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Sinopse: “Será que vale a pena jogar fora uma vida, por um único
momento?
Essa foi a pergunta que assombrou Noelany Lewis de 17 anos, que após
um evento traumático acaba cometendo suicídio. Esse livro não se
trata da história de sua vida, mas sim de sua morte.
Será que a morte é tudo o que vem depois?
Pela dor ela desistiu da vida;
Pela morte ela aprenderá a viver.”
Capitulo 1**
-Noelany?- abro os olhos de súbito mas logo os fecho por causa da luz
incândecente a minha frente. Levanto lentamente de minha “cama”, se
é que posso chamar assim, dando de cara com Saylor.
-Saylor? O que faz aqui?- pergunto sem ânimo e com sono. Estou
cansada disso, sempre a mesma coisa, sempre que Saylor me acorda
de duas, uma; ou eu tenho que ajudar alguém, ou eu tenho que
“buscar” uma alma na Terra.
-Papai solicita sua presença no julgamento de Emma Payne hoje. E
mais tarde ele e nosso irmão querem ter uma conversa com você.-
típico, depois de quinze anos terrestres presa aqui, já me acostumei
com esse “hábito” do “pai” deles.
-Sei que não gosta, mas enquanto você faz isso, estamos procurando
os irmãos de papai. Eu não nasci humana mas...- a interrompo.
-Ok, Saylor, ajudando vocês me levará para o céu.
-Noelany... Sabe que é especial para papai, certo? Nenhum de nossos
irmão entende muito bem, mas você é inestimável.
-Ok, vou me vestir e logo estarei lá.- antes dele sair encosto em seu
braço.- Eh, valeu, eu só estou farta disso aqui.- digo, o ser assente e
depois some em um rompete de luz. Me levanto e sigo para o armário.
Saylor é um anjo, os filhos do “Pai”, seu grande exército celestial e
reluzente, não existe aqui anjo homem ou anjo mulher, apenas existem
anjos. Anjos, Arcanjos, Querubins e Serafins. Os bonzinhos, e existe
também os maus, os chamamos de perdidos, mas isso é história para
outro dia.
Aqui é uma espécie de limbo entre céu e inferno, algumas almas boas
porém manchadas, ou pessoas que acabaram com a vida de alguém,
que tenham pecado, esses passam por aqui, eles vem para cá e serão
julgados pelo trio. O “Pai” de Saylor, o Irmão e um outro ser celeste
chamado Espírit, esses três governam a milhares de anos desde o
desaparecimento de seus irmão e filhos, eles são conhecidos por sua
grande misericórdia e bondade, bom, disso eu prefiro não falar. Por
aqui, as coisas são simples, eles mandam em tudo e em todos, o “Pai” é
o dono da minha, da sua e da nossa existência. Eles controlam tudo,
como se diz, não cai uma folha se o Pai não quiser. Existiam outros
deuses, mas nada se sabe deles após a chamada grande transgressão,
o “pai” mandou queimar todos os livros que mencionavam este fato,
para que a paz prevaleça e não haja mais transgressores, como os
irmão do “pai”, e rebeldes como Lúcifer e seus anjos. Bom, não existe
informações sobre a grande transgressão dos deuses, apenas sabemos,
que o ‘pai’, Espirit e o outro ser decidiram o que era melhor para a
humanidade. Dizem as más línguas, que Pandora foi aberta e que o
‘pai’ apenas tenta esconder as consequências do ato dos outros
deuses.
Mas quem sou eu, para falar alguma coisa, apenas uma alma
manchada.
Uma coisa que aprendi aqui neste limbo peculiar, você pode controlar
sua vida, ou sua vida pode controlar você. Será que era assim, uma
escolha tão simples? Mas eu respondo, sim. Porque da mesma forma
que eu escolho viver, eu posso escolher morrer. Não falo de uma
história das milhares almas que eu já busquei ou já julguei, falo de
mim, eu decidi, eu escolhi isso. Até hoje pago as consequências.
-Flashback on-
16 anos atrás...
