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ESCOLA BÁSICA MARQUES LEITÃO

Teste de avaliação sumativa de Português - 8º Ano


EXCELENTE
SATISFAZ BASTANTE
SATISFAZ
NÃO SATISFAZ
FRACO
Nome__________________________________________
Nº: _______ Turma: ____ Data: ___/___/2019
Ass. da Professora: _________________________
Ass. do Enc. de Educação: ___________________
Grupo I
Texto A
Lê atentamente o texto, se necessária consulta o vocabulário:

5 Não sei por que Dona Luarmina chorou, quando lhe contei a história de meu velho. Se
foi ela que me pediu! Eu lhe tinha avisado da tristeza dessa memória, mas ela insistiu. Foi só
por isso que desatei as lembranças.
Meu pai se chamava Agualberto Salvo-Erro. Em tudo ele seria pessoa. Só um senão
atrapalhava sua humanidade: meu velho tinha olhos de tubarão. Não que fossem olhos de
10nascença. Aconteceu-se quando, certa vez, ele saltou do barco para salvar sua amada. Era uma
moça muito nova que ele encontrara em outras terras. Trazia-a sempre no barco, em companhia
das pescas. Fim do dia, antes de trazer o peixe à praia, meu pai encaminhava o barco para além
do horizonte para ir deixar a moça. Quem seria tal rapariga, de onde era? Mistério que ficou e
há de ficar com Agualberto.
15 Nessa tarde, meu pai pescava próximo da nossa praia. O tempo estava encabrinhado 1.
Eu apurava as vistas, tentando espreitar a figura dessa que acompanhava meu pai. Minha mãe
virava as costas ao oceano.
- Já viu o pai, lá?
Minha mãe nada não respondia. Estava ocupada nas lenhas, no fogo, no jantar. Fiquei
20assim na berma da praia, olhando o concho 2 alternando-se com o mar, visão e desaparência. Até
que, de repente, notei um vulto tombando no mar. Era a moça. Meu pai, em aflição, saltou em
socorro dela. Mergulhou na fundura das águas e ficou dentro do mar mais tempo que um peito
autoriza. Saíram os restantes barcos, em salvação. Contaram-se segundos, minutos, lágrimas,
suspiros. Só ao fim do dia, meu velho reapareceu na superfície. Já ninguém esperava que ele
25ressurgisse. Mas, para espantação e reza, meu pai golfinhou-se 3 entre as ondas e gritou como se
o céu inteiro lhe entrasse no peito. O povo clamava:
- Está vivo! Está vivo!
Os pescadores acorreram a recolher o ressurgido companheiro. Festejaram, dançando e
cantando enquanto os barcos se faziam à praia. As mulheres xiculunguelavam 4. Minha mãe
30avançou e se perfilou perante o homem. Que se passaria por detrás daquela aparência dela?
Afinal, essa mulher que meu pai tentara salvar era uma outra, rival e ilegítima. Mesmo assim ela
enfrentou meu velho. Seus olhos subiram do chão até se fixarem no rosto dele. Foi quando ela
gritou, tapando o rosto com as mãos. Os restantes se aproximaram de meu pai e um rumor se
espalhou como nuvem fria.
35 - Os olhos dele!
Sim, os olhos de Agualberto não eram os mesmos. Ninguém conseguia olhar meu pai de
frente. Porque aqueles olhos dele estavam da mesma cor do mar: azuis, de transparência
marinham. Sua humanidade estava lavada a modos de peixe.
Mia Couto, Mar me quer, Lisboa, Caminho, 2000
Vocabulário: mau; 2 barco; 3 apareceu, surgiu; 4 festejavam
Agora, responde às seguintes questões de forma clara e completa.
401. Identifica o narrador, justificando a tua resposta com elementos fornecidos pelo texto.

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2. Como classificas o narrador quanto à presença?

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45__________________________________________________________________________

3. O narrador conta esta história a alguém.

3.1 Identifica o narratário da história contada pelo narrador.

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504. Explica o sentido das seguintes expressões, referindo o que significa no contexto da história. Fá-lo
por palavras tuas, de modo correto e completo.

a) “Fiquei assim na berma da praia, olhando o concho alternando-se com o mar, visão e
desaparência.” (ll. 16-17)

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55__________________________________________________________________________
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b) “Sua humanidade estava lavada a modos de peixe.” (l.35)

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605. Atenta na frase: “(…) gritou como se o céu inteiro lhe entrasse no peito.” (ll. 22-23).

Refere o recurso expressivo nela presente e explica o seu sentido.

