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nº 98 • ABRIL de 2011

Distribuição gratuita aos sócios STAL


Votar
pela
mudança
Não ao FMI
No próximo dia 5 de Junho, os trabalhadores e
todos os portugueses em geral têm a oportunidade
de condenar nas urnas os partidos responsáveis pela
situação nacional, e manifestar a sua firme oposição
à inadmissível ingerência do FMI e das instâncias
europeias na governação do País.
Págs. 2-3

É possível abrir concursos


Regularizar precários
As autarquias podem legalmente abrir concursos
de recrutamento e regularizar vínculos precários.
Pág. 4

Alteração dos estatutos do STAL


Assembleia Geral
de Associados 18 de Maio
No dia 18 de Maio, os asso-
ação STAL
Alter atutos do de Maio
ciados do STAL são chamados
os.
Artigo 82.º

st
(eliminado)
dos e 18
e Horta, res-

a votar a alteração de Estatutos


Angra do Heroísmoda Comissão

bleia proposta pela Direcção Nacio-


e de 4 em São Miguel, membro
a Assembleia ente, e pelo ha a região.
artigo 37º Maio realiza-se para votação pectivam
No dia 18 de os do STAL nte que acompan r esta alte-
Di- Permane se procurou aproveita s
Geral de Associad proposta pela Porque reflectir as mudança
de Estatutos matérias, estatutária para al-
da alteração que, entre outras cia de anos,

m
do ração e e a experien , de
recção Nacional redefiniç ão dos órgãos

e
da sociedad ainda alteração
uma matérias sofrem de institucionaliza-

s
procede a
com gumas

s
Sindicato. s prendem-se ao que é o caso a proposta cia, que nos es-

A
Artigo 83.º s proposta s da Conferên
As alteraçõe os estatuto ção da figura tem qual-
de adequar mente alte- em vigor não
a necessid ade actualmente e agora se
existente, profunda o, tatutos de reunião

l de
quadro legal Setembr riedade
ores
59/2008, de
11 de
órgãos quer
obrigato mente no tercei-
(eliminado) rado pela Lei no que concerne aos reúna ordinaria riamente
ionais de propõe que mandato (estatuta
particularmente ção. ro ano de cada

Gera
Sindi- ia,
e à sua composi Direcção Nacional do são quatro). -se tornar obrigatór
a s são alte- o de
Assim, quer Na prática pretende , a realizaçã
Direcções Regionaimembros. A

nal que, entre outras matérias,


cato quer as em cada mandato do traba-
ção dos seus , uma vez ampla envolven
ARTIGO 84.º radas na composi a contar com
125 membros reunião mais torno das grandes ques-
primeira passa é de 35, uma em

dos procede a uma redefinição dos


nte esse número lhadores eleitos, sector e da
organiza-
quando actualme ialmente o nú- tões reivindicativas do
Açores também substanc s Regionais. Sindicato.
aumentando das Direcçõe nte ção do da liberdade
sindical

a
(elliminado) mero de membros órgãos, que actualme a o princípio as questões

i
Também incluir
r o STAL no estes , passand o
a
No entanto, por mês, passam o sexu-

c
na Região regra uma vez por é alterado nacionalidade e orientaçã já
reúnem em duas vezes

o
ntes Estatutos ordinariamente Sindi- do
género, se retira, porque a-
tempo que

Ass
. reunir apenas gestão mais regular do e al, ao mesmo a salvaguarda da sindicalizmi-
ano, ficando
a o Executiva sária, ento do serviço
de uma Comissã co- desneces de cumprim
adora Regional cato a cargo aí se formem, ção em caso
restritos que e a comissão litar obrigatório.
ma: órgãos mais o secretariado esta proposta
a que com pas-
mo por exemplo O STAL consider ia é dado mais um
cção Regional de permane
ntes. actualmen- estatutár , garan-
Geral, que reúne de alteração ento do Sindicato
Já o Conselho , é extinto, passan- so para a fortalecim ticidade e unidade
na-
130 membros a serem de-
te cerca de democra s fundamentais

órgãos do Sindicato.
Nacionais.
l as suas funções . tindo a sua os princípio -
do no essencia Nacional como um sindicalis
pela Direcção - cional, bem particularmenterevolucio nário,
sempenhadas lei, a Comissão de Fiscaliza que o regem,
Por força da -se Conselho mo de classe e de massas,
passa a designar e
ção e contas passo que a Mesa da Assem- reivindicativo e solidário. das mesas fixas
fiscalizador,
ao eias Re- constituí que
das Assembl No dia 18 serão de trabalho,
bleia Geral
e as Mesas ão e com- diversos locais as junto dos
a actual designaç volantes nos a ser divulgad
gionais mantêm entretanto estão
posição. ção é clarifica- associados. ntal para

Caderno especial
da organiza de todos é fundame
Ainda no plano da Coordenadora Regional A participação do STAL
ção o e a vitalidade
da a constitui que seja compos-
propondo-se es da a afirmaçã !
dos Açores, da região integrant mem- Participa
ta pelos membros Nacional, por um de Vota!
Comissão Executiva Direcçõe s Regionais
uma das
bro de cada

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47
2 jornal do STAL ABRIL 2011

Tempo de luta, de unidade e determinação

Mudar de rumo,
dizer não ao FMI
A demissão de José Sócrates e do
seu Governo PS constitui o «resultado
do intenso combate travado pelos
trabalhadores e os seus sindicatos de
classe contra as políticas de direita
levadas a cabo ao longo dos últimos
anos e não pode deixar de ser encarada
como a falência total das receitas
neoliberais para solucionar a crise do
capitalismo.»

R
eunido no dia 15 de Abril, o Con-
selho Geral do STAL salientou
desta forma a acção decisiva
dos trabalhadores no combate às polí-
ticas anti-sociais e anti-laborais, dando
particular relevo à manifestação nacio-
nal da CGTP-IN de 19 de Março, que
juntou mais de 300 mil trabalhadores
numa poderosa jornada de indignação
e de protesto.
O Sindicato alertou para iminência de
novos e fortíssimos ataques contra os
trabalhadores e as camadas mais des-
favorecidas da população – a coberto da intolerável ingerência nos assuntos mentação das leis laborais e pelo aumen- ção das relações de trabalho e políticas
nacionais das instâncias europeias e to da precariedade, seja pela intensifica- de baixos salários.»
do Fundo Monetário Internacional – su- ção do processo privatizador de serviços

Acção nos locais blinhando a necessidade de os traba-


lhadores, nas comemorações do 25 de
públicos essenciais.»
Aos sucessivos PEC junta-se agora o
Lutar por um Abril
de novo

de trabalho
Abril e do 1.º de Maio, e em especial nas inadmissível pedido de ajuda financeira
eleições de 5 de Junho, manifestarem a à União Europeia e ao FMI, decisão que O STAL assinala que os trabalhado-
sua firme oposição à intervenção do FMI o STAL condenou de imediato (ver cai- res da Administração Pública/Admi-
O Conselho Geral do STAL apelou ao reforço da em Portugal e rejeitarem de forma cla- xa) e que implica mais sacrifícios para nistração Local são de novo os alvos
intervenção nos locais de trabalho, designadamente ra «as investidas da direita e da agenda os mesmos de sempre – os trabalha- preferenciais das políticas anti-sociais
ao nível da contratação colectiva, com a discussão neoliberal». dores e as camadas mais desfavoreci- preconizadas pelos partidos do arco
e aprovação de cadernos reivindicativos que pro- O Sindicato apela ainda aos traba- das da população – designadamente: do poder, os quais se preparam para,
curem dar resposta aos principais problemas dos lhadores para que expressem a sua redução dos salários, aumento dos a seguir às eleições, promover mais
trabalhadores, seja nas autarquias locais, no sector identificação com os «valores de Abril» impostos, novos ataques aos direitos, despedimentos, reduzir salários, pres-
empresarial ou nas associações de bombeiros. e exijam «propostas efectivas para uma agravamento da precariedade laboral, tações sociais, despesas de saúde e
O STAL considera que a insistência do Governo mudança de rumo e de saída da crise», aumento do desemprego, alargamento educação.
em querer participar nas negociações dos acordos recusando as «“inevitabilidades” que das privatizações. Neste quadro, «é preciso afirmar e
de entidade empregadora (ACEP) viola grosseira- nos querem impor.» O Conselho Geral do STAL reafirma intensificar a luta por um modelo de
mente o princípio constitucional da autonomia do que «é preciso intensificar o combate sociedade diferente, que respeite o tra-
poder local e a liberdade de contratação colectiva. Mais sacrifícios não! contra estas medidas que, ao invés de balho e os trabalhadores, promova em-
O reforço do trabalho da estrutura sindical passa resolverem os problemas económicos prego seguro e com direitos, a justiça
pela realização de uma forte campanha de esclare- Ao contrário do que o Governo, a di- que o País atravessa, antes irão pro- social e serviços públicos de qualidade
cimento e mobilização dos trabalhadores em torno reita e os comentadores ao serviço do vocar graves consequências sociais e para todos – uma sociedade à qual o
dos salários, do direito à contratação colectiva, de capital afirmam, a situação em que o económicas no âmbito local e nacional, 25 de Abril de 1974 abriu perspectivas
melhores condições de trabalho, contra a precarie- País se encontra é o resultado das polí- seja pela diminuição drástica do con- que foram sendo defraudadas pelos
dade e os despedimentos. ticas de direita levadas a cabo ao longo sumo dos trabalhadores e das famílias sucessivos governos ao longo das três
Preparar, discutir e aprovar cadernos reivindicativos das últimas décadas pelos partidos que portuguesas, particularmente no aces- décadas e meia».
locais; aumentar a sindicalização; renovar e reforçar a têm estado no poder (PS, PSD e CDS), so aos bens de primeira necessidade, O Conselho Geral sublinha que «não
estrutura sindical – são três orientações fundamen- «assentes em consecutivos ataques aos no acesso aos serviços de saúde e existem inevitabilidades mas sim op-
tais para a intervenção nos locais de trabalho. direitos e aos salários das trabalhadoras educação, seja pelo aumento do de- ções e na sociedade portuguesa há for-
e dos trabalhadores, seja pela desregula- semprego, da fragilização e flexibiliza- ças políticas e sociais, nomeadamente
ABRIL 2011 jornal do STAL 3

Editorial

A nossa vez
A s eleições legislativas antecipadas de 5 de Junho
constituem uma oportunidade para os trabalhadores
e o povo português em geral sancionarem os partidos que,
ao longo das últimas três décadas e meia, são responsáveis
pela destruição das conquistas sociais e económicas alcan-
çadas com o 25 de Abril de 1974, e pela sujeição do País ao
capital estrangeiro, através de actos sucessivos que hipote-
caram a soberania e independência nacionais.

A demissão do governo minoritário PS/Sócrates, após


ano e meio de mandato, fica ligada ao chumbo na As-
sembleia da República, a 23 de Março, do quarto pacote
consecutivo de austeridade, o chamado PEC IV. Mas essa
crise política, na realidade suscitada pelo próprio governo,
a CGTP-IN, que há muito vêm apon- foi apenas a causa próxima e o pretexto para tentar renovar,
tando soluções justas e realistas para Por uma política de esquerda por via de eleições, uma legitimidade cada vez mais esbo-
roada pela luta das amplas massas.
Não à ingerência externa
o combate à crise, soluções essas que
passam por caminhos diametralmente A história recente mostra-nos que os partidos do arco do
opostos aos que o PS, PSD, CDS e o poder (PS, PSD e CDS), partilhando os mesmos interesses
capital nos pretendem impor.» As eleições legislativas de dia dos trabalhadores e da popula- e objectivos de classe, estiveram sempre juntos quando se
5 de Junho devem ser encaradas ção em geral. tratou de destruir as conquistas da revolução de Abril, ata-
Propostas urgentes como «um efectivo terreno de A unanimidade dos três partidos car direitos sociais e laborais e desmantelar o aparelho pro-
luta dos trabalhadores da Admi- referidos em torno desta questão dutivo, entregando ao capital privado os sectores estraté-
Nesse sentido, o Conselho Geral nistração Local». A gravidade da demonstra a sua total subordina- gicos nacionalizados da economia, que não tardaram a ser
renovou um conjunto de medidas que situação actual exige uma opção ção aos interesses egoístas da vendidos a retalho ou por atacado ao capital estrangeiro.
têm sido defendidas pelo Sindicato e clara e consciente por «projectos banca e do sector financeiro, em
Os resultados desta política ruinosa – à sombra da qual um
constituem um objectivo central na luta políticos que defendam firme e detrimento do interesse geral e da
punhado de famílias e apaniguados foram engordando – estão
dos trabalhadores: consequente uma ruptura com o soberania nacional.
hoje à vista de todos. Todavia, depois de terem levado o Esta-
- Uma política que aposte na produ- caminho neoliberal que tem vin- O STAL salienta que esta in-
ção e no desenvolvimento; que comba- do a ser seguido e apostem na tenção «é absolutamente con-
do à bancarrota e o povo à pobreza, o grande capital e os parti-
ta a economia clandestina, a fraude e construção de um Portugal mais trária aos interesses do País dos que o servem, alijando responsabilidades, não hesitam em
a fuga fiscal, que valorize o trabalho e justo e mais solidário». e dos trabalhadores, pelo que apelar ao patriotismo dos trabalhadores, à necessidade de mais
os trabalhadores, que dignifique o em- Nestas eleições, os trabalha- tudo fará para a combater. É sacrifícios, agora em nome da salvação de Portugal.

