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HISTÓRIA DA SOJA
Evidências históricas e geográficas indicam que a soja foi domesticada no século XI A.C. no
norte da China. O Vale do Rio Amarelo, que é o berço da civilização chinesa é provavelmente o local de
origem da soja.
A mais antiga referência sobre soja na literatura aparece em um livro de medicina intitulado
"Pen Ts'ao Kang Mu" (Matéria Médica), escrito pelo Imperador Shen Nung. Na literatura, as referências
a esta obra aparecem com seis datas diferentes de publicação, entre os anos de 2.838 A.C. a 2.383 A.C..
Para alguns autores, as referências à soja são ainda mais antigas, remetendo ao "Livro de Odes",
publicado em chinês arcaico e, também, à inscrições em bronze.
Embora estas referências sejam muito antigas, a domesticação da soja parece ser um pouco
mais recente. No Livro de Odes, que cobre o período entre os séculos XII e XI A.C., a palavra "Shu" é,
segundo os historiadores, a designação de soja. Sendo assim, a soja teria sido domesticada neste período.
Como é provável que muitas tentativas tenham sido realizadas até que a soja fosse domesticada com
êxito, parece razoável situar a domesticação da soja no século XI A.C., durante a dinastia Shang (1.500-
1.027 A.C.).
A partir da sua origem no norte da China, a soja expandiu-se (de maneira lenta) para o Sul da
China, Coréia, Japão e Sudeste da Ásia. Pelo fato da agricultura chinesa, na época, ser muito
introvertida, a soja só chegou a Coréia e desta ao Japão entre 200 A.C. e o século III D.C.
Até aproximadamente de 1894, término da guerra entre a China e o Japão, a produção de
soja ficou restrita à China. Apesar de ser conhecida e consumida pela civilização oriental por milhares
de anos, só foi introduzida na Europa no final do século XV, como curiosidade, nos jardins botânicos da
Inglaterra, França e Alemanha, durante os quatro séculos que se seguiram.
Na segunda década do século XX, o teor de óleo e proteína do grão começa a despertar o
interesse das indústrias mundiais. No entanto, as tentativas de introdução comercial do cultivo do grão
na Rússia, Inglaterra e Alemanha fracassaram, provavelmente, devido às condições climáticas
desfavoráveis.
Nos Estados Unidos, a primeira menção sobre soja data de 1804. Desde então diversos
experimentos foram conduzidos com soja naquele país. A partir de 1880 a soja adquiriu importância nos
Estados Unidos como planta forrageira. Em 1920 a área destinada a produção de grãos era de 76 mil ha,
e a destinada a produção de forragem, pastagem e silagem chegava a 300 mil ha. O aumento da área
destinada a produção de grãos deveu-se a sua alta capacidade de rendimento e a facilidade de colheita
mecânica. Além disso, a política governamental de restrição à produção de milho e algodão, a partir de
1934, foi um grande incentivo para a expansão da produção de soja nos Estados Unidos.
No Brasil, a soja parece ter sido primeiramente introduzida na Bahia, em 1882. Em 1908 foi
introduzida em São Paulo, por imigrantes japoneses, e em 1914 foi introduzida no Rio Grande do Sul
pelo professor Craig, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Foi no Rio Grande do Sul que a
soja começou a ser cultivada em larga escala. O município de Santa Rosa foi o pólo de disseminação da
cultura, que inicialmente expandiu-se pela região das missões. Até meados dos anos 30, esta era a região
produtora de soja.
Inicialmente, a soja produzida no Brasil era utilizada para a alimentação de suínos, como
fonte de proteína para complementar a dieta a base de milho, abóbora e mandioca. Foi também bastante
utilizada como adubação verde. Em 1958 foi instalada a primeira indústria de soja no Rio Grande do
Sul, mas o grande impulso da cultura foi dado nos anos 60. Na década de 50 foi dado grande incentivo,
por parte do governo Federal ao cultivo do trigo. A soja entrou como a cultura ideal para fazer a rotação
com trigo, devido a sua facilidade de cultivo e colheita, utilizando basicamente os mesmos
equipamentos destinados ao trigo. Surgia então a dobradinha trigo-soja. Com isso, a produção brasileira,
que era de 0,5% da produção mundial em 1954, passou a 16% da produção mundial em 1976.
Do Rio Grande do Sul, a soja expandiu-se para o restante do país, inicialmente para Santa
Catarina, depois para o Paraná, São Paulo, Minas Gerais e Centro-Oeste. Atualmente a soja é cultivada
em praticamente todo o território nacional, sendo o principal produto agrícola do país.