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6. Indica e explica como Agualberto Salvo-Erro adquiriu uma característica que o distinguia dos
65outros seres humanos.

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70
Texto B
. L ê a e n tr e v i sta .
Lê a entrevista com atenção.
Tex to B

E n c o n tro e m Á fric a
A p e s a r d e le v a r a s p e r - H o u ve u m m o m e n to d e la s . A i n d a h o j e f u i a l m o ç a r
g u n t a s e s c r it a s , B e a t r iz n ã o e s p e c ífic o e m q u e d e c id iu 75 e p e rg u n te i s e o p ra to n u n c a
c o n s e g u ia d is f a r ç a r o s n e r - s e r e s c r ito r ? m a i s s a ía , o e m p r e g a d o r e s -
v o s . A té o e n tre v is ta d o , o 40 A o s 1 4 a n o s e s c re v i u m p o n d e u - m e q u e já t in h a d it o
5 e s c r ito r m o ç a m b ic a n o M ia p o e m a p a r a o m e u p a i e e le p a r a s e «d e p r e s s a r e m » n a
C o u to , lh e p e r g u n t o u s e e s t a - e n tre g o u -o a u m a s e n h o ra c o z in h a . Es t a p a l a v r a n ã o e xis -
v a b e m . A s s im q u e c o m e ç a - q u e d e c la m a v a p o e s ia . U m 80 te e m p o r tu g u ê s . P e rc e b e m o s
ra m a c o n v e rs a r, o s n e rv o s d ia , e l a d e c i d i u l e r o p o e m a o s i g n i f ic a d o , m a s é u m e r r o .
f o r a m p a s s a n d o e B e a t r iz a t é 45 e m p ú b l i c o . Fiq u e i a t r a p a l h a - À s v e z e s o s e r r o s s ã o b o n it o s
10 s e e s q u e c e u q u e e s ta v a a d o p o rq u e a s p e s s o a s e s ta - e v a l e a p e n a a p r o v e it a r .
fa la r c o m u m d o s e s c r ito r e s v a m t o d a s a o lh a r p a r a m im ,
d e l ín g u a p o r t u g u e s a m a i s m a s n o f im f u i m u it o a p la u d i- Q u al é a sen sação de
im p o r t a n t e s , p u b lic a d o e m d o . N e s s e m o m e n to , p e rc e b i 85 te r liv ro s p u b lic a d o s e m
m a i s d e 2 0 p a ís e s . 50 q u e p o d ia d iz e r a lg u m a c o is a ta n to s p a ís e s ?
às p esso as. É c o m o s e e u tiv e s s e
15 A a v ó m a t e r n a d e B e a t r iz m u it o s filh o s , q u e t iv e s s e m
é v iz in h a d e M ia C o u t o , e m O q u e o in s p iro u a s a íd o d e c a s a , e d e r e p e n t e
M o ç a m b iq u e , p o r is s o , n ã o e s c r e v e r o s e u p r im e ir o 90 e l e s c o m e ç a m a f a l a r e m l ín -
f o i d i f íc i l a g e n d a r o e n c o n t r o . liv r o in fa n til O g a to e o g u a s q u e e u n e m s a b ia q u e
A e n t r e v is t a a c o n t e c e u n o 55 e s c u r o (2 0 0 1 )? e xis t ia m .
20 e s c r it ó r io d o a u t o r. A r e p ó r t e r Es c r e v i- o q u a s e s e m q u e -
fic o u a s a b e r q u e M ia g o s ta r e r. N ã o a c h o q u e u m e s c r it o r É d ifíc il te r id e ia s p a r a
d e t e r u m la d o d e c r ia n ç a . e s c r e v a p a r a c r ia n ç a s , q u a n d o e s c r e v e r u m liv r o ?
T a lv e z s e ja p o r is s o q u e o s e s c r e v e tra n s fo rm a -s e e le 95 É p r e c is o e s t a r a t e n t o a o s
s e u s liv r o s a g r a d a m a ta n ta 60 p r ó p r i o n u m a c r i a n ç a . Es s e o u tr o s , o u v ir o s o u tr o s . A s
25 g e n te . r e g r e s s o à in f â n c ia é q u e f a z p e s s o a s e s t ã o c h e ia s d e h is -
c o m q u e o e s c r ito r t e n h a tó r ia s , a s p e s s o a s s ã o , e la s
M ia C o u to é a lc u n h a v o n t a d e d e c o n t a r h is t ó r ia s . p r ó p r ia s , u m a h is t ó r ia .
o u n o m e v e r d a d e ir o ?
É m e io v e r d a d e ir o , f o i o 65 Com o é qu e consegue 100 Ta m b é m s e s e n te p o r-
n o m e q u e d e i a m im p r ó p r io , i n v e n t a r p a l a v r a s e f a ze r tu g u ê s ?
30 q u a n d o t in h a 2 a n o s . D is s e c o m q u e e la s f iq u e m u m À s v e z e s s in t o q u e s o u
a o s m e u s p a is q u e q u e ir a p o u c o e s q u is ita s ? u m a m is tu r a , u m a e s p é c ie
c h a m a r - m e M ia , p o r c a u s a N ã o in v e n to p a la v ra s . d e m u la t o . D e n a c io n a lid a d e
d o s g a t o s . A p a r t ir d a í f ic o u o 70 D e s c u b r o - a s , o q u e é d if e r e n - 105 s o u m o ç a m b ic a n o , m a s t a m -
m e u n o m e . N o B .I . c h a m o - te . É c o m o s e a s p a la v r a s já b é m te n h o a m in h a p a r te
35 - m e A n t ó n i o Em íl i o L e i t e e s t iv e s s e m lá , e e u s ó t i r a s s e p o rtu g u e s a .
V i s ã o Jú n io r , n .o 8 8
C o u to . a p o e ir a q u e e s tá e m c im a s e te m b ro d e 2 0 1 1