Olhei meu corpo jogado no chão... Espere, o que está acontecendo? Por
que eu estou vendo isso? Eu estou...
-Olá pequena criança,-disse um ser de voz tão harmônica que parecia
transmitir paz, algo que á muito eu não sentia.- Por que fizeste isso?
Por que acabaste com uma história tão bonita, filha?
-Bonita? O que tem de bonito na história de uma garota imunda como
eu?-o vazio está mais fundo que o normal. Meus olhos se inundam de
lágrimas não vertidas.
-Filhinha, tudo isso que aconteceu é ruim, foi ruim para uma alma tão
bela quanto a sua, mas você é minha escolhida, a princesa dos meus
olhos, a minha filha querida e amada. Por que deste fim a sua vida?- o
ser se aproxima e acaricia meus cabelos.
-Tu pai, não sabe de tudo? Nenhuma só folha cairá sem tua permissão?
Então por que eu? Por que diz que tanto me ama, sendo que permitiu
todo esse mal?- não consigo conter as lágrimas, o choro é como uma
libertação para cada afluente dentro de mim que se desfaz no meu
pequeno coração, que nada mais é que frangalhos.
Ele ia falar porém é interrompido por um outro ser alado e brilhante
com grandes asas resplandecentes.
-Papai.- diz sorrindo e o ser de luz sorri iluminando ainda mais o
ambiente, o qual eu não sabia onde se encontrava. Eles se movem e a
mão do, aparentemente, mais velho levanta a sua para a cabeça, do
que eu imagino ser um anjo.
-Saylor. Venha meu amor, conheça Noelany. Noelany, este é Saylor.
-Sua filha papai?
-Sim. Entretanto minhas crianças, não temos tempo agora.- o grande
pai virou para mim com sua expressão assumindo um ar de seriedade.-
Filhinha, sei que muitas são as suas duvidas, todas serão respondidas,
porém agora você colherá o que plantou, e mesmo sendo seu pai, sou a
própria justiça. – ele olha pra mim e sorrir nostálgico.- Choro todas as
vezes que isso acontece, que um filho meu não gosta do meu
presente...
-Presente?- o olho confusa.
-O presente como o nome mesmo diz, é um presente dado a você, que
apenas você escolhe como embalar. Só tens hoje, o ontem não volta e
o amanhã é incerto, não o possuem. O agora é um presente
entiquetado com vossos nomes, que vocês mesmos tem que embalar.-
diz o ser harmonioso e brilhante.
-Eu...Eu não entendo. Não era para mim estar morta?- indago confusa.
-Uma boa questão filhinha, venha. Vamos para casa. Aparentemente,
temos muito a conversar.
-Flashback off-
****Capítulo 2
A escuridão e o cheiro pugente da terra me deixaram enjoada.
Uma das consequências de viver no limbo é não ter a visão limitada,
posso ver a escuridão que rodeia as pessoas, sinto o cheiro de quem as
pertuba.
No caso os demônios.
Sinto um aperto em meu pulso, Destiny.
-Noelany. Acorde, estamos no lugar certo?- aquele ser me encara, seus
olhos dourados parecem se mover, como um mar infreavel de fúria e
paixão, revolto em tristeza e mágoa aplacado pela alegria e felicidade
divina, e uma fina camada de névoa arroxeada ao canto, o que, percebi
agora, também existe no olho de Saylor, porém em - Noelany? Pode
me ouvir?- sua voz era grossa, diferentemente de Saylor, que eu não
consigo identificar, o que por algum motivo era ainda mais intrigante.-
Ora! Responda garota!- olho para ele com as sombrancelhas franzidas.
Por que a mudança de humor?
- Destiny? Que modo de falar! –ela se vira para mim.- Irmã?- olho
atordoada para Saylor.- Tudo bem?- aceno positivamente.- Este é o
lugar certo?
