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Julho de 2006
…aos meus Pais, irmãos, e à Andreia.
AGRADECIMENTOS
Gostava, antes de mais, agradecer ao meu Orientador Professor Carlos Dinis da
Gama, pelos ensinamentos que me transmitiu ao longo dos anos, pelo apoio na
realização desta tese, e cujo acompanhamento foi fundamental para que o trabalho
chegasse a bom porto.
Aos meus Pais, Manuel de Oliveira e Maria Luísa Oliveira, e irmãos, Filipa e Luís
Filipe, pelo seu amor em momentos bons e menos bons e por terem compreendido e
aceite a necessidade de tantos outros mais ausentes.
Aos meus avós pelo espaço dispendido na sua casa e por tantas outras coisas...
Por fim, não poderia deixar de agradecer à Andreia pelo apoio total, dedicação,
carinho e também, muita compreensão durante todo este processo.
i
ii
RESUMO
A importância do combate à erosão dos terrenos é a principal justificação para o
envolvimento da Geotecnia na tentativa de minimizar este fenómeno natural.
PALAVRAS-CHAVE:
iii
iv
ABSTRACT
GEOTECHNICAL CONTRIBUTIONS TO THE STUDY OF EROSION
The importance of fighting ground erosion is the main reason for involving Geotechnics
in attempting to minimize this natural phenomenon.
The susceptibility of ground with respect to erosion was sought trough the proposition
of an innovative safety factor, which may involved the relevant stabilization techniques.
KEY WORDS:
v
vi
ÍNDICE GERAL
vii
6.4. MOVIMENTO DE DESLIZAMENTO DE GRANDES BLOCOS 75
6.5. MOVIMENTO COM EXTRUSÃO PLÁSTICA LATERAL 77
6.6. MOVIMENTO COMPLEXOS 78
6.7. OUTROS MOVIMENTOS 78
6.8. CORRENTES 81
7. RISCO, FACTOR DE SEGURANÇA E INCERTEZA 82
7.1. INTRODUÇÃO 82
7.2. RISCO 83
7.2.1. DEFINIÇÃO 83
7.2.2. MATRIZ DE RISCO GEOTÉCNICO 87
7.2.3. MAPA DE RISCO GEOTÉCNICO 89
7.3. PROBABILIDADE E INCERTEZA, FACTOR DE SEGURANÇA 90
7.4. CUSTO ASSOCIADO À ESTABILIZAÇÃO DE TALUDES 100
8. MÉTODOS DE ESTABILIZAÇÃO DE TALUDES 103
8.1. INTRODUÇÃO 103
8.2. ESTABILIZAÇÃO POR MODIFICAÇÃO DA GEOMETRIA
DO TALUDE 106
8.2.1. INTRODUÇÃO 106
8.2.2. DESCABEÇAMENTO 106
8.2.3. ENROCAMENTO NA BASE DO TALUDE 106
8.2.4. BERMAS 108
8.2.5. REPERFILAMENTO DO TALUDE 109
8.3. ESTABILIZAÇÃO POR DRENAGEM 110
8.3.1. GENERALIDADES 110
8.3.2. DRENAGEM SUPERFICIAL 112
8.3.3. DRENAGEM PROFUNDA 114
8.3.3.1. CLASSIFICAÇÕES E CONSIDERAÇÕES GERAIS 114
8.3.3.2. DRENOS HORIZONTAIS 116
8.3.3.3. DRENOS VERTICAIS FIBROQUÍMICOS 117
8.3.3.4. POÇOS VERTICAIS DE DRENAGEM 119
8.3.3.5. GALERIAS DE DRENAGEM 120
8.3.3.6. VALAS COM ENCHIMENTO DRENANTE 121
8.4. ESTABILIZAÇÃO SUPERFICIAL RECORRENDO À VEGETAÇÃO 122
8.4.1. INTRODUÇÃO 122
8.4.2. PROTECÇÃO DA SUPERFÍCIE DO SOLO 124
8.4.2.1. PROTECÇÃO CONTRA A EROSÃO POR SALPICAMENTO 124
8.4.2.2. PROTECÇÃO CONTRA A ESCORRÊNCIA SUPERFICIAL 128
8.4.2.3. PROTECÇÃO DO SOLO PELAS PLANTAS 129
8.5. TÉCNICAS DE BIOENGENHARIA 130
8.6. ESTABILIZAÇÃO RECORRENDO A ELEMENTOS
RESISTENTES (MÉTODOS COMPLEMENTARES) 133
8.6.1. INTRODUÇÃO 133
8.6.2. MALHAS GUIA 133
8.6.3. MUROS 134
viii
8.6.3.1. GENERALIDADES 134
8.6.3.2. MUROS DE GRAVIDADE 136
8.6.3.3. MUROS DE ATENUAÇÃO 137
8.6.3.4. MUROS JAULA 138
8.6.3.5. MUROS DE GABIÕES 139
8.6.3.6. MUROS DE TERRA ARMADA 141
8.6.3.7. ENCHIMENTO POSTERIOR AO MURO 142
8.7. OUTROS SISTEMAS 142
TERCEIRA PARTE – CASO DE ESTUDO 145
9. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DO CASO DE ESTUDO 146
9.1. CARACTERIZAÇÃO GEOMORFOLÓGICA 146
9.2. CARACTERIZAÇÃO GEOLÓGICA 148
9.3. CARACTERIZAÇÃO TECTÓNICA 149
9.4. CARACTERIZAÇÃO CLIMATOLÓGICA 150
9.5. CARACTERIZAÇÃO HIDROGEOLÓGICA 151
9.6. CARACTERIZAÇÃO GEOTÉCNICA 152
10. ERODÍMETRO 154
10.1. GENERALIDADES 154
10.2. DESCRIÇÃO DO APARELHO E DO ENSAIO 155
10.3. ENSAIOS DE ERODIBILIDADE REALIZADOS 159
11. O FACTOR DE SEGURANÇA DO ESCORRIMENTO
(«DEBRIS FLOW») 164
11.1. CASO GERAL 164
11.2. FACTOR DE SEGURANÇA DO ESCORRIMENTO 167
11.3. COMPARAÇÃO DO FACTOR DE SEGURANÇA DO
ESCORRIMENTO COM O FACTOR DE SEGURANÇA DE
JIMENO E GONZALEZ 183
11.3. CONCLUSÕES 186
QUARTA PARTE – CONCLUSÕES E FUTURAS LINHAS DE INVESTIGAÇÃO 187
12. CONCLUSÕES 188
12.1. RESULTADOS OBTIDOS 188
12.2. SUGESTÕES PARA FUTURAS LINHAS DE INVESTIGAÇÃO 188
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 191
ix
ÍNDICE DE FIGURAS
x
Figura 3.13. Exemplo esquemático da formação de uma «rocha-cogumelo» e
fotografia de uma. 40
Figura 3.14. Formação de uma «Duna». 40
Figura 3.15. Principais formas de transporte eólico de sedimentos. 41
Figura 4.1 Reptação 45
Figura 4.2. a) Cones de detritos; b) Talude de detritos. 45
Figura 4.3. Influência do ângulo de inclinação de um talude sobre a erosão e a
vegetação. 46
Figura 4.4. Modelos geométricos de dez tipos de taludes e distribuição da
escorrência. 47
Figura 4.5. a) Formas típicas de taludes. b) Saldo de materiais
Erosão/Sedimentação. 48
Figura 4.6. Influência da cobertura vegetal na acção do vento. 54
Figura 4.7. Efeito das raízes. 55
Figura 5.1. Diagrama triangular para a determinação da textura com
indicação da erodibilidade. 63
Figura 5.2. Tipos e classes de estrutura de solos. 65
Figura 6.1. Formação em consola por remoção do estrato mais brando. 73
Figura 6.2. Mecanismos de desprendimentos (a) e colapsos (b). 74
Figura 6.3. Desabamento de blocos individualizados. 74
Figura 6.4. Deslizamento Rotacional. 76
Figura 6.5. Deslizamentos: a) Discordante; b) Concordante. 77
Figura 6.6. Extensões Laterais: a) Fluência e extrusão do material
subjacente; b) Expansão e liquefacção. 78
Figura 6.7. Deformação sem ruptura. 79
Figura 6.8. Movimentos de massas desorganizadas ou revoltas. 80
Figura 7.1. Variação da estabilidade de taludes com o clima e a litologia. 83
Figura 7.2. Níveis de risco em diferentes projectos de engenharia. 85
Figura 7.3. Matriz de risco geotécnico. 88
Figura 7.4. Mapa de probabilidade de escorregamentos numa área a
sudeste de Wheeling, EUA. 89
Figura 7.5. Factores de Segurança e Probabilidade de Ruptura de um talude. 94
Figura 7.6. Funções de distribuição de probabilidade (FDP) simples do ângulo
de atrito e do nível piezométrico. 95
xi
Figura 7.7. Variação típica da probabilidade de instabilização dos taludes
com as seguintes variáveis: α (inclinação do talude), L (comprimento
de infiltração no topo do talude, H (altura do talude), γ (peso volúmico
do terreno, NF (altura do nível freático), n (porosidade do terreno),
i (taxa de infiltração face à precipitação), φ (ângulo de atrito),
c (coesão), KMV(coeficiente de protecção do talude), K (condutividade
hidráulica). 98
Figura 7.8. Variações da perda de material em função da precipitação. 99
Figura 7.9. Níveis críticos da precipitação acumulada (em mm) durante
determinados períodos de tempo (h). 99
Figura 7.10. Custo generalizado do talude e determinação da sua inclinação
óptima. 101
Figura 7.11. Análise dos custos de intervenção para a redução do perigo ou
probabilidade de ocorrência. 101
Figura 7.12. Estabilização dos taludes finais da pedreira de marga da SECIL
– Maceira. 102
Figura 7.13. Aplicação de técnicas de estabilização de taludes de estradas
com revegetação. 102
Figura 8.1. Enrocamento na base do talude. 107
Figura 8.2. Criação de Bermas. 109
Figura 8.3. Reperfilamento do talude. 109
Figura 8.4. Diferentes tipos de drenos e funções que desempenham. 111
Figura 8.5. Efeitos hidrológicos e mecânicos da vegetação sobre um talude 122
Figura 8.6. Variação da velocidade terminal de queda de uma gota de água em
função do diâmetro da gota. 124
Figura 8.7. Variação do coeficiente de erosão por salpicadura (CS) em função da
altura da vegetação (H), para diferentes intensidades de precipitação (mm/h). 126
Figura 8.8. Variação do coeficiente de erosão por salpicadura (CS) em função
do grau de cobertura (S), a alturas diferentes da vegetação, H. Diâmetro
de gotas de 5 mm 126
Figura 8.9. Variação do coeficiente de erosão por salpicadura (CS) em função do
tamanho da gota (), para diferentes alturas de vegetação (H) e
diferentes intensidades de precipitação (I). 127
Figura 8.10. Variação da perda do solo em função do grau de cobertura do
mesmo e da altura da vegetação que o cobre. 128
xii
Figura 8.11. Estabilização de taludes e técnicas de bioengenharia. 132
Figura 8.12. Classificação dos muros do ponto de vista funcional:
a) Revestimento, b) Sustimento, c) Contenção. 135
Figura 8.13. Ilustração de um muro de gravidade. 136
Figura 8.14. Muro de gravidade com função de revestimento. 137
Figura 8.15. Muro de betão armado. 138
Figura 8.16. Muro com contraforte. 138
Figura 8.17. Esqueleto de um muro jaula composto por vigas de madeira
longitudinais e transversais. 139
Foto 8.18. Muro de gabiões. 140
Figura 8.19. À esquerda muro de gabiões com degraus para o exterior, à direita
muro de gabiões com degraus para o interior do talude. 140
Figura 9.1. Aspecto geral da área em estudo. 146
Figura 10.1. Aspecto geral do Erodímetro. 157
Figura 10.2. Preparação amostra sem vegetação. 158
Figura 10.3. Preparação amostra com vegetação (nos moldes). 158
Figura 10.3. Solo Arenoso, evolução da erosão do solo, sem e com cobertura
vegetal, com a inclinação da rampa. 162
Figura 10.4. Solo Silto arenoso, evolução da erosão do solo, sem e com
cobertura vegetal, com a inclinação da rampa. 162
Figura 11.1. Deslizamentos planares de taludes. 165
Figura 11.2. Deslizamentos circulares de taludes. 166
Figura 11.3. Registo Variações da precipitação acumulada vs tempo, para
quantificação dos fenómenos de escorrimento em taludes da área
em estudo. 168
Figura 11.4. Esquema do escorrimento de taludes 170
Figura 11.5. Correlação entre a inclinação do talude (º) e o material erodido
(kN/m) para solo silto arenoso. 171
Figura 11.6. Correlação entre a inclinação do talude (º) e o material erodido
(kN/m) para solo arenoso. 171
Figura 11.7. Variação do factor de segurança em função da inclinação do talude
(º) e da pluviosidade (m3) para solo areno-siltoso e solo arenoso,
sem vegetação. 178
xiii
Figura 11.8. Variação do factor de segurança em função da inclinação do talude
(º) e da pluviosidade (m3) para solo areno-siltoso e solo arenoso,
com vegetação (C2 = 1kN/m2). 179
Figura 11.9. Variação do factor de segurança em função da inclinação do talude
(º) e da pluviosidade (m3) para solo areno-siltoso e solo arenoso,
com vegetação (C2 = 5kN/m2). 180
Figura 11.10. Variação do factor de segurança em função da inclinação do talude
(º) e da pluviosidade (m3) para solo areno-siltoso e solo arenoso, com
vegetação (C2 = 10kN/m2). 181
Figura 11.11. Variação do factor de segurança em função da inclinação do talude
(º) e da pluviosidade (m3) para solo areno-siltoso e solo arenoso, com
vegetação (C2 = 15kN/m2). 182
Figura 11.12. Variação do factor de segurança em função da inclinação do
talude (º) e da Coesão (kN/m) para solo areno-siltoso, para um caudal
fixo de 1m3. 183
xiv
ÍNDICE DE TABELAS
xv
Tabela 9.3. Valores de coesão e ângulo de atrito adoptados para as três
formações indicadas 152
Tabela 9. 4. Propriedades dos taludes críticos dos 11 sectores em que
foi dividido a área em estudo. 153
Tabela 10.1. Solo arenoso, Erosão do solo, sem e com cobertura vegetal,
em função da inclinação da rampa. 160
Tabela 10.2. Solo Areno siltoso, evolução da erosão do solo, sem e
com cobertura vegetal, com a inclinação da rampa. 161
Tabela 10.3. Índices de resistência do solo à erosão, em função das variáveis
de ensaio 164
Tabela 11.1. Parâmetros utilizados para a obtenção do factor de segurança. 172
Tabela 11.2. Factor de segurança para solos sem vegetação. 173
Tabela 11.3. Factor de segurança para solos com vegetação, cujo valor de
acréscimo de coesão é de 1kN/m. 174
Tabela 11.4. Factor de segurança para solos com vegetação, cujo valor de
acréscimo de coesão é de 5kN/m. 175
Tabela 11.5. Factor de segurança para solos com vegetação, cujo valor de
acréscimo de coesão é de 10kN/m. 176
Tabela 11.6. Factor de segurança para solos com vegetação, cujo valor de
acréscimo de coesão é de 15kN/m. 177
Tabela 11.7. Parâmetros utilizados para o cálculo do Factor de segurança. 184
Tabela 11.8. Comparação do factor de segurança das duas equações,
aplicadas em dois taludes reais. 185
xvi
PRIMEIRA PARTE – A ALTERAÇÃO DAS ROCHAS E
OS AGENTES EROSIVOS
1
2
Mestrado em Georrecursos
Introdução
1. INTRODUÇÃO
Para o efeito foi escolhido o fenómeno da erosão, que em todo o planeta se manifesta
continuadamente, conduzindo a prejuízos muito avultados todos os anos. O assunto
tem sido geralmente abordado por geólogos, geofísicos e agrónomos, uns
preocupados com a sua génese e manifestações, outros com a respectiva
minimização para fins práticos na agricultura.
3
Mestrado em Georrecursos
A alteração das rochas e os agentes erosivos
FAO (2000) adverte que suas estatísticas, citadas a seguir, foram baseadas em
mapas de pequena escala e inventários que, nem sempre, são actualizados e/ou
confiáveis. Os resultados devem ser analisados com cuidado, principalmente para
países de pequena extensão territorial.
4
Mestrado em Georrecursos
A alteração das rochas e os agentes erosivos
Percebe-se na tabela anterior que dois terços das terras agrícolas do planeta (64%)
sofrem com a degradação dos solos.
Dados da UNESCO (1994) e de KASSAS (1994) afirmam que cerca de cem países
são afectados pelo gravíssimo problema da degradação dos solos. Oitenta e um
destes são países em desenvolvimento, pobres ou muito pobres, que também são
assolados pelos problemas socio-económicos decorrente disso como: fome;
epidemias; e analfabetismo. Além disso, estes países são incapazes de solucionar o
problema adicional da degradação dos solos, sem assistência externa.
Segundo o mesmo organismo internacional, cerca de 35% (49.384.500 km2) das terras
da superfície do planeta são consideradas áridas, e 69% das terras áridas usadas
para a agricultura estavam degradadas ou em sério perigo de desertificação.