O
prego os salários e as carreiras profis- dores não podem caucionar a in- inaceitável que mais uma vez
sionais. tervenção do Fundo Europeu de se preparem novos e mais gra- s trabalhadores não têm lições de patriotismo a re-
- Uma política que valorize o papel Estabilização e do Fundo Mone- ves sacrifícios para os trabalha- ceber destes falsos «patriotas» que, tendo penhorado
das autarquias como parceiro de de- tário Internacional, já solicitada dores, enquanto os principais o País em seu proveito, o querem entregar aos abutres do
senvolvimento e potenciador de em- pelo governo PS, com o apoio causadores da crise – a banca Fundo Monetário Internacional.
prego, que valorize o emprego e os tra- explícito do PSD e CDS. e o grande sector financeiro – E é também em nome desse estranho «patriotismo» que os
balhadores e atenda às necessidades e A ingerência destes organis- continuam a usufruir de escan- três partidos da política de direita se preparam para pros-
anseios das jovens gerações. mos controlados pelas grandes dalosos incentivos e benefícios seguir juntos o programa antipopular e de ruína nacional,
- Uma política que promova a forma- potências imperialistas traduzir- fiscais e a beneficiar com a si-
espaldados na intolerável ingerência estrangeira das insti-
ção e a qualificação, a valorização dos se-á em mais duras medidas de tuação do País, como agora irá
tuições controladas pelas potências imperialistas.
salários a defesa dos direitos e a con- austeridade, que terão graves acontecer caso se venha a con-
É sabido que os trabalhadores têm um elevado sentido pa-
tratação colectiva como impulsionado- consequências para a maioria cretizar a ajuda externa.»
res dinâmicos do progresso social.
triótico, mas não podem deixar-se iludir por estes filisteus
que sempre recusaram soluções efectivas propostas pela
CGTP-IN e pelo movimento sindical. Pedir mais sacri-
fícios significa condenar largas camadas da população à
mais indigente miséria. É preciso dizer basta!

P or isso, nas próximas eleições, o voto dos trabalhado-


res é uma arma que deve ser usada para:
• Condenar aqueles que têm sido os responsáveis políticos
pela situação em que nos encontramos – PS, PSD e CDS-
PP, inviabilizar a sua permanência no poder, sozinhos ou
coligados, bem como recusar a ingerência do FMI.
• Criar condições para uma mudança profunda na vida na-
cional, que abra caminho a uma política verdadeiramen-
te patriótica e de esquerda, apostada no desenvolvimento
económico e social, na criação de emprego com direitos e
salários dignos, na promoção de serviços públicos de qua-
lidade, no combate à corrupção, evasão fiscal e na taxação
dos lucros e das grandes fortunas.
4 jornal do STAL ABRIL 2011

Turnos Consultório Jurídico ✓ José Torres


global dos recursos humanos da autarquia
em que o serviço se integra;

e trabalho - Impossibilidade de ocupação dos postos


de trabalho em causa mediante o recurso a

nocturno Recrutamento em 2011 trabalhadores já vinculados em regime de


contrato de trabalho por tempo indetermina-

Câmara
Autarquias podem
do ou recurso a pessoal colocado em situa-
ção de mobilidade especial.
Satisfeitos os referidos requisitos, compete

condenada aos órgãos executivos aprovar a abertura dos

abrir concursos
concursos em causa.

a pagar Posteriormente, o atrás referido artigo


43.º da Lei do Orçamento de Estado regulou
também esta matéria, referindo-se especial-
O Tribunal Administrativo e mente às autarquias que se encontrem em
Fiscal de Penafiel condenou a Apesar das gravíssimas situação de desequilíbrio financeiro estrutu-
Câmara de Castelo de Paiva a restrições impostas pelo ral ou de ruptura financeira, bem como às
pagar os subsídios por traba- autarquias que ainda não tenham sido de-
Governo, as autarquias
lho nocturno e por turnos a um claradas naquela situação, mas cujo endivi-
conjunto de trabalhadores do
continuam a ter a damento liquido seja superior ao limite legal
serviço da recolha de resíduos possibilidade legal de abrir de endividamento em 2010.
da autarquia. concursos de recrutamento E, para essas autarquias, impõe precisa-
Os nove trabalhadores em para suprir carências de mente a observância de requisitos iguais aos
causa prestaram trabalho noc- atrás mencionados, com a única diferença de
pessoal, bem como para
turno entre 1 de Outubro de O combate contra a precariedade nas que a abertura de concursos carece de auto-
2002 e 8 de Março de 2006,
regularizar vínculos precários autarquias passa pela exigência da rização dos membros do governo responsá-
sem nunca terem recebido o que preenchem funções abertura de concursos
veis pelas Finanças e Administração Local,
correspondente suplemento re- permanentes. se existisse a proibição absoluta, mesmo em enquanto que, para as restantes, como dis-
muneratório. situações em que a lei o impõe ou se torna ab- semos, essa autorização, pertence aos ór-

O
Em Março de 2006, a autar- chamado PEC II (Lei 12-A/2010, de solutamente imperioso ocupar postos de tra- gãos executivos.
quia impôs-lhes um regime ro- 30/6) e o Orçamento do Estado de balho indispensáveis à prestação de serviços Aliás, e para que não restem dúvidas, o
tativo de três turnos, mas limi- 2011 (Lei 55-A/2010, de 31/12) vie- públicos essenciais para a comunidade. citado artigo 43.º da Lei do Orçamento de
tou-se a atribuir-lhes o subsídio ram cimentar e agravar um conjunto de nor- Mas, como dissemos, tal proibição não Estado determina, no seu n.º 8, que para as
por trabalho nocturno, situação mas extremamente redutoras dos direitos existe, como manifestamente se conclui restantes autarquias, isto é, para aquelas que
à qual o tribunal veio agora pôr dos trabalhadores, em que sobressaem a im- do disposto no artigo 10.º da citada Lei não se encontrem na aludida situação finan-
cobro, dando razão à acção in- posição dos famigerados cortes remunerató- 12-A/2010, conjugado com o artigo 43.º da ceira, aplica-se o disposto no mencionado
terposta com o apoio do STAL. rios e outras gravíssimas perversões que, na também referida Lei do Orçamento do Es- artigo 10.º da Lei 12-A/2010.
Desta forma, ao município nossa opinião, afrontam de forma inimaginá- tado. Posto isto conclui-se, de forma incontro-
foi dado o prazo de três meses vel princípios básicos consagrados na Cons- versa, que é perfeitamente possível que as
para saldar os montantes em tituição da República. Requisitos exigidos autarquias procedam ao recrutamento de
dívida, acrescidos de juros de Em simultâneo, aquelas leis introduziram pessoal, sempre que necessário, desde que
mora. uma série de regras que restringem forte- Assim, o referido artigo 10.º estatui a proi- esse procedimento seja devidamente autori-
mente o recrutamento de trabalhadores para bição genérica de admissões para a Admi- zado e fundamentado com o preenchimento
a Administração Pública, incluindo a Admi- nistração Local, estabelecendo, no entanto, dos requisitos atrás descritos.
Oliveira do Bairro nistração Local, sem no entanto, ao contrário
do que alguns responsáveis alegam, se che-
excepções, desde que devidamente funda-
mentadas, mediante o preenchimento dos
A este propósito, não podemos deixar de
sublinhar a importância destes procedimen-

Queixa-crime gar ao ponto da proibição absoluta de aber-


tura de concursos.
requisitos cumulativos, expressamente enun-
ciados no seu n.º 2, de que se releva:
tos concursais (sempre que outras normas
específicas por processo de regularização

contra edil Efectivamente, na Administração Local,


surgem com frequência interpretações ainda
mais negativas do que o disposto na lei, que
- Fundamentação na existência de rele-
vante interesse público no recrutamento,
ponderada a eventual carência dos recursos
não se apliquem), especialmente nos casos
em que visam a regularização de situações
de contratos de natureza precária que, na
A Direcção Regional de são invocadas para a recusa de abertura de humanos no sector de actividade a que se realidade, correspondem ao desempenho de
Aveiro do STAL apresentou concursos de recrutamento de pessoal, como destina o recrutamento, bem com a evolução funções de natureza permanente.
queixa-crime contra o presi-
dente da Câmara de Oliveira
do Bairro, Mário João Oliveira,
por tentativa de condiciona-
mento da liberdade sindical.
Mais benefícios para associados
Os factos remontam a No- Fruto de um esforço constan- tivas e de 15 a 31 de Agosto em rastreio gratuito visual e auditi- Futurbrain – com actividade
vembro último, quando o Sin- te para oferecer aos associados ambos). Também os tratamentos vo. O Instituto Visão tem sede na área da formação profissional,
dicato realizou plenários no descontos e benefícios na aquisi- de SPA beneficiam do mesmo na Praça Teófilo de Braga, n.5 C, esta empresa proporciona aos
âmbito da preparação da gre- ção de bens e serviços, a Direc- desconto (excepto nas datas e Alfornelos, 2650-074, Amadora. associados descontos nunca in-
ve geral (ver Jornal do STAL ção Nacional do STAL assinou períodos atrás indicados), bem Activa – Nesta empresa de feriores a dez por cento, variando
n.º97). Na ocasião, face à re- recentemente novos protoco- como os bilhetes para o Parque apoio domiciliário, os associa- consoante os cursos pretendi-
cusa de cedência de instala- los com as seguintes empresas: Aquático Mariparque, aberto en- dos do STAL têm descontos dos. Entre outras propostas, este
ções, os trabalhadores foram Hotéis Cristal – os associados tre 15 de Junho e 5 de Setembro. entre cinco e dez por cento em centro de formação disponibiliza
obrigados a reunir num corre- beneficiam de descontos de 10 Instituto Visão + – o protocolo serviços de apoio domiciliários; formação inicial ou contínua para
dor. Mas mesmo aí foram in- por cento no alojamento em regi- com o STAL garante descontos de cinco por cento na aquisição motoristas de pesados; qualifica-
terrompidos por Mário João me de pequeno-almoço nas se- de 20 por cento na aquisição de e aluguer de material ortopédi- ção de mediadores de Seguros;
Oliveira, que, demonstrando guintes unidades hoteleiras: Hotel armações, lentes oftálmicas e de co; de entre cinco e 20 por cen- Regulamentação laboral na Admi-
conviver mal com a democra- Cristal Caldas e Hotel cristal Ma- contacto, incluindo os respecti- to em serviços de fisioterapia/ nistração Local; Saúde, Higiene e
cia, ameaçou chamar a GNR rinha (excepto datas festivas em vos produtos de manutenção, e enfermagem, bem como em ser- Segurança no Trabalho, Línguas,
para acabar com o barulho, ambos); Hotel Cristal Vieira Praia 15 por cento em óculos de Sol. viços de Baby Sitting. A Activa etc. A Futurbrain tem sede na Av.
pondo em causa o direito de & SPA e Hotel Cristal Vieira Praia Os associados têm ainda priori- tem sede na R. D. José Cordeiro, Gen. Humberto Delgado, 103, 2.º,
reunião dos trabalhadores. Resort & SPA (excepto datas fes- dade na marcação de consultas, n.512 – Forca 3800-003 Aveiro. Sala C, 4480-905, Vila Conde.
ABRIL 2011 jornal do STAL 5

A quem Milhares de jovens contra a precariedade

Queremos trabalho,
aproveita
o FMI?