2. O CULTIVO DA SOJA
Embora seja planta originária de clima temperado, a soja se adapta bem em uma ampla faixa
de clima. A utilização de cultivares adaptados permite o cultivo dessa oleaginosa nos climas subtropical
e tropical. A soja que hoje cultivamos é muito diferente dos seus ancestrais, que eram plantas
rasteiras.
As temperaturas médias, ótimas para o melhor desenvolvimento da soja são entre 20 e 35°
C. Precipitações pluviométricas anuais de 700 a 1.200 mm bem distribuídas preenchem perfeitamente
suas necessidades hídricas.
As limitações por fertilidade não são de muita importância para a soja, pois essa reage
otimamente à adubação e constitui fator de melhoria do solo. Produz mais em solos férteis e argilosos,
desde que bem drenados.
Solos arenosos pobres podem também ser cultivados, porém, podem haver problemas de
germinação em condições desfavoráveis de umidade durante a semeadura.
A maior limitação para a cultura no aspecto solo é a sua declividade, que se maior de 12%
torna difícil à mecanização.
A cultura da soja somente é viável economicamente em áreas que possibilitem a
mecanização, com infra-estrutura, recursos humanos e financeiros disponíveis.
A soja requer preparo do solo e semeadura esmerados, tanto pela mecanização necessária,
como pela natureza das próprias sementes que perde seu poder germinativo com relativa facilidade.Há
três tipos de preparo do solo que podem ser utilizados no plantio da soja, são eles: Preparo
convencional, que é constituído de uma aração profunda de 20 a 25 cm e duas gradagens leves, a última
antes do plantio, para facilitar o controle de invasores; Plantio direto, Não exige o preparo prévio do
solo, porém são utilizados equipamentos especiais para plantio. É feito em duas etapas distintas: manejo
do mato - utilizando herbicidas e manejo sobre as ervas que cobrem o terreno, para limpá-lo; plantio -
utilização de semeadeiras ou plantadeiras especiais e aplicação de herbicidas seletivos. O plantio direto
deve ser encarado como a última etapa no processo de preparo e conservação do solo, sendo adotado
após alguns anos de preparo convencional. Egixe como premissas básicas a correção da acidez, a não
existência de compactação do solo, a adoção de práticas tradicionais de conservação do solo, a
diminuição da infestação de ervas daninhas e a cobertura do solo com alguma cultura de inverno. É
fundamental o conhecimento das ervas daninhas que infestam o solo e o domínio do uso de herbicidas,
sem o que o plantio direto poderá ser inviabilizado; Cultivo mínimo, este tipo de preparo do solo, a
operação de aração é substituída por uma gradagem pesada, feita com grade aradora, seguida de
gradagem niveladora. Este sistema de preparo do solo, apesar de bastante utilizado, não é recomendado
devido aos sérios problemas de compactação do solo que causa.
Outra questão que deve ser observada em relação ao solo é a correção da acidez, onde
devemos aplicar calcário para elevar a saturação de bases a 70%, nos casos em que ela for inferior a
60%, essa prática visa obter melhores rendimentos agrícolas.
2.3. PLANTIO
A semeadura é um dos trabalhos que mais pesam no êxito da lavoura, especialmente no caso
da soja, que perde seu poder germinativo com relativa facilidade, quando plantada em condições
adversas. Ainda, a semeadura irregular conduz a menor produtividade e eventuais dificuldades nos
tratos culturais e na operação de colheita.
As sementes para o plantio devem apresentar, no geral, germinação mínima de 80%. Isso
evita falhas na lavoura, devido à baixa germinação, comuns mesmo quando se faz a correção de
quantidade a semear, no caso de usar semente de baixo poder germinativo.
Para a germinação e emergência regular das plantas, é essencial um teor de umidade
suficiente no solo. A soja absorve grande quantidade de água para germinar; por isso a semeadura só
deve ser feita com o solo úmido, após boa chuva.
A época de semeadura é um dos fatores que mais influenciam o rendimento da soja. Como
essa é uma espécie termo e fotossensível, está sujeita a alterações fisiológicas e morfológicas, quando as
suas exigências, nesse sentido, não são satisfeitas. A época de semeadura determina a exposição da soja
à variação dos fatores climáticos limitantes. Assim, semeaduras em épocas inadequadas podem afetar o
porte, o ciclo e o rendimento das plantas e aumentar as perdas na colheita. A altura das plantas está,
também, relacionada com a população de plantas, com a cultivar utilizada e com a fertilidade do solo.