Significativamente, mais de 50% das terras áridas do planeta situam-se em países em
desenvolvimento e estão sujeitas às necessidades crescentes de alimentação das
populações em rápido crescimento (UNESCO, 1994).
5
Mestrado em Georrecursos
A alteração das rochas e os agentes erosivos
Figura 1.2. Perdas de Crescimento da Riqueza Mundial Causadas por Erosão e Desertificação (em
Biliões de Dólares por ano).
Fonte: FAO (2000)
O caso mais grave de desertificação acontece no Sahel africano (tabela 1.2), pois esta
zona deixou de ser um espaço de circulação e transformou-se num espaço de
produção (RETAILLÉ, 1988). Com isto, o deserto do Saara cresce continuamente e
suas areias são levadas pelos ventos até à Inglaterra, a uma distância de
aproximadamente 3.000km, conforme afirmação de LEINZ e AMARAL (1987).
6
Mestrado em Georrecursos
A alteração das rochas e os agentes erosivos
Faixas de precipitação
Período: 1940 - 1970 Período: 1983-1984
Precipitação
Latitude
(mm)
Estepe sub-saariana.
Estepe saaro-saeliana.
16º N - 18º N 100 a 200 Grave crise pastoril.
Pecuária bovina.
Pecuária Ovina
Estepe arbórea. Alto
risco de imensas Agricultura com risco
14º N - 15º N 400 a 600 perdas na safra elevado.
agrícola a cada quatro Dependência externa.
anos.
Crise da agricultura.
Savana. Agricultura
12º N - 14º N 600 a 1.200 Busca de rendimentos
com bom rendimento.
complementares.
Risco de perdas imensas
Excedentes
10º N - 12º N 1.200 a 1.400 na safra agrícola a cada
alimentares.
quatro anos.
A tabela anterior evidencia o rápido agravamento do problema de deterioração dos
solos no Sahel africano. O espaço desertificado aumenta a cada ano, rumo ao sul,
indo ao encontro da remanescente floresta equatorial daquele continente. Isto tem
diminuído a área disponível para a produção de alimentos naquela região, contribuindo
para fazer da África um dos territórios que mais perde riqueza, conforme os dados já
apresentados no gráfico da figura 1.2. A perda de solo, pelos processos existentes,
ocasiona problemas ao meio ambiente, à economia e a toda a sociedade dos locais
afectados.
Em Portugal continental e tendo como fundo a caracterização dos solos tendo em vista
a produção agrícola, cerca de 95,7% dos solos apresentam Capacidade de Troca
Catiónica (CTC) média a baixa e 88,2% um pH abaixo do considerado óptimo para o
crescimento da vegetação. A fragilidade química/mineral evidente da maioria dos solos
portugueses, resultante das suas características de pH e de CTC, aumenta o papel
preponderante que a matéria orgânica do solo assume (CNCD – Comissão Nacional
de Combate à Desertificação, 1999).
7
Mestrado em Georrecursos
A alteração das rochas e os agentes erosivos
Tabela 1.3. Características dos solos incluídos na superfície agrícola portuguesa de Portugal
Continental.
Fonte: Ministério Ambiente, 1999 adaptado de Alves, 1989
Legenda:
* Capacidade de Troca Catiónica (alto >20, médio entre 10-20, baixo <10 meq/100g de solo)
**Matéria orgânica (alto >2%, médio entre 1%-2%, baixo <1%)
*** pH (alto >6,5; médio entre 5,5-6,5; baixo <5,5)
A observação do mapa da Figura 1.3. permite confirmar que os solos portugueses são
consideravelmente ácidos, facilitando a lixiviação de nutrientes e xenobióticos para as
águas subterrâneas, afectando as suas características físicas, químicas e biológicas.
A alcalinização do solo ocorre também em algumas áreas do país, onde os solos são
irrigados com águas alcalinas ou tratados com adubos alcalinizantes.
8
Mestrado em Georrecursos
A alteração das rochas e os agentes erosivos
9
Mestrado em Georrecursos
A alteração das rochas e os agentes erosivos
Tal como irá ser descrito mais à frente neste trabalho, são diversos os processos
químicos e físicos, muitos deles provocados e/ou acelerados pela acção do Homem,
causadores de degradação do solo, tornando-o susceptível a fenómenos de erosão,
sendo este um dos factores que mais contribui para a desertificação - processo de
degradação ambiental que se pode considerar praticamente irreversível.
Este fenómeno da desertificação tem também, por sua vez, particular responsabilidade
pela degradação dos solos de vastas áreas do país.
10
Mestrado em Georrecursos
A alteração das rochas e os agentes erosivos
Merece particular atenção a erosão hídrica, por ser a mais comum em Portugal por
motivos que se ligam directamente com as nossas características climáticas, e que
condiciona os sistemas tradicionais de agricultura, bem como as áreas sujeitas a
sobrepastoreio, onde a degradação da vegetação e a compactação do solo constituem
factores decisivos ao seu desencadeamento.
A sensibilidade do solo aos diferentes tipos de degradação tratados depende das suas
características. Assim, as áreas semi-áridas e sub-húmidas secas do país,
apresentam em regra, terrenos de declives médios a acentuados, onde predominam
solos pobres em matéria orgânica, com texturas grossas a médias, com pequena a
média espessura, com baixa a média capacidade de retenção e de armazenamento de
água, de fertilidade baixa a média e com risco de erosão médio a alto, como acontece
nomeadamente com os Leptossolos, Cambissolos e Luvissolos.
São ainda zonas sujeitas a escorrimentos superficiais por vezes altos, com baixa a
média infiltração e portanto com baixo armazenamento de água no solo. Os solos de
elevada produção potencial e elevada resistência (Fluvissolos, Vertissolos,
Calcissolos, Podzóis) ocorrem em Portugal em pequena extensão.
11
Mestrado em Georrecursos
A alteração das rochas e os agentes erosivos
1
Programa CORINE
Coordination of Information on the Environment - o Programa CORINE, entre outros objectivos, foi criado para se ter
informação sobre o ambiente e os recursos naturais na Europa, e fazer com que as várias políticas (económicas,
agrícolas, de transportes, de energia, sociais...) tenham em consideração a defesa daqueles valores.
12
Mestrado em Georrecursos
A alteração das rochas e os agentes erosivos
O PANCD2 considera, contudo, que o aspecto climático mais ligado aos processos de
desertificação é o clima físico da superfície da Terra, que se refere ao sistema de
trocas e equilíbrios que ligam a atmosfera aos outros subsistemas climáticos. O clima
físico de um local é transformado quando o Homem altera a natureza da superfície, e
estas alterações podem afectar o clima global por processos de realimentação interna,
que podem actuar às escalas regional, continental e mesmo planetária.
De tudo o que foi apresentado, e procurando fazer um resumo, pode afirmar-se que:
2
PANCD
Programa de Acção Nacional de Combate à Desertificação (os objectivos principais deste programa são: 1.
Conservação do solo e da água; 2. Fixação da população active nas zonas naturais; 3. Recuperação das áreas mais
afectadas pela desertificação; 4. Sensibilização da população para a problemática da desertificação e; 5. Consideração
da luta contra a desertificação nas políticas gerais e sectoriais).
3
DGF
Direcção Geral das Florestas
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Mestrado em Georrecursos
A alteração das rochas e os agentes erosivos
Nestas condições, as rochas vão ser alteradas e destruídas para originar os materiais
com que se irão formar outros tipos de rocha e o aparecimento do solo. Esta acção
geodinâmica externa provoca uma modificação constante do relevo, originando o
aparecimento de vários aspectos da paisagem, consoante as acções dos diferentes
agentes geodinâmicos externos e também dos tipos de rochas existentes no local.
É importante ressalvar que estes fenómenos de erosão das rochas são, por vezes, tão
lentos que não são perceptíveis. A duração da vida humana não é suficiente para que
seja possível, muitas vezes, observar os seus efeitos. O calcário da camada superficial
do solo, por exemplo, só desaparece, por dissolução, ao fim de cerca de 300 anos.
Figura 2.1. Aspecto geral da meteorização (a rocha firme vai-se transformando gradualmente de
baixo para cima).
Fonte: Geologia, 1981
14
Mestrado em Georrecursos
A alteração das rochas e os agentes erosivos
Este tipo de alteração está confinado a certas zonas do Globo que têm em comum
acentuada carência de água no estado líquido e, consequentemente, muitíssimo
pobres de vegetação e, portanto, de reduzidíssima actividade bioquímica. Estão
nestas condições as regiões glaciárias (polares e de alta montanha) com gelo
permanente a encobrir o solo, as regiões periglaciárias, de solo exposto mas quase
permanentemente gelado, e as regiões áridas ou desérticas ou semiáridas. No
conjunto, estas regiões perfazem cerca de 15% da área dos continentes.
4
Termoclastia
Uma vez que muitas rochas contêm minerais escuros e minerais claros, portanto, com diferentes graus de absorção da
energia radiante, estes minerais aquecem e dilatam-se de modo diferente o que conduz a contínua "descolagem" dos
grãos da rocha que acaba por se desagregar. Por outro lado, devido à pouca condutibilidade térmica das rochas,
verifica-se um aquecimento da película externa dos afloramentos rochosos que contrasta com a temperatura do seio da
rocha.
5
Gelivação
A água no estado líquido ocupa menos espaço do que no estado sólido. Nas zonas frias a água no estado líquido
penetra nas fendas das rochas e quando gela aumenta de volume. Devido a esse aumento de volume, a água vai
pressionar as paredes das fendas originando a desagregação das rochas.
15
Mestrado em Georrecursos
A alteração das rochas e os agentes erosivos
A água no estado líquido é factor essencial a este tipo de alteração. Por um lado, é a
água que desencadeia e permite a maioria das reacções químicas; é a água que
recolhe os produtos alterados; é, ainda, a água que determina o equilíbrio da cobertura
vegetal e, consequentemente, condiciona os processos bioquímicos a ela ligados.
16
Mestrado em Georrecursos
A alteração das rochas e os agentes erosivos
Legenda:
Regiões praticamente sem alteração bioquímica
1 – Regiões Polares
2 – Regiões Desérticas quentes
Regiões com alteração bioquímica
3 – Zonas Frias
4 – Regiões Intertropicais húmidas
5 – Regiões Tropicais sub-húmidas
6 – Regiões Tropicais secas e temperadas
Como se pôde observar da figura anterior, onde é delimitado de uma forma global, a
distribuição da actividade bioquímica, esta é insignificante no domínio da tundra e das
turfeiras boreais, é ainda incipiente ao nível da taiga, é já bastante sensível à latitude
das florestas temperadas e atinge o máximo de intensidade nas regiões quentes e
húmidas sob a floresta tropical e equatorial.
Estabelece-se, assim, relação entre o clima e a alteração das rochas, para a qual se
pode esboçar uma zonalidade que acompanha de perto a zonalidade climática do
Globo.
17
Mestrado em Georrecursos
A alteração das rochas e os agentes erosivos
Dada a íntima relação entre estes dois fenómenos, é natural que os agentes de
meteorização sejam também os agentes de erosão (GALOPIM DE CARVALHO,
1981).
3. EROSÃO E EROSIVIDADE
3.1. DEFINIÇÃO
Erosão, etimologicamente, provém do verbo latino «erodere» que significar roer. É um
fenómeno natural, gerador de sedimentos e que sempre existiu na superfície terrestre,
desde que as rochas se puseram em contacto com a atmosfera. Em última instância,
deve-se à energia solar e à presença de um potencial regulador, a gravidade, e pode
ocorrer em qualquer lugar da superfície do planeta ainda que não necessariamente
com a mesma intensidade no tempo e no espaço.
Erosão, (1) Trabalho de desgaste realizado pelos diversos agentes do relevo, tais
como as águas correntes, o vento e o gelo. (2) Desgaste do solo por água corrente,
zonas geladas, ventos e vagas (DNAEE, 1976). (3) Destruição das saliências ou
6
Intemperismo
Palavra utilizada pelos brasileiros para definir Meteorização.
18
Mestrado em Georrecursos
A alteração das rochas e os agentes erosivos
A intensidade com que se manifesta a erosão depende de uma série de factores que,
por sua vez, em última instância, dependem da geologia e do clima da região daquele
lugar, de acções químicas e biológicas e ainda, da presença humana. Desta forma,
podem ser considerados outros factores intrínsecos: tectónicos, litológicos,
edafológicos, geomorfológicos, e ainda antrópicos, sendo todos independentes e
variáveis ao longo do tempo.
7
Erosão antrópica
Aceleramento da erosão nas camadas superiores do solo em consequência de desflorestaremos, construção de
estradas etc., ocasionando um desequilíbrio litogliptogénico (GLOSSÁRIO LÍBRERIA, 2003).
19
Mestrado em Georrecursos
A alteração das rochas e os agentes erosivos
GUERRA (1972) apud CERRI, SILVA e SANTOS (1997) conceitua erosão como "...
destruição das saliências ou reentrâncias do relevo, tendendo a um nivelamento ou
colmatagem, no caso de litorais, de enseadas, de baías e depressões.". Para ele o
processo erosivo é único, composto da fase erosiva (gliptogénese) e uma de
sedimentação (litogénese). Ele comenta que para o geólogo e o geógrafo o termo
erosão significa um conjunto de acções que modelam uma paisagem, enquanto para o
pedólogo e o agrónomo consideram-no do ponto de vista da destruição do solo.
O mesmo autor ainda distingue vários tipos de erosão, tais como acelerada (com a
intervenção humana) e de outros seres vivos; elementar (também chamada de
meteorização); eólica (trabalho realizado pelo vento); fluvial (trabalho contínuo das
águas correntes na superfície terrestre, incluindo os efeitos dinâmicos exógenos de
gliptogénese em que o homem não interfere, para os geólogos); glaciar; marinha
(trabalho das vagas forçadas ou de translação ao longo do litoral); pluvial (trabalho das
águas da chuva).
20
Mestrado em Georrecursos
A alteração das rochas e os agentes erosivos
O balanço hídrico rege todo o comportamento regional frente aos processos erosivos
como se pode perceber, observando a figura seguinte.
Pode-se definir Erosão do solo como: (1) Destruição nas partes altas e acumulação
nas partes deprimidas da camada superficial edafizada (GUERRA, 1978). (2)
Processo pelo qual a camada superficial do solo ou partes do solo são retiradas, pelo
impacto de chuva, ventos e ondas e são transportadas e depositadas noutro lugar
(GLOSSÁRIO IBAMA, 2003).
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Mestrado em Georrecursos
A alteração das rochas e os agentes erosivos
LEINZ e AMARAL (1987) afirmam que a erosão é o processo que ataca a rocha
transformando-a em solo e desnudação é o processo que ataca o solo destruindo-o.
Por outras palavras, esta erosão seria a pedogénese e desnudação corresponderia à
morfogénese, conforme TRICART (1968).
TRICART (1968) afirma que plantas e animais criam o solo por meio da pedogénese e
que esta é parte integrante da morfogénese ao modificar as características superficiais
da litosfera, isto é, ao modelar as formas de relevo. Esta modelação do relevo
acontece principalmente por meio das formas de erosão pluvial e eólica, bem como de
outras de menor magnitude.
A figura 3.2. possibilita uma visão geral do ciclo das rochas, enfocado como um
sistema de longa duração. Completando este ciclo, pode-se observar que a erosão
das rochas forma o solo e a erosão deste ocasiona novas formas de relevo
(morfogénese) nas encostas e novos solos nos sítios de acumulação. A erosão
geológica, já descrita, acontece desde a formação da Terra, transformando as rochas
em solos e estes em rochas novamente. A erosão acelerada, por sua vez,
compreende o curto intervalo de tempo da vida humana e conta com a fundamental e
inequívoca participação do homem no processo; esta é desencadeada quase que
exclusivamente por práticas incorrectas de uso e manuseamento do solo, da água e
dos demais recursos do meio ambiente.
22
Mestrado em Georrecursos
A alteração das rochas e os agentes erosivos
Energia Solar
Legenda:
23
Mestrado em Georrecursos
A alteração das rochas e os agentes erosivos
A análise da tabela 3.1 permite ter uma ideia da escala de ocorrência do processos
erosivos. Segundo BERTONI e LOMBARDI NETO, são necessários cerca de 6.000
anos para que se forme uma camada de 15cm de solo. Desta forma, a floresta é a
melhor cobertura vegetal para o solo, pois são necessários 440.000 anos para
desgastar essa mesma espessura. A pastagem, por seu turno, já não tem capacidade
para regenerar o solo perdido, pois demora somente 4.000 anos para que ele seja
erodido. Se se observar o efeito da agricultura, então o efeito erosivo é grandemente
acelerado, podendo-se observar que uma ocupação anual do solo para a agricultura
consegue erodir o solo em apenas 70 anos, aproximadamente 6.000 vezes mais
depressa que numa floresta.
Floresta 440.000
Pastagem 4.000
Café 2.000
Cultura anual 70
CHRISTOFOLETTI (1974) afirma que a acção biológica das plantas e dos animais
também actuam no processo de pedogénese - morfogénese. As plantas actuam tanto
na morfogénese desagregando as partículas do solo, como na pedogénese ao barrar
o escoamento pluvial, ventos e fornecimento de húmus. Os animais participam da
morfogénese ao diminuir os tamanhos das partículas e ao movimentá-las no interior
dos solos.