exigimos direitos!
Foi a partir da última intervenção
do FMI em Portugal (1983-84), que
se iniciaram, com Cavaco Silva, as
privatizações em larga escala das
empresas públicas, perdendo o
Estado instrumentos importantes
de política macroeconómica, e
passando o poder económico Quatro dias depois das
a dominar o poder político e comemorações, em 28 de
a condicionar toda a política Março, do Dia Nacional
económica do País.
Pode-se mesmo dizer que a
da Juventude, milhares de
situação actual do Pais resulta de jovens desfilaram pelas
uma política económica orientada ruas da baixa lisboeta,
para servir os objectivos desses numa acção promovida
grupos de elevados lucros. Para pela Interjovem/CGTP-
o conseguir, face ao crescimento IN, contra o desemprego,
anémico da economia portuguesa,
o País – o Estado, as empresas
a precariedade e os
e as famílias endividaram-se baixos salários, que
profundamente. afectam particularmente
Como consequência deste a juventude.
crescimento anémico, associado

C
à desindustrialização do País e à om pontos de concentração
destruição da agricultura e pescas e de partida no Intendente
Os jovens
nacionais, no período 2000-2010, (sector privado) e no Cais do No final intervieram o coordena- do que a mesma hora de um traba-
trabalhadores
Portugal importou bens no valor Sodré (administração pública), os dor nacional da Interjovem, Valter lhador com vínculo efectivo». das autarquias
astronómico de 565 475 milhões manifestantes encontraram-se na Lóios, que também é dirigente re- Por outro lado, ainda segundo a organizados
de euros (mais do triplo do valor Praça da Figueira, confluindo de- gional do STAL, e o secretário-geral Interjovem, o desemprego atinge no STALJovem
do PIB), tendo exportado bens no pois para a Rua do Carmo, onde fo- da CGTP-IN, Manuel Carvalho da mais de 287 mil jovens, ou seja, estiveram
presentes na
valor de apenas 356 918 milhões ram feitas várias intervenções. Silva, tendo sido ainda aprovada uma taxa que ronda os 16 por cen-
manifestação de
de euros. O desfile, em que se integraram uma moção por unanimidade. to, agravando-se para 23 por cento dia 1 de Abril
A dívida total directa do Estado, os jovens trabalhadores das autar- no escalão etário até aos 25 anos.
que inclui a dívida externa e quias, organizados no STALJovem, Precários e mal pagos E para além destes números es-
interna, aumentou 139,6 por foi encabeçado por uma faixa com candalosos há ainda «mais de 300
cento, correspondendo a 90,1 a inscrição «Exigimos e lutamos, Como recordou Valter Lóios, dos mil jovens que não trabalham nem
por cento do PIB em 2010. O Mudar de Rumo, Nova Política». 900 mil trabalhadores com contratos estudam»
endividamento dos particulares, Dezenas de outros panos e pa- precários, mais de 500 mil são jo- Ora, dispondo de um tal exército
que correspondia, em 1997, lavras de ordem condenavam a vens com menos de 35 anos. A isto de reserva de força de trabalho, as
a 41 por cento do PIB e o precariedade laboral, os contratos acresce o facto de que uma grande empresas e outras entidades em-
das empresas não financeiras a prazo e os falsos recibos verdes, parte dos mais de 800 mil trabalha- pregadoras continuam impunemen-
a cerca de 75 por cento do exigiam empregos estáveis e sa- dores ditos independentes ou por te a aumentar a pressão sobre os
PIB, passaram, em 2010, lários dignos – em suma, o direito conta própria são na realidade fal- salários e restringir os direitos labo-
respectivamente, para 97 por das novas gerações a construir um sos recibos verdes. A que se deve o rais. Por isso, só a luta consciente
cento do PIB (128% do seu futuro melhor. E como isso passa alastramento da precariedade? Para dos trabalhadores, exigindo novas
rendimento disponível), e para os necessariamente pela alteração das a Interjovem a principal razão é a re- políticas económicas e sociais, po-
112 por cento do PIB. políticas no País, os manifestantes dução dos custos de mão-de-obra, derá travar a deterioração contínua
Em resultado desta política não se cansaram de repetir que notando que «a hora de trabalho de das condições de vida e abrir pers-
de favorecimento dos grupos exigem «mudança, não queremos um trabalhador com vínculo precário pectivas de uma vida melhor às no-
económicos, contrária alternância». custa cerca de menos 40 por cento vas gerações.
aos interesses da maioria

Liberdade sindical defendida


da população, o Governo
demissionário do PS, com o
apoio do PSD e CDS, pediu a
intervenção do FMI, UE e BCE,
que se traduzirá na degradação O tribunal absolveu, dia 14 cal da concentração, os partici- Manuel Marques foi acusado do Em declarações à imprensa
intolerável da vida dos de Fevereiro, o dirigente na- pantes foram inexplicavelmente crime de desobediência às au- no final do julgamento, José
portugueses. Para que servem cional do STAL, José Manuel travados por um cordão policial. toridades, por alegadamente ter Manuel Marques lembrou que
os sacrifícios exigidos? Para Marques, que foi abusivamen- Perante os protestos, os rompido o cordão de segurança, o processo não era contra os
que o Estado possa novamente te detido, juntamente com o agentes agrediram várias pes- e de desobediência à dispersão. agentes da PSP, que sofrem
capitalizar a Banca, a qual, dirigente da FENPROF, Marco soas e detiveram José Manuel O tribunal não deu como eles próprios as consequên-
dizendo-se de «boa saúde», já se Rosa, no final do plenário da Marques e Marco Rosa, al- provada a primeira acusa- cias da política arrogante e
sabe que vai absorver boa parte Frente Comum realizado, dia gemando este último e con- ção e considerou a segunda agressiva do Governo PS, e
do empréstimo de mais de 80 mil 18 de Janeiro, junto à residên- duzindo ambos à esquadra. sem fundamento, já que os in- responsabilizou quem «dá or-
milhões de euros. cia oficial do primeiro-ministro. Porém, ao contrário do sin- cidentes se registaram num dens para que estas coisas
No final da acção sindical, dicalista da FENPROF, cujo momento em que o plenário aconteçam», considerando
(Extractos do estudo de Eugénio Rosa quando se preparavam para processo foi arquivado sem ter tinha acabado e os seus parti- a absolvição como uma vi-
disponível em eugeniorosa.com) abandonar pacificamente o lo- sido deduzida acusação, José cipantes estavam a dispersar. tória da liberdade sindical.
6 jornal do STAL ABRIL 2011

Na greve de cinco
dias em Fevereiro,
os trabalhadores
Autarquias contestam ✓ Jorge Fael

do Município de
Loures deram multimunicipais
Sair de onde
provas de grande
firmeza e unidade

nunca se deveria
ter entrado*
Vários municípios têm trabalhadores do sector, que em devi-
vindo a manifestar a do tempo chamaram a atenção para as
intenção de abandonar os graves consequências desta decisão,
assinaram de cruz a adesão a troco de
sistemas multimunicipais
Luta prossegue em Loures de água e saneamento.
uns, poucos, cobres.

Um direito com 27 anos


O descontentamento Caro, injusto e ineficaz
aumenta e as colossais
dívidas também. Ao fazê-lo, colocaram-se à mercê de
Os trabalhadores do Município de Loures se mobilizados em defesa de uma prestação empresas controladas pelo governo, da

E
continuam em luta pela reposição do subsí- que representa 90 euros mensais. m geral, as razões dos municípios sua política de preços e estratégia de
dio de deslocação atribuído pela autarquia No dia 3 de Março, após um plenário rea- são comuns: enorme desconten- rentabilidade, e mais grave ainda acei-
há 27 anos aos funcionários que não têm lizado à porta da câmara, cerca de 400 tra- tamento face aos preços impostos taram sujeitar-se a consumos mínimos
acesso aos refeitórios municipais. balhadores dos SMAS desfilaram pelas ruas pelas empresas multimunicipais consi- obrigatórios muito acima das suas ne-
Tendo dado provas de grande firmeza e da cidade até ao edifício onde decorria a derados incomportáveis; não realização cessidades reais, algo que é completa-
unidade na greve de 1 a 4 de Fevereiro (ade- reunião do executivo municipal. dos investimentos contratualizados; di- mente inaceitável em matéria de gestão
são entre 80 a 100%), durante a qual resis- Entretanto, a luta prosseguiu com ou- minuição de qualidade dos serviços pres- de recursos hídricos.
tiram às intervenções da polícia de choque, tras acções, designadamente a série de tados. O outro elemento comum é que a Para o presidente da Águas de Coim-
recusaram a imposição de serviços mínimos concentrações diárias frente aos paços do maioria destes municípios se situa no in- bra, «este é mesmo o maior estímulo à
abusivos e impediram as tentativas ilegais concelho entre os dias 28 de Março e 1 de terior do País. ineficiência porque, sem prejuízo das
de furar a greve, os trabalhadores mantêm- Abril. Nos sistemas do Zêzere e Côa, Centro perdas que todos sejamos capazes
Alentejo, Trás-os-Montes e Alto Douro, de diminuir e do investimento feito em
entre outros, a relação entre os municí- recuperação e melhoria de redes, nós
Moveaveiro pios e as Águas de Portugal é de enor-
me conflitualidade, com os primeiros
continuamos a pagar volumes de água
e saneamento muito superiores aquilo

Atrasos intoleráveis a abandonarem os órgãos sociais das


empresas, alguns a recusarem pagar os
preços impostos e outros sujeitos a pro-
que efectivamente temos necessida-
de de consumir» (Água & Ambiente,
01.2011).
Os trabalhadores da Moveaveiro – Empresa plenário geral de trabalhadores, no qual foi cessos de cobrança coercivos das dívi- Por outro lado, dado que nestes sis-
Municipal de Mobilidade realizaram uma greve decido realizar uma greve mensal de duas das que ascendem a várias centenas de temas o valor das tarifas é calculado
parcial, no dia 22 de Março, em protesto con- horas sempre que se verifiquem atrasos no milhões de euros. para cobrir os custos de operação e
tra os constantes atrasos no pagamento dos pagamento dos salários. Mas então como se chegou aqui? É libertar sete a oito por cento de ren-
salários e pela resolução de outros problemas A primeira paralisação teve lugar no dia 21 sabido que os municípios foram prati- tabilidade (taxa das obrigações do Te-
que têm sido apresentados pelo Sindicato. de Abril, na sequência de mais um atraso nos camente obrigados a aderir aos siste- souro majorada de 3%), assistiu-se a
A paralisação permitiu ainda realizar um vencimentos. mas multimunicipais. Mas também é um aumento abrupto dos preços, tor-
verdade que muitos deles, ignorando nando-se incomportáveis para muitas
as populações e os representantes dos autarquias.

