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Bichos" de Miguel Torga é um universo desenhado em catorze contos,

onde humanos e animais partilham características e também as


vicissitudes da vida, colocando questões fundamentais sobre a
sociedade e a própria existência.

Este clássico da literatura portuguesa, foi publicado pela primeira vez em 1940. Cada um
dos catorze contos tem uma personagem: um animal humanizado ou um humano que é
quase animal e todos vivem em luta com a natureza, Deus ou consigo mesmo.

Diferentes entre si nas suas particularidades, estes “bichos”, animais e humanos, estão
todos na mesma “Arca de Noé”, a terra mãe, irmanados numa luta igual pela vida e pela
liberdade. As suas histórias, apelam à  interpretação porque representam dilemas muito
humanos mas partilhados quer pelos homens quer pelos animais.  O Homem é, neste livro,
mais um bicho entre os outros e não ocupa um lugar privilegiado na criação.

Para Miguel Torga, a evolução afastou o Homem da natureza, condenando-o à perdição e,


viaja com “Bichos” em busca da sua essência selvagem, da pureza dos instintos, pondo em
causa Deus, liberdade, sociedade e a relação do individuo com elas.

O Conto intitula-se Bambo, pois é o nome do sapo que é o protagonista da história. Bambo
caracteriza um ser frágil sem força nem firmeza

Neste conto, através do nascimento de uma amizade entre um camponês, o tio Arruda e um
sapo, Bambo, vemos que a amizade é sempre possível apesar das diferenças que possam
existir.

Este conto pretende transmitir também que cada um de nós deve-se tentar descobrir,
patente na frase “Cada um de nós é um enigma, que a maior parte das vezes fica por
decifrar.”

Neste conto o tio Arruda descobre com a ajuda do sapo que gosta da natureza.

Neste conto o autor critica os Homens ignorantes que viram as costas à natureza, alguns
são caracterizados como máquinas seguindo um destino e sem pensarem no que fazem
“Ricos e pobres nem no brilho do sol reparavam. Comiam, bebiam e cavavam leiras, numa
resignação de condenados.” Aqui, um pequeno sapo, que só se deixa ver depois do sol pôr
leva o tio arruda a perceber alguns valores da vida, como tomar conta da natureza e não
tirar a vida sem razão. Distingue-se do filho do caseiro novo que representa a sociedade em
geral com toda a sua insensibilidade e incapacidade de dialogar com o outro diferente, por
isso mais tarde, acaba por matar Bambo sem razão.
É uma pena as pessoas não saberem lidar com a diferença, reagindo de forma muito
negativa, aniquilando-a.

A mensgem do conto é ainda muito atual, porque podemos aprender muito com pessoas
diferentes e amizade não tem barreiras. As pessoas continuam a julgar as outras sem as
conhecer.

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