JIMENO (1999) distingue sete categorias distintas para os diferentes tipos de erosão,
a nível global:
1. Erosão Hídrica;
2. Erosão Eólica;
3. Erosão Fluvial;
5. Erosão Glaciar;
6. Erosão Periglaciar;
7. Erosão Cárstica.
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Mestrado em Georrecursos
A alteração das rochas e os agentes erosivos
Sendo que, segundo o mesmo autor, a uma escala mais reduzida, os tipos de erosão
que se revestem com importância são a erosão eólica e sobretudo, a erosão hídrica
produzida pelas gotas de chuva que embatem sobre o terreno, desagregando
partículas que são por sua vez arrastadas pelas águas de escorrência.
25
Mestrado em Georrecursos
A alteração das rochas e os agentes erosivos
rocha, quando se infiltra nesta e ainda pelo escoamento superficial, quer seja difusa ou
concentrada.
A Erosão Hídrica é afectada por uma série de factores que se encontram resumidos
na figura seguinte.
A água pode exercer uma acção mecânica sobre as rochas. Na sua passagem, a água
arrasta consigo alguns materiais mais soltos. Por outro lado, ao introduzir-se pelas
fendas a água vai provocando o seu alargamento, o que pode levar à fracturação e
desagregação da rocha.
As perdas de solo num terreno estão intimamente relacionadas com a chuva, em parte
pelo seu poder de desprendimento aquando do impacto das gotas de água no solo e
pela contribuição à escorrência superficial.
26
Mestrado em Georrecursos
A alteração das rochas e os agentes erosivos
O impacto das gotas de chuva (figura 3.5.) rompe os agregados do solo, desprende e
transporta as partículas mais finas, que são as de maior valor nutritivo, causando
também compactação na superfície do terreno. Isso reduz a capacidade de absorção
de água pelo solo e aumenta o escoamento superficial. As partículas mais
susceptíveis de serem transportadas pela saltitação são as areias finas que pulam até
a 1,5 m de distância.
27
Mestrado em Georrecursos
A alteração das rochas e os agentes erosivos
Na primeira foto, a gota está prestes a tocar a superfície. Na figura do meio consegue-
se observar que os pingos de lama são expelidos radialmente após o impacto da gota
e por fim, na foto mais à direita, vê-se a formação uma cratera enquanto os pingos
expelidos são depositados.
28
Mestrado em Georrecursos
A alteração das rochas e os agentes erosivos
Uma vez chegada ao solo, a água não só produz erosão pelo impacto das gotas de
chuva mas também, quando a intensidade da chuva supera a capacidade de
infiltração do terreno, ocorre escoamento superficial dando origem aos processos de
erosão laminar, erosão em sulcos e erosão em barrancos.
8
Boçoroca (voçoroca)
Termo brasileiro para invocar Barranco
29
Mestrado em Georrecursos
A alteração das rochas e os agentes erosivos
Erosão em Barranco
Erosão Laminar
Erosão em Sulco
A Erosão Laminar consiste numa remoção de delgadas capas de solo produzidas pela
água que escorre em terrenos uniformes e de pouca inclinação, provocando uma
perca de solo, com maior quantidade de matéria orgânica, conduzindo a um
empobrecimento em elementos nutrientes e a uma diminuição da capacidade de
armazenamento de água.
Esta erosão é pouco perceptível no inicio da sua ocorrência já que apenas modifica a
superfície do solo no entanto, com o decorrer do tempo produz uma concentração
importante de cascalho na superfície, põe a descoberto as raízes de arbustos e de
outras pequenas plantas e ainda, produz a acumulação de terras na zona final do
talude.
9
USLE
Abreviatura para «Universal Soil Loss Equation». Ver Capítulo 7.3
30
Mestrado em Georrecursos
A alteração das rochas e os agentes erosivos
O fluxo laminar não é um fenómeno que consiga ocorrer durante grandes distâncias,
derivado das irregularidades do terreno. Desta forma, a água passa a correr em
pequenas linhas de água não hierarquizadas e de trajectórias variadas. As
consequências deste tipo de erosão são semelhantes às provocadas pela erosão
laminar.
CERRI, SILVA e SANTOS (1997) afirmam que a ravina tem profundidade acima de
0,5m e é formada essencialmente pelo escoamento de água superficial, que provoca o
desprendimento de partículas do solo e movimentos de massa devido ao abatimento
dos taludes. Apresenta forma rectilínea, alongada e estreita: raramente se ramifica,
não chega a atingir o nível freático e possui perfil transversal em "V". Ocorre entre
eixos de drenagens, muitas vezes associadas a estradas, trilhas de gado e valas
abertas por alfaias agrícolas.
CAVAGUTI (1994) e SALOMÃO (1994) consideram que sulcos e ravinas são formas
resultantes da erosão de solo antes de ser atingido o lençol freático, diferenciando-se
pela profundidade da erosão linear. Os mesmos autores indicam que, para o U.S. C.
S.10 (1966), o termo sulco é utilizado quando se pode recuperar o entalhe erosivo por
operações normais de preparo do solo; caso contrário, trata-se de ravina. Com o
aprofundamento da ravina, esta interceptará o lençol freático e , a partir deste instante,
ocorre a acção simultânea das águas de escoamento superficial e sub - superficiais,
tornando o processo bem mais complexo e fazendo com que a ravina original atinja
grandes dimensões. Este estágio final é denominado barranco.
10
USCS (United States Conservation Service)
Organismo estatal norte americano que tem como âmbito a conservação das vias terrestres deste país.
31
Mestrado em Georrecursos
A alteração das rochas e os agentes erosivos
Este tipo de erosão nos terrenos só ocorre se alguma das erosões anteriores já tiver
ocorrido e evidencia um estado avançado de erosão nos mesmos. A sua anulação já
requer meios de estabilização e correcção dos terrenos com custos elevados.
A erosão hídrica não ocorre somente pelo efeito da chuva e do seu escoamento
superficial sobre o solo. Os rios, as vagas oceânicas e os glaciares são também
agentes modeladores da paisagem. A seguir são apresentadas as principais
modificações provocadas por estes agentes.
a) Torrentes
As Torrentes são pequenos cursos de água temporários, activos por ocasião das
chuvas e que funcionam como locais de convergência e escoamento das águas de
escorrência existentes no seu raio de acção. A sua localização é predominante em
vertentes íngremes dos vales ou nas cabeceiras dos mesmos, nas zonas de relevo
mais acidentados.
32
Mestrado em Georrecursos
A alteração das rochas e os agentes erosivos
As torrentes são compostas por três troços distintos: 1) Bacia de recepção, localizada
na parte mais elevada, possuindo uma forma mais ou menos extensa, alargada e
escavada onde convergem as águas e afunilando na zona de transição para o
segundo troço. É desprovida de vegetação; 2) Canal de escoamento, entalhe
profundo, geralmente de forma em “V” e rectilíneo, pejado de detritos de diâmetros
variáveis e tem como «função» o escoamento das águas acumuladas na Bacia de
recepção e dos detritos por estas arrastadas; 3) Cone de dejecção, local onde os
detritos transportados são depositados, numa forma de acumulação em leque e de
superfície cónica.
À medida que a Torrente evolui, tende para um ponto de equilíbrio que vai permitir a
reintrodução da vegetação, estabilizando a encosta. Os efeitos erosivos da Torrente,
enquanto se encontra «activa» são bastante prejudiciais em qualquer dos seus troços.
b) Rios
Os rios (e os ribeiros) geralmente possuem água em regime permanente, em oposição
ao regime torrencial, sazonal. Qualquer corrente de água possui uma menor ou maior
capacidade erosiva, que depende da própria força da água que circula. Esta, por sua
vez, depende do caudal11 e da velocidade da corrente12. O caudal do rio não é
constante ao longo do ano, uma vez que recebe as águas dos seus afluentes.
Também a velocidade com que a água circula, varia uma vez que o declive do rio se
suaviza à medida que se aproxima da foz.
11
Caudal
Caudal de um rio é o volume de água que fluí por unidade de tempo. Exprime-se em m3/s (metros cúbicos por
segundo).
12
Velocidade da corrente
A velocidade da corrente é consequência do declive do leito do rio.
33
Mestrado em Georrecursos
A alteração das rochas e os agentes erosivos
Por esse facto, da nascente até à foz, isto é, de montante para jusante, distinguem-se
sempre três troços principais, à semelhança das torrentes:
Troço inferior, o rio corre por zonas muito planas, sem inclinação e as águas
são muito vagarosas. A sua força é insuficiente para transportar materiais.
Assim a acção predominante é a sedimentação.
34
Mestrado em Georrecursos
A alteração das rochas e os agentes erosivos
c) Vagas e Ondulação
A ondulação contribui para a modelação das escarpas costeiras, actuando como factor
destabilizador da mesma. Durante os períodos de tormenta a ondulação produz um
desgaste no pé das escarpas. O violento embate das ondas lança fragmentos de
rocha contra a costa levando à diminuição da sua estabilidade, dependendo da
competência dos materiais.
O retrocesso geral das escarpas por efeito das ondas faz com que estas constituam
um factor condicionante da acção dos rios que desembocam na costa. Quando as
escarpas sofrem erosão rápida, o vale fluvial fica retido diminuindo o nível de erosão
do rio.
Figura 3.10. Erosão costeira provocada pelas acções das vagas e da ondulação.
Fonte: O Mistério da Vida, 1998
35
Mestrado em Georrecursos
A alteração das rochas e os agentes erosivos
d) Águas Subterrâneas
Consideram-se, como tais, correntes, níveis subterrâneos, a água distribuída pela rede
de fracturação de um maciço rochoso ou de forma intersticial pelos solos que
condiciona a sua estabilidade.
e) Gelo e Neve
O repetido crescimento e fusão do gelo que se transforma em água intersticial do
terreno e a contida nas descontinuidades produz uma desagregação mecânica na
estrutura deste. Esta traduz-se numa relação de coesão e alargamento das
descontinuidades condicionando o terreno perante a acção de outros factores.
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Mestrado em Georrecursos
A alteração das rochas e os agentes erosivos
O gelo que desce a partir do circo forma a chamada língua glaciária, que se comporta
como um verdadeiro rio de gelo. À medida que o glaciar avança, arranca fragmentos e
detritos de rochas, das paredes laterais e do leito, que transporta para longe. A estes
materiais transportados pelo glaciar dá-se o nome de «moreias». Todos estes
materiais, encravados no gelo, contribuem para a acção erosiva dos glaciares, uma
vez que ao roçarem pelas margens e pelo fundo do leito, actuam como plainas
gigantes, desgastando e polindo os leitos. Estes blocos e calhaus, uma vez libertos do
glaciar, apresentam um aspecto polido ou estriado que é prova da sua acção erosiva.
37
Mestrado em Georrecursos
A alteração das rochas e os agentes erosivos
Segundo HJULSTROM, um grão de areia com 1mm de diâmetro que é deslocado para
velocidades superiores a 30cm/s, mantém-se em movimento entre 30 a 6 cm/s e
deposita-se para velocidades inferiores a 6cm/s; uma partícula com 2 µm é arrancada
para velocidades superiores a 150cm/s e mantém-se em suspensão até que
praticamente a velocidade da corrente se anule; um seixo com 10cm de diâmetro, é
deslocado da posição de repouso para uma corrente com a velocidade de 300cm/s,
movimenta-se entre 300 e 200cm/s e imobiliza-se no leito desde que a velocidade
desça abaixo daqueles valores.
38
Mestrado em Georrecursos
A alteração das rochas e os agentes erosivos
Os principais factores que afectam a erosão eólica são o clima, o solo e a vegetação
(BERTONI e LOMBARDI NETO, 1990):
39
Mestrado em Georrecursos
A alteração das rochas e os agentes erosivos
40
Mestrado em Georrecursos
A alteração das rochas e os agentes erosivos
Como se pode observar, as partículas finas como argilas e siltes (diâmetros inferiores
a 0,2mm) são transportadas em suspensão, as partículas de médias dimensões
(diâmetros inferiores a 0,5mm) como as areias finas são transportadas por saltação e
o arraste ocorre para partículas de areia grossa, maiores e mais pesadas (diâmetros
normalmente compreendidos entre 0,5mm e 2mm).
Onde:
WE – perda de solo por acção do vento (t/ha.ano)
41
Mestrado em Georrecursos
A alteração das rochas e os agentes erosivos
A equação permite interacções entre factores pelo que não se pode resolver
multiplicando somente os valores dos factores. As relações entre os factores são
bastante complexas e as previsões podem obter-se utilizando complexos e
complicados monogramas ou equações, especialmente desenvolvidas segundo uma
sequência pré estabelecida.
42
Mestrado em Georrecursos
A alteração das rochas e os agentes erosivos
Percentagem de
agregados em Factor “I”
Grupos de erodibilidade Erodibilidade
Solos secos (t/ha)
> 0,84 mm
Areias muito finas, finas e
1 medianas; 1-7 165,7 – 395,3
Areias de dunas. ALTA
Franco - arenoso;
2 10 330,96
Franco - arenoso fino.
Franco - arenoso muito fino;
3 Franco - arenoso fino; 25 214,4
Franco - arenoso.
Argiloso;
Argilo - siltoso;
4 Franco - argiloso não 25 214,4
calcário;
Franco - argilo - siltoso MÉDIA
(>35% de argila).
Franco - siltoso calcário;
Franco - siltoso;
5 Franco - argiloso não 25 214,4
calcário;
Franco - argilo - siltoso
(<35% de argila).
Franco não calcário;
Franco - siltoso (<20% de
6 argila); 40 138,3
Franco - argilo - arenoso;
Argilo - arenoso.
Franco não calcário;
Franco - siltoso (>20% de
7 argila); 45 1186 BAIXA
Franco - argiloso não
calcário (<35% de argila).
Siltoso;
8 Franco - argilo - siltoso não 50 93,8
calcário (<35% de argila).
Solo muito húmido ou
9 rochoso, normalmente não - -
erosível.
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Mestrado em Georrecursos
A alteração das rochas e os agentes erosivos
Para além das acções da água e do vento, existem outros factores que, não sendo
agentes erosivos, afectam directamente a estabilidade dos taludes e que podem ser
responsáveis pelo desencadeamento de eventuais movimentos nos mesmos. De um
modo geral, estes factores podem agrupar-se da seguinte forma:
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Mestrado em Georrecursos
A alteração das rochas e os agentes erosivos
Parte dos materiais que descem por gravidade podem permanecer em equilíbrio
instável em troços menos íngremes das vertentes, por períodos mais ou menos
longos, constituindo depósitos de vertente, os quais, muitas vezes, mantêm a reptação
ou alimentam os escorregamentos e as avalanches. Os depósitos acumulados na
base das vertentes ou depósitos de sopé, podem encontrar-se individualizados em
cones de detritos ou formar um talude contínuo ao longo do sopé da vertente.
a b
O relevo topográfico é sem dúvida o factor natural, à parte da gravidade, que mais
influência possui na acção dos agentes erosivos (água e ar). Todos os parâmetros
geométricos de um talude (comprimento, inclinação, a forma geométrica do perfil ou a
estrutura) são condicionantes às acções dos referidos agentes.
45
Mestrado em Georrecursos
A alteração das rochas e os agentes erosivos
Revegetação improvável
Possibilidade de revegetação
Na figura “1”, onde existe um perfil misto, convexo na parte superior e côncavo na
parte inferior, é possível observar que na parte inferior se regista maior escorrência de
água, pois recolhe a água vinda das partes mais altas.
Nos casos dos taludes com perfil convexo (figuras “2”, “3” e “4”), a inclinação do talude
aumenta progressivamente à medida que se desce, aumentando desta forma a
pretensão de criar erosão hídrica (de acordo com o explicado anteriormente). Com se
pode observar, na figura “2”, as trajectórias dos fluxos de água divergem, diminuindo
46
Mestrado em Georrecursos
A alteração das rochas e os agentes erosivos
desta forma a probabilidade de criar fluxos preferenciais e por sua vez, produzir
erosão. No entanto, à medida que se avança para a situação ilustrada pela figura “4”,
a probabilidade de se obter erosão hídrica é elevada, pois as linhas de água
convergem para uma zona bem definida. Neste caso, a probabilidade de ocorrerem
sulcos e barrancos é elevada.
1 2 3 4 5
6 7 8 9 10
Legenda:
Por fim, os taludes com perfil côncavo (figuras “8”, “9” e “10”), têm tendência a reter os
materiais arrastados nas partes inferiores dos mesmos, dada a inclinação que os
taludes possuem. Estes tipos de taludes, tendem a possuir zonas de erosão no topo,
geralmente lineares e, à medida que se desce em altura, o processo de erosão é
substituído pelos processos de acumulação e sedimentação.