Olho para a grande casa que tanto mudou durante esses anos, antes
pequena e mal acabada, agora grande e expadida, com um lindo
gramado na frente, na garagem dois carros e uma moto, a casa era
branca acinzentada com bastante vidros de cor escura, atrás tinha um
jardim belíssimo com um piscina perto do canto onde tinha uma
churrasqueira.
Entramos dentro da casa e vimos os quartos, um quarto de casal, um
de hóspedes, dois de solteiro e um infantil com duas camas. Uma sala
muito bonita com uma estante.
Dig-don!
A campanhia toca.
-Nora! Atende a porta, amor!- grita meu pai. Um bolo se forma na
minha garganta; quanto tempo faz que não ouço sua voz? Uns 10
anos? Depois que morri, voltei uma vez e os vi no hospital, juntos, pois
a minha mãe estava grávida, e pretendia contar no dia da minha
morte.
-Já vou!- minha mãe aparece em nosso campo de visão, e posso dizer
que o tempo não passou pra ela, continua linda! Seu cabelo castanho
com um ou outro fio branco, sua pele morena clara tão jovem, suas
curvas acentuadas, mas o que mais se destacava em mamãe, era seus
olhos. Olhos de cor âmbar iluminavam seu rosto.
Ela abriu a porta e recebeu um casal com duas crianças, eles pareciam
familiar.
-Dona Nora! Que bom vê-la!- o homem diz, sua voz é semelhante á...
Oh, Deus amado!
É Dylan?
-Que saudades minhas crianças!- minha mãe os abraça e as crianças
abraçam suas pernas.
-Vovó!- exclamaram juntos.
-Meus amores!- ela os abraça.- Vamos entrem! Marvin chegará em
pouco tempo, disse que tem uma surpresa para nós.
-Vou dar um oi para o meu sogrinho lá na cozinha.- diz Dylan, ele dá
um beijo na mulher ao seu lado e segue rumo á cozinha.
Saylor olha pra mim e há algo como temor em seus olhos, algo está
errado.
-Irmã, papai te explicou o que devemos fazer?
-Não? Na verdade não entendo o que devo fazer.
-Oh... Novidade, papai sempre deixa as coisas para mim.- resmungou o
tal Destiny.
Papai, o meu, chegou na sala e logo cumprimentou a todos.
-Oi meus amores.- dá um beijo na cabeça de cada um dos pirralhinhos
que devem ter no máximo 8 anos.- Oi minha filha.- dá um abraço na
mulher ruiva que veio com Dylan.
-Ei tio Jimmy! Como vai o senhor?
-Vou bem Cristal, e você? Dylan insiste com a ideia do estacionamento
privativo, pelo que ele me falou.- ele rir, enquanto minha mão gela.
Era Cristal, minha melhor amiga. E Dylan, meu melhor amigo. Eles
tinham filhos... Eles são casados...
Eu... Não sabia...
-Sim, tio, continua com a mesma ideia! Lanie e Nouey ficam
estressados quando o pai começa a falar disto.- Cristal ri e sua risada
ecoa junto a um grito.
-Manaaaaa!!!!- segue por uma garota perfeitamente arrumada e igual
a mim. Em tudo, era a minha cara...
-Olá Wonder! Como Você cresceu!
-Que saudade Cris! E sim, cresci muito, faz meses que não te vejo!
-Pois é, tenho 15 anos! Vou fazer 16 esse ano, tudo tem que dá certo
nesse ano! Vou fazer vários exames para faculdades e vou fazer vários
concursos, tenho que ser perfeita!
-Oh, meu bem, tudo vai dar certo, você vai se sair muito bem. Assim
como seus irmãos você é muito inteligente. Você é maravilhosa, meu
amor.- minha mãe disse para ela, a olhando com um brilho nos olhos.
-Eu espero ser tão boa quanto Marvin algum dia. Quem diria, um perito
criminal na família!- todos riram. A aura daquela família era tão boa
que, por um momento eu senti mais falta que o normal.
Mamãe olhou para todos e sorriu.
