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DOC- TC-5258/05

PAG-TC-3621/03

Administração Direta Municipal. Prefeitura de Damião. Prestação de


Contas Anual relativa ao exercício de 2004. RECURSO DE
RECONSIDERAÇÃO - Conhecimento. Provimento parcial para
excluir a irregularidade referente aos Gastos com Saúde, ratificando-
se os demais termos do Parecer PPL-TC nO 102/2006, inclusive a
manutenção do Parecer Contrário à aprovação das Contas e
determinações contidas na decisão.

RELATÓRIO
O Tribunal de Contas do Estado da Paraíba, em sessão plenária do dia 30/08/2006, apreciou a
Prestação de Contas do Município de Damião/PB, relativa ao exercício financeiro de 2004, de
responsabilidade do então Prefeito e Ordenador de Despesas, Sro Geoval de Oliveira Silva, decidindo,
através do Parecer PPL-TC nO 102/2006 e do PGF-PM-214/2006, publicados no D.OE em
13/09/2006, pela(o):
I. emissão de Parecer Contrário à aprovação das contas anuais, na conformidade do disposto no
Parecer Normativo 47/01 das disposições constitucionais e legais vigentes;
11. recomendação à administração Municipal de Damião, no sentido de evitar toda e qualquer ação
administrativa que, em similitude com aquelas ora debatidas, venham macular as contas de
gestão municipal;
111. atendimento parcial às disposições da LRF;

Não resignado com a decisão, em 25/10/06, 42 (quarenta e dois) dias após a decisão, o Sr. Geoval de
Oliveira Silva, através do seu representante legal, interpôs, intempestivamente, Recurso de
Reconsideração (fls. 2074-2144).
O processo foi agendado para a sessão do dia 08/11/06, tendo o Pleno acatado preliminar, à maioria,
vencidos os votos do Relator e do Conselheiro Flávio Sátiro Fernandes, de conhecer o Recurso de
Reconsideração interposto fora de prazo legal, determinando-se o retorno dos autos ao Órgão de
Instrução para sua análise.
A Auditoria analisou, às fls. 2150/2154, os argumentos e a documentação apresentados pelo
impetrante, que se restringiram apenas à irregularidade atinente à não aplicação do percentual
mínimo em despesas com saúde e abertura de créditos adicionais suplementares, concluindo, a
análise técnica, pela retificação desta de 12,16% para 14,19% dos recursos vinculados,
permanecendo inalteradas as demais irregularidades elencadas no Parecer PPL-TC 102/2006.
O Ministério Público junto ao Tribunal emitiu o Parecer nO536/2008, da lavra da ilustre Procuradora
Geral Ana Terêsa Nóbrega (fls. 1241/1245), afirmando que devem ser inseridos no cálculo do
percentual de aplicação em saúde o montante de R$ 25.734,00 referente aos gastos com limpeza
urbana, perfazendo, assim, um total de 15,17% da RIT, ultrapassando, portanto, o mínimo legal de
15%. Já no tocante à impropriedade na abertura de créditos suplementares sem a correspondência
fonte de recursos, ratificou o Parquet seu posicionamento de fls. 2046, entendendo que tal falha
comporta relevação, merecendo recomendação no sentido de maior rigor no trato da questão,
devendo o Gestor observar o disposto no art. 167, inciso V da C.F e no art. 43, da Lei n° 4.320/64. Ao
final de seu parecer, o MPjTCE pugnou pelo conhecimento e provimento parcial do recurso,
afastando-se as irregularidades relativas à aplicação em ações e serviços de saúde e à abertura de
créditos suplementares sem a correspondente fonte de recursos, com emissão de novo Parecer
Prévio, desta feita favorável à aprovação das contas prestadas, mantendo-se os demais termos da
decisão atacada.
O Relator fez incluir o feito na pauta desta sessão, com as notifica ões de praxe. c6]
OOC-TC-5258/D5 - PROC-TC-3621/D3 f1s.2

VOTO DO RELATOR
Considerando que o recorrente atacou as decisões prolatadas por esta Corte apenas no que se refere
à apllcação em ações e serviços de saúde e abertura de créditos suplementares sem a
correspondente fonte de recursos;
Considerando que já é ponto pacífico neste Tribunal a inserção das despesas com limpeza urbana no
cálculo da apficação em ações e serviços de saúde, e que, com essa adição, o mínimo exigido
legalmente foi suplantado;
Considerando que, não obstante, os Decretos que abriram os créditos adicionais suplementares não
terem sido precisos na indicação das fontes recursos, todas as suplementações utilizadas na gestão,
desconsiderando as inconsistências mencionadas, foram abertas e utilizadas com provisão de fontes
de recursos, conforme quadro abaixo:

Anulação de Dotação R$ 982.500,00


Excesso de Arrecadação 814.528,49

Superávit Financeiro 43.702,65

Total de fontes de recursos 1.840.731,14


Total de Créditos adicionais utilizados 1.794.784,47

Considerando o entendimento esposado pelo Conselheiro Marcos Ubiratan Guedes Pereira quando
do seu voto, no sentido de considerar elidida a irregularidade relativa à abertura de créditos adicionais,
seguido pelos demais Conselheiros e incorporado ao voto pelo Relator.
Considerando que o recorrente foi omisso em trazer elementos que pudessem refutar as seguintes
irregularidades:
1. contratos de locação de veículos que não obedeceram ao principio da razoabilidade,
conquanto o município comprometeu com estas locações R$ 412.417,00, o que representou
11 % das despesas orçamentárias, gastos estes superiores às aplicações em saúde, sem
estar presente neste montante o combustível para alguns desses contratos;
2. elaboração incorreta dos demonstrativos financeiros e econômicos;
3. insuficiência financeira para cumprir os compromissos de curto prazo assumidos nos dois
últimos quadrimestres no montante de R$ 63.053,76, em desacordo com o art. 42 da LRF.

Considerando que o recurso foi impetrado intempestivamente, contudo, esta Corte, na sessão
plenária do dia 08/11/06, decidiu pelo conhecimento;
Voto por conceder provimento parcial, para excluir as irregularidades referentes aos gastos com
saúde e abertura de créditos adicionais, ratificando-se os demais termos do Parecer PPL-TC n°
102/2006, inclusive a manutenção do Parecer Contrário à aprovação das Contas e determinações
contidas na decisão.

DECISÃO DO TRIBUNAL PLENO


Vistos, relatados e discutidos os autos do PROC-TC-3621/03 - DOC-TC-5258/05, ACORDAM os
Membros do TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA PARA[BA, à unanimidade, na sessão plenária
realizada nesta data, em conceder provimento parcial, para excluir a irregularidade referente aos
Gastos com Saúde, ratificando-se os demais termos do Parecer PPL-TC nO 102/2006, inclusive a
manutenção do Parecer Contrário à aprovação das Contas e determinações contidas na decisão.
Publique-se, registre-se e cumpra-se.
TCE-Plenário Ministro João Agripino

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Alves Viana Conselheiro Fábio Túlio Filgueiras Nogueira


dente Relator
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Fui presente,
r Ana Ter~a N6i;ega~
Procuradora Geral do Ministério Público junto ao TCE-Pb

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