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Mestrado em Georrecursos
A alteração das rochas e os agentes erosivos
De acordo com o que foi referido, as conclusões mais importantes a reter deste
conjunto de figuras são:
48
Mestrado em Georrecursos
A alteração das rochas e os agentes erosivos
BERTONI e LOMBARDI NETO(1990) concluem após citar vários autores, que a perda
de terra é uma função exponencial da declividade. Eles afirmam que, em princípio,
quanto maior for o comprimento de rampa mais escoamento superficial se acumula e
maior é a energia resultante, traduzindo-se numa maior erosão. São contrários ao
cálculo da erosão baseado apenas em dados de declividade, que desconsideram o
comprimento de rampa. Lembram que um terreno com apenas 1% de declividade e
180 m de comprimento de rampa tem a mesma perda de terra que outro terreno de
20% de declividade e 20 m de comprimento de rampa.
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Mestrado em Georrecursos
A alteração das rochas e os agentes erosivos
Esta acção sísmica é complexa e origina fenómenos deformacionais que podem ser
do tipo sismo-tectónico ou sismo-gravitacional. O primeiro tipo é a manifestação dos
movimentos que se produzem ao longo da crosta, ao longo das falhas, pregas, fendas,
etc., produzidas por terramotos de intensidade superior a 6,5 na escala de Mercalli. As
características da deformação dependem da natureza dos esforços
independentemente das forças gravitacionais.
50
Mestrado em Georrecursos
A alteração das rochas e os agentes erosivos
A estabilidade dos taludes também pode ser avaliada através da sua história tensional
dos maciços rochosos que os constituem. Nunca se deveria efectuar qualquer acção
de alteração morfológica do talude sem antes se determinar o seu estado de tensão
natural existente.
51
Mestrado em Georrecursos
A alteração das rochas e os agentes erosivos
Quando a gota de chuva cai num terreno coberto com vegetação densa, ela divide-se
em inúmeras gotículas, diminuindo também sua força de impacto. Em terreno
descoberto (tal como referido no sub-capítulo 3.2.), esta gota faz desprender e salpicar
as partículas de solo, que são facilmente transportadas pela água.
A cobertura vegetal através das suas raízes ajuda a manter os taludes estáveis pois
servem de união entre os componentes do solo, aumentando a resistência mecânica
do solo. Contribui, ainda, para a drenagem, absorvendo parte da água contida no
terreno e atenua a degradação superficial do mesmo.
A vegetação actua ainda como uma capa protectora entre a atmosfera e o solo já que
os seus ramos e folhas absorvem grande parte da energia cinética das gotas da chuva
e do vento, diminuindo os seus efeitos erosivos.
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Mestrado em Georrecursos
A alteração das rochas e os agentes erosivos
Tabela 4.2. Efeito do tipo de uso do solo sobre as perdas por erosão.
(Médias ponderadas para quatro usos de solo no Estado de São Paulo)
Perdas de
Tipo de uso Solo Água
(ton/ha) (% da chuva)
Mata 0,004 0,7
Pastagem 0,4 0,7
Cafezal 0,9 1,1
Algodoal 26,6 7,2
Após a análise da tabela anterior, nota-se que as perdas de solo e água aumentam à
medida que a cobertura vegetal diminui. A cobertura vegetal que proporciona a maior
protecção é a mata, cujas perdas de solo são apenas 0,004 t/ha e 0,7% de perdas de
água da chuva. As pastagens mantêm ainda uma pequena perda de solo (0,4 t/ha) e a
mesma quantidade de perdas de água que a mata. A cultura permanente do café,
apresenta perdas de solo de 0,9 t/ha e 1,1% de perdas de água. A cultura temporária
do algodoal, que deixa o solo nu e desprotegido por boa parte do tempo, apresenta
altos valores de perdas de solo (26,6 t/ha) e água (7,2%).
JIMENO (1999), defende também que a eficácia da cobertura vegetal para reduzir a
erosão por impacto das gotas de chuva depende sobretudo da altura e da densidade
da vegetação. Segundo ele, gotas de chuva que caiam de uma altura de 7m podem
chegar ao solo com uma velocidade terminal próxima dos 90%, havendo ainda a
possibilidade de estas se juntarem a outras, aquando da sua queda, aumentando
desta forma de tamanho, tornando-se mais erosivas. A acumulação de água nas
folhas das plantas originam a queda pontual da água, que pode, em alguns casos, ser
responsável pela saturação do terreno nesse ponto e portanto, permitir o aparecimento
de escoamentos.
53
Mestrado em Georrecursos
A alteração das rochas e os agentes erosivos
Por outro lado, segundo o mesmo autor, a cobertura vegetal dissipa a energia da água
em movimento sobre o solo, devido aos «obstáculos» criados à escorrência pelos
troncos e vegetação caída, sendo que coberturas vegetais densas e uniformes se
opõem mais que qualquer outro tipo de formação. A vegetação muito agrupada e até
as gramíneas, por formarem tufos, não são tão eficazes pois permitem o aparecimento
de concentrações de fluxo de escorrência, aumentando desta forma a velocidade da
mesma.
Pode definir-se um plano de velocidade do vento nula a uma cota Z0, sobre a
superfície aerodinâmica. Em superfícies lisas e sem cobertura vegetal (figura à
esquerda), essa cota é quase nula, em contrapartida, em locais onde existe vegetação
(figura à direita), essa cota Z0 eleva-se para um plano d+Z0 em que d corresponde a
cerca de 70% da altura das plantas.
Da figura pode-se perceber que apesar de uma vegetação arbórea e arbustiva densas
serem mais efectivas à erosão, uma cobertura do solo com herbáceas tem
praticamente a mesma eficácia e, consegue-se obter muito mais rapidamente o efeito
desejado.
54
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A alteração das rochas e os agentes erosivos
Muitos outros seres vivos como certos animais, fungos e bactérias, que vivem em
contacto com as rochas, têm um efeito erosivo: os seres vivos contribuem de diversas
formas para a modelação da paisagem; certas bactérias, fungos e líquenes atacam
quimicamente as rochas.
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Mestrado em Georrecursos
A alteração das rochas e os agentes erosivos
A actividade humana que deriva destes actos constitui uma das causas com maior
incidência no movimento dos taludes. No entanto, estes têm, geralmente,
consequências de menor impacto do que os produzidos por causas naturais.
a) Agricultura
Quanto ao uso e conservação do solo, BERTONI et al. apresentaram em 1972 o efeito
das diferentes densidades de vegetação no processo de erosão das terras com
cultivos anuais. Os dados referentes a esta pesquisa encontram-se na tabela 4.3.. Os
autores agruparam as lavouras em 4 grupos, segundo o grau crescente de protecção
oferecida contra a erosão.
Partindo do grupo que menos protege o solo, o primeiro é constituído pelas culturas de
mamona, feijão e mandioca; no segundo estão agrupadas as culturas de amendoim,
arroz e algodão; o terceiro engloba as culturas de soja e batatinha; o último grupo é
formado pelas culturas de cana-de-açúcar, milho, milho + feijão e batata–doce.
Tabela 4.3. Efeito do tipo de cultura anual sobre as perdas por erosão.
(Média tendo como base: 1.300 mm de chuva anual e declive entre 8,5 e 12,8 %)
Perdas de
Grupos Cultura anual Solo Água
(ton/ha) (% da chuva)
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Mestrado em Georrecursos
A alteração das rochas e os agentes erosivos
d) Desmontes
Os efeitos imediatos dos desmontes, são característicos da onda que se propaga e
dos gases que se originam. As vibrações produzidas actuam como pequenos sismos.
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Mestrado em Georrecursos
A alteração das rochas e os agentes erosivos
e) Sobrecargas
São um factor condicionante dos movimentos que afectam as imediações nas quais se
produz a acção. É o resultado do aumento de peso devido a diversos tipos de
construções sobre o terreno natural.
g) Sistema de drenagem
Também este ponto, deverá ser bem estudado nas etapas de projecto de uma
qualquer actividade humana (construção civil, indústria extractiva), pois a estabilidade
dos taludes, como já foi amplamente referido, é dependente em larga escala dos
efeitos do escoamento das águas. Se estas não forem bem encaminhadas, os riscos
de erosão irão aumentar.
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Mestrado em Georrecursos
A alteração das rochas e os agentes erosivos
5. ERODIBILIDADE
5.1. DEFINIÇÃO
Erodibilidade é a susceptibilidade ou vulnerabilidade de uma formação edáfica ou
rochosa à erosão e é função das características intrínsecas do solo ou rocha bem
como do relevo e vegetação (JIMENO 1999). A erodibilidade de um solo é
inversamente proporcional à sua resistência à erosão.
Pode-se daqui concluir também, que dois terrenos expostos às mesmas condições
climatéricas, o que possui maior erodibilidade, ir-se-á erodir mais.
• Textura;
• Estrutura;
• Resistência ao corte;
• Capacidade de infiltração; e
• Composição mineralógica e presença de matéria orgânica
Tal como foi explanado no capítulo anterior, a vegetação e a actividade humana não
são agentes erosivos mas possuem a capacidade de afectar a estabilidade dos
taludes, podendo ser benéficos ou prejudiciais, dependendo dos casos.
5.2. SOLO
5.2.1. DEFINIÇÃO
«Se em pleno campo, ao ar livre, se olhar em volta e se tentar uma análise da
paisagem que nesse momento representa o equilíbrio das forças modeladoras da
crosta terrestre, será possível distinguir a separar o céu, com as nuvens, do relevo
59
Mestrado em Georrecursos
A alteração das rochas e os agentes erosivos
60
Mestrado em Georrecursos
A alteração das rochas e os agentes erosivos
vão desde pedras e cascalho, até partículas muito finas, como as argilas
( 0,002 mm), passando pelas areias (2 a 0,02 mm) e pelos siltes ou limos
(0,02 a 0,002 mm). A proporção relativa destas classes dimensionais
confere ao solo aspectos que concorrem para a definição da sua textura;
O solo pode, assim, ser considerado como uma mistura de materiais sólidos,
resultantes da desagregação e modificação dos minerais das rochas, associados a
uma fracção orgânica (morta ou viva), entre os quais existe, em proporções variáveis,
água e ar. O solo pode, pois, ser referido como um sistema anisotrópico no qual
coexistem fases sólidas, líquida e gasosa.
61
Mestrado em Georrecursos
A alteração das rochas e os agentes erosivos
preencher os vazios. A sua origem pode ser “in situ”, endógeno ou noutro local
sofrendo transporte “à posteriori”, exógeno.
Estas características conferem ao solo uma resistência intrínseca que constitui o factor
dominante da sua estabilidade. Quando se desenvolvem superfícies de ruptura na
linha de contacto solo/rocha, as características desta linha diferem das gerais do solo.
Os solos com um valor alto de areias finas, médias e grosseiras (0,1 – 2mm) são
pouco erodibilizáveis devido à sua alta permeabilidade.
Por seu lado, os solos com elevadas percentagens de argila tendem a ser bastante
coerentes pelo que resistem melhor à dispersão provocada pelas gotas da chuva;
62
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A alteração das rochas e os agentes erosivos
Média
Baixa
Figura 5.1. Diagrama triangular para a determinação da textura com indicação da erodibilidade.
Fonte: Terra, Universo de Vida, 2000; Jimeno, 1998
63
Mestrado em Georrecursos
A alteração das rochas e os agentes erosivos
No que diz respeito à textura, solos argilosos são mais agregados, enquanto que
os de textura grosseira apresentam macroporos; solos arenosos são mais
permeáveis e com melhor infiltração, sendo este tipo de solo o que está menos
sujeito a erosão.
No que diz respeito à matéria orgânica, sua incorporação com o solo é bastante
eficaz na redução da erosão. Há o favorecimento no desenvolvimento de micro
organismos do solo e uma melhor penetração das raízes, o que integra as
partículas do solo não permitindo o desagregamento das mesmas.
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Mestrado em Georrecursos
A alteração das rochas e os agentes erosivos
Dado que um solo não é um material maciço e massivo, é possível identificar unidades
de tamanho e formas diferentes. Ainda que um solo possua a mesma textura, pode
apresentar estruturas diferentes, como se pode observar na figura seguinte.
A textura, enquanto tamanho das partículas, tem influência nos índices de erosão. Os
solos arenosos possuem partículas e espaços porosos grandes e podem absorver
mais água que solos argilosos porém, sofrem erosão mesmo com escoamento
superficial pequeno porque têm poucas partículas argilosas que actuam como elo de
ligação entre seus constituintes. O solo argiloso tem partículas e poros menores, com
maior coesão entre si, menor infiltração que um solo arenoso mas têm resistência
maior ao escoamento superficial que este (BERTONI e LOMBARDI NETO, 1990).
a b c d e
Figura 5.2. Tipos e classes de estrutura de solos.
Fonte: Jimeno, 1999
A estrutura, que é o modo de arranjo das partículas de solo, actua sobre a erosão
considerando-se os aspectos: (a) das propriedades físico-químicas da argila, a qual
faz os agregados permanecerem estáveis em presença da água e (b): as propriedades
biológicas criadas pela abundância de matéria orgânica em estado de activa
decomposição.
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Mestrado em Georrecursos
A alteração das rochas e os agentes erosivos
A matéria orgânica retém de duas a três vezes o seu peso em água, aumentando
infiltração e diminuindo as perdas por erosão;
Perdas de Volume do
Tipo de solo Solo Água escoamento superficial
(ton/ha) (% da chuva) (kg/m3)
Arenoso 21,1 5,7 28,5
Argiloso 16,6 9,6 13,3
Terra roxa 9,5 3,3 22,1
Percebe-se na tabela anterior que os solos terra roxa são os que têm as menores
perdas de solo e água, seguindo-se os argilosos em posição intermediária de perdas
de solo e os arenosos em perdas de água. Finalmente, os solos arenosos perdem a
maior quantidade de solo e os argilosos são os que perdem a maior quantidade de
água. Quanto ao escoamento superficial, nota-se que o solo argiloso gera os menores
volumes de escoamento superficial, seguido do solo terra roxa em posição
intermediária e o solo arenoso é o maior gerador de grandes volumes de escoamento.
66
Mestrado em Georrecursos
A alteração das rochas e os agentes erosivos
No limite, quando o solo está saturado, a sua resistência ao corte é mínima, permitindo
o desprendimento de partículas por mecanismos combinados de compressão e corte,
provocados pelo impacto das gotas de chuva.
BERTONI e LOMBARDI NETO (1990) afirmam que há vários métodos para determinar
a velocidade e a capacidade de infiltração e, que o factor mais importante para este
cálculo é a cobertura vegetal do solo durante a chuva. Solo desprotegido com
ocorrência de chuva intensa ocasiona pequena quantidade de infiltração e grande
escoamento superficial devido à compressão de sua camada superficial pelo impacto
das gotas de chuva. Por outro lado, um solo coberto com vegetação terá melhores
condições de drenagem e de infiltração pois disporá de melhor permeabilidade e maior
velocidade de infiltração.
Os solos com agregados estáveis mantêm melhor os seus espaços porosos, enquanto
que os solos com argilas expansivas ou com mineralizações instáveis à água tendem
a possuir baixas capacidades de infiltração. Quando a quantidade de água proveniente
da chuva é superior à velocidade de infiltração estabilizada, a água forma charcos em
superfícies planas, e escorre se existirem taludes inclinados.
67
Mestrado em Georrecursos
A alteração das rochas e os agentes erosivos
Velocidade de Infiltração
Textura
(milímetros de altura de água por hora)
Arenosa Mais de 30
Franco – arenosa 20 – 30
Franco 10 – 20
Franco – argilosa 5 – 10
Argilosa Menos de 5
Relativamente aos componentes minerais, o factor que mais afecta a erodibilidade dos
solos é a proporção de argila facilmente dispersável. Uma elevada proporção de sódio
no solo pode deteriorar rapidamente a estrutura do mesmo ao ser molhado, perdendo
este a sua resistência, seguido de formação de uma crosta superficial e diminuição da
infiltração ao preencher as partículas de argila soltas ao espaço poroso do solo.
A resistência de um solo à erosão eólica depende muito mais do seu teor de humidade
e portanto, da sua textura e presença de matéria orgânica do que da estabilidade dos
68
Mestrado em Georrecursos
A alteração das rochas e os agentes erosivos
Quanto maior é a proporção de silte e argila num solo, maior será a sua resistência à
erosão e menor será portanto, a sua erodibilidade, uma vez que pode produzir torrões.
Em contraponto, a areia, por os não conseguir formar, possui elevada erodibilidade.
69
70
SEGUNDA PARTE – ESTABILIDADE DE TALUDES
71
Mestrado em Georrecursos
A estabilidade de taludes
• Desprendimento;
• Desabamento;
• Deslizamento;
• Expansão lateral;
• Fluxo.
72
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A estabilidade de taludes
O mecanismo de ruptura prévia com tracção é relativamente raro já que a maioria dos
maciços se encontram fracturadas originando blocos individualizados. Este
mecanismo acontece quando numa série de estratos débeis e competentes se inicia o
descalce do estrato competente supra jacente por acção de meteorização diferencial,
originando uma concentração de tensões no bordo desta.
Se a rocha que constitui o estrato superior for pouco resistente pode dar-se uma
ruptura por flexotracção com queda de blocos. Se o estrato for competente mas estiver
individualizado em blocos devido a fracturação, também ir-se-á dar a queda destes
devido à excentricidade do peso.
Os fragmentos originados por este tipo de movimento podem seguir várias trajectórias,
ou seja, podem cair simplesmente, saltar ou rodar dependendo do ângulo do talude.