A soja deve ser semeada a uma profundidade de 3 cm em solos argilosos ou bem úmidos e 5
cm em solos arenosos ou com menor umidade. Semeaduras profundas dificultam a emergência da soja
principalmente se houver compactação superficial do solo. Deve ser semeada em linhas ou fileiras
espaçadas de 40 a 60 cm, de acordo com o cultivar a ser utilizado e/ou o tipo de solo. Espaçamentos
mais estreitos que 40 cm resultam num fechamento mais rápido da cultura, contribuindo para o controle
das plantas daninhas. A população de plantas ideal para que se obtenham os maiores rendimentos e a
que mais se ajusta à colheita mecânica é de 350 mil plantas por hectare, podendo variar 15%, nesse
número, sem alterar significativamente o rendimento de grãos, desde que as plantas sejam distribuídas
uniformidade, sem falhas.
Também é fundamental que a cultura permaneça no limpo durante todo o ciclo. A
competição entre o mato e a cultura se processa até 50 dias, dependendo do grau de infestação e do
número de espécies presentes na área. Além do decréscimo na produtividade, os efeitos podem se
manifestar por dificuldade na operação de colheita, devido ao entupimento das máquinas e ao tempo
adicional gasto pelo operador da colhedeira para colocar a máquina em condições de operar
novamente. O controle das ervas pode ser mecânico e químico.
2.4. PRAGAS DA SOJA
Durante todo o seu ciclo a soja é atacada por várias pragas. A seguir serão descritas as
principais pragas que ocorrem nesta cultura, em nossas condições.
Em um levantamento parcial de literatura, Ramiro (1982) relacionou 328 espécies que se
alimentam nas lavouras ou nos grãos armazenados. As principais pragas da soja são em número de seis,
as demais foram consideradas pragas secundárias.
A predominância de uma espécie sobre a outra é função das condições ecológicas de cada
região e da presença de seus inimigos naturais, que as mantém com populações abaixo do nível de dano
econômico.
As principais pragas são:
3. COMPOSIÇÃO DA SOJA
11,0 38,0 19,0 23,0 | 4,0 5,0 240 580 9,4 1,0 1900 220 3200 980 12 1,80 0,83 0,30 2,2 1,8 15,3 17,1
417
*A fibra alimentar é constituída pelo teor das fibras propiamente ditas e pelo teor dos carboidratos insolúveis.
Fonte: KAWAGA, 1995
4. SOJA TRANGÊNICA
5. SOJA ORGÂNICA
Estima-se que a colheita de soja convencional, em todo o planeta, renda cerca de 200
milhões de toneladas. O volume produzido é operado por grandes empresas, como a Cargill, a Bunge, a
ADM e a LDC. No Brasil, as companhias que desempenham esse papel são, essencialmente, a Maggi e
a Caramuru. Já a produção mundial de soja orgânica alcança as 300 mil toneladas, e suas vantagens para
a saúde só foram descobertas recentemente.
A soja orgânica, além de reter todas as propriedades da soja comum, acumula ainda o
benefício claro dos alimentos orgânicos. É mais sadia, livre de agrotóxicos, não contamina o meio
ambiente e estimula a inclusão social, incentivando a produção familiar e viabilizando uma receita mais
justa ao pequeno produtor.
No Brasil, há uma série de empresas que, juntas, vêm viabilizando a produção de soja
orgânica e abrindo o mercado externo para os grãos nacionais.
Uma delas é a Cotrimaio, cuja missão é a de viabilizar a manutenção dos agricultores em
suas propriedades, agregando valores aos seus produtos e melhorando a qualidade de vida de suas
famílias. Para isso, a companhia dá assistência aos produtores, assumindo custos de certificação,
recebimento e comercialização.
Outras empresas têm suas atividades focadas no plantio e na excelência. É o caso da
Naturalle, baseada em Jundiaí (SP), que hoje é capaz de suprir grãos segundo a necessidade de seus
clientes. Já a paranaense Ecofarma cultiva a sua própria soja orgânica, exportando a leguminosa e seus
derivados. A carioca Ecobras, por sua vez, trabalha exclusivamente como produtora de tofu, molho
shoyu e pasta de soja.
A soja orgânica produzida no Brasil é certificada por órgãos especiais, como o Ecocert e o
IBD, que asseguram sua garantia. Ela é então comercializada por empresas reconhecidas. É esse o papel
da Terra Preservada, de Curitiba, que desenvolve também projetos comerciais de produção de leite de
soja.
A soja orgânica, portanto, é um produto saudável, lucrativo, e interessante tanto aos
produtores nacionais quanto aos importadores estrangeiros. Assim, à medida que o mercado se expande,
cresce também a participação do Brasil. O comércio da soja orgânica caminha, para sua era mais
promissora, contribuindo para o desenvolvimento da produção brasileira.