Água de Paris
Dia Mundial da Água
Preço baixa após
remunicipalização STAL e Água Pública de
O preço da água doméstica – Ambiente (AEPSA), a gestão priva-
Um ano após a remunicipalização da Porém, ao fim de um ano de gestão públi- que inclui esgotos, lixos e IVA – é da «regista valores máximos de en-
gestão de água na capital francesa, o ca, os resultados foram melhores do que o já em muitos concelhos um pesa- cargos suportados pelos utilizado-
presidente da Câmara de Paris, Bertrand esperado. Não só os preços não aumenta- do encargo financeiro para grande res com o abastecimento de água
Delanoë, anunciou, no início de Janeiro, ram, sendo já hoje 40 por cento mais baixos parte da população, alertaram o superiores em cerca de 30 por
uma redução dos preços aos consumi- do que a média dos restantes municípios STAL e a Associação Água Pública cento e de 17 por cento – respec-
dores. da região metropolitana de Paris, como ain- num comunicado conjunto emitido tivamente para consumos médios
Os serviços voltaram à autarquia em da foi possível realizar um resultado positi- no âmbito do Dia Mundial da Água, anuais de 120 e de 180 metros cú-
2010, no final do contrato de concessão vo de quase 50 milhões de euros. que se assinalou a 22 de Março. bicos –, quando comparados com
firmado em 1987, pelo então edil de Paris, Uma parte deste montante será assim «A privatização, em regra prece- os melhores resultados consegui-
Jacques Chirac, com as empresas Veolia restituída aos utentes mediante a redução dida da empresarialização, trans- dos pelas restantes entidades ges-
e Suez. A nova entidade pública, inteira- do preço do metro cúbico (2,93 euros em forma o serviço público em negó- toras, como sejam as integradas
mente controlada pelo município, tinha-se 2010), devendo o restante ser reinvestido cio e a factura aumenta». Segundo nos serviços municipais.»
comprometido desde logo a não aumentar na melhoria do serviço e das infra-estru- a própria Associação das Empre- A carestia da água insere-se na
a factura da água até 2014. turas. sas Portuguesas para o Sector do estratégia do Governo, que pres-
ABRIL 2011 jornal do STAL 7

Ovar Privatização
Empresa impõe em Oliveira de Azeméis
aumentos brutais Porquê
pagar mais?
A entrega dos siste-
mas de abastecimento
de água e saneamento
tais investidos a uma ta-
xa equivalente aos títu-
los de tesouro acrescida
do concelho de Ovar à de três por cento, o que A intenção anunciada tor do Ambiente (AEPSA),
empresa Águas da Re- hoje representa um ren- pelo Município de Olivei- a gestão privada «regista
gião de Aveiro (AdRA) dimento próximo dos oi- ra de Azeméis, no final do valores máximos de en-
Só a luta dos
Alguns municípios já declararam a trabalhadores
traduziu-se já num bru- to por cento. ano passado, de conces- cargos suportados pelos
intenção de recorrer aos tribunais para e da população tal aumento das tarifas Para tal, o contrato sionar a gestão dos ser- utilizadores com o abas-
contestar os preços impostos. Outros em defesa da da água, em vigor desde impõe o aumento do viços de abastecimento tecimento de água supe-
ensaiam estratégias de força pouco água pública o início do ano. p re ç o d o m e t ro c ú b i - de água e saneamento riores em cerca de 30 por
auspiciosas perante a Águas de Portu- pode travar a Os consumos até 15 co para quase o dobro foi condenada pela DR de cento e de 17 por cento
privatização
gal. Outros ainda, procurando livrar-se metros cúbicos sofre- até 2014, ou seja, dos Aveiro do STAL, notando – respectivamente para
do problema, enveredam pela conces- ram um aumento de 12 actuais 1,66 euros, em que é «lesiva do interesse consumos médios anuais
são dos serviços em baixa, sem olhar por cento, ao que acres- média no concelho, pa- municipal, prejudica a po- de 120 e de 180 metros
às consequências ainda mais gravosas ce a subida de 115 por ra 2,83. Note-se que a pulação e põe em causa cúbicos –, quando com-
para a população. cento da taxa associa- tarifa média nacional se os direitos dos trabalha- parados com os melhores
A tudo isto, o governo responde com da à água e de 35 por situa em 1,23 euros por dores». resultados conseguidos
mais do mesmo. Para tentar apaziguar cento da taxa de sa- metro cúbico. O STAL salienta que ao pelas restantes entidades
os municípios descontentes, promete- neamento. No total, os Dos dez municípios dar semelhante passo, o gestoras, como sejam as
lhes que vão pagar menos pela água. consumidores com bai- que integram a AdRA, executivo camarária alie- integradas nos serviços
Como? Simples: alarga-se o prazo da xos consumos viram as cuja actividade se ini- na «uma das responsa- municipais.»
concessão de 30 anos para 50 anos facturas agravadas em ciou em Maio de 2010, bilidades principais» atri- Deste modo, insiste o
pelo menos. Assim a factura mensal mais de 30 por cento. Ovar é aquele onde se buídas aos municípios. Sindicato, a solução não
poderá baixar, embora no final os muni- O contrato de conces- registaram os maiores Por outro lado, alerta que passa por empresas pri-
cípios paguem muito mais. são, assinado pela câ- aumentos percentuais, a privatização terá co- vadas, mas sim pela «va-
Mas nada disto resolve o problema mara por um prazo de dado que a empresa mo consequência o «au- lorização da gestão pú-
de fundo que radica num modelo que 50 anos, garante uma pretende nivelar os pre- mento brutal dos preços blica», a única que po-
subalterniza o poder local, onera as po- remuneração dos capi- ços por cima até 2014. da água, do saneamento de prestar «melhores ser-
pulações e acentua a exploração dos e de ramais de ligação, viços às populações no
trabalhadores, com o único objectivo etc». quadro do respeito pelos
de preparar o terreno para a privatiza-
ção do sector. Águas de Santarém Na verdade, segundo
reconhece a própria As-
princípios da solidarieda-
de, da coesão social e ter-

Entrada
Estas são razões que justificam mais sociação das Empresas ritorial e da sustentabilida-
que nunca a luta para que estes ser- Portuguesas para o Sec- de ambiental».
viços essenciais se mantenham sob
controlo das autarquias, mediante uma
gestão pública, democrática e de qua-
lidade.
de privado Quatro meses
_____________
avoluma após privatização
problemas Facturas
* Título retirado de um artigo de opinião do
vereador da CDU na CM de Évora, Eduardo Lu-
ciano, sobre a decisão da autarquia de aban-

duplicam
donar o sistema Águas do Centro Alentejo.
Desde a venda de 49 empresa, estrutura que
por cento do capital recentemente fora acre-

no Cartaxo
da empresa municipal ditada, e rejeitaram a al-
Águas de Santarém aos teração de categorias

nunciam carestia grupos Aquapor e Pra-


gosa, a situação laboral
tem-se agravado, o que
e funções profissionais
imposta unilateralmente
pela administração. As queixas da popula- Estes aumentos, como
siona as autarquias a aderir aos sistemas multimu- levou os trabalhadores Em comunicado, o ção contra a Cartágua- revelou o vereador da CDU,
nicipais, controlados pela Águas de Portugal, para a expressar o seu des- STAL acusou os parcei- Águas do Cartaxo come- Mário Reis, devem-se «à
impor depois a subida acentuada dos preços e assim contentamento, exigin- ros privados de procu- çaram pouco depois de cobrança de taxas novas,
criar as condições para a privatização do sector. do a intervenção da au- rarem maximizar lucros a empresa concessioná- à aplicação da tarifa de dis-
Recorde-se que em Junho de 2010, a Entidade Regu- tarquia. mediante cortes cegos ria iniciar a actividade em ponibilidade e à actualiza-
ladora dos Serviços de Águas e Resíduos (ERSAR) di- A privatização parcial na despesa e à custa do 1 de Outubro de 2010. ção dos escalões de con-
vulgou um «Recomendação Tarifária», que, se fosse lei, foi assinada em 15 de aumento da exploração Em cerca de quatro me- sumo e de saneamento».
traria aumentos brutais da água em todo o País. O docu- Novembro. Duas sema- dos trabalhadores. Exi- ses, numerosos clien- Para além disso, «o preço
mento foi fortemente contestado por numerosas autar- nas depois, os traba- gindo medidas da autar- tes apontam grandes de- social da água acabou»,
quias e pela Associação dos Municípios Portugueses l h a d o re s re u n i d o s e m quia, o Sindicato avisou moras no atendimento e denunciou aquele eleito
O STAL e a Associação Água Pública manifestam- plenário condenaram o que haverá luta se os di- estão sobretudo indig- em reunião do executivo
se contra esta política, exigindo que estes serviços despedimento sem jus- reitos dos trabalhadores nados com o aumento (28.12.2010), sublinhando
essenciais se mantenham sob controlo das autar- ta causa de seis traba- não ficarem salvaguar- exorbitante da factura da que «por prevermos esta
quias, mediante uma gestão pública, democrática e lhadores, contestaram dados no quadro desta água, em muitos casos realidade votámos e vota-
de qualidade. o encerramento do la- sua nova parceria com para o dobro e mesmo remos sempre contra estes
boratório de análises da sócios privados. para o triplo. negócios lucrativos».
8 jornal do STA

Após três décadas e meia de ataques sociais e restauraçã

É preciso
Quando em 25 de Abril de 1974, após anos
décadas de resistência, o povo português
veio para a rua em apoio aos militares que,
corajosamente, puseram fim ao odioso
regime que ao longo de 48 anos oprimiu
o país – abrindo assim caminho a uma
revolução que o encheu da esperança

um Abril de
de que, a partir dali, seria possível a
construção de um país mais justo, liberto
da exploração do homem pelo homem
e cioso da sua independência face aos
que se consideram os donos do mundo –
poucos imaginariam que, 37 anos depois,
a situação teria voltado quase à estaca
zero.

É
verdade que ainda vamos vencimento, dos subsídios à via para o socialismo como engenhosamente, para não se recompondo e os bancos,
tendo uma democracia de natal, de refeição, de objectivo real (quer PS quer dar muito nas vistas, pôs em os seguros e a indústria
política formal, com nascimento, de aleitação, de PPD/PSD propagandeavam marcha, inicialmente lenta e pesada voltaram às mãos
eleições periódicas para casamento e de funeral, das com grande algazarra estes calendarizada, os mecanismos dos exploradores, sempre
escolher quem nos «governa», ajudas de custo e, também, no princípios, demonstrando, tendentes à destruição de todas sedentas do sangue, suor
e podemos manifestar-nos nas que respeita à Administração como agora se vê nitidamente, as conquistas democráticas. e lágrimas daqueles que só
ruas a gritar que temos fome Pública, do direito à um descaramento só possível A Reforma Agrária e as possuem de seu a sua força
(fome de pão, de justiça, de aposentação ao fim de 36 anos em gente sem escrúpulos nacionalizações foram de trabalho.
saúde e educação, de respeito de serviço. nem vergonha), quando se viu o primeiro alvo. Os Para disfarçar
pelos nossos direitos). Mas Entretanto, a contra-revolução em funções logo manobrou latifúndios a coisa,
perdemos já grande parte da conspirava na sombra. Após no sentido inverso. foram-
democracia económica e social, algumas tentativas de golpe Paulatina e
apesar da luta persistente que falhadas, personalizadas
vimos travando ao longo dos pelo general Spínola, os seus
anos, resistindo aos assaltos mentores mudaram de táctica e
que os vários governos de turno esperaram melhor oportunidade
ao serviço dos poderosos vêm para atacar. E, paradoxalmente,
intensificando. foram as eleições que se vieram
Quando a revolução estava a realizar que lhes forneceram
em marcha, os trabalhadores os instrumentos ideais para
portugueses e o povo em geral a prossecução dos seus
conquistaram importantes objectivos.
direitos, fruto da sua luta
persistente e organizada O avanço
que, na altura, encontrava da contra-revolução
receptividade nos poderes
constituídos. O primeiro governo
Foi a época da nacionalização constitucional, mascarado de
de todos os sectores socialista e chefiado por
estratégicos da indústria e Mário Soares, formado
da economia do País, da por gente que até aí
Reforma Agrária com a entrega, jurara fidelidade à
sobretudo no Alentejo, da «terra Reforma Agrária, à
a quem a trabalha», abrindo-se irreversibilidade das
assim caminho para o aumento nacionalizações,
da produção e para que os
seus resultados
revertessem para
o bem-estar de
todos e não para
o enriquecimento
de alguns.
Foi a época do
estabelecimento
do salário mínimo
nacional, do
direito a férias
pagas com um
subsídio adicional
correspondente
a um mês de
AL/ABRIL 2011 9

os executivos que foram todas estas miseráveis

ão capitalista passando pelo sangradouro


das nossas esperanças
num futuro digno, em
medidas impostas pelos
chamados «mercados»
(para quem ande distraído,
que se transformaram os foram estes «mercados»
chamados governos da que provocaram a crise
nação, já pouco restará internacional que serve
da saga conquistadora de desculpa para todas
dos trabalhadores nos roubalheiras a que
tempos que se seguiram à vamos assistindo) vão-se
conquista da liberdade. agravando todos os dias.
O governo dessa figura Chegados ao PEC 4, parece
inenarrável que dá pelo que o grande capital terá