73
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a b
Este tipo de movimento implica uma rotação da unidade de forma colunar ou bloco
sobre uma base (figura 6.3), devido a uma pequena acção da força da gravidade e
forças exercidas por unidades adjacentes ou por intrusão de água nas
descontinuidades.
74
Mestrado em Georrecursos
A estabilidade de taludes
A massa solta pode deslizar uma distância variável na superfície original de ruptura,
juntando-se ao terreno natural deixando a superfície de separação bem definida.
Sobre o lado e a superfície onde se produz o movimento originam-se estrias
indicativas da direcção deste.
Deslizamentos Rotacionais
75
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A estabilidade de taludes
daquela em que se produz a ruptura pode ter origem em três pontos distintos do
talude, segundo as características resistentes do material, altura e inclinação do
talude.
Deslizamentos Translacionais
Neste tipo de deslizamento a massa afasta-se para o lado de fora e inferior do talude,
ao longo de uma superfície mais ou menos plana ou suavemente ondulada, com
pequenos movimentos de rotação. Normalmente o movimento da massa deslizada faz
com que esta fique na superfície original do terreno.
76
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A estabilidade de taludes
a b
O movimento consiste numa extensão lateral controlada por superfícies de corte e/ou
fracturas de tensão. O mecanismo de ruptura pode ser complexo, podendo
compreender formas de translação, rotação, fluidificação e liquefacção do material.
Quando estes mecanismos se produzem em meios rochosos desenvolvem-se
lentamente, pelo contrário quando se desenvolvem em materiais do tipo solo são
rápidos ou muito rápidos.
77
Mestrado em Georrecursos
A estabilidade de taludes
a b
78
Mestrado em Georrecursos
A estabilidade de taludes
Reptação por fluência – São deslizamentos muito lentos, no início mas vão
progressivamente acelerando até atingir a ruptura.
79
Mestrado em Georrecursos
A estabilidade de taludes
80
Mestrado em Georrecursos
A estabilidade de taludes
6.8. CORRENTES
São assim denominados certos movimentos produzidos em materiais rochosos, caso
menos frequente, e em materiais do tipo solo, que constituem as correntes em sentido
estrito.
Nas correntes de materiais do tipo solo, existe uma série de factores que tendem a
diversificar-se ou a originar subtipos. Assim, a granulometria do material e a
quantidade de água presente são os factores mais determinantes para o desenrolar
deste tipo de processo. Os mecanismos são o resultado de uma deformação contínua
de pequenos esforços imperceptíveis, que implicam uma distribuição de velocidades
variável de, extremamente lenta a muito rápida.
a) Correntes em Rocha
São pouco frequentes e próprias dos maciços rochosos pouco competentes, que
apresentam uma estratificação bem definida e se encontram afectados por
dobramentos ou outras manifestações de comportamento plástico. Incluem
deformações que se distribuem entre as fracturas grandes ou pequenas e até mesmo
as microfracturas sem aparente conexão entre si. Não existe uma concentração de
deslocações contínua sobre uma superfície definida por unidades relativamente
intactas. Estes movimentos são geralmente muitos lentos e relativamente estáveis,
afectando zonas superficiais ou pouco profundas.
b) Correntes em Solos
O limite entre a massa que se move e a que permanece “in situ” pode ser marcado por
uma estreita faixa, em que se produzem movimentos diferenciais ou com uma
diferente distribuição de resistência ao corte. A velocidade com que se desenvolvem
pode ser muito rápida, embora existam casos em que é extremamente lenta. Neste
tipo de correntes existe uma série de características gerais tais como: grandes
81
Mestrado em Georrecursos
A estabilidade de taludes
• Correntes de lama (mud flow): tem origem em materiais com pelo menos
cinquenta por cento de fracção fina e teor em água suficiente para permitir o
fluxo.
7.1. INTRODUÇÃO
Nas principais causas dos deslizamentos de taludes figuram circunstâncias que
possuem íntima relação com o clima e a qualidade do ambiente, tais como a
desmatação e desflorestação. Por outro lado, os processos de revegatação dos
taludes constituem, cada vez mais, formas de estabilização dos mesmos, garantindo
em simultâneo a sua recuperação paisagística. LUTTON (1970), após estudar 91
locais de deslizamentos de taludes, destacou a influência do tipo de terreno e do clima
como determinantes da respectiva estabilidade, através de uma correlação entre as
inclinações e as alturas dos taludes, figura da página seguinte.
82
Mestrado em Georrecursos
A estabilidade de taludes
Legenda
1 - Taludes em xisto brando, para climas temperados
2 - Taludes em xisto natural, para climas subtropicais
3 - Taludes em rocha quartzítica, para climas temperados
4 - Taludes em rocha porfírica, para climas semiáridos
5 - Taludes em rocha sã, para climas húmidos
6 - Taludes em rocha sã, para climas secos
7.2. RISCO
7.2.1. DEFINIÇÃO
A caracterização geotécnica constitui o procedimento básico para analisar os
movimentos dos taludes e, os dados da caracterização geotécnica proporcionam as
pautas para determinar os tipos específicos de movimentos numa dada etapa do
tempo e para um tipo de material específico. Os casos reais, no entanto, poderão ser
mais complexos do que os estabelecidos empiricamente uma vez que nestes podem
afectar vários materiais e vários topologias de movimentos.
83
Mestrado em Georrecursos
A estabilidade de taludes
A matriz de risco, tal como os mapas de risco de uma área são parte integrante da
análise de risco; é necessário por isso enquadrar o conceito de risco geotécnico,
vulnerabilidade susceptibilidade e ainda a análise de risco, para definir uma matriz de
risco e os mapas de aplicação dos graus de risco à área em questão.
a) Risco Geotécnico
R =P×D [2]
onde:
R= risco;
P = probabilidade para que o evento adverso se torne real;
D = dano que o evento adverso considerado vai criar, se acontecer.
Segundo VARNES (1984), o Risco Total está definido pelo conjunto de danos
resultantes da ocorrência de um fenómeno, podendo quantificar-se a partir da seguinte
expressão:
RT = ∑ (H × R i × Vi ) [3]
Onde:
Rt = risco total;
H = probabilidade de ocorrência do fenómeno numa dada área e num período de tempo;
Ri = elementos em risco, potencialmente danificados pelo sistema (≥1)
Vi = vulnerabilidade de cada elemento, representado por um grau de dano
[Sem perda (0) ; Perda total (1)]
O risco geotécnico é, assim, associado ao valor esperado dos danos que ocorrem em
estruturas, edifícios e pessoas devidos a causas naturais ou por interferência humana.
84
Mestrado em Georrecursos
A estabilidade de taludes
mesmas. Na figura 7.2. é possível observar que o autor definiu níveis de risco
aceitáveis e marginalmente aceitáveis.
FINLAY e FELL (1997) afirmam que para se poder aplicar este ábaco, no caso dos
taludes, é necessário formar uma equipa pluridisciplinar, para além dos engenheiros
(geotécnicos), pois existem implicações sociais, económicas, ambientais, políticas e
mesmo legais dos «utilizadores» destes taludes.
85
Mestrado em Georrecursos
A estabilidade de taludes
• O nível de pluviosidade;
Um só destes factores ou a combinação entre eles pode ocasionar danos nos taludes
que variam de danos leves até danos que provocam o colapso, com possível
envolvimento de estruturas próximas dos mesmos.
b) Vulnerabilidade e Susceptibilidade
c) Análise de Risco
A análise de risco estuda assim os diferentes perigos que podem tornar-se reais numa
área e indica como operar para minimizá-los, optimizando a investigação e
monitorização necessárias. Prever a ocorrência de um evento geotécnico adverso
como a instabilidade de um talude é parte da análise de risco. A qualidade da previsão
depende sobretudo da monitorização dos eventos precursores desse fenómeno.
86
Mestrado em Georrecursos
A estabilidade de taludes
Pelo que foi referido, todos estes aspectos deverão ser considerados na análise dos
riscos, tendo sempre como ponto fulcral as consequências dos movimentos. Uma
matriz de risco de tipo qualitativo, utilizada com sucesso em estudos de deslizamentos
de taludes, é apresentada na tabela 7.1.. A matriz contém diferentes níveis de risco
em função das duas variáveis (probabilidade e consequência ou dano).
Os níveis indicados podem ser assumidos como de tipo qualitativo, sendo necessário
um estudo detalhado das probabilidades de ocorrência de deslizamentos nos taludes
da área em estudo e dos custos que podem provocar para obter uma matriz de risco
mais detalhada pois, apesar de funcionar como boa aproximação, ao se definir a
composição das matrizes qualitativas de risco em seis níveis de probabilidade de
ocorrência, através de designações específicas para o risco e cinco tipos de
consequências físicas e económicas, resulta um conjunto de 30 adjectivos, com
diversas repetições de termos e, consequentemente, prestando-se a confusões de
interpretação.
87
Mestrado em Georrecursos
A estabilidade de taludes
Veja-se na figura 7.3. uma matriz formulada para uma ferrovia13, com 4 níveis de risco,
definidas para certos intervalos da probabilidade de instabilização dos taludes, e tendo
correspondentes implicações para o tráfego ferroviário.
NÍVEL DE 1 2 3 4
RISCO Sectores com Sectores com
Sectores com Sectores com
risco de risco de
risco de risco de
colapso colapso muito
colapso baixo colapso alto
PARÂMETROS médio alto
Probabilidade de
0 – 50 % 51 – 80 % 81 – 95 % 96 – 100 %
instabilização
Implicações para o
NENHUMAS ATENÇÃO PRECAUÇÃO PERIGO
tráfego ferroviário
Figura 7.3. Matriz de risco geotécnico.
Fonte: CEGEO, 2005
13
Matriz de Risco Geotécnico utilizada no Projecto “Elaboração de Mapas de Risco Geotécnico na ferrovia, incluindo
telegestão”, (Centro de Geotecnia do IST,2005)
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Mestrado em Georrecursos
A estabilidade de taludes
Um mapa de risco resulta da aplicação de uma classificação de risco a uma dada área
geográfica: é possível atribuir a cada ponto da área em estudo um valor compreendido
na escala de risco, obtendo assim um modelo de variação espacial do risco em toda a
área sobre a qual os eventos perigosos têm probabilidade de acontecer.
Num mapa de risco serão reconhecíveis os taludes com maior tendência para a
instabilização e, consequentemente, ficam assinaladas as áreas mais críticas onde
será possível intervir aplicando medidas de mitigação.
Os mapas de risco poderão ainda ser dinâmicos se os conjugar com a análise inicial
com os novos elementos obtidos da monitorização dos taludes e das áreas adjacentes
a este (linha férrea, no caso em estudo). Desta forma os Mapas de Risco poderão ser
facilmente recalculados e redesenhados, sendo assim mapas de tipo dinâmico
(podem-se prever repetições dos cálculos a cada ano hidrológico, por exemplo).
Figura 7.4. Mapa de probabilidade de escorregamentos numa área a sudeste de Wheeling, EUA.
Fonte: Haneberg, W., 2000
89
Mestrado em Georrecursos
A estabilidade de taludes
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Mestrado em Georrecursos
A estabilidade de taludes
Variabilidades:
Incertezas:
91
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A estabilidade de taludes
Probabilidade
Nível Descritor Descrição do evento
anual aproximada
• Incerteza do modelo;
• Incerteza humana.
14
Australian Geomechanics Society
Sociedade Australiana de Geomecânica
15
“Landslide risk management concepts and guidelines”
92
Mestrado em Georrecursos
A estabilidade de taludes
Se se considerar que não existe incerteza humana ou do modelo por ser totalmente
representativo do problema considerado então, a incerteza é somente derivada dos
parâmetros. Neste caso, a incerteza pode dividir-se em:
Para definir o perigo associado aos parâmetros incertos, pode-se aplicar um modelo
probabilístico a uma solução determinística. No caso da ruptura de um talude, o
modelo pode basear-se no Equilíbrio Limite, supondo-se que a ruptura ocorre quando
o Factor de Segurança é inferior a 1,0.
93
Mestrado em Georrecursos
A estabilidade de taludes
• Método FOSM (“First Order Second Moment”),ou seja, média e desvio padrão.
16
“Reliability and Statistics in Geotechnical Engineering”
94
Mestrado em Georrecursos
A estabilidade de taludes
FS − 1
Sr = [4]
σ FS
padrão.
Ficam assim criadas condições para aplicar o método de Monte Carlo, que exige a
geração de números aleatórios (entre 0 e 1), uma ou mais funções de distribuição de
probabilidade acumulada e as equações de equilíbrio limite para calcular o factor de
segurança FS, que envolve as variáveis aleatórias prédefinidas e também incluem as
F.D.P.
F.D.P.
Figura 7.6. Funções de distribuição de probabilidade (FDP) simples do ângulo de atrito e do nível
piezométrico.
Fonte: Dinis da Gama, 1984
95
Mestrado em Georrecursos
A estabilidade de taludes
Onde:
I = intensidade da chuva em mm/h.
EC = energia cinética medida em t-m/ha-mm
A energia cinética é uma função da massa e da velocidade. Considere-se que uma
gota de chuva ao desprender-se de uma nuvem fica sujeita à aceleração da gravidade
e, por isto, quanto maior a altura da queda maior será sua energia cinética. As gotas
são deformáveis e sofrem mudanças no trajecto tanto na forma quanto na velocidade
devido ao atrito com o ar e à sua pressão. Por esta razão, existe uma velocidade
máxima ou terminal conseguida quando a resistência oposta à queda é igual ao peso
do corpo menos a impulsão do ar para cima (BERTONI e LOMBARDI NETO, 1990).
Deve-se determinar a distância que a gota percorre na sua queda até alcançar sua
velocidade terminal. BERTONI (1967) cita que uma gota de chuva que cai de uma
árvore não diminui a sua velocidade de queda até chegar ao solo, pois atinge
novamente a sua velocidade terminal. Além disso, esta gota une-se a outras gotas
aumentando o seu tamanho e resultando numa velocidade final maior ao cair de
árvores de 7 a 8 m de altura do que quando cai livremente. Por conseguinte, o
aumento da massa e da velocidade desta gota faz com que ela tenha energia cinética
maior ao tocar o solo do que as gotas que caem livremente.
WISCHMEIER E SMITH (1978) citam que quando os outros factores são constantes,
excepto o factor chuva, a perda de solo por unidade de área de um solo cultivado é
directamente proporcional à energia cinética e à intensidade máxima da chuva em 30
96
Mestrado em Georrecursos
A estabilidade de taludes
Onde:
Esta equação pode ser adaptada ao estudo de taludes em geotecnia, tendo ZHU, M.
et all (1994) redefinindo os parâmetros C e P para:
Esta utilização da USLE é efectuada de acordo com a noção de que para uma
determinada área, quando for possível estimar a lei de probabilidade de R, pode ser
estimada a probabilidade da perda de solo se os outros factores se mantiverem dentro
de intervalos de valores conhecidos. Isto é, se K, L, S, C e P puderem ser tratados
como parâmetros conhecidos para uma dada área, a distribuição de probabilidade da
perda de solo dependerá só da variável aleatória R.
97
Mestrado em Georrecursos
A estabilidade de taludes
Pode inferir-se desta forma e em consonância com o que se tem vindo a afirmar que,
são determinantes os efeitos da acção das águas pluviais, quer no que respeita à
erosão ravinosa devida ao escoamento superficial nos materiais superficiais dos
taludes (designados por escorrimentos ou “debris flows”), quer pela alteração e
desagregação dos materiais argilosos; quer pela erosão interna devida à circulação de
águas subterrâneas; quer ainda pela saturação dos terrenos e consequente subida
dos níveis freáticos, provocando diminuição notável da sua resistência ao corte. No
último caso, os mecanismos de instabilização podem ocorrer através de deslizamentos
planares ou circulares dos taludes.
90
Probabilidade de Instabilização(%)
80
70
60
50
40
30
20
10
0
α L H γ NF n i φ C KMV K
Figura 7.7. Variação típica da probabilidade de instabilização dos taludes com as seguintes
variáveis: α (inclinação do talude), L (comprimento de infiltração no topo do talude, H (altura do
talude), γ (peso volúmico do terreno, NF (altura do nível freático), n (porosidade do terreno), i (taxa
de infiltração face à precipitação), φ (ângulo de atrito), c (coesão), KMV(coeficiente de protecção do
talude), K (condutividade hidráulica).
Fonte: CEGEO, 2005
A instabilização, que como se referiu anteriormente é aferida pela perda de solo (A), é
também potenciada pelo aumento da quantidade de água nos terrenos e pode por
isso, assumir um carácter mais gravoso em invernos especialmente chuvosos. A sua
dependência da precipitação (intensidade e duração, R) é tipicamente representada
por curvas semelhantes às da figura seguinte.
98
Mestrado em Georrecursos
A estabilidade de taludes
Existem estudos que relacionam níveis críticos da precipitação acumulada, “P” (em
mm) durante determinados períodos de tempo “t” (h), que conduzem a
escorregamentos. Ortigao e Sayao (2004) estabeleceram uma lei de variação que
representa as condições mínimas que desencadeiam estes acidentes (figura 7.9.), e
que foi elaborada com base em vários escorregamentos observados em de 14 regiões
distintas. A lei é regida pela seguinte equação:
Figura 7.9. Níveis críticos da precipitação acumulada (em mm) durante determinados períodos de
tempo (h).