6. PROCESSAMENTO DA SOJA
• Lecitina: é uma combinação de fosfolipídios que ocorrem naturalmente nos grãos de soja. Gomas de
lecitina são obtidas do óleo de soja após a extração do óleo dos flocos de soja. A lecitina é removida
do óleo de soja por um processo de precipitação de vapor.
• Proteína Isolada de Soja: é produzida a partir dos flocos de soja, através de um processo que utiliza
extração aquosa e aquecimento mínimo. Este produto é praticamente livre de carboidratos e de
gordura, tendo 90% de proteína em peso seco.
7. PROTEÍNA DA SOJA
O conteúdo de proteína dos grãos de soja pode variar bastante, mas geralmente situa-se entre
35 e 42% da matéria seca (embora conteúdos maiores e menores sejam freqüentemente observados). Em
relação a sua composição calórica, as proteínas da soja representam cerca de 35 a 38%, enquanto que em
outras leguminosas as proteínas geralmente representam 20 a 30% das calorias.
Em relação a qualidade nutricional, a proteína da soja se sobressai. Sob os novos métodos
de classificação adotados pelo FDA (órgão responsável pela regulamentação de alimentos e remédios,
nos EUA) e pela OMS (Organização Mundial da Saúde) para a avaliação da qualidade de proteínas para
crianças e adultos, o isolado protéico de soja recebeu nota 1, que é o maior escore possível. Isto significa
que a proteína da soja equivale-se a proteína do leite ou da carne.
Isolados protéicos são uma fonte altamente digestível de aminoácidos. Aminoácidos são os
elementos constituintes das proteínas, essenciais para o crescimento e manutenção do corpo. Uma vez
consumida, a proteína é quebrada em aminoácidos individuais, que formam os anticorpos e enzimas para
o organismo. Dos 20 aminoácidos que o organismo humano necessita, 11 são produzidos pelo
organismo. Os outros nove devem ser ingerido através da alimentação. A proteína da soja provê todos os
nove aminoácidos que faltam, sendo, portanto uma proteína completa. A soja é o único vegetal que
oferece uma proteína completa.
8. FIBRA DA SOJA
Todas os alimentos vegetais contém fibras alimentares. Uma dieta rica em fibras é muito
importante para reduzir os riscos de certos tipos de câncer e doenças do coração. O instituto nacional do
Câncer dos EUA recomenda que os americanso consumam 25-30 gramas de fibras por dia. Muitas
pessoas ficam muito abaixo destes níveis. Soja e alguns alimentos derivados de soja são exceletes fontes
de fibra: um quarto de copo de soja possui oito gramas de fibra. Alimentos feitos com soja integral, tais
como farinha, proteína texturizada de soja (PTS) e tempeh, são todos ricos em fibras. Alguns alimentos
de soja, no entanto, perdem sua fibra durante o procesamento. Tofu e leite de soja contém pouca fibra.
9. MINERAIS DA SOJA
Muitos alimentos de soja são ricos em cálcio. Um quarto de copo de grãos contém 88
miligramas de cálcio, que corresponde a 10% da recomendação de injestão diária de uma pessoa adulta.
Alguns produtos possuem um pouco mais de cálcio:
• Grãos de soja torrados contém 232 miligramas de cálcio em 1/4 de copo.
• Tofu é geralmente feito usando sal com cálcio e pode conter entre 120 e 750 miligramas de cálcio em
1/4 de copo.
• Outros produtos ricos em cálcio incluem tempeh, proteína texturizada de soja e leite de soja
enriquecido com cálcio.
O cálcio da soja é rapidamente absorvido pelo organismo. Alimentos de soja também são
boas fontes de cobre e magnésio.
Alimentos a base de soja contém uma grande variedade de vitaminas. Estes alimentos são
especialmente ricos em vitaminas do complexo B, tais como Niacina, Piridoxina e Folacina.
Grãos
1.35 0.20 47
1/2 copo de soja cozida
Tempeh 1/2 copo 3.8 0.25 43
Proteína Texturizada de soja, 1/2 copo, cozida 0.75 0.12 --
Grãos torrados 1/4 copo 0.6 0.09 91
Tofu 1/2 copo 0.2 0.06 19
Farinha de soja,
0.65 0.14 76
desengordurada 1/4 copo
Leite de soja,
1.4 0.10 4
1 copo (puro)
Misso 2 colheres 0.3 -- 10.1
Consumo diário recomendado para adultos 15 1.6 - 2.0 180 - 200
A soja "in natura" não pode ser consumida, pois além de possuir fatores antinutricionais, seu
sabor de feijão verde (o chamado "Beany Flavor") não é agradável ao paladar ocidental.
O sabor característico da soja deve-se a presença de enzimas chamadas de Lipoxigenases.