e novo
ou em separado, foi nome de José Sócrates pensado que era hora de
um ver se te avias. é um sério candidato a mudar do cavalo que vai
Tudo o que cheirasse a figurar no famoso livro cavalgando, e terá instruído
progresso civilizacional, a do Guiness, como o o equídeo que esperava a
melhoria das condições recordista do servilismo sua vez para lhe prestar o
de vida de um povo perante os poderosos, seu serviço para engrossar
martirizado por 48 dos roubos feitos já à luz a voz (ou o relincho, mais
anos de fascismo, do dia aos portugueses propriamente) fingindo nada
era para usar, sim, em mais desfavorecidos, da ter a ver com o que se está
lindos discursos, mas mais despudorada pouca a passar e que seria ele a
não para levar a sério. Em vergonha na argumentação alternativa para mudar de
alcunhavam de diversas formas nome da modernidade (a apresentada para os rumo.
o «socialismo» que pretendiam. «modernidade» do século esbulhos praticados,
«Socialismo democrático» ou XIX, acrescentamos nós), pretendendo até apresentá- É hora de mudar
«socialismo de rosto humano», trataram todos eles, com los às suas vítimas como a história
foram as máscaras mais utilizadas as possibilidades que cada benfeitorias que estes
para contrapor ao socialismo. E lá um tinha a cada momento, devem agradecer. Veremos ao que nos
iam, cantando e rindo, tecendo a da sistemática destruição Em resultado destes actos conduzem os próximos
miserável teia que iria conduzir de tudo o que, de facto, de autêntica pirataria contra capítulos desta telenovela de
este Portugal que todos cheirasse a 25 de Abril. a generalidade do povo cordel.
amamos às selvagens português, o país está à beira A verdade é que um país
garras do capitalismo mais O caminho da bancarrota. que não produz e tão mal
odioso. do desastre A indústria, a agricultura trata as forças produtivas
De então para cá, com e a frota pesqueira há que o sustentam, estará
PS, PSD e CDS, todos Hoje, com a empenhada muito foram destruídas ou inevitavelmente condenado.
ao molho contribuição de todos fortemente desmanteladas. Mas o país, este país,
Com responsabilidades está a tempo de inverter
muito concretas, das quais o curso da história. Assim
o actual Presidente da os portugueses se libertem
República não pode eximir- dos preconceitos que lhes
se sem cair ainda mais no foram incutidos no tempo do
ridículo. fascismo, tão diligentemente
Os salários dos trabalhadores acarinhados, fomentados e
e as pensões de quem servidos em casa do prezado
descontou uma vida telespectador desprevenido.
inteira de trabalho para Porque a alternativa séria e
ter alguma segurança ao serviço dos portugueses,
na velhice, degradam-se existe.
miseravelmente. Não com PS, PSD ou CDS.
O direito constitucional Estes já mostraram, ao longo
à saúde e à educação é de trinta e tal anos, o que
diariamente espezinhado, fazem e, pior, o que serão
com a criação de mais ainda capazes de fazer se os
e mais dificuldades de deixarmos.
acesso a estes bens E que tal tentar outra via,
essenciais ao bem-estar da dando a confiança a quem,
população e ao progresso desde sempre, se opôs a
do país. esta política de desastre
Privatiza-se tudo o que cheira propondo uma outra ao
a serviço público ao serviço serviço de Portugal e dos
das populações, entregando- portugueses?
os à gula das clientelas Este é um bom tema de
privadas, cujo objectivo único reflexão para quem se
é o lucro especulativo que disponha a abandonar a
a sociedade capitalista lhes indiferença que nos leva,
proporciona. muitas vezes, a virar uma
Agora, com o orçamento das armas de que dispomos
de estado para 2011, (o voto) contra nós próprios,
aprovado pelo PS com culpando depois tudo e
o apoio do PSD, com os todos das consequências
PECs 1, 2 e 3, aprovados dos nossos actos.
e apoiados pelos mesmos, Vamos a isso?
10 jornal do STAL ABRIL 2011

Bombeiros da Covilhã
Assinado acordo A crise da dívida pública
de empresa
O STAL e a Associação Humani- Para além de regulamentar as re-
A factura da espec
tária de Bombeiros Voluntários da lações de trabalho, o acordo permi- Ao invocarem tão amiúde a
Covilhã assinaram, em 29 de Janei- tiu ainda valorizar as remunerações chamada crise da dívida pública,
ro, um acordo de empresa (AE) que de todas as carreiras e escalões muitos procuram fazer esquecer
representa um claro passo em fren- existentes na Associação, facto
te na salvaguarda dos direitos e ga- que é particularmente realçado pe-
que o maior contributo para o
rantias dos profissionais ao serviço lo STAL, enquanto resultado da ati- endividamento externo do País
desta instituição. tude séria e responsável demons- tem origem no sector privado e
O documento consagra os direi- trada pelas partes ao longo das ne- muito em especial na Banca.
tos e deveres dos trabalhadores, gociações.

N
estabelecendo regras claras em re- Recorde-se que este processo foi o final de 2009, 52,4 por cento do en-
lação às carreiras, remunerações e iniciado em 2009 com a assinatura dividamento externo líquido do País
formas específicas de prestação do de um protocolo que visava regular era privado, enquanto o endividamen-
trabalho. algumas matérias laborais. to público se ficava por 47,6% desse total.
Portanto, mais do que a dimensão da dívida
do Estado, o que realmente preocupa os seus

Bombeiros da AM do Porto detractores é o facto de o financiamento ex-


terno do sector privado estar dependente das

Corpo único levanta


condições em que se fizer o financiamento
do Estado. Isto é, quando o Estado tem difi-
culdades em financiar-se no exterior, o sector

preocupações privado não consegue financiamento e sem-


pre que o Estado consegue esse financia-
mento a uma taxa elevada, o sector privado,
a conseguir financiamento, obtêm-no a taxas O crescente endividamento público tem
O presidente da Área Metropoli- O Sindicato alerta ainda que um de juro incomportáveis. sido utilizado para penalizar injustamente os
tana do Porto, Rui Rio, anunciou, tal processo exige a abertura de Nunca ignorando a premissa fundamental trabalhadores com sucessivos pacotes de
austeridade
no final de Janeiro, a intenção de negociações com as estruturas re- de que o sector privado está mais endivida-
extinguir os bombeiros sapadores, presentativas dos trabalhadores, do do que o sector público, analisemos no ção e equivalente a cerca de 80 por cento do
«pegar nos muitos bombeiros vo- «que defina de forma clara as con- entanto a questão da dívida pública: o seu orçamento do Ministério da Saúde.
luntários e criar um batalhão à es- dições laborais dos profissionais montante, a percentagem dessa dívida nas
cala metropolitana». que irão desempenhar funções mãos dos investidores estrangeiros e nas As origens da crise
Respondendo às declarações nesta estrutura». mãos das famílias portuguesas, o custo do
deste eleito autárquico, para o Por outro lado, realçando a im- seu financiamento e as implicações que o Vale a pena procurar resposta para as se-
qual a medida permitiria «maior portância dos corpos de bombei- seu peso crescente tem sobre a vida dos guintes questões:
eficácia e menores custos», o ros sapadores do Porto e de Gaia portugueses – temas permanentemente 1. Porque razão o nosso endividamento pú-
STAL salientou em comunicado como estruturas de referência, o abordados pela comunicação social ao lon- blico se tem vindo a agravar?
que «processos desta natureza STAL observa que a integração go do último ano. 2. Porque razão as taxas de juro do finan-
não podem servir de desculpa pa- num corpo único de bombeiros No final de 2010, a dívida directa do Esta- ciamento da dívida pública portuguesa se
ra a implementação de uma pers- do movimento associativo exige do era de 151 775 milhões de euros, cerca têm vindo a agravar fortemente?
pectiva economicista que fragilize a profissionalização destes ele- de 87,9 por cento do PIB, dos quais 11,6 por É hoje praticamente inquestionável que a
a salvaguarda de pessoas e bens mentos, a definição de deveres e cento estava nas mãos das famílias portugue- crise financeira internacional, cujos primei-
e reduza os direitos e garantias direitos, regras de financiamento sas, através de certificados de aforro e certifi- ros sinais mais visíveis surgiram em Agosto
dos homens e mulheres que dia- claras e transparentes e formação cados do tesouro. de 2007, levou a que grande parte dos paí-
riamente envergam a farda e de- profissional contínua, de forma No final de 2009 estimava-se que 74,5 por ses interviessem na salvação dos seus sec-
sempenham responsavelmente as prestar serviços de qualidade às cento da dívida pública se encontrava nas tores financeiros, quer resgatando bancos da
funções de bombeiro». populações. mãos de investidores estrangeiros, percen- falência através da sua nacionalização, quer
tagem que era das mais elevadas da União funcionando como garante internacional dos

Até sempre, Xico Zé


Europeia. seus empréstimos.
As últimas estimativas indicam que os en- Em resultado desta intervenção, a maior par-
cargos do Estado com os custos da dívida te dos Estados aumentou consideravelmente
Francisco José Tavares, diri- de Castelo Branco, que chegou a pública, em 2011, deverão atingir os 7 134 os seus níveis de endividamento. Portugal não
gente do STAL desde os primór- coordenar. milhões de euros, ou seja, mais 808 milhões foi excepção. Ao fazê-lo, e utilizando como ar-
dios do sindicato e incansável A Direcção Nacional do STAL fez-se de euros do que o montante previsto no Or- gumento o impacto sistémico que a falência
lutador pela causa dos representar por vários diri- çamento de Estado aprovado no final de No- de muitos bancos por esse mundo fora teria
trabalhadores, faleceu gentes nas cerimónias fú- vembro passado. sobre a economia, os governos assumiram os
em 30 de Janeiro, com nebres e enviou uma men- Para se ter uma ideia do que significa esta colossais prejuízos da especulação desenvol-
83 anos. sagem de sentidas condo- verba adicional de 808 milhões de euros, dire- vida pelo sector financeiro na últimas décadas.
Xico Zé, como era por lências à família e amigos mos que é praticamente equivalente ao pro- Agora obrigam as suas vítimas, os trabalhado-
todos conhecido, dedi- de Xico Zé, cujo desapa- duto do esbulho de cinco por cento na massa res, o povo, a pagar a factura através de drás-
cou uma boa parte da recimento constitui uma salarial dos trabalhadores da Administração ticas medidas de austeridade.
sua vida ao STAL, seja grande perda para a luta Pública ou a 80 por cento das receitas extra-
como dirigente nacional dos trabalhadores, o movi- ordinárias decorrentes do aumento do IVA. Porque sobem as taxas?
e membro do Conselho mento sindical e particular- Com o conjunto da dívida pública, o Estado
Geral, seja como mem- mente o STAL e os traba- Português irá gastar em 2011 um valor supe- Do nosso ponto de vista, as elevadas ta-
bro da Direcção Regional lhadores das autarquias. rior à despesa total do Ministério da Educa- xas que os mercados têm vindo a impor aos
ABRIL 2011 jornal do STAL 11

✓ José Alberto Lourenço


Economista

culação cobrada aos trabalhadores


países mais debilitados financeira e conseguem financiamentos junto Em segundo lugar, o Estado por- interesse dos Certificados de Afor-
economicamente resultam, em pri- do BCE a uma taxa de apenas um tuguês deveria ter diversificado ao ro. E mesmo os recentes Títulos
meiro lugar, do tipo de intervenção por cento, garantindo o seu pa- longo dos anos as suas fontes de do Tesouro só proporcionam taxas
do Banco Central Europeu (BCE), gamento contra a entrega de tí- financiamento, evitando sujeitar-se atractivas para prazos superiores a
de cujas políticas Portugal se tor- tulos da dívida pública que lhes aos leilões da dívida pública nos cinco anos.
nou refém desde a sua adesão ao rendem taxas em torno dos seis mercados internacionais. Depois de ter empenhado o País
euro. por cento. Por exemplo, poderia ter cria- para salvar a banca privada, o Go-
Na verdade, o BCE tem-se limi- Deste modo, o Banco Central Eu- do incentivos que lhe permitissem verno PS/Sócrates colocou o Esta-
tado a adquirir divida pública dos ropeu, em vez adquirir directamente obter financiamentos internos em do à mercê dos «mercados», que
Estados no mercado secundário, essa dívida aos Estados emissores condições muito mais favoráveis, lhe servem de pretexto para condu-
isto é, aos compradores dessa dí- à mesma taxa que hoje aceita finan- nomeadamente junto dos particu- zir a mais feroz ofensiva desde o 25
vida. Estes últimos (grandes ins- ciar a banca privada, e assim travar lares, aumentando a remuneração de Abril contra os trabalhadores e o
tituições financeiras internacio- a especulação, está claramente a dos Certificados de Aforro e Títulos povo português em geral, reduzin-
nais, entre as quais se destacam estimular os especuladores inter- do Tesouro. Porém, como todos nos do de dia para dia o seu poder de
as alemães e francesas) fazem nacionais a apostar na dívida dos recordamos, o Governo agiu preci- compra, as prestações sociais e o
um excelente negócio porque Estados. samente ao contrário, eliminando o acesso a serviços essenciais.