Fonte: Ortigao e Sayao, 2004
99
Mestrado em Georrecursos
A estabilidade de taludes
Cg = C0 + Pc × (D + R ) [9]
Como pode ser observado, um talude pouco inclinado possui uma probabilidade de
colapso baixa, não evidenciando desta forma custos por danos resultantes de
deslizamentos ou de reconstrução, mas apresenta um custo de construção do mesmo
elevado. À medida que o talude se torna mais inclinado, os custos de construção
diminuem mas a probabilidade de colapso aumenta. O ângulo óptimo de inclinação do
talude é aquele que minimiza o custo de construção do talude e simultaneamente,
possui uma probabilidade de colapso associada aos custos de deslizamento e
reconstrução mínima (ponto de inflexão da curva de probabilidade).
100
Mestrado em Georrecursos
A estabilidade de taludes
JIMENO (1999) explica que quando uma equipa técnica se depara com um talude
possuidor de uma estabilidade precária, podem optar por diversas opções:
• Não realizar trabalhos no talude em si, mas instalar sistemas de protecção para
evitar danos e melhorar a segurança das pessoas;
O mesmo autor elucida ainda que ao analisar acções de beneficência de uma dada
situação com o fim de reduzir os perigos e seus riscos associados, estas devem ser
examinadas como função dos custos, para se poder obter uma análise custo benefício
(como ilustra a figura em baixo indicada) e consequentemente, obter aquelas que
melhor se apresentam.
Figura 7.11. Análise dos custos de intervenção para a redução do perigo ou probabilidade de
ocorrência.
Adaptado de JIMENO, 1999
Exemplos da aplicação desta filosofia foram apresentados por vários autores, entre os
quais GAMA (1995), verificando-se tendência para ser apresentados em explorações
mineiras a céu aberto (figura 7.12) e taludes de vias de comunicação (MENDONÇA e
CARDOSO, 1998), integrando técnicas de revegetação e revelando grande sentido de
integração de soluções para este problema (figura 7.13).
101
Mestrado em Georrecursos
A estabilidade de taludes
Figura 7.12. Estabilização dos taludes finais da pedreira de marga da SECIL, SA – Maceira.
Fonte: CECIL; in XVI Lição Manuel Rocha, GAMA 1999.
Estabilização de Taludes
Barreiras dinâmicas
102
Mestrado em Georrecursos
A estabilidade de taludes
Tabela 7.3. Níveis qualitativos das consequências de tipo económico sobre uma propriedade
de valor C.
Fonte: Australian Geomechanics Society, 2000
8.1. INTRODUÇÃO
Tanto em obras civis como em explorações mineiras a céu aberto, é necessário
realizar trabalhos de modo a conseguir estabilizar os taludes de materiais soltos
procedentes da erosão e desagregação do maciço rochoso.
A tabela seguinte (tabela 8.1.) tenta dar uma ideia dos vários métodos para estabilizar
taludes de solos bem como, os campos de aplicação e as suas limitações, permitindo
desta forma, definir qual o melhor método a aplicar, em cada caso.
103
Mestrado em Georrecursos
A estabilidade de taludes
104
Mestrado em Georrecursos
A estabilidade de taludes
105
Mestrado em Georrecursos
A estabilidade de taludes
8.2.1. INTRODUÇÃO
Quando um talude é instável ou a sua estabilidade é precária, uma forma de actuar é
modificando a sua geometria de modo a obter uma configuração estável. Esta
modificação tem como objectivo um dos seguintes efeitos:
• Descabeçamento.
8.2.2. DESCABEÇAMENTO
106
Mestrado em Georrecursos
A estabilidade de taludes
Bloco do
enrocamento
É importante que a base do enchimento seja drenada, pois caso contrário o efeito
estabilizador pode ser diminuído, especialmente, se o enchimento se apoiar sobre
materiais argilosos. Pode ser necessário colocar um material com funções de filtro (por
exemplo membranas geotexteis), entre o enchimento drenante e o material do talude.
Outra medida efectiva é estender o enchimento protector com base drenante sobre a
superfície do talude argiloso. O estado tensional do material situado por baixo do
enchimento melhora consideravelmente.
107
Mestrado em Georrecursos
A estabilidade de taludes
8.2.4. BERMAS
A disposição das bermas intermédias num talude é uma medida que pode ser decidida
antes da construção do talude, durante a fase de projecto, medidas estas que se
adoptam frequentemente em taludes naturais ou construídos, quando se prevêem
deslizamentos ou quando estes se começam a produzir.
108
Mestrado em Georrecursos
A estabilidade de taludes
Na altura de tomar a decisão sobre o tipo de talude, contínuo ou com bermas, de igual
ângulo geral, deve ter-se em conta que este último diminui os efeitos de
desprendimentos de rocha e permite a evacuação das águas superficiais, além de
outras considerações de tipo construtivo.
Berma
109
Mestrado em Georrecursos
A estabilidade de taludes
8.3.1. GENERALIDADES
A correcção de taludes através de medidas de drenagem tem como objectivo reduzir
as pressões intersticiais que actuam sobre a potencial ou existente superfície de
deslizamento, o que aumenta a sua resistência, e diminui o peso total e
consequentemente as forças destabilizadoras.
110
Mestrado em Georrecursos
A estabilidade de taludes
111
Mestrado em Georrecursos
A estabilidade de taludes
Como primeira medida, qualquer curso de água permanente ou estacionário, deve ser
desviado de modo a não afectar a área a tratar. Se na superfície do talude ou na
cabeceira do mesmo existir alguma fonte, esta deve ser desviada para fora da
possível zona de deslizamento.
Devem ter uma secção suficiente para o caudal que tenham de evacuar e a soleira
deve ser convenientemente inclinada com o fim de evitar encharcamentos que podem
112
Mestrado em Georrecursos
A estabilidade de taludes
• Intensidade da chuva;
CIA
Q= [10]
3,6
Sendo:
3
Q – caudal de ponta (m /s)
C – coeficiente de escorrência
I – intensidade da chuva no período considerado (mm/h)
2
A – bacia de recepção (km )
113
Mestrado em Georrecursos
A estabilidade de taludes
114
Mestrado em Georrecursos
A estabilidade de taludes
115
Mestrado em Georrecursos
A estabilidade de taludes
Tabela 8.2. Condições mais comuns de infiltração e seus efeitos na estabilidade de um talude.
Fonte: Jimeno, 1999
116
Mestrado em Georrecursos
A estabilidade de taludes
• Tem que ser feita após a realização da escavação pelo que a segurança do
talude até à sua instalação pode ser precária.
Os drenos horizontais são aplicáveis como medida única a taludes de altura pequena
ou média. Em taludes de altura superior a 100m o comprimento de perfuração torna-se
considerável, o que os torna pouco económicos. Nestes casos a instalação pode ser
feita através de bermas intermédias e em combinação com outros métodos de
drenagem em profundidade.
Num talude com o nível freático situado entre os 30m e os 60m acima do pé, obtém-
se, geralmente, um bom resultado com drenos horizontais perfurados a partir do pé e
até uma profundidade aproximadamente igual à da altura do talude, com um máximo
de 90-100m. Se o nível freático se encontrar a mais de 60m acima do pé do talude,
devem-se dispor diferentes níveis de drenos com intervalos entre si de 30m na
vertical, a começar no pé do talude.
O diâmetro dos furos pode oscilar entre 6,3cm e 15cm e o seu espaçamento entre 7m
e 30m, sendo frequente usar-se entre 10m e 15m. Estes dados são meramente
indicativos, pois para um determinado talude estas dimensões devem adoptar-se após
um estudo hidrogeológico.
Estes drenos têm sido usados com êxito no controlo de deslizamentos devido à sua
rápida aplicação numa área localizada.
O emprego dos drenos faz com que a maior parte do recalque ocorra antes da
execução da obra, trazendo substancial economia nos custos de manutenção, como
117
Mestrado em Georrecursos
A estabilidade de taludes
A instalação dos drenos verticais reduz sensivelmente o percurso que a água deve
fazer para sair da área comprimida e chegar a uma região permeável sem pressões,
ou seja, nas colunas dos drenos. Com o uso de drenos, o fluxo da água no interior da
argila é predominantemente horizontal, enquanto no processo de adensamento
normal, o fluxo é vertical. O coeficiente de permeabilidade horizontal é
substancialmente superior ao coeficiente de permeabilidade vertical, conferindo ao uso
de drenos, uma significativa vantagem adicional.
• Toda a área lateral do dreno funciona como superfície livre para a captação de
água.
118
Mestrado em Georrecursos
A estabilidade de taludes
A principal função dos poços verticais de drenagem é reduzir o nível das pressões
intersticiais naquelas camadas em que seria impossível chegar por meio de métodos
de escavação a céu aberto ou, em locais onde é impossível colocar drenagens
horizontais, tanto por razões económicas como construtivas.
Devido à inclinação que o nível freático adquire nas proximidades dos poços, estes
têm de alcançar maiores profundidades do que seria de supor ao início. Se a intenção
for drenar totalmente o talude, a profundidade de perfuração necessária, supondo os
poços situados na cabeça do talude, é da ordem de 1,2 vezes a altura do talude. A
119
Mestrado em Georrecursos
A estabilidade de taludes
• Têm uma maior capacidade drenante devido à sua grande secção transversal.
Permitem uma maior conexão hidráulica com as fissuras portadoras de água;
• Não afectam a superfície do terreno porque não interferem nas operações que
se realizam neste;
A situação e tamanho óptimos da galeria podem estudar-se por métodos teóricos pelo
que se tem de conhecer, pelo menos aproximadamente, as características de
120
Mestrado em Georrecursos
A estabilidade de taludes
São valas preenchidas com material drenante, escavadas no talude o mais próximo
possível do seu pé e cuja acção drenante se limita a pequenas profundidades. As
valas podem ser de dois tipos:
121
Mestrado em Georrecursos
A estabilidade de taludes
Utilizam-se para recolher a água proveniente das valas de talude. Podem ser muito
úteis em taludes com estratos aproximadamente horizontais de diferente
permeabilidade.
8.4.1. INTRODUÇÃO
Todos estes efeitos podem ser benéficos ou adversos, dependendo das circunstâncias
ainda que, no balanço final, se constata que esses efeitos são mais positivos e
relevantes que o inverso.
122
Mestrado em Georrecursos
A estabilidade de taludes
Áreas Efeitos
Ecologia drenagem
Juntamente com as plantas vivas, é ainda prática comum utilizar materiais auxiliares
para garantir uma estabilização inicial até que a vegetação se desenvolva e alcance a
sua eficiência óptima. Estes materiais secundários vão desde a madeira, a pedra, o
cimento, as malhas plásticas e metálicas, os geoteixteis, as redes e as mantas
orgânicas, entre outros.
123
Mestrado em Georrecursos
A estabilidade de taludes
Como já foi anteriormente referido, ao efeito do impacto directo das gotas da chuva
sobre a superfície do solo é denominado por «erosão por salpicamento». Na ausência
de obstáculos, as gotas de água golpeiam o solo, desagregando as partículas terrosas
e projectando-as no ar (vide capítulo 3.5. Erosão Hídrica).
• Da intensidade da precipitação;
Figura 8.6. Variação da velocidade terminal de queda de uma gota de água em função do diâmetro
da gota.
Fonte: JIMENO, 1999
124
Mestrado em Georrecursos
A estabilidade de taludes
A altura da vegetação determina a altura da queda das gotas de água que foram
interceptadas e que são libertadas pelo gotejamento das plantas. Desta forma, quanto
maior for a altura da planta maior será a energia cinética imprimida à gota de água e
consequentemente, maior será a força do impacto desta no solo (e, logicamente,
maior o seu potencial erosivo). Desta forma, as herbáceas, por possuírem alturas
reduzidas, proporcionam velocidades de queda inferiores às árvores e outras plantas
com portes superiores.
125
Mestrado em Georrecursos
A estabilidade de taludes
Figura 8.7. Variação do coeficiente de erosão por salpicadura (CS) em função da altura da
vegetação (H), para diferentes intensidades de precipitação (mm/h).
Fonte: Styczen y HΦgh-Schmidt, 1988
Figura 8.8. Variação do coeficiente de erosão por salpicadura (CS) em função do grau de cobertura
(S), a alturas diferentes da vegetação (H). Diâmetro de gotas de 5 mm.
Fonte: Styczen y HΦgh-Schmidt, 1988
126
Mestrado em Georrecursos
A estabilidade de taludes
Figura 8.9. Variação do coeficiente de erosão por salpicadura (CS) em função do tamanho da gota
(δ
δ), para diferentes alturas de vegetação (H) e diferentes intensidades de precipitação (I).
Fonte: Styczen y HΦgh-Schmidt, 1988
No gráfico pode-se observar, que para uma cobertura vegetal rente ao solo ou até
0,3m, não existe perda de solo significativa derivado do gotejamento dessas plantas, o
que indica que não existe energia cinética suficiente para que a erosão aconteça.
Ainda se pode observar que a perda de solo decresce exponencialmente com o
incremento do grau de cobertura.
127
Mestrado em Georrecursos
A estabilidade de taludes
Figura 8.10. Variação da perda do solo em função do grau de cobertura do mesmo e da altura da
vegetação que o cobre.
Fonte: RICKSON e MORGAN, 1988
É notório neste gráfico, a influência da estrutura da folha para a perda de solo: para
plantas cujas folhas são planas e largas (*), existe um incremento significativo da
perda de solo, mesmo para alturas reduzidas.
128
Mestrado em Georrecursos
A estabilidade de taludes
As raízes das plantas retêm as partículas do solo, evitando o seu deslocamento face
aos movimentos induzidos pela gravidade, pelo impacto das gotas de chuva, pelas
águas de escorrência e pelo vento. As plantas mais eficazes para esta função são as
que reúnem as seguintes qualidades:
129
Mestrado em Georrecursos
A estabilidade de taludes
Tabela 8.4. Valores típicos do incremento da coesão do solo (C) devido à acção das raízes
(O’LOUGHLIN E ZIEMER, 1982).
Fonte: Jimeno, 1999
130
Mestrado em Georrecursos
A estabilidade de taludes
Existência de água;
Estes aspectos poderão ser visualizados no esquema seguinte (figura 8.11), o qual
permite, de uma forma simples, a selecção apropriada do tipo de método de
construção, de acordo com o tipo de talude e as estratégias a adoptar nele.
131
Mestrado em Georrecursos
A estabilidade de taludes
Criação Reabilitação
Drenagem
de Aterros / Taludes de escorregamentos
Talude
Talude Estável Talude Instável
Marginalmente Estável
FS > 1.15 FS < 1.0
1.0 < FS < 1.15
Métodos de drenagem
Métodos de Protecção Métodos de Estabilização Métodos combinados com
vegetativa combinados com
e.g. sementeira estruturas de contenção
trabalhos de ordem mecânica
132
Mestrado em Georrecursos
A estabilidade de taludes
8.6.1. INTRODUÇÃO
Os sistemas de reforço são cada vez mais utilizados em situações em que não existe
a possibilidade de utilizar outros sistemas, ou porque existem problemas de espaço ou
porque existem dificuldades em realizar a expropriação dos terrenos afectados pelas
obras.
• Não requerem espaço para a sua instalação, pelo que não é necessário
realizar obras de escavação ou ocupar terrenos para o depósito de terras;
• É uma solução económica e que não implica grandes riscos aquando da sua
aplicação e ainda permite uma rápida intervenção no talude;
133
Mestrado em Georrecursos
A estabilidade de taludes
8.6.3. MUROS
8.6.3.1. GENERALIDADES
134
Mestrado em Georrecursos
A estabilidade de taludes
Figura 8.12. Classificação dos muros do ponto de vista funcional: a) Revestimento, b) Sustimento,
c) Contenção.
Fonte: Modificada de Jiménez Salas et al., 1976
135
Mestrado em Georrecursos
A estabilidade de taludes
É o tipo de muro mais antigo. São elementos passivos, em que o seu peso próprio é a
acção estabilizadora fundamental. Na maior parte dos casos são feitos de betão, no
entanto existem muros de gravidade de pouca altura, construídos com ladrilhos ou
alvenaria. Não é comum empregar estes muros com alturas superiores a 10m.
Para melhorar a estabilidade do muro é usual dar-se uma pequena inclinação na parte
frontal. No entanto se a inclinação for excessiva perde-se em parte a principal
vantagem do muro, que é o ganho de espaço.
136
Mestrado em Georrecursos
A estabilidade de taludes
São muros, em betão armado, em que a parede vertical actua como uma viga em
flexão contrariando o momento de carga do terreno, principalmente pelo momento
estabilizador das terras situadas sobre a base. Na sua construção é usado menos
betão do que nos anteriores. Existem dois tipos fundamentais de muros de atenuação:
Muros em L
A pressão sobre as fundações é menor do que nos muros de gravidade, pelo que são
indicados quando os terrenos das fundações são maus. Podem apresentar
contrafortes interiores e menos frequentemente exteriores. Os momentos flectores
máximos produzem-se na parede vertical. Para grandes alturas, a magnitude dos
momentos a que são submetidos pode tornar conveniente o emprego dos contrafortes.