Estas enzimas catalizam algumas reações de hidroperoxidação dos ácidos graxos poliinsaturados,
produzindo hexanal e ácido jasmônico, que são os responsáveis pelo sabor característico da soja.
Já existem algumas variedades que não possuem as enzimas lipoxigenases nos grãos, sendo o seu sabor
suave e agradável ao paladar ocidental. No entanto, nas variedades que possuem as lipoxigenases, é
possível eliminar sua atividade pelo tratamento térmico. O tratamento térmico também elimina os
fatores antinutricionais da soja.
É importante que os grãos de soja não sejam lavados ou deixados de molho em água fria,
antes de realizar o tratamento térmico, uma vez que a água potencializa a atividade destas enzimas.
O tratamento térmico deve ser realizado da seguinte forma: Ferver uma quantidade de água
cinco vezes maior do que a quantidade de soja a ser utilizada; Quando a água estiver fervendo, colocar
os grãos de soja. É importante que este seja o primeiro contato dos grãos com á água. Os grãos devem
ser escolhidos para retirar grãos danificados e outras impurezas; Depois que levantar fervura novamente,
deixar ferver por pelo menos cinco minutos; Retirar do fogo, escorrer a água, e lavar os grãos em água
corrente, trocando a água pelo menos duas vezes. A soja está pronta para ser utilizada. Basta escolher a
receita.
Durante décadas recomendou-se reduzir o consumo de ácidos graxos para reduzir os riscos
de doenças cardiovasculares. Isto deveu-se a constatação de que elevadas quantidades de LDL-colesterol
(o colesterol de baixa densidade, ou mau colesterol) no plasma sangüíneo, estão associadas com o maior
risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares.
Estudos recentes mostraram que são os ácidos graxos saturados que estão associados aos
altos riscos de se desenvolver doenças cardiovasculares, e que os ácidos graxos insaturados reduzem
este risco.
Então, a composição e distribuição dos ácidos graxos no óleo determinam o seu valor
nutricional, sabor, propriedades físicas, e seu efeito sobre a saúde. Uma relação 4:1 entre ácidos graxos
poliinsaturados e saturados é considerada ideal para um óleo de boa qualidade.
O óleo corresponde, em média, a 20% da matéria seca dos grãos de soja, enquanto que a
maioria das leguminosas (exceto o amendoin) contém de 2 a 14% de óleo. Aproximadamente 40% das
calorias da soja são fornecidas pelo seu óleo. O óleo de soja é utilizado tanto na indústria, quanto na
alimentação. O óleo de soja é o óleo de cozinha mais conhecido. Os chamados óleos vegetais são
geralmente óleos de soja.
A maior parte do óleo de soja é composto por gordura insaturada. Ácidos graxos
poliinsaturados (ácido linolênico e linoléico), monoinsaturados (ácido olêico) e saturados (ácido
palmítico e esteárico) correspondem, em média, a 61%, 25% e 15%, respectivamente. O ácido linolênico
(componente da fração poliinsaturada do óleo), qe corresponde, em média, a 7% da composição do óleo,
é um ácido graxo ômega-3. A soja é uma das poucas fontes vegetais de ácidos graxos ômega-3. Ácidos
graxos ômega-3 são nutrientes essenciais para crianças e podem ajudar a reduzir os riscos tanto de
doenças do coração quanto de câncer.
Alguns alimentos de soja são isentos de gordura. Farinha de soja desengordurada não possui
gordura, e a quantidade de gordura na proteína texturizada de soja é insignificante. Também são
disponíveis tofu com teor de gordura reduzido, e leite de soja com teor reduzido ou ausência de gordura,
para consumidores que necessitem diminuir a gordura em suas dietas.
Ácidos graxos são ácidos carboxílicos alifáticos de cadeias longas, encontrados em gorduras
e óleos naturais. Podem ou não apresentar ligações duplas entre as moléculas de carbono, sendo
classificados como saturados (nenhuma ligação dupla) ou insaturados (com ligações duplas). Os ácidos
graxos saturados podem ser monoinsaturados (apenas uma ligação dupla) ou poliinsaturados (mais de
uma ligação dupla).
• Ácidos graxos saturados: são os mais comuns em nossa dieta. São encontrados principalmente em
alimentos de origem animal, tais como carne, ovos e gordura animal, e em óleos tropicais (palma e
côco). Dietas ricas em gordura saturada são associadas com altos ríscos de doenças cardiovasculares
e alguns tipos de câncer. O óleo de soja é considerado um dos mais bem balanceados óleos vegetais,
com baixo conteúdo de gordura saturada (em torno de 15%). Os ácidos graxos saturados da soja são
o ácido palmítico e o ácido esteárico. Ácidos graxos saturados aumentam o ponto de fusão das
gorduras. Por este motivo, gordura animal (rica em ácidos graxos saturados) é sólida, e gordura
vegetal (pobre em ácidos graxos saturados) é líquida a temperatura ambiente.