Portugal cada vez mais desigual


Dentro da União Europeia, Portu- responder à verdade nalguns casos, miliares, quer devido a insuficiência entretanto anunciadas, provocarão
gal é o país onde a diferença entre ninguém pode honestamente duvidar de rendimentos quer devido ao de- inevitavelmente um agravamento
ricos e pobres é maior. Este fosso de que estas declarações espelham a semprego crescente. sem precedentes das condições de
das desigualdades surge, uma vez situação real da esmagadora maioria Depois de, ao longo de 2010, o vida dos portugueses.
mais, retratado nos dados relativos dos agregados familiares, a que cor- Governo ter aplicado sucessivos pa- Revelando a natureza de classe
à distribuição do rendimento bruto respondem 3 844 900 trabalhadores cotes de austeridade (cortes drás- das políticas que promove, o Gover-
dos agregados familiares no Conti- por conta de outrem e 828 600 traba- ticos nos apoios sociais, incluindo no continuará a exigir mais sacrifícios
nente, tendo por base as declara- lhadores por conta própria. para a compra de medicamentos, às camadas que já hoje vivem na mi-
ções de IRS referentes a 2009. Estes dados evidenciam tam- congelamento dos salários e pen- séria ou perto dela, aos reformados
Da análise da informação, recen- bém a extrema importância que as sões e aumentos da carga fiscal), e pensionistas, bem como aos tra-
temente divulgada pelo Gabinete do prestações sociais assumem para as medidas contidas no Orçamen- balhadores em geral, cavando ainda
Secretário de Estado dos Assuntos muitos milhares de agregados fa- to de Estado, e outras que foram o fosso das desigualdades.
Fiscais do Ministério das Finanças,
podemos constatar:
1. O número de agregados fami-
liares que procedeu à entrega de
declarações de IRS em 2009 foi 4
449 003. Deste total, 277 880, cerca
de 6,2 por cento, sobrevivem, se é
que é possível, com 118 euros ou
menos por mês.
2. Seguem-se 256 151 agregados
familiares (5,8% do total) que decla-
raram um rendimento bruto mensal
entre 119 e 303 euros; 276 680 agre-
gados entre 304 e 444 euros; e mais
466 611 entre 444 e 560 euros.
3. A agregação destes quatro pri-
meiros escalões conduz-nos à con-
clusão de que quase um terço das
famílias portuguesas (28,7%) vivia,
em 2009, com um rendimento médio
mensal bruto inferior a 560 euros.
4. Em contraponto à miséria em que
vivem milhões de portugueses, 150
agregados familiares declararam ter
um rendimento médio bruto mensal
igual ou superior a 138 961 euros.
Haverá quem argumente que os
rendimentos dos agregados fami-
liares portugueses não se esgotam
nos valores inscritos na declaração
de IRS. Apesar de isso poder cor-
12 jornal do STAL ABRIL 2011

Uma esmagadora maioria


Serviços regressam ao sector público na Alemanha

Berlinenses votam
de 98,2%, de um total de
mais de 678 mil eleitores,
votou a favor da publicação
integral dos contratos de

contra privados
privatização da empresa
pública de água de Berlim,
num referendo de iniciativa
popular realizado no dia 13
de Fevereiro.

E
m 1999, a cidade-estado de A ideia ganhou ainda mais for- A manobra tinha um duplo ob- à medida que os contratos chegam
Berlim vendeu 49,9 por cento ça depois de, em Outubro do ano jectivo: por um lado, tentar esva- ao fim».
da empresa pública de água passado, o jornal de esquerda Ta- ziar e desmobilizar a participação A razão é que todas as promes-
à multinacional francesa Veolia e ao geszeitung (TAZ) ter publicado gran- no referendo popular, por outro, sas de redução de preços, trans-
grupo alemão RWE. Desde então, o de parte do contrato, confirmando- aplanar o terreno para as eleições parência, criação de empregos
preço aumentou 35 por cento, tor- se o que já se suspeitava: as duas regionais que terão lugar dentro não só não foram cumpridas co-
nando-se num dos mais caros em empresas concessionárias benefi- de alguns meses em Berlim, in- mo foi o contrário que se verifi-
toda a Alemanha. ciavam de uma «garantia de lucro» do ao encontro do desejo da po- cou. Pressionadas pela popula-
O referendo
Questionando a legalidade de contratual, que lhes permite ade- pulação. ção, as autoridades tratam de re-
de iniciativa
popular colocou tais aumentos, um grupo de cida- quar os preços às suas expectati- À imprensa alemã (14.02), o pre- aver o controlo dos serviços pú-
na ordem do dãos (Berliner Wassertisch) co- vas de lucros. sidente da câmara, Klaus Wowereit, blicos.
dia a remuni- meçou a exigir, em 2007, a publi- Deste modo, a Veolia e a RWE pu- em funções desde 2001, afirmou Um dos exemplos mais recentes
cipalização da cação dos contratos celebrados deram embolsar ao longo dos anos que o referendo «apoiou o objectivo foi a aquisição, em Dezembro, pe-
empresa de água
com as duas empresas privadas. 1,3 milhões de euros, bem mais do do Senado de readquirir a parte do lo Estado de Baden-Wurttemberg,
de Berlim
que os 696 milhões de euros re- capital da empresa de água ante- da participação que a EDF (com-
cebidos pela cidade, o accionista riormente privatizada», concluindo panhia francesa de energia) detinha
maioritário. que os berlinenses «querem trans- na EnBW, a terceira maior eléctrica
O referendo constitui uma es- parência na gestão do património do país.
trondosa derrota para a maioria público». Com a compra de 45 por cento
social-democrata, que governa do capital, por um total de 4,67 mil
a capital alemã, já que, anterior- Remunicipalizar milhões de euros, aquele estado fe-
mente, tinha considerado «desne- para melhor servir derado passou a ser o principal ac-
cessária» a publicação dos docu- cionista de uma empresa que tem
mentos. Os 678 mil votantes re- Após tão peremptório veredicto seis milhões de clientes e um volu-
presentam 27,5 do total de eleito- popular, a questão da remunicipa- me anual de negócios de 15,5 mil
res, superando o limite de 25 por lização da água em Berlim parece milhões de euros.
cento, o que torna o escrutínio agora «consensual», com todos os Esta operação, que contrasta
vinculativo, êxito nunca antes al- partidos a colocarem-na na agen- com as orientações privatizadoras
cançado por um referendo de ini- da. que continuam a prevalecer em pa-
Mais tarde, dada a recusa das ciativa popular. De resto, como afirmou ao jornal íses como Portugal, foi justificada
autoridades municipais, decidiu Tanto mais que, após a divulgação francês, Le Monde (15.02), a espe- pelo governo de Baden-Wurtem-
avançar com a recolha de assina- do contrato na imprensa, o município cialista em Direito de Concorrência berg de forma não menos surpre-
turas para a realização de um re- decidiu disponibilizar ele próprio na In- da Universidade Livre de Berlim, endente: «Um fornecedor indepen-
ferendo sobre a obrigatoriedade ternet as 700 páginas dos documen- Katharina Boesche, «os serviços dente de energia é essencial para
da publicação de todos os con- tos e, num assinalável jogo de cintura, municipais de água e energia, pri- o crescimento económico do esta-
tratos e acordos, sob pena de in- anunciou a sua disposição de remuni- vatizados no limiar do século, estão do», lê-se no comunicado oficial de
validação. cipalizar os serviços de água. a regressar às mãos das câmaras, 6 de Dezembro.
O texto, citando declarações do

Longa-metragem recorda guerra


primeiro-ministro democrata-cris-
tão, Stefan Mappus, acrescenta
que esta estratégia «vai ao encon-

da água na Bolívia
tro dos interesses dos consumido-
res» e que «é uma boa notícia para
a EnBW e os seus quase 20 mil tra-
«Também a água», da autoria da actriz e rea- Em Janeiro de 2000, a empresa aumenta Irrompem os protestos, que são particu- balhadores (…) É também uma boa
lizadora espanhola, Icíar Bollaín, foi a longa-me- as tarifas da água em 200 por cento, toma larmente massivos e persistentes em Co- notícia para o povo e para os negó-
tragem que representou Espanha na corrida ao o controlo de todas redes e fontes de água chabamba, a terceira maior cidade do país. cios de Baden-Wurttemberg».
Oscar 2011 para o melhor filme estrangeiro. e manda fechar a cadeado os poços parti- A polícia intervém violentamente e prende Quando à viabilidade financeira,
Embora não tenha conquistado os favores culares. os dirigentes da Federação de Defesa da Estugarda afirma que a tomada do
do júri, a presença deste filme no prestigia- Água. Surgem barricadas nas ruas, o gover- controlo da eléctrica «não terá im-
do concurso é digna de nota, já que, um dos no do general Hugo Banzer decreta o estado pactos no orçamento do Estado».
seus motivos centrais é inspirado na guerra de sítio, a cidade fica sob ocupação militar E explica que a aquisição é finan-
da água travada pela população de Cocha- durante 90 dias, mas a resistência mantém- ciada pela emissão de títulos do
bamba contra um grupo de multinacionais. se. Em Abril são contabilizados dois mortos tesouro, cujos custos (pagamento
Em 1997, o Banco Mundial impôs a priva- e dezenas de feridos. Porém, a população de juros) serão inferiores aos divi-
tizatização da água nas três maiores cidades sairá vitoriosa. dendos anuais proporcionados pe-
da Bolívia como contrapartida da conces- Temendo que a revolta alastrasse ao res- la EnBW.
são de ajuda financeira. O monopólio foi as- to do país, o governo foi obrigado a anular Assim, em vez de aumentar a
sim entregue ao consórcio Aguas del Tuna- o contrato com o concessionário. A água despesa, este investimento do Es-
ri, controlado pelas multinacionais Bechtel, voltou a ser de todos e o exemplo do po- tado irá gerar alguns milhões de
Edison (EUA) e Albengoa (espanhola). As A guerra da água em 2000 na Bolívia é vo de Cochabamba foi seguido em todo o euros adicionais para os cofres pú-
motivo central de filme espanhol
consequências foram desastrosas. continente. blicos.
ABRIL 2011 jornal do STAL 13