Os esforços sobre cada uma das partes do muro são calculados supondo um
comportamento das vigas sem apoio.
137
Mestrado em Georrecursos
A estabilidade de taludes
Consistem numa trama resistente em forma de jaula que é enchida com solo granular,
preferencialmente compactado. As armações ou jaulas são compostas por vigas
longitudinais ou corridas e vigas transversais ou travessas. Em alguns casos fecham-
se as aberturas entre os corredores convertendo a face do muro numa superfície
plana. A estabilidade de um muro jaula é fundamentalmente proporcionada pelo seu
peso próprio, tal como nos muros de gravidade.
138
Mestrado em Georrecursos
A estabilidade de taludes
São adequados para alturas moderadas, não superiores a 7m. A largura do muro é
geralmente compreendida entre a altura e metade desta. O seu uso é frequente como
medida correctiva de taludes nos quais se produziram movimentos significativos, dada
a sua rápida montagem.
As suas principais vantagens em relação aos muros de betão são a sua fácil e rápida
montagem, a sua capacidade de adaptação nos assentamentos que se podem
produzir no terreno e o facto de poderem começar a actuar imediatamente após a sua
construção. Por outro lado, a sua facilidade de manuseamento e montagem permite a
sua ampliação, redução e troca de local.
Figura 8.17. Esqueleto de um muro jaula composto por vigas de madeira longitudinais e
transversais.
Fonte: Santamaría Arias et al., 1997
139
Mestrado em Georrecursos
A estabilidade de taludes
Figura 8.19. À esquerda muro de gabiões com degraus para o exterior, à direita muro de gabiões
com degraus para o interior do talude.
Fonte: Ana Paula Carreira, 2004
140
Mestrado em Georrecursos
A estabilidade de taludes
O enchimento dos gabiões pode ser de granito, caliça, quartzito ou betão. Os arames
que constituem a malha metálica devem ser galvanizados, e no caso de serem
sujeitos a condições extremas que favoreçam a corrosão, devem ser revestidos de
plásticos.
• As bandas de reforço têm que ter secção suficiente para resistirem aos
elevados esforços de tracção a que irão ser submetidas.
O atrito entre as bandas e o solo pode ser melhorado dando maior rugosidade à
superfície das bandas, embora o factor fundamental na obtenção de fricção suficiente
seja o comprimento das bandas, sendo geralmente suficiente um comprimento entre
0,8 e 1,2 vezes a altura do muro.
141
Mestrado em Georrecursos
A estabilidade de taludes
Nos muros de sustimento, o tipo de enchimento utilizado para ocupar o espaço entre a
face interior e o terreno natural, influi sobre a força de carga que se desenvolve sobre
o muro.
Os solos de grão fino podem produzir grandes esforços, principalmente por variações
de volume devido ao grau de humidade. Além disso, é possível que se abram fendas
no material de enchimento pelas quais irá penetrar a água da chuva produzindo
pressões intersticiais de grande magnitude e difíceis de dissipar.
• Cortinas de Estacas;
• Muros Cortina;
• Pregagens;
• Ancoragens;
• Geossintéticos.
KOERMER (1998) distinguiu seis grandes tipos de geossintéticos, tendo ainda definido
as principais funções dos mesmos. Essa classificação encontra-se ilustrada na tabela
a seguir indicada.
142
Mestrado em Georrecursos
A estabilidade de taludes
Função
Tipo
Separação Reforço Filtragem Drenagem Contenção
Geotêxteis X X X X
Geogrelhas X
Georredes X
Geomembranas X
Geossintéticos
X
Bentoníticos
Geocompósitos Variável
143
144
TERCEIRA PARTE – CASO DE ESTUDO
145
Mestrado em Georrecursos
Caso de Estudo
146
Mestrado em Georrecursos
Caso de Estudo
O relevo apresenta uma morfologia do tipo “mesa” originada pela superfície estrutural
da unidade calcária que se localiza no seu topo.
Este perfil dos taludes resulta do contraste de resistência entre o “cap-rock” calcário e
os solos brandos subjacentes. Assim, e como seria de esperar, na parte inferior da
vertente, os solos arenosos e argilosos produzem um perfil de declive muito mais
baixo do que a rocha calcária dura. (Coelho, 2001)
147
Mestrado em Georrecursos
Caso de Estudo
Esta acção erosiva do rio cessou quando os aterros marginais, construídos desde o
século XIX para a protecção do caminho-de-ferro, passaram também a proteger o
sopé da encosta. (Coelho, 2001).
148
Mestrado em Georrecursos
Caso de Estudo
149
Mestrado em Georrecursos
Caso de Estudo
150
Mestrado em Georrecursos
Caso de Estudo
Foi possível concluir que não ocorreu qualquer alteração significativa ao longo
do tempo no que respeita à temperatura.
Tabela 9.2. Tabela síntese dos valores médios obtidos para a região de Santarém.
Fonte: Centro de Geotecnia do IST, 2005
151
Mestrado em Georrecursos
Caso de Estudo
Em síntese, a tabela 9.3. foi construída de acordo com os valores máximos, mínimos e
médios obtidos em laboratório com ensaios de corte. Esta compilação de dados, teve
ainda em consideração os valores obtidos pelas retroanálises efectuadas no estudo.
Tabela 9.3. Valores de coesão e ângulo de atrito adoptados para as três formações indicadas.
Fonte: Centro de Geotecnia do IST, 2005
152
Mestrado em Georrecursos
Caso de Estudo
Tabela 9. 4. Propriedades dos taludes críticos dos 11 sectores em que foi dividido a área em
estudo.
Fonte: Centro de Geotecnia do IST, 2005
Parâmetros Talude
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
Altura do talude (m) 61,6 58,7 24,1 43,2 35,8 30,0 84,4 87,7 82,7 39,0 39,4
Inclinação média do
24 27 26 23 23 21 30 23 36 21 23
talude (º)
Peso volúmico do
17,5 17,5 16,4 16,4 16,4 18,5 18,5 18,5 18,5 17,5 17,5
terreno (kN/m3)
Coesão média do
23,5 23,5 33,0 33,0 14,0 14,0 14,0 14,0 30,0 23,5 23,5
terreno (kPa)
Largura de infiltração
123 164 204 71 92 51 110 51 32 54 19
no talude (m)
Porosidade média 46,7 46,7 47,6 47,6 47,6 45,8 45,8 45,8 45,8 46,7 46,7
Condutividade -7 -7 -8 -8 -8 -7 -7 -7 -7 -7 -7
1,80E 1,80E 8,30E 8,30E 8,30E 3,50E 3,50E 3,50E 3,50E 1,80E 1,80 E
hidráulica (m/s)
Percentagem de
28 26 29 26 26 24 25 22,5 22 26 27
infiltração (%)
Coeficiente de
0,1 0,1 0,7 0,1 0,1 0,3 0,3 0,1 0,9 0,8 0,7
protecção dos muros
153
Mestrado em Georrecursos
Caso de Estudo
10. ERODÍMETRO
10.1. GENERALIDADES
INDERBITZEN (1961) propôs um ensaio para determinar em laboratório a quantidade
de solo erodido numa amostra com 152 mm de diâmetro, colocada numa rampa com
inclinação conhecida, quando a sua superfície é exposta a um determinado
escoamento. (in tese de MARCIO KOETZ, 2003).
FÁCIO (1991) projectou e construiu uma versão modificada do aparelho proposto por
Inderbitzen que permite variações da declividade, do escoamento e no posicionamento
da amostra, tornando o aparelho mais versátil. O equipamento teve alterações na
largura da rampa, que passou de 1,00 m para 0,33 m; comprimento da rampa, que
passou de 1,00 m para 1,30 m; e na redução do diâmetro das amostras, de 152 mm
para 100 mm. A partir de uma série de ensaios com variações nos valores de
escoamento, da declividade da rampa, do tempo de ensaio e de saturação da
amostra, este autor propôs a realização do ensaio sob condições normalizadas, a
seguir apresentadas:
• escoamento = 50 mL s-1;
154
Mestrado em Georrecursos
Caso de Estudo
Como se pode observar na mesma figura, existem dois pontos distintos de distribuição
de água:
155
Mestrado em Georrecursos
Caso de Estudo
• O outro, consta de um tubo perfurado (8 furos) que lança água no topo superior
da rampa (calha). A água escorre ao longo da calha em regime laminar, graças
às tiras de acrílico colocadas longitudinalmente na mesma.
Para uma comparação mais fácil dos resultados obtidos com os diferentes provetes de
ensaio e nas diversas condições, o tempo de duração de cada um dos ensaios
realizados foi de 1 hora e 30 minutos e o caudal de água, distribuído pelos dois
dispositivos, foi de sensivelmente 1 litro/ minuto, sendo que o caudal de água lançado
na parte superior da rampa foi sensivelmente duplo do caudal lançado directamente
sobre o provete.
156
Mestrado em Georrecursos
Caso de Estudo
Descargas
de água
Sistema de
controlo do
caudal no
ensaio
Rampa (calha)
Manípulo de
regulação da Sistema de
inclinação da decantação e
rampa reutilização de
água
Amostrador
Tampo
basculante
Transferidor
157
Mestrado em Georrecursos
Caso de Estudo
• Plantação da vegetação;
158
Mestrado em Georrecursos
Caso de Estudo
159
Mestrado em Georrecursos
Caso de Estudo
Tabela 10.1. Solo areno-siltoso, Erosão do solo, sem e com cobertura vegetal, em função da
inclinação da rampa.
Fonte: Centro de Geotecnia do IST, 2005
160
Mestrado em Georrecursos
Caso de Estudo
Tabela 10.2. Solo arenoso, evolução da erosão do solo, sem e com cobertura vegetal, com a
inclinação da rampa.
Fonte: Centro de Geotecnia do IST, 2005
161
Mestrado em Georrecursos
Caso de Estudo
100
90
PERCENTAGEM DE SOLO ARRASTADO (%)
80
70
60
50
40
30
20
10
0
0 5 10 15 20 25 30
ÂNGULO DE INCLINAÇÃO DA RAMPA (0)
Solo sem cobertura vegetal Solo com cobertura vegetal verde (0.8 pés/m^2)
Solo com cobertura vegetal verde (2.0 pés/m^2)l Solo com cobertura vegetal seca (2.0 pés/m^2)
Figura 10.3. Solo areno-siltoso, evolução da erosão do solo, sem e com cobertura vegetal, com a
inclinação da rampa.
Fonte: Centro de Geotecnia do IST, 2005
100
PERCENTAGEM DE SOLO ARRASTADO (%)
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
0 5 10 15 20 25 30
0
INCLINAÇÃO DA RAMPA ( )
Figura 10.4. Solo arenoso, evolução da erosão do solo, sem e com cobertura vegetal, com a
inclinação da rampa.
Fonte: Centro de Geotecnia do IST, 2005
162
Mestrado em Georrecursos
Caso de Estudo
• O solo arenoso, com ou sem vegetação, é mais apto à erosão hídrica do que o
solo areno-siltoso;
A −B
Ir = [11]
A
Sendo:
A - totalidade do solo ensaiado (peso seco)
B - quantidade de solo arrastado no ensaio (peso seco)
Com base nos valores dos índices de resistência correspondentes a cada uma das
condições de ensaio e respectivos valores das variáveis, determinaram-se os
parâmetros da função que, dentro do intervalo das variáveis dos ensaios (inclinação
do talude, α, densidade da cobertura vegetal, D, e tempo de ensaio, T) e para o caudal
de água nos ensaios (≅ 1 l/min), relacionam o índice de resistência do solo à erosão,
motivada pela água das chuvas, com aquelas três variáveis em simultâneo. O índice
de resistência do solo em função das variáveis dos ensaios é bem definido por uma
função múltipla linear.
163
Mestrado em Georrecursos
Caso de Estudo
Coeficiente
Solo Índice de resistência do solo (Ir)
de correlação
Areno-siltoso Ir = 1 - 0,7413 senα +0,0042 D – 0,2555 T 0,913
Arenoso Ir = 1 - 0,7634 senα +0,0017 D – 0,0970 T 0,864
Uma vez que este índice foi obtido para uma zona específica (solos da área em
estudo), a equação do índice de resistência do solo pode tomar a forma genérica a
seguir apresentada, em que cada coeficiente numérico a, b, c são característicos de
cada região e em função de cada solo.
Ir = 1 − a × senα + b × D − c × T [12]
164
Mestrado em Georrecursos
Caso de Estudo
ΣR (Wcosα − U)tgϕ'+c' L
FSP = = [13]
ΣM Wsinα
Fs =
(Wcosβ − kWsinβ + Tcosθ − U − Vsinβ )tgφ ' + c 'L
[14]
Wsinβ + kWcosβ − Tsinθ + Vcosβ
U = 21 γ aLd [15]
V = 21 γ a d2 [16]
165
Mestrado em Georrecursos
Caso de Estudo
θ τ R2
FSC = [17]
WL a
As duas relações que traduzem os factores de segurança dos taludes, com os tipos de
ruptura planar e circular, são subsequentemente tratadas de modo similar através da
aplicação do método de Monte Carlo, sendo a coesão e o ângulo de atrito do terreno
as duas variáveis aleatórias que o permitem implementar.
166
Mestrado em Georrecursos
Caso de Estudo
167
Mestrado em Georrecursos
Caso de Estudo
1200
0.41
400 P = 22.4 t
200
0.9178
P = 0.9925 t
-2 -1 0 1 2 3 4 5
10 10 10 10 10 10 10 10
TIM E (hour)
TEMPO (horas)
Figura 11.3. Registo Variações da precipitação acumulada vs tempo, para quantificação dos
fenómenos de escorrimento em taludes da área em estudo.
Fonte: Centro de Geotecnia do IST, 2005
No entanto, tendo em consideração o que tem vindo a ser descrito neste trabalho,
existe uma importância considerável na estabilidade de taludes de solos devido à
existência de vegetação. Infelizmente, esta equação atrás obtida não leva em
consideração este parâmetro.
C + σ n' tanφ
FS = [22]
CR + σ n' tanφ R
168
Mestrado em Georrecursos
Caso de Estudo
Onde:
Cr – resistência das raízes; γ – peso volúmico do solo;
Cs – coesão do solo; γsat – peso volúmico do solo saturado;
α – ângulo do talude; γw – peso volúmico da água;
ϕ – ângulo de atrito do solo; D – espessura do solo;
q0 – carga arbórea; Dw – espessura do solo saturado.
169
Mestrado em Georrecursos
Caso de Estudo
A nova expressão foi baseada na consideração do equilíbrio limite entre as forças que
resistem ao escorrimento, FR, do terreno superficial do talude e as forças que
promovem essa instabilização, FI (ver figura seguinte).
Onde:
Fs – factor de segurança
P – Peso do material erodido (kN/m)
α – ângulo do talude (º)
ϕ – ângulo de atrito do solo (º)
2
C1 – coesão do solo (kN/m )
2
C2 – acréscimo de coesão proveniente da vegetação (kN/m )
D – largura do talude / largura da bacia de recepção de água (m)
V = p × (D + L × cotgα) [26]
170
Mestrado em Georrecursos
Caso de Estudo
Atendendo aos ensaios de erodibilidade efectuados, foi possível obter uma correlação
entre o material erodido (P) e o ângulo do talude (α), na forma P = a0 + a1xα + a2xα2,
como evidenciam as figuras seguintes.
2,5
Material erodido (kN)
2,0
1,5
10 15 20 25 30
Ângulo do Talude (º)
Figura 11.5. Correlação entre a inclinação do talude (º) e o material erodido (kN/m) para solo areno-
siltoso.
11,0
Material Erodido (kN)
10,0
9,0
10 15 20 25 30
Ângulo do Talude (º)
Figura 11.6. Correlação entre a inclinação do talude (º) e o material erodido (kN/m) para solo
arenoso.