• Ácidos graxos monoinsaturados: um tipo de ácido graxo insaturado, em que a cadeia de átomos de
carbono perdeu um átomo de hidrogênio, gerando uma ligação dupla ente duas moléculas de
carbono. São encontrados em óleos vegetais, tais como soja, oliva, canola, amendoin. Como
conferem estabilidade, óleos ricos em ácidos graxos monoinsaturados são bons para frituras. O óleo
de soja contém cerca de 25% de ácidos graxos monoinsaturados (ácido olêico). Quando substituem
ácidos graxos saturados na dieta, ajudam a baixar o colesterol LDL (mau colesterol) sem alterar o
HDL (bom colesterol).
• Ácidos Graxos Poliinsaturados: Um tipo de ácido graxo insaturado, cuja cadeia de átomos de
carbono perdeu dois ou mais átomos de hidrogênio. São encontrados em amêndoas e óleos vegetais
(soja, milho, girassol, oliva, canola) e óleo de peixe. O óleo de soja possui cerca de 61% de ácidos
graxos poliinsaturados (ácido linoléico e ácido linolênico). Quando substituem ácidos graxos
saturados na dieta, ajudam a baixar o colesterol LDL (mau colesterol) sem alterar o HDL (bom
colesterol). O ácido linolênico e o ácido linoléico (ácidos graxos poliinsaturados da soja) são dois
dos ácidos graxos essenciais a dieta humana. Ácidos graxos essencias são aqueles que necessitam
fazer parte da dieta (não são sintetizados pelo organismo). A Organização Mundial da Saúde
recomenda que 25% das calorias ingeridas na dieta sejam ácidos graxos essenciais.
Os ácidos graxos insaturados, que correspondem a fração do óleo que é benéfica para a
saúde, sofrem oxidação em suas ligações duplas, levando a rancificação ou queda no sabor do óleo.
Quanto maior o grau de saturação, maior a instabilidade do óleo. O ácido olêico não é tão estável quanto
os ácidos graxos saturados, mas é 10 vezes mais estável do que o ácido linoléico e 20 vezes mais estável
do que o ácido linolênico.
Devido a instabilidade dos ácidos graxos insaturados (especialmente os poliinsaturados), que
correspondem a maior fração do óleo de soja, óleos destinados a frituras devem ser parcialmente
hidrogenados quimicamente durante o processo de beneficiamento, na indústria. A hidrogenação
química tem como objetivo adicionar átomos de hidrogênio às cadeias de ácidos graxos insaturadas,
reduzindo as duplas ligações (ou seja, saturando o óleo). O objetivo é reduzir o ácido linolênico para
menos de 2%, melhorando a estabilidade e o sabor do óleo.
Óleos destinados a saladas e maionese não necessitam hidrogenação química. A
hidrogenação química também é necessária para obter margarinas no estado sólido (a temperatura
ambiente). Além de aumentar o custo de beneficiamento do óleo, a hidrogenação química ainda produz
os chamados ácidos graxos trans insaturados. O consumo de ácidos graxos trans insaturados está
correlacionado com aumento no LDL (mau) colesterol e diminuição no HDL (bom) colesterol. Os
resultados de pesquisa associando o consumo de ácidos graxos trans insaturados com o aumento no risco
de doenças cardiovasculares são controversos. Mesmo assim, os níveis de ácidos graxos trans
insaturados na dieta é geralmente muito baixo, uma vez que estão presentes em pequenos níveis nos
alimentos.
Existe um concenso entre praticamente todos os profissionais da nutrição, de que a dieta não
deva conter mais do que 30% de calorias originárias de gordura. Uma dieta de 2.000 calorias, por
exemplo, pode ter 600 calorias obtidas de gordura, o que equivale a 66 gramas de gordura por dia.
A estabilidade natural do óleo de soja poderia baixar o custo de processamento e melhorar
sua qualidade e seu sabor. Por este motivo, programas de melhoramento que visam produzir variedades
de soja com melhor qualidade de óleo tem entre seus objetivos reduzir a quantidade de ácido linolênico
para menos de 3%, reduzir a quantidade de ácido linoléico para cerca de 25%, e aumentar a quantidade
de ácido oléico para cerca de 50% (além de reduzir a quantidade de ácidos graxos saturados,
especialmente ácido palmítico). Em um futuro breve, será possível obter óleo de soja com maior
estabilidade oxidativa, exigindo muito pouca, ou nenhuma hidrogenação química.