Conversas desconversadas
Italianos ✓ Adventino Amaro

votam
gestão
da água
Os salteadores
O Tribunal Constitucional italiano
aceitou, dia 12 de Janeiro, a petição
popular a favor da realização de um
referendo contra a privatização da
água, que recolheu um milhão e 400
de um pote à deriva
N
mil assinaturas entregues em Julho a ponta mais ocidental desta Europa tão connosco, estavam ainda em bom estado de conservação. Mais: - O
de 2010. tão connosco, tão connosco que até chega a meter Coelhone não seria capaz de fazer mais e melhor, agora,
Após o impressionante êxito nojo, existe um tesouro já mais do que explorado mas em defesa da Cosa Nostra. Neste momento, sou da opinião
desta campanha, o Fórum italia- sempre apetecido para as várias máfias que por esse mundo de que Socratoni está a cumprir muito bem a missão de
no dos Movimentos da Água tem pululam. Descendentes de urubus sul-americanos e abutres que o incumbimos. Não nos obriga a pagar impostos, não
agora pela frente a gigantesca ta- mais europeus, por isso mesmo muito mais «civilizados», es- questiona a origem das nossas fortunas, obriga os pacóvios
refa de mobilizar a maioria do elei- tes espécimes modernizaram-se de tal maneira que hoje se da populaça a contribuir para a nossa dolce vita, enfim, ain-
tores inscritos (50%+1) a votar fa- confundem sem grande esforço com a raça que deus nosso da não é altura de o substituir. Até porque no seu partido,
voravelmente na consulta, de mo- senhor resolveu criar e a que chamou (ou outros chamaram segundo notícias que me vão chegando, ainda há alguns
do a que o seu resultado seja vin- por ele) de raça humana. socialistas, o que poderia vir aumentar a contestação social
culativo. Assim disfarçados, é-lhes fácil misturarem-se com os seres que por aí anda na rua. E nós não podemos correr o míni-
Nesse sentido, as centenas de humanos sem dar muito nas vistas. Fazem-se passar por gen- mo risco. Temos as televisões e as rádios na mão, temos
comissões de utentes, associa- te benemérita e muito temente a deus, amigos do progresso o apoio dos Estados Unidos e da Europa connosco com
ções, sindicatos e variadas organi- e da modernidade, construtores de um mundo onde todos os a Angela Merkleoni à frente, temos a ajuda dos Mercados,
zações que integram o Fórum têm parolos se sintam felizes. Tudo isto, claro, dentro das regras temos as ameaças do FMI e do Banco Central Europeu, te-
estado diariamente no terreno aler- universais do benemérito capitalismo. mos a mumificação do Mário Soares e de muitas outras ce-
tando para a importância crucial da Mesmo assim, esse mundo não pode ser para já porque a lebérrimas figuras do Estado a que chegámos com a graça
votação, da qual dependerá o ca- coisa está difícil. Para o ano ainda é cedo, porque os merca- de nosso senhor, mas mesmo assim temos que ter cuidado.
rácter da gestão da água no futuro dos não deixam. Primeiro é necessário repor o que eles pró- Basta olharmos ao que se passa em vários países por esse
próximo. prios (os abutres) comeram antes de tempo, sem esperar que mundo fora, onde os povos andam armados em parvos a
No âmbito da campanha referen- os seres humanos chegassem ao fim da vida expondo as suas clamar por liberdade e justiça. Não! Neste momento, é me-
dária, realizou-se no dia 26 de Mar- carcaças à gula de tais necrófagos. O que originou, como to- lhor mantermos o Socratoni a dirigir o pote porque ele está
ço, em Roma, uma manifestação dos sabem ou deveriam saber, a grave crise económica que a ir muito bem e ainda aguenta mais meias solas. O Coe-
nacional cujo objectivo central foi pôs a grande maioria dos seres humanos a pão e água. E isto lhoni que aguente os cavalos mais algum tempo. Quando
apelar à participação e à vitória do é só por enquanto, porque já nem toda a gente lhes consegui- for a altura certa para mudarmos de equídeo, informaremos
«Sim» no referendo, que deveria ser rá chegar (ao pão e à água, evidentemente). o professor Cavaconi que ele tratará do assunto sem nos
marcado entre os dias 15 de Abril e Em Portugal, a tal ponta mais ocidental da Europa connos- envolver. Alguém está em desacordo?
15 de Junho. co, as máfias existem e não dormem. Todos os membros da Cosa Nostra abanaram as orelhas em
No mesmo período decorrerão Para lhes facilitar a tarefa, têm ao dispor um rebanho de sinal de aprovação. E assim terminou a coisa, como já
as eleições municipais e regio- capatazes que o próprio ser humano lhes faculta e que era esperado.
nais, bem como um outro referen- elas (as máfias) vão substituindo periodicamente No dia seguinte, «corajoso» como sempre e já
do sobre a construção de novas quando vêm necessidade de melhor salvaguar- devidamente instruído por D. Corleone, Socra-
centrais nucleares. Face a esta dar os seus interesses. toni viajou para Bruxedos City para receber
multiplicidade de escrutínios, Fó- Segundo um dos actuais pretendentes à ordens da directora geral da máfia interna-
rum italiano defendeu a marcação chefia desse rebanho, os «eleitos» para o tur- cional, Merkleoni de seu nome. E no re-
de uma única data para a sua re- no de serviço encomendado pelos abutres gresso, lá pôs em marcha mais um im-
alização. acantonam-se num pote, onde se pode go- PECável assalto aos bolsos do pobre
zar de privilégios e prebendas que fora dele povo que, atarantado por tanta
se tornam mais difíceis. roubalheira feita já à luz do dia,

Eleitos E é assim que, neste momento, se mo-


vimentam os capatazes e pretendentes
sem que a polícia de inter-
venção se disponha a inter-

de SHST
a ir ao pote, consoante a fome momen- vir como seria seu dever, já
tânea ou os serviços que se propõem nem se lembra que foi ele
prestar aos donos do pote, ou seja aos (povo) que escolheu esta

na CM
abutres. gente para governar o seu
Por mero acaso, tive acesso à país. E, segundo as sondas
última reunião necrófaga, onde que por aí vão perfurando as

de Águeda
foram discutidos os prós e con- consciências sempre distra-
tras da manutenção dos actu- ídas, até parece que a seguir
ais ocupantes do pote ou da irá aceitar voluntariamente
sua substituição a curto pra- mais do mesmo. Com Coe-
Os trabalhadores da CM de zo. lhone no lugar de Socratone,
Águeda elegeram, em 21 de Ja- D. Corleone colocou a sempre sob o comando da
neiro, os seus representantes questão aos outros mafiosos Camorra.
para a Segurança, Higiene e Saú- presentes, dando logo a in-
de no Trabalho. A equipa eleita é dicação de que considerava Ai povo da minha terra,
constituída por quatro elementos que os actuais serventuários quando irás acordar?
efectivos e quatro suplentes.
14 jornal do STAL ABRIL 2011

Internet
tombada em Portu-
✓ Victor Nogueira gal, durante a greve

Mulheres
N.º 98
das conserveiras de
ABRIL 2011
Setúbal (1911). Publicação
A temática femi- de informação
nista é desenvolvida sindical do STAL
em www.mulheres-
ps20.ipp.pt/, haven-
Propriedade

e lutas
do igualmente infor-
STAL – Sindicato
mação importante Nacional dos
nos sites do Movi- Trabalhadores
mento Democrático da Administração
de Mulheres (MDM); Local
União de Mulhe-
res Alternativa e
Director:
Resposta (UMAR); Santos Braz
Associação Portu-
Fruto da Revolução Em 1910, por guesa de Apoio à
Francesa, a primeira proposta de Cla- Vítima (APAV), da Coordenação
ra Zetkin, é cria- Associação Portu- e redacção:
Declaração dos Direitos José Manuel Marques
do o Dia Interna- guesa de Estudos
do Homem e do Cidadão cional da Mulher sobre as Mulheres
e Carlos Nabais
data de 1789. Mas (www.socialismo.org.br/portal/ Datas e factos marcantes na (APEM), bem como em Violên-
logo em 1791 surgiu a historia/149-artigo/1407-dia- história das lutas das mulheres cia.online. Conselho
Declaração dos Direitos internacional-da-mulher-em- em Portugal encontram-se em A nível internacional são de Editorial:
Adventino Amaro
das Mulheres e da busca-da-memoria-perdida). mulheresnomundodotrabalho. referir o Fundo da ONU para
António Augusto
Cidadã de Olympe de Todavia, depois da efémera webs.com/datasefactossigni- as Mulheres (Unifem), o Lobby
António Marques
Comuna de Paris (1871), don- ficativo.htm, tal como em neh. Europeu de Mulheres, a Red
Gouges, que acabou de se destaca Louise Michel, a no.sapo.pt/documentos/os_ Estatal de Organizaciones Fe-
Helena Afonso
Isabel Rosa
guilhotinada.. igualdade plena entre homens movimentos_femininos_em_ ministas contra a Violencia de Jorge Fael
«A mulher nasce e vive igual e mulheres só foi reconhecida portugal.htm. Género (redfeminista) e as Mu- José Torres
Miguel Vidigal
ao homem em direitos» lê-se pela Revolução Socialista de É de realçar o grande con- jeres en Red.
Victor Nogueira
nesta declaração que está dis- Outubro, na Rússia (1917). tributo das mulheres na resis- Quanto à situação actual da
ponível em www.dhnet.org.br/ Em Portugal, é a Revolução tência ao fascismo, nas greves mulher no nosso País, reco-
direitos/anthist/mulheres.htm. de 1974 que consagra a plena operárias, enfrentando a re- mendam-se dois recentes es- Colaboradores:
Esta luta prosseguiu através igualdade de direitos, fixada na pressão e sacrificando a própria tudos do economista Eugénio Adventino Amaro
dos movimentos feministas e Constituição de 25 de Abril de vida como foi o caso de Maria- Rosa, disponíveis em eugenio- António Marques
Jorge Fael,
das greves operárias. 1976. na Torres, a primeira operária rosa.com.
José Alberto Lourenço
José Torres

Palavras cruzadas
Rodolfo Correia

Campos
Victor Nogueira

Grafismo:

de férias Horizontais: 1. Máscara;


o governo do país, segun-
papa-figos e as velas para os
segurar do lado onde sopra o
ze; pornografia abreviada; dez
vezes cem. 10. Basta; os ve-
Jorge Caria

Para do Passos Coelho. 2. Com-


panheiras; altar; mulo. 3. Ali-
mentava; acusada; cheguei.
vento; adegas subterrâneas;
3. Nome próprio feminino; no-
me de homem; abrev. de pan-
getais; gemido. 11. Ande pa-
ra lá; a eles; recitei. 12. Intuito
(fig); azedo. 13. Dirigis-vos a;
Redacção
e Administração:
R. D. Luís I n.º 20 F

crianças 4. Atraiçoas; batráquio; é Ar-


mando e arguido no proces-
tomina. 4. Acto de agrilhoar.
5. Tombas; parcela. 6. Mem-
arenoso. 1249-126 Lisboa
Tel: 21 09 584 00
Fax: 21 09 584 69

e jovens
so face oculta. 5. Em partes bro de ave; poeira; ruim; se- Email:
iguais (farm); extremidade da gunda, terceira e quarta vo- Rumais; areoso. jornal@stal.pt.
per na; e para não ficar co- gais. 7. Acusada; diverte-se. 11. Va; aos; li. 12. Mira; acre. 13. Site Internet:
xo, aqui temos a outra; suspi- 8. Cessa de andar; feminino porno; mil. 10. Ta; verdura; ai. www.stal.pt
A Associação «Pioneiros de ro. 6. Exclamação de espan- de meão; toma rumo. 9. Re- meã; ruma. 9. Ore;
Portugal» promove no Parque de to; reside. 7. Parte an-
Composição:
eio. 7. Re; ri.. 8. Para;
Campismo da Praia da Galé, em terior do navio; porcos. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 pré&press
item. 6. Asa; po; ma;
Melides, os Campos de Férias 8. Andava; orifício termi- Agrilhoamento. 5. Cais; Charneca de Baixo
de Verão que estão organizados nal do intestino por on- 1 3. Rita; Ari; pant. 4. Armazém L
em três turnos: 10 a 16 de Julho, 2 2710-449
de são expelidos os ex-
2. Amura; caves.
dos 6 aos 13 anos; 17 a 23 de Ral - SINTRA
crementos; 9. Noventa e 3
1. Cantar; airada.
Julho, dos 6 aos 13 anos; e 24 a
nove (rom.); atmosfera;
Verticais:
30 de Julho, dos 14 aos 16 anos 4
Durante uma semana, crianças suf. de agente. 10. Ras- Impressão:
5
13. Astomo; alia.
e jovens realizam actividades pei; deslocar-se a; es- iro. 12. Dentei; mia; es. Lisgráfica
que visam o desenvolvimento pécie de veado. 11. Pa- 6 ir; alce. 11. Avante; um; R. Consiglieri
das suas capacidades físicas, ra a frente!; a unidade; Pedroso, nº90,
7
Ic; ar; or; ar. 10. Rapei;
intelectuais e criativas, o 2730-053 Barcarena
enguia. 12. Mordi; geme cerdos. 8. Ia; anus. 9.
convívio, o trabalho de grupo, (fig.); estás. 13. – Sem 8 ai. 6. Ah; mora. 7. Proa;
espírito de cooperação e boca; junta. 9 Tiragem:
ra; vara. 5. Aa; pe; pe;
sentido de responsabilidade.
10 52 000 exemplares
Nutria; re; vim. 4. Trais;
Para mais informações deve
Ve r t i c a i s : 1 . E x e c u - Distribuição gratuita
Amigas; ara; mu. 3.
contactar a Associação (Tel:
tar com voz trecho mu- 11 1. Caraca; pote. 2. aos sócios
21 886 95 26 / 21 886 62 97
sical; libertina. 2. Cabo 12
Horizontais:
Fax:21 886 95 26; geral@
pioneirosportugal.org). fixo no punho da esco- 13 SOLUÇÕES Depósito legal
ta onde se prendem os Nº 43‑080/91
ABRIL 2011 jornal do STAL 15

Gaibéus
Um livro, um autor
contra a ditadura. Na
militância comunista
abraçou a ideia de que
✓ António Marques a literatura poderia ser
uma arma decisiva
Os grandes temas de Gaibéus correm contra o obscurantismo

de Alves
em torno das péssimas condições de um regime assente
de trabalho e da imensa exploração na força, na intolerância
e no isolamento em
que arrasta os assalariados para relação às realidades
as profundidades do abismo social, e movimentos das
enquanto o proprietário vive na sociedades europeias.
abastança, perante a resignação e Ao escrever Gaibéus,