-Ok, ok! Temos muito o que comemorar essa semana! Mas
principalmente hoje! Vamos terminar o almoço e esperamos Marvin
para almoçarmos com a família reunida!
Todos levantaram e foram fazer algo para ajudar, Cristal, mamãe e
Wolder estavam na cozinha, papai e Cris estavam na churrasqueira e as
crianças estavam brincando no playground, aparentemente, construído
para eles na casa de meus pais mais para o fundo do jardim.
Olhando tudo aquilo eu só conseguia pensar, que tinha algo no meu
peito que troveja quando vejo algo assim, poderia ser eu... Eu deveria
ter tudo isso...
Mas não é... E eu tenho que aceitar, foi escolha minha.
***Capitulo 3
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Capítulo 4***
-Eles são Odin, atual rei do inferno. E Deimos ele é...- Saylor parou de
falar. Não parecia confortável em dizer quem era aquele segundo
macho.
Odin que até a pouco não tirou os olhos de Saylor, me olhou passando
a língua no lábio superior, deu um meio sorriso, e virou seguindo para
o castelo.
-Vamos monstrinha e companhia.
-Meu pai e minha mãe não estão mais aqui Deimos, não posso fazer
nada.
-Não, eu queria que você não fosse covarde o suficiente para se deixar
segar por uma porra de mentira!- exclamou Deimos.- Que você fosse
pelo menos um pouco parecida com nossa mãe, e não abandonasse a
única família que você tinha. Eu.
Tic.
Tac.
Tic.
Tac.
Interrompo o silêncio.
-Ok, não que seja da minha conta, ou que eu me importe com isso. Mas
tirem os sentimentos dos negócios. Vamos direto ao assunto.- digo.
-Ok, princesa.
-Meu nome é Noelany, me chame por tal. Agora é o seguinte, você vai
fazer a merda que te for pedido por que não queremos problemas.
Me levanto.
-Ela foi feita exclusivamente para você.- pisco o olho pra ele e sigo com
Destiny de acordo com suas orientações.
Capitulo 5
Chegamos ao lugar que nos foi indicado, o grande salão, que, pelo
deuses, era lindo. Nunca vi um lugar tão lindo quanto aquele,
totalmente destonante do resto daquele horrendo lugar, suas paredes
escuras como ébano contrastavam com as prateleiras de feijó claro,
cadeiras almofoadas com azul noturno, adornando belas mesas
esculpidas com detalhes em dourado e prata.
A. C.
-Tome cuidado, aqui não é o Meio e não tem centenas de anjos para te
defender a hora que a princesa precisar.
-Eu não sou uma princesa, e eu não preciso ser salva. Então você para...
-Ok, ok, só não banque a espertinha e se meta em problemas, eu não
sou sua babá. Aqui é Morrier.- diz e sai.
-Então, assim, eu acho que Odin e Deimos irão amar ve-lo mexendo
nas coisas do Palácio...- vou me virando, porém ele agarra meu braço
com força o suficiente para deixar marca.
-É, antes você estava sendo razoalvel, mas agora está insuportável.- me
aproximo mais dele, peito com peito eu o encaro. Ok, eu não o encaro,
eu olho pra cima, porque nossa diferenã de altura é gritante.- Qual o
seu problema?
-Eu vou te dizer.- ele chega mais perto, sinto o cheiro de sua raiva.-
Porra nenhuma.- diz e sai me puxando.
-Sabe, eu posso até ajudar vocês, porém não posso deixa-los irem
sozinhos. Eu e Deimos iremos com vocês.
-De jeito nenhum, não quero o rei do inferno perto da minha família.-
nego veementemente.
Sinto meu sangue ferver, várias imagens vem a minha cabeça. Coloco a
mão na cabeça, vozes gritam em meus ouvidos.
Gritam e gritam, tão alto que não percebo quando sou cercada por um
escudo invisível aparentemente feito de fogo.
-Irmã, pare!- Saylor grita, porém não entendo, não estou fazendo nada,
são essas vozes.
Mas... Como?