757. Completa a tabela com informação retirada da entrevista.


Entrevistador
Entrevistado (nome completo)
Nacionalidade
Local onde decorreu a entrevista
Primeiro livro infantil que escreveu
Característica da linguagem dos seus livros
Inspiração
L a Luísa Pleno Rajão, abril de 2011
5

8. Por que motivo o escritor diz que o nome Mia Couto «é meio verdadeiro»?
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
80
9. Faz a correspondência.

a. Mia Couto considera 1. regressa à sua infância.


85
b. Ao escrever, o escritor 2. mas sim erros que se percebem.

c. As palavras que usa não são inventadas, 3. tem vontade de contar histórias.

d. Ao tornar-se numa criança 4. que os seus livros são como filhos.

e. Apesar de não ser português, 5. também se sente português.


90

Grupo II

1. Lê com atenção o excerto que se segue.

95Não sei por que Dona Luarmina chorou, quando lhe contei a história de meu velho. Se foi ela que me
pediu! Eu lhe tinha avisado da tristeza dessa memória, mas ela insistiu. Foi só por isso que desatei as
lembranças. Meu pai se chamava Agualberto Salvo-Erro. Em tudo ele seria pessoa. Só um senão
atrapalhava sua humanidade: meu velho tinha olhos de tubarão. […]

1.1 Encontra as marcas de português de Moçambique solicitadas:

100a) utilização do pronome -lhe em lugar do pronome -o:

_____________________________________________________________________________

b) Anteposição do pronome pessoal átono:

_____________________________________________________________________________

2. Classifica as orações subordinadas sublinhadas.

105a) Dona Luarmina chorou, quando lhe contei a história do meu velho.

_____________________________________________________________________________

b) Fim do dia, antes de trazer o peixe à praia, meu pai encaminhava o barco para além do horizonte
para ir deixar a moça.

110_____________________________________________________________________________

c) Mas, para espantação e reza, meu pai golfinhou-se entre as ondas e gritou como se o céu inteiro
lhe entrasse no peito.

_____________________________________________________________________________
115 Nome:_______________________ Turma_____

3. Identifica as funções sintáticas dos constituintes, das frases, sublinhados.

a) Dona Luarmina chorou, quando lhe contei a história do meu velho.

_______________________________________________________________________

120b) Em tudo ele seria pessoa.


_______________________________________________________________________

c) Só um senão atrapalhava a sua humanidade.

_______________________________________________________________________

4. Pronominaliza (coloca o respetivo pronome) os complementos sublinhados. Reescreve as


125frases e faz as alterações necessárias.

a) Zeca contou a história a Dona Luarmina.

_______________________________________________________________________

b) Agualberto não salvou a sua amada.

_______________________________________________________________________

130c) Zeca perguntou à mãe se já tinha visto o pai no mar.


_______________________________________________________________________

f) O pai perderá o juízo.

_______________________________________________________________________

5. Completa cada uma das frases seguintes com a forma adequada do verbo entre parênteses.
135
A. Espero que ele _____________ (saber) que tem uma imaginação prodigiosa.

B. Se o Pedro não ___________ (ter) este sonho desde pequeno, não faria tantos sacrifícios.

140C. Ainda que _____________ (haver) pessoas que pensem o contrário, devemos seguir os nossos sonhos.

145 FIM

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