Redol
passividade de alguns e o despontar Alves Redol sofreu
da consciência, do anseio e da de imediato um cerco da crítica literária da época.
Contudo, a linguagem simples e a forma esquemática
angústia de outros, rastilho que há-de de apresentação dos enredos, de que era acusado
gerar revolta e futuro. pelos eruditos, foram direitas ao coração do povo,
que, em lugar de deficiências, leu na clareza do estilo

E
m Gaibéus, Alves Redol, o ficcionista da expe- o significado e alcance da mensagem.
riência, transporta o leitor para o centro de uma Também Emílio Zola, (Émile-Édouard-Charles-
época onde o explorado sente que a única fuga Antoine Zola, 1840) no seu tempo escolheu o
possível é rumo ao futuro, ali retratado como o caminho operariado e as convulsões sociais como centro
de África ou do Brasil. dos seus romances e mereceu do mesmo modo o
Redol debruça-se sobre a organização do modo de desprezo e o rancor da crítica.
vida do povo explorado do Ribatejo para criar uma Alves Redol usou a ficção nas suas obras, mas
visão de oposição ao regime. Ilustra a amargura, a este apoiou-se nas suas experiências próprias que,
raiva mas também a dignidade de quem é humilhado e de forma deliberada, quis acumular ao longo de uma
não obtém da força do seu trabalho o salário devido. vida dedicada á escrita. Foi este esforço que o ajudou
Gaibéus foi talvez o «sino que tocou a rebate» a documentar as figuras e os enredos dos seus
na consciência dos portugueses da década de 40. romances, vertendo através da sua prosa a história
Nesta obra o grande escritor descreve o trabalho das suas histórias, enquanto ouvia os trabalhadores
quase escravo, de Sol a Sol, na Lezíria do Tejo. Fazer do Tejo ou as varinas de Lisboa, quando descia
mais e mais e sempre mais rápido para que o patrão o Douro nos barcos rabelos, e uma vez quase
arrecade mais rendimento. naufragava nos mares da Nazaré acompanhando os
Em troca a fome, a miséria. Nos poucos momentos pescadores.
de pausa, o sonho de um amanhã diferente e um Escreveu pelo menos 36 obras notáveis, 16
trago de vinho para alegrar os espíritos e esquecer os romances, Gaibéus (1939), Marés (1941), Avieiros
maus-tratos. As mulheres sofrem de tudo e ainda se (1942), Fanga (1943), Anúncio (1945), Porto Manso
sujeitam à violência do senhor da terra que também (1946), Horizonte Cerrado (1949), Os Homens e as
as colhe para os seus prazeres animais. Sombras (1951), Vindima de Sangue (1953), Os Olhos
No romance confrontam-se duas formas de ver a de Água (1953) A Barca dos Sete Lemes (1958), Uma
terra: o minifúndio e o latifúndio. Redol julgava poder Fenda na Muralha (1959), Cavalo Espantado (1960),
unir as suas gentes quando todos percebessem que Barranco de Cegos (1961), O Muro Branco (1966)
a fome era comum a ambos. Os Reinegros (edição póstuma, 1972). Três peças
de teatro que a censura nunca deixou levar à cena,
O neo-realismo e a luta pela liberdade Teatro I - Forja e Maria Emília (1948 e 1966), Teatro
O movimento neo-realista, projecto artístico de II - O Destino Morreu de Repente (1967) e Teatro III
O movimento de oposição ao fascismo, ambições políticas e sociais da parte da oposição - Fronteira Fechada (edição póstuma, 1972). Sete
encabeçado pelos comunistas, encontrou eco no portuguesa que foi o grande inspirador do 25 de Abril, contos, Nasci Com Passaporte de Turista (1940),
nosso País e ampliou-se com o conhecimento dos travou o mais importante combate cultural ocorrido Espólio (1943), Comboio das Seis (1946). Noite
horrores da guerra civil espanhola. Uma parte dos entre nós em todo o século XX. A sua estética, Esquecida (1959), Constantino, Guardador de Vacas
escritores e artistas portugueses, empenhados na verdadeiro motor de comunicação para a intervenção e de Sonhos (1962), Histórias Afluentes (1963), Três
intervenção cívica através da cultura, abraça então cívica, levou gerações inteiras de jovens sedentos de Contos de Dentes (1968). Cinco obras de literatura
os ideais progressistas que se propagaram pela liberdade a aderir à luta, cimentando a esperança Infantil, Vida Mágica da Sementinha (1956) e o do
Europa inspirados na Revolução Russa. num País mais moderno, justo e solidário. ciclo da flor: A Flor Vai Ver o Mar (1968), A Flor Vai
Nesta grande obra literária de Alves Redol surgida Para além do seu valor intrínseco, enquanto gerador de Pescar Num Bote (1968), Uma Flor Chamada Maria
em 1939, os conflitos de classe e a estatura moral obras de arte de enorme dimensão, podemos dizer que (1969), Maria Flor Abre o Livro das Surpresas (1970).
dos oprimidos já aparecem bem desenhados, em a força libertadora que imerge do neo-realismo faz deste Escreveu ainda quatros estudos intitulados, Glória –
contraposição e como instrumento de luta contra o movimento um esteio da memória colectiva portuguesa. Uma Aldeia do Ribatejo (1938), Ribatejo (Em Portugal
regime musculado e imperialista de Oliveira Salazar, que, Maravilhoso, 1952), A França – Da Resistência à
em todo o seu arcaísmo, miséria, ignorância e repressão, O centenário do grande escritor Renascença (1949), Cancioneiro do Ribatejo (1950),
se apresentava mirrado de valores humanos e sociais. Romanceiro Geral do Povo Português (1964).
A este movimento, que haveria de ser chamado António Alves Redol, cronista, contista, mas A obra de Redol é geralmente reconhecida pelo
de neo-realismo, para além de Redol, aderiram sobretudo, romancista e dramaturgo nasceu em Vila valor da sua visão da realidade social, do seu
outras grandes figuras da cultura portuguesa, onde Franca de Xira, no dia 29 de Dezembro de 1911. autenticismo e da tenacidade do empreendimento
sobressaem, nas letras, os nomes de Soeiro Pereira Comemora-se assim este ano o centenário deste na via da liberdade com que nos brindou.
Gomes, Manuel da Fonseca, Vergílio Ferreira, grande vulto da cultura portuguesa, que porventura Morreu em 1969, já no ar pairava o clamor da revolta
Fernando Namora ou Manuel Tiago (A. Cunhal), e estará na génese do movimento neo-realista que estava no âmago das suas obras. Grande vulto
entre tantos outros como Júlio Pomar ou José Dias precursor das grandes mudanças politicas e sociais das letras portuguesas, exemplo de empenhamento
Coelho nas artes plásticas. Nas suas obras revela- do Portugal moderno. na luta pela liberdade, Alves Redol merece ser
se a esperança num amanhã livre de grilhetas, Filho de pequenos comerciantes cedo conviveu relido e profundamente meditado, para quando nos
difundem-se as ideias de liberdade, da solidariedade com a pobreza e o desemprego em Angola, onde confrontarmos com o poder instituído, podermos
e do progresso social. despertou para a necessidade da intervenção social gritar como ele o fez no final dos Gaibéus.
16 jornal do STAL ABRIL 2011

STAL condena intervenções imperialistas

Uma agressão
Em conjunto com
várias outras
organizações, o
STAL subscreveu um

contra os povos
documento lançado
Resumo da luta pelo Conselho
Português para a
16 de Dezembro – A Frente Comum pro- Paz e Cooperação
move uma acção de luta junto ao Ministé- (CPPC), que denuncia
rio das Finanças.
5 de Janeiro – Inicia-se a entrega nos tri- e condena a guerra
bunais de providências cautelares contra imperialista contra a
os cortes nos salários. Líbia e a intervenção
18 de Janeiro – A Frente Comum promove
no Bahrein.
junto à residência oficial do primeiro-minis-

D
tro um plenário nacional, no final da qual a
PSP agride manifestantes e detém um diri- irigentes e activistas
gente do STAL e outro da FENPROF. do Sindicato estive-
25 de Janeiro – É publicado o diploma que ram presentes, dia 23
regula e garante o financiamento aos ser- de Março, na acção de pro-
viços sociais. testo, frente à Embaixada
26 de Janeiro – Trabalhadores das autar- dos EUA em Lisboa, contra
quias em todos os distritos entregam re- os ataques à Líbia e a inge-
clamações contra os cortes salariais. rência no Bahrein. Como su-
29 de Janeiro – O STAL assina um Acordo blinha o CPPC, promotor da
de Empresa com a Associação Humanitária
iniciativa, «sob o pretexto e
de Bombeiros Voluntários da Covilhã.
disfarce de “intervenção hu-
1 a 4 de Fevereiro – Os trabalhadores do
município de Loures realizam uma greve manitária”, estamos perante
pela reposição do subsídio de deslocação, mais uma guerra de agres-
no primeiro dia da qual a PSP intervém são e conquista por parte A concentração frente à embaixada dos Estados Unidos, dia 23 de Março, denunciou a guerra
com brutalidade sobre o piquete. dos EUA e seus aliados da de agressão e conquista movida contra a Líbia e a ingerência no Bahrein
5 Fevereiro – A Cimeira de Sindicatos da NATO e da região, com o
Frente Comum reúne em Lisboa aval do Conselho de Segu- movimentações populares neo que as potências impe- posto que votou favoravel-
11 de Fevereiro – Uma delegação da CGTP rança das Nações Unidas». (…) as potências imperialis- rialistas «conspiram contra mente a resolução do Con-
reúne com assessores do Presidente da Re- Recordando os exemplos tas buscam, em renovados os movimentos populares no selho de Segurança das Na-
pública para apresentar questões relaciona- recentes dos Balcãs, do Ira- moldes e por via da violência Egipto e Tunísia e enviam for- ções Unidas sobre a Líbia;
das com a Administração Pública.
que e do Afeganistão, o Con- quando necessário, prosse- ças militares da cruel ditadura recusa liminarmente a par-
19 de Fevereiro – A Frente Comum promove
selho para a Paz salienta que guir a sua intromissão e ex- Saudita para reprimirem a re- ticipação de Portugal neste
em Lisboa um encontro de trabalhadores da
Administração Pública, que termina com um «o verdadeiro móbil desta in- ploração económica dos pa- volta popular no Bahrein». acto de agressão; e expres-
desfile para a Praça da Figueira. tervenção é o controlo dos íses desta região». O Conselho para a Paz, sa a sua grande apreensão
1 de Março – O STAL reúne com o secre- recursos naturais e o domínio Sendo este o flagrante caso solidarizando-se com os po- quanto às repercussões que
tário de Estado da Administração Local militar e político da região». da Líbia, cujo povo está a ser vos agredidos, «deplora a a presente acção terá sobre
para discutir o Suplemento de Risco e ou- «Numa região marcada po- a primeira vítima da agressão, co-responsabilidade assumi- outros povos no Próximo e
tras questões designadamente relativas à sitivamente por importantes o CPPC sublinha em simultâ- da pelo Governo português, Médio Oriente».
Polícia Municipal.
3 e 4 de Março – Tem lugar no Porto uma
acção de formação para dirigentes do
STAL sobre contratação colectiva.
8 de Março – O Dia Internacional da Mu-
lher é assinalado pelo STAL com a entrega
Cartoon de: Miguel Seixas

de um postal às associadas.
12 de Março – Entre 180 e 200 mil pesso-
as participam em todo o País na jornada de
protesto convocada por um grupo informal
denominado «Geração à Rasca».
19 de Março – Mais de 300 mil trabalhado-
res participam em Lisboa numa grandiosa
manifestação promovida pela CGTP-IN.
22 de Março – o STAL assinala o Dia Mun-
dial da Água emitindo um comunicado em
conjunto com a Associação Água Pública.
22 de Março – Os trabalhadores da Mo-
veaveiro realizam uma greve de três horas
contra o atraso sistemático no pagamento
dos seus salários.
1 de Abril – Milhares de jovens desfilam
em Lisboa numa manifestação nacional
promovida pela Interjovem, inserida nas
comepara assinalar o Dia Internacional da
Juventude.
15 de Abril – O Conselho Geral do STAL
aprova o relatório de actividades e contas
de 2010 e a proposta de alteração aos Es-
tatutos.

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