14. ÁCIDOS GRAXOS PRESENTES NA SOJA
• Ácido Palmítico (16:0): É um ácido graxo com 16 moléculas de carbono na cadeia, e nenhuma
ligação dupla (saturado). Corresponde a cerca de 11% da composição de ácidos graxos do óleo de
soja. É um ácido graxo saturado muito estável para frituras. Por ser o ácido graxo saturado mais
abundante no óleo de soja, os programas de melhoramento de soja que objetivam produzir
variedades com óleo de melhor qualidade procuram obter variedades com menor conteúdo de ácido
palmítico.
• Ácido Esteárico (18:0): É um ácido graxo com 18 moléculas de carbono na cadeia, e nenhuma
ligação dupla (saturado). Corresponde a cerca de 4% da composição de ácidos graxos do óleo de
soja. É importante para a fabricação de margarinas (reduz o ponto de fusão).
• Ácido Olêico (18:1): É um ácido graxo com 18 moléculas de carbono na cadeia, e uma ligação dupla
(monoinsaturado). Corresponde a cerca de 25% da composição de ácidos graxos da soja. Confere
maior estabilidade ao óleo, do que os ácidos graxos poliinsaturados. Por resistir a rancificação, um
óleo rico em ácido linolênico confere maior "vida de prateleira" ao óleo.
• Ácido Linoléico (18:2): É um ácido graxo com 18 moléculas de carbono na cadeia, e duas ligações
duplas (poliinsaturado). É um dos ácidos graxos essencias, também conhecido com ácido ômega-6.
Corresponde a cerca de 54% da composição de ácidos graxos da soja. O consumo de ácidos graxos
poliinsaturados pode diminuir os níveis de lipídios no sangue, e então diminuir o colesterol.
• Ácido Linolênico (18:3): É um ácido graxo com 18 moléculas de carbono na cadeia, e três ligações
duplas (poliinsaturado). É um dos ácidos graxos essencias, também conhecido com ácido ômega-3.
Corresponde a cerca de 7% da composição de ácidos graxos da soja. A soja é um dos poucos
vegetais com quantidades nutricionalmente significativas de ômega-3.
16.1. GENISTEÍNAS
16.2. DIDZEÍNAS
Câncer é o nome dado a um conjunto de mais de 100 doenças que têm em comum o
crescimento desordenado de células que invadem tecidos e órgãos, podendo espalhar-se (metástase) para
outros órgãos. Dividindo-se de maneira incontrolada, essas células determinam a formação de tumores
ou neoplasias malignas.
As causas do câncer podem ser externas ou internas ao organismo, estando ambas
interrelacionadas. As causas internas são, na maioria das vezes, determinadas geneticamente e estão
ligadas à capacidade do organismo de se defender das agressões externas. Do total de casos, 80% a 90%
dos cânceres estão associados a fatores ambientais. Alguns deles são bem conhecidos: o cigarro pode
causar câncer de pulmão, a exposição excessiva ao sol pode causar câncer de pele e alguns vírus podem
causar leucemia. Outros fatores ainda estão em estudo, tais como alguns componentes alimentares.
Estudos realizados no Japão e na China, países cujas populações utilizam regularmente a soja em sua
dieta alimentar, mostraram reduzidos índices de doenças coronárias, de câncer de mama e de próstata,
quando comparados aos dos países onde a soja é pouco utilizada na alimentação humana.
Entretanto, constatou-se que nos descendentes de japoneses, que emigraram para o Ocidente e,
conseqüentemente, adotaram novos hábitos alimentares onde a soja não está presente, o índice de câncer
nas gerações subseqüentes se igualava aos índices da população dos países para onde emigraram.
A partir dessas observações, vários estudos foram realizados sobre os possíveis efeitos da soja na
prevenção de alguns tipos de câncer, principalmente, aqueles relacionados com deficiência hormonal,
como câncer de mama, de colo de útero e de próstata. Além desses, a soja possui efeitos benéficos nos
cânceres de bexiga, intestino de cólon, dentre outros.
As isoflavonas são apontadas como os principais compostos presentes na soja capazes de
prevenir o aparecimento de vários tipos de câncer.
Além das isoflavonas, outras substâncias, também presentes nos grãos de soja, auxiliam na
prevenção e no controle de alguns tipos de câncer. Dentre esses compostos, estão os inibidores de
proteases (inibidores de tripsina), as saponinas e o aminoácido metionina.
A eficácia da soja na prevenção e no tratamento do câncer depende do tipo de câncer, do
agente causal e da fase de desenvolvimento da doença. Além disso, é possível haver variações na
eficácia da resposta, em função das características do paciente.
