Orao ao Cadver

"Acorde estudante! Ests to absorto... Afinal, aqui dentro, qual de ns o morto? Calma! No te assustes, sou eu quem te fala, mesmo porque s restamos ns dois nesta sala! Pega a o seu banquinho, te acomodes aqui... Pe de lado estas pinas, guarde o teu bisturi! Fiques bem vontade, bata um papo comigo. Pois, j que estudas em mim, quero ser seu amigo! J faz tempo que espero esta oportunidade de ouvir seus lamentos, escutar tuas verdades. Sei que ests com problemas, eu j pude notar, o que que h meu garoto, no vais mais estudar? Eu me lembro, no incio, eras to sonhador, tu te chegavas, me estudavas com tanto fervor, que eu pensava comigo, este a tem valor. H-de ser bom mdico, nunca vai ser DOUTOR. Mas, depois suas visitas foram rareando. Tu me olhavas de lado, ias te esquivando, e nos dias de aula, quando as manhs iam altas, na presena de todos eu sentia sua falta. Sei que tens bons motivos, isto l verdade, mas, v se deixas de lado esta sensibilidade! Sim, eu sei que um sentimento belo e profundo, mas do que adianta, tu vais mudar o mundo? No, no te preocupes, no te julgo vadio, sei que tu tens orgulho, sei que tem teu brio, sei que tua revolta no comigo, e sim, contra este ensino arcaico e falido, desumano e irreal que te impingido. Mas escuta menino, d a volta por cima, veja quanta beleza tem esta medicina! Estas coisas de agora so ossos do ofcio, valoriza a vitria, o maior sacrifcio. Tome em mim um exemplo, meu irmo querido, retroceda no tempo, que hs de me dar razo. Imagines, eu vivo e tu j formado, tendo a oportunidade de me haver curado. E a gente batendo este papo em total alegria, sem que eu tivesse deitado nesta pedra fria. pa, que que eu estou vendo, ests chorando garoto? Vamos enxugar o pranto deste rosto maroto, levante a cabea e me d um sorriso, reaja com raa que isto preciso, v l fora e te cubra com raios de sol, se te virem chorando, diz que foi o formol."