171
Mestrado em Georrecursos
Caso de Estudo
FS =
(- 0.001α + 0.0708α + 1.035) × cosα × tanφ + (C + C ) × L
2
1 2
[28]
(- 0.001α + 0.0708α + 1.035) × sinα + VγD
2 w
FS =
(- 0.0002α + 0.1057α + 7.986 )× cosα × tanφ + (C + C ) × L
2
1 2
[29]
(- 0.0002α + 0.1057α + 7.986 )× sinα + VγD
2 w
Parâmetros Resistentes
CI2 CII2 CIII2 CIV2 CIV2
Tipo de
Solo Vegetação Vegetação
ϕ C1
Sem Vegetação Vegetação arbórea de arbórea
vegetação rasteira arbustiva pequeno de grande
porte porte
Areno-
27 23,5 0 1 5 10 15
siltoso
Arenoso 32 14 0 1 5 10 15
D = 1,00m
L = 0,15 x cos α m
α: [5º ; 45º]
Caudal: [0m3 ; 100m3]
V: [0 m3/m ; 110,61m3/m]
172
Mestrado em Georrecursos
Caso de Estudo
Solo Areno-siltoso 1 0,540 0,541 0,533 0,517 0,495 0,467 0,437 0,403 0,368
(sem vegetação) 2 0,272 0,276 0,275 0,270 0,261 0,250 0,236 0,220 0,201
5 0,109 0,111 0,112 0,111 0,108 0,104 0,099 0,093 0,085
10 0,055 0,056 0,056 0,056 0,055 0,053 0,050 0,047 0,044
15 0,037 0,037 0,038 0,037 0,037 0,035 0,034 0,032 0,029
20 0,027 0,028 0,028 0,028 0,028 0,027 0,025 0,024 0,022
50 0,011 0,011 0,011 0,011 0,011 0,011 0,010 0,010 0,009
100 0,005 0,006 0,006 0,006 0,006 0,005 0,005 0,005 0,004
0 9,963 4,864 3,155 2,293 1,769 1,414 1,155 0,955 0,795
0,1 4,900 3,268 2,409 1,876 1,511 1,243 1,036 0,870 0,733
0,2 3,249 2,461 1,948 1,588 1,319 1,109 0,940 0,800 0,680
0,3 2,430 1,973 1,636 1,376 1,170 1,001 0,860 0,739 0,634
0,4 1,941 1,647 1,409 1,214 1,051 0,913 0,793 0,688 0,594
0,5 1,616 1,413 1,238 1,087 0,955 0,838 0,735 0,643 0,559
Solo Arenoso 1 0,879 0,827 0,770 0,712 0,654 0,596 0,539 0,484 0,431
(sem vegetação) 2 0,460 0,452 0,439 0,422 0,401 0,377 0,352 0,324 0,296
5 0,189 0,191 0,191 0,190 0,186 0,180 0,172 0,163 0,152
10 0,096 0,098 0,099 0,099 0,098 0,096 0,093 0,089 0,084
15 0,064 0,066 0,067 0,067 0,067 0,065 0,064 0,061 0,058
20 0,048 0,049 0,050 0,051 0,050 0,050 0,048 0,047 0,044
50 0,019 0,020 0,020 0,020 0,020 0,020 0,020 0,019 0,018
100 0,010 0,010 0,010 0,010 0,010 0,010 0,010 0,010 0,009
173
Mestrado em Georrecursos
Caso de Estudo
Tabela 11.3. Factor de segurança para solos com vegetação, cujo valor de acréscimo de
coesão é de 1kN/m.
174
Mestrado em Georrecursos
Caso de Estudo
Tabela 11.4. Factor de segurança para solos com vegetação, cujo valor de acréscimo de
coesão é de 5kN/m.
Solo Areno-siltoso 1 0,636 0,634 0,622 0,602 0,575 0,542 0,507 0,468 0,427
(com vegetação) 2 0,321 0,323 0,321 0,314 0,304 0,290 0,274 0,255 0,234
5 0,129 0,131 0,131 0,129 0,126 0,121 0,115 0,108 0,099
10 0,065 0,066 0,066 0,065 0,064 0,061 0,059 0,055 0,051
15 0,043 0,044 0,044 0,044 0,043 0,041 0,039 0,037 0,034
20 0,032 0,033 0,033 0,033 0,032 0,031 0,030 0,028 0,026
50 0,013 0,013 0,013 0,013 0,013 0,012 0,012 0,011 0,010
100 0,006 0,007 0,007 0,007 0,006 0,006 0,006 0,006 0,005
0 10,970 5,335 3,449 2,498 1,922 1,532 1,248 1,030 0,856
0,1 5,396 3,585 2,633 2,045 1,642 1,347 1,120 0,939 0,789
0,2 3,578 2,699 2,130 1,730 1,433 1,202 1,016 0,863 0,732
0,3 2,676 2,164 1,788 1,500 1,271 1,085 0,930 0,798 0,683
0,4 2,137 1,806 1,541 1,323 1,142 0,989 0,857 0,742 0,640
0,5 1,779 1,550 1,354 1,184 1,037 0,909 0,795 0,693 0,602
Solo Arenoso 1 0,968 0,907 0,842 0,776 0,710 0,646 0,583 0,522 0,464
(com vegetação) 2 0,506 0,496 0,480 0,459 0,436 0,409 0,380 0,350 0,318
5 0,208 0,210 0,209 0,207 0,202 0,195 0,186 0,176 0,164
10 0,105 0,107 0,108 0,108 0,106 0,104 0,101 0,096 0,091
15 0,070 0,072 0,073 0,073 0,072 0,071 0,069 0,066 0,063
20 0,053 0,054 0,055 0,055 0,055 0,054 0,052 0,050 0,048
50 0,021 0,022 0,022 0,022 0,022 0,022 0,022 0,021 0,020
100 0,011 0,011 0,011 0,011 0,011 0,011 0,011 0,010 0,010
175
Mestrado em Georrecursos
Caso de Estudo
Tabela 11.5. Factor de segurança para solos com vegetação, cujo valor de acréscimo de
coesão é de 10kN/m.
Solo Areno-siltoso 1 0,732 0,727 0,711 0,687 0,655 0,617 0,576 0,533 0,487
(com vegetação) 2 0,369 0,370 0,367 0,358 0,346 0,330 0,311 0,290 0,267
5 0,148 0,150 0,149 0,147 0,143 0,138 0,131 0,123 0,113
10 0,074 0,075 0,075 0,074 0,073 0,070 0,067 0,062 0,058
15 0,050 0,050 0,050 0,050 0,049 0,047 0,045 0,042 0,039
20 0,037 0,038 0,038 0,037 0,036 0,035 0,034 0,032 0,029
50 0,015 0,015 0,015 0,015 0,015 0,014 0,014 0,013 0,012
100 0,007 0,008 0,008 0,007 0,007 0,007 0,007 0,006 0,006
0 11,978 5,807 3,742 2,704 2,075 1,650 1,342 1,105 0,917
0,1 5,891 3,901 2,858 2,213 1,773 1,451 1,204 1,007 0,845
0,2 3,906 2,938 2,311 1,873 1,547 1,295 1,093 0,925 0,784
0,3 2,922 2,356 1,940 1,623 1,373 1,169 1,000 0,856 0,731
0,4 2,334 1,966 1,672 1,432 1,233 1,065 0,921 0,796 0,685
0,5 1,943 1,687 1,469 1,282 1,120 0,979 0,854 0,744 0,644
Solo Arenoso 1 1,057 0,987 0,914 0,840 0,767 0,696 0,627 0,560 0,497
(com vegetação) 2 0,553 0,539 0,520 0,497 0,470 0,441 0,409 0,375 0,341
5 0,227 0,228 0,227 0,224 0,218 0,210 0,200 0,189 0,175
10 0,115 0,117 0,117 0,117 0,115 0,112 0,108 0,103 0,097
15 0,077 0,078 0,079 0,079 0,078 0,076 0,074 0,071 0,067
20 0,058 0,059 0,059 0,060 0,059 0,058 0,056 0,054 0,051
50 0,023 0,024 0,024 0,024 0,024 0,024 0,023 0,022 0,021
100 0,012 0,012 0,012 0,012 0,012 0,012 0,012 0,011 0,011
176
Mestrado em Georrecursos
Caso de Estudo
Tabela 11.6. Factor de segurança para solos com vegetação, cujo valor de acréscimo de
coesão é de 15kN/m.
Solo Areno-siltoso 1 0,828 0,820 0,801 0,771 0,735 0,692 0,646 0,597 0,546
(com vegetação) 2 0,417 0,418 0,413 0,403 0,388 0,370 0,349 0,325 0,299
5 0,168 0,169 0,168 0,165 0,161 0,155 0,147 0,137 0,127
10 0,084 0,085 0,085 0,083 0,081 0,078 0,075 0,070 0,065
15 0,056 0,057 0,057 0,056 0,054 0,053 0,050 0,047 0,043
20 0,042 0,042 0,042 0,042 0,041 0,040 0,038 0,035 0,033
50 0,017 0,017 0,017 0,017 0,016 0,016 0,015 0,014 0,013
100 0,008 0,009 0,009 0,008 0,008 0,008 0,008 0,007 0,007
0 12,985 6,278 4,036 2,910 2,228 1,769 1,435 1,181 0,977
0,1 6,387 4,218 3,082 2,381 1,903 1,555 1,288 1,076 0,901
0,2 4,235 3,176 2,493 2,015 1,661 1,388 1,169 0,988 0,836
0,3 3,167 2,547 2,093 1,747 1,474 1,253 1,069 0,914 0,780
0,4 2,530 2,126 1,803 1,541 1,324 1,142 0,986 0,850 0,730
0,5 2,106 1,824 1,584 1,379 1,202 1,049 0,914 0,794 0,687
Solo Arenoso 1 1,146 1,067 0,985 0,904 0,823 0,746 0,671 0,599 0,530
(com vegetação) 2 0,599 0,583 0,561 0,535 0,505 0,472 0,437 0,401 0,363
5 0,247 0,247 0,245 0,241 0,234 0,225 0,214 0,201 0,187
10 0,124 0,126 0,126 0,125 0,123 0,120 0,116 0,110 0,103
15 0,083 0,085 0,085 0,085 0,084 0,082 0,079 0,076 0,071
20 0,063 0,064 0,064 0,064 0,063 0,062 0,060 0,058 0,055
50 0,025 0,026 0,026 0,026 0,026 0,025 0,025 0,024 0,023
100 0,013 0,013 0,013 0,013 0,013 0,013 0,012 0,012 0,011
177
Mestrado em Georrecursos
Caso de Estudo
60,00
50,00
40,00
30,00 FS
20,00
10,00
0
0, 1
0,
0,00
2
3
0,
4
0,
45
5
0,
40
1
35
2
30
5
3
Caudal (m ) 25
10
20
15
15
20
10 Inclinação (º)
5
50
0
10
5 10 15 20 25 30 35 40 45
60,00
50,00
40,00
30,00 FS
20,00
10,00
0
1
0,
0,00
2
0,
3
0,
4
0,
45
5
0,
40
1
35
2
30
5
Caudal (m3) 25
10
20
15
15
20
10 Inclinação (º)
5
50
0
10
5 10 15 20 25 30 35 40 45
3
Figura 11.7. Variação do factor de segurança em função da inclinação do talude (º) e do caudal (m )
para solo areno-siltoso e solo arenoso, sem vegetação.
178
Mestrado em Georrecursos
Caso de Estudo
60,00
50,00
40,00
30,00 FS
20,00
10,00
0
1
0,
0,00
2
0,
3
0,
4
0,
45
5
0,
40
1
35
2
30
5
3
Caudal (m ) 25
10
20
15
15
20
10 Inclinação (º)
5
50
0
10
5 10 15 20 25 30 35 40 45
60,00
50,00
40,00
30,00 FS
20,00
10,00
0
1
0,
2
0,00
0,
3
0,
4
0,
45
5
0,
40
1
35
2
30
5
Caudal (m3) 25
10
20
15
15
20
10 Inclinação (º)
5
50
0
10
5 10 15 20 25 30 35 40 45
3
Figura 11.8. Variação do factor de segurança em função da inclinação do talude (º) e do caudal (m )
para solo areno-siltoso e solo arenoso, com vegetação (C2 = 1kN/m).
179
Mestrado em Georrecursos
Caso de Estudo
60,00
50,00
40,00
30,00 FS
20,00
10,00
0
1
0,
0,00
2
0,
3
0,
4
0,
45
5
0,
40
1
35
2
30
5
Caudal (m3) 25
10
20
15
15
20
10 Inclinação (º)
5
50
0
10
5 10 15 20 25 30 35 40 45
60,00
50,00
40,00
30,00 FS
20,00
10,00
0
1
0,
2
0,00
0,
3
0,
4
0,
45
5
0,
40
1
35
2
30
5
Caudal (m3) 25
10
20
15
15
20
10 Inclinação (º)
5
50
0
10
5 10 15 20 25 30 35 40 45
3
Figura 11.9. Variação do factor de segurança em função da inclinação do talude (º) e do caudal (m )
para solo areno-siltoso e solo arenoso, com vegetação (C2 = 5kN/m).
180
Mestrado em Georrecursos
Caso de Estudo
60,00
50,00
40,00
30,00 FS
20,00
10,00
0
1
0,
0,00
2
0,
3
0,
4
0,
45
5
0,
40
1
35
2
30
5
Caudal (m3) 25
10
20
15
15
20
10 Inclinação (º)
5
50
0
10
5 10 15 20 25 30 35 40 45
60,00
50,00
40,00
30,00 FS
20,00
10,00
0
1
0,
2
0,00
0,
3
0,
4
0,
45
5
0,
40
1
35
2
30
5
25
Caudal (m3)
10
20
15
15
20
10 Inclinação (º)
5
50
0
10
5 10 15 20 25 30 35 40 45
Figura 11.10. Variação do factor de segurança em função da inclinação do talude (º) e do caudal
3
(m ) para solo areno-siltoso e solo arenoso, com vegetação (C2 = 10kN/m).
181
Mestrado em Georrecursos
Caso de Estudo
60,00
50,00
40,00
30,00 FS
20,00
10,00
0
1
0,
0,00
2
0,
3
0,
4
0,
45
5
0,
40
1
35
2
30
5
Caudal (m3) 25
10
20
15
15
20
10 Inclinação (º)
5
50
0
10
5 10 15 20 25 30 35 40 45
60,00
50,00
40,00
30,00 FS
20,00
10,00
0
1
0,
2
0,00
0,
3
0,
4
0,
45
5
0,
40
1
35
2
30
5
Caudal (m3) 25
10
20
15
15
20
10 Inclinação (º)
5
50
0
10
5 10 15 20 25 30 35 40 45
Figura 11.11. Variação do factor de segurança em função da inclinação do talude (º) e do caudal
3
(m ) para solo areno-siltoso e solo arenoso, com vegetação (C2 = 15kN/m).
182
Mestrado em Georrecursos
Caso de Estudo
• Fixando o caudal num qualquer valor, (e.g. 1m3) e tomando como exemplo o
solo areno-siltoso, é fácil construir um gráfico (em baixo representado) onde se
pode verificar que o Factor de Segurança aumenta com o incremento da
coesão das plantas. Isto é verdade para qualquer outro caudal;
0,90
0,80
0,70
FS
0,60
0,50
0,40
5º
15
15º
10
5
25º
1
Inclinação (º) Coesão
0
35º
(kN/m)
45º
Figura 11.12. Variação do factor de segurança em função da inclinação do talude (º) e da Coesão
3
(kN/m) para solo areno-siltoso, para um caudal fixo de 1m .
• O solo anero-siltoso é muito mais estável que o solo arenoso, conseguindo,
para este caso, factores de segurança superiores à unidade em taludes de 45º,
para caudais não superiores a 0,2m3;
• O ponto crítico para qualquer dos dois tipos de solo estudados situa-se para
caudais compreendidos entre 0,5m3 e 1m3.
183
Mestrado em Georrecursos
Caso de Estudo
184
Mestrado em Georrecursos
Caso de Estudo
Tabela 11.8. Comparação do factor de segurança das duas equações, aplicadas em dois
taludes reais.
Precipitação FS
Talude
(mm)
FS Escorrimento FS Jimeno e Gonzalez
0 463,39 11,14
1 14,03 11,14
5 2,88 11,14
6 10 1,44 8,08
31,5 0,46 8,08
75,4 0,19 8,08
116,9 0,12 8,08
0 464,01 6,02
1 10,07 6,02
5 2,05 6,02
7 10 1,03 4,29
31,5 0,33 4,29
75,4 0,14 4,29
116,9 0,09 4,29
• A equação do FS definida por Jimeno e Gonzalez, por ser uma equação que
deriva da equação geral dos deslizamentos planares, não consegue ser um
bom instrumento de aplicação para a previsão de escorrimentos (veja-se a
fraca variação do FS em ambos os casos), uma vez que não contempla a
variável precipitação na mesma;
185
Mestrado em Georrecursos
Caso de Estudo
11.4. CONCLUSÕES
As principais conclusões retidas neste capítulo são as que a seguir se enumeram:
• A equação do FS definida por Jimeno e Gonzalez, por ser uma equação que
deriva da equação geral dos deslizamentos planares, não consegue ser um
bom instrumento de aplicação para a previsão de escorrimentos, uma vez que
não contempla a variável precipitação na mesma.
186
QUARTA PARTE – CONCLUSÕES E FUTURAS LINHAS
DE INVESTIGAÇÃO
187
Mestrado em Georrecursos
Conclusões e futuras linhas de investigação
12. CONCLUSÕES
Uma vez que o FS obtido é baseado em dados específicos de um caso real é provável
que as equações específicas (equações [28] e [29]) não sejam extrapoláveis para
outras situações; no entanto a sua essência (equação geral do factor de segurança
[25]) deverá ser mantida uma vez que se baseia no critério do equilíbrio limite, que é
típico da Geotecnia.
188
Mestrado em Georrecursos
Conclusões e futuras linhas de investigação
189
190
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
191
Mestrado em Georrecursos
Referências bibliográficas
Campos Maciel Júnior, O., Gomes Marques, E.A., Carvalho e Silva, C.H., Minette, E.,
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Geologia – Volume II – Geodinâmica”.1ª Edição. Livraria Popular de Francisco
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Investigações e Edições Educativas da Constância Editores, S.A.. 1ª Edição.
Constância Editores, S.A.. Alfragide.
Dinis da Gama, Carlos. (2000) “XVI Lição Manuel Rocha: Geotecnia Ambiental –
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Mestrado em Georrecursos
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2001 http://www.rctednet.net/
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Mestrado em Georrecursos
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