Apesar das evidências dos benefícios da soja na prevenção e no controle do câncer, a
comunidade científica ainda não conseguiu estabelecer claramente os mecanismos fisiológicos de
atuação e ação preventiva dos compostos da soja.
Os estudos a respeito dos efeitos protetores dos compostos presentes na soja em relação ao
câncer são relativamente recentes.
Para se estabelecer o efeito de qualquer alimento na prevenção e no controle de doenças, são
necessários vários anos de pesquisa.
Entretanto, já foram encontrados resultados significativos em experimentos com animais que
ingerira uma dieta com soja ou seus derivados. Em alguns estudos, a ingestão da soja, aliada ao
tratamento médico, promoveu 100% de proteção contra o surgimento de tumores de mama em ratas
submetidas a agentes carcinogênicos.
Em doenças crônicas, a prevenção é o melhor tratamento. A ingestão diária da soja e seus
derivados, auxilia nessa prevenção.
Nas pesquisas realizadas nos Estados Unidos, Europa e Japão concluiu-se que as proteínas
de origem vegetal são mais benéficas à saúde do que as de origem animal. Atuam diminuindo o
colesterol sangüíneo total e o LDL-colesterol, popularmente conhecido como “mau" colesterol.
A soja apresenta uma série de vantagensem relação às outras fontes de proteína vegetal.
Possui elevado teor de proteínas (38% a 42%) de baixo custo e de excelente qualidade, como também as
isoflavonas, que auxiliam na redução do colesterol sangüíneo.
A ingestão diária de 25 g de proteína da soja reduz acentuadamente o colesterol total num
período de, aproximadamente, três semanas. Essa ingestão diária de proteínas da soja pode reduzir em
até 30% os níveis do chamado "mau" colesterol (LDL), ao mesmo tempo em que ocorre um estímulo
para a produção do "bom" colesterol (HDL). A redução pode ocorrer pelo aumento da excreção de sais
biliares pelas fezes, principal forma de eliminação do colesterol, ou pelo aumento no metabolismo do
colesterol, para compensar o aumento na eliminação de sais biliares. Além disso, o consumo de soja
diminui a relação insulina glucagon, hormônios que estão envolvidos no metabolismo do colesterol.
A Federação Mundial de Cardiologia confirma que o consumo diário de 25 gramas de proteína de soja
faz bem ao coração, controlando os níveis de colesterol e, assim, prevenindo doenças crônicas.
A soja também é fonte de ácidos graxos essenciais que, aliados às isoflavonas, atuam de
maneira protetora sobre a camada interna que recobre as artérias, prevenindo a arteriosclerose e a
trombose, que são processos de obstrução das artérias.
17.3. SOJA NA PREVENÇÃO DA TENSÃO PRÉ-MENSTRUAL E DO CLIMATÉRIO
Calor, sudorese, pele seca, podendo até surgir a osteoporose. Como as isoflavonas são
estruturalmente semelhantes ao estrógeno, ligam-se aos receptores estrogênicos das células evitando o
surgimento dos sintomas indesejáveis da tensão pré-menstrual e do climatério. As isoflavonas, atuando
como hormônios, apresentam a vantagem de não causar efeitos colaterais, como aqueles observados em
pacientes usuários de hormônios sintéticos. Apesar da semelhança com o estrógeno sintético, a atividade
das isoflavonas é cerca de 100 mil vezes mais fraca do que a atividade destes.
Estudos coordenados pelo ginecologista Kyung Koo Han e a equipe da Disciplina de Ginecologia e
Climatério da Escola Paulista de Medicina da Univer-sidade Federal de São Paulo, com o
apoio da Embrapa Soja, revelaram efeitos benéficos das isoflavonas, presentes na soja, nas pacientes em
fases de meno-pausa e pós-menopausa.
Neste estudo, 80 mulheres que apresentavam sintomas clínicos e laboratoriais de climatério
foram subdivididas em dois grupos de 40 pacientes cada, onde o primeiro recebeu doses diárias de 100
mg de isoflavonas e o segundo recebeu apenas placebo. Avaliações clínicas em 80% das mulheres do
primeiro grupo mostraram melhoras nos sintomas indesejáveis da menopausa, enquanto que, no segundo
grupo que recebeu o placebo, apenas 12,5% das mulheres apresentaram resultados positivos.
Os níveis de colesterol sangüíneo também diminuiram em 35 pacientes do primeiro grupo, o que
corresponde a 87,5%, enquanto no segundo grupo essa diminuição foi de apenas 32,5%, com
conseqüente aumento do HDL e redução do LDL.