentos de fama;- entristecendo-se
com o esquecimento e abandono a que foi votado por todos;- revelando cumplicidade
mútua de confidentes;-cortando o cabelo na sua barbearia;- ouvindo-o tocar uma música
lenta e melancólica.
Conclusão: a música torna-se cada vez mais desesperada, transmitindo a ideia de toda a
dor e desolação da vida do mestre.
Personagens:
Mestre Finezas é a personagem principal deste conto, cuja vida é contada por Carlinhos,
o narrador-personagem, em dois momentos diferentes: quando o Mestre era mais novo e
o narrador uma criança (passado); depois sendo o narrador já um homem adulto e tendo
o Mestre envelhecido (presente).
Quanto ao relevo:
- principal: mestre Finezas;
- secundária: Carlinhos;
- figurantes: a vila, que funciona como uma personagem coletiva.
Quanto à conceção:
- Personagens modeladas: Mestre Finezas e Carlinhos são personagens modeladas, na
medida em que nos surpreendem pelas suas atitudes e comportamentos, revelando
densidade psicológica.
Caracterização física e psicológica:
Mestre Finezas: Mestre dos três ofícios, barbeiro, ator e violinista, o Mestre é descrito
como uma figura alta magra e severa, de “ pernas esguias, carão severo de magro, o
corpo alto, curvado (…), os braços compridos arqueados”, imagem que manteve ao longo
do tempo, com traços de velhice: “ os cabelos todos brancos”, “mãos trémulas que já mal
seguram (…) a navalha” e o “busto mirrado”. No passado foi um homem talentoso, hábil e
respeitado. O presente era uma figura entristecida, magoada, votada ao abandono, que
só vive de recordações e que transpõe para o violino toda a dor que sente.
Carlinhos: É o “único confidente” do Mestre, participando da sua mágoa com ternura e
complacência. O medo que no passado sentia, evoluiu para um sentimento de piedade, à
medida que entre eles aumenta o conhecimento e identificação. Sobre a sua própria vida,
Carlinhos resume-a em poucas palavras: saiu para estudar, mas acabou por falhar no
curso, e vive agora uma vida de marasmo e de ociosidade”, ansioso por “partir breve”.
Vila: A vila surge como personagem coletiva. Este conjunto de pessoas anónimas não
tem um papel meramente decorativo, teve grande influência na vida do Mestre,
aclamando-o como o melhor artista, para depois o votar ao maior abandono, esquecendo-
se da sua fama. Finezas diz daquelas pessoas que vivem apenas para “o negócio, a
lavoura” sem apreciarem devidamente a vida. Carlinhos deseja afastar-se da vila, pois
apenas sente indiferença, não se identificando com nada.
Tempo
Tempo do discurso: Há um desencontro entre a ordem temporal e a ordem real pela qual
os acontecimentos são narrados (anacronia). O narrador parte do tempo presente (“Agora
entro…”) para logo de seguida, evocar, através da analepse, o tempo passado (“Lembro-
me muito bem de como tudo se passava…”) e regressar ao presente (“Passaram os
anos…”).
Tempo psicológico: Quando o Mestre Finezas cortava o cabelo, Carlinhos perceciona a
passagem do tempo de forma dolorosa e interminável.
Espaço
Espaço físico
- a vila
- a barbearia
- o teatro da vila: o palco e a plateia.