-Noelany.- ouço outra voz, porém essa eu não conheço, essa é como
muitas águas passadas, antiga como milênios atrás, e nova como o
renascimento, um mar de calmaria com uma tempestade de caos. -
Respire, faça o que eu disser.- faço de acordo com suas orientações.
Inspira, expira...
Inspira, expira...
Inspira, expira...
Repito o que me foi dito as exatas vinte vezes, até que sinto sua
presença. Sua mão pousa em meu braço.
- Olá, filho.- ela me solta e vai até o rei do inferno e lhe dá um abraço
bem apertado.
-Não é necessário...
-Desculpa, mas eu sou o único que ficou perdido na parte em que ela é
uma humana, morta, com pendências, e agora tem poderes?!- Deimos
exclama chocado.- Tipo, isso é possível? Desde quando?
Todos nós dirigimos até o centro onde o rei do inferno, com um estalar
de dedos um símbolo surge no chão.
Olho para a garota que não me lembro o nome, e reparo que estou no
quarto de Marvin, na minha casa.
-Quem são vocês?- indaga a garota hamster.-. Você!- aponta pra mim.-
Você é a irmã do Marvin! Mas pera, você não tava morta? Aí meu Deus
acho que enlouqueci.
-Se atreva a falar mais um insulto a minha pessoa seu ... LOIRO
OXIGENADO!- exclama Angel que tinha chutado entre as pernas do
irmão de Saylor.- Pode começar a explicar, se não eu grito!
Capitulo 6
-Ok, deixa eu ver se eu entendi. Você tava morta e reviveu junto com
essa trupe maluca, a fim de cumprir uma missão dada pelo "pai" da
loirinha ali.- fala- A dupla do terror ali, é o rei do inferno e o melhor
amigo do rei do inferno, esses dois com certeza se pegam no off, e ela
é uma feiticeira de Ninat, seja lá que porra for isso. Ok, entendi, mas e
ele?- aponta para Destiny.
-A conversa está boa, porém só uma dúvida, você vai se introsar com
sua família desse jeito? Noelany você tem a mesma aparência que
tinha a quinze anos atrás.- Meu Deus, nem pensei nisso.
-Eu já percebi que vocês são meio tan-tan da cabeça, mas não achei
que tanto assim.- fala Angel.- Vocês tem que sair daqui, em poucos
minutos Marvin chegará aqui, ele foi fazer um lanche pra gente
terminar uns trabalhos para a faculdade, temos que treinar basquete
mais tarde, e dessa vez não tem Karen para distraí-lo. Minha irmã está
muito envolvida em uma conversa com Dindinha sobre o quanto ela é
perfeita em tudo.
-Angel?- a chamo.
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-Deimos seu infeliz, não sabe andar não?- Saylor sussurra gritando.
Olho pra mesma surpresa.- Que foi, em forma humana posso falar o
que quiser.
-Ok, né.- dou de ombros e olho para Odin que me escrutínia com o
olhar predatório e um sorrisinho lindo, que escorria maldade.
-Algum problema?
Sou uma infeliz que tem pendências com algum demônio terrestre, e
por isso não posso simplesmente morrer, tenho que viver a eternidade
sendo testemunha de cada momento, cada dia, cada segundo e cada
ano que se passa, comigo sendo esquecida. Tudo isso por ter sido uma
imbecil, que não teve força para se sustentar emocionalmente, sempre
esperei que alguém me apoiasse, alguém me ajudasse, nunca entendi
que eu precisava, em primeiro lugar, me ajudar.
Flashback on**
16 anos atrás...
-Lany?
-E por que mamãe não está sabendo disso? Quando falei pelo telefone
com ela, parecia não saber que você estava em casa. Por que você tá
matando aula? É o Dylan de novo?- meu melhor amigo e minha paixão
secreta desde os 8 anos. Ele era apaixonado por mim e eu por ele, nós
dois já havíamos conversado sobre isso, mas... Não posso ficar com
ninguém. Não depois do que aconteceu.
-Não foi o Dylan, ele nem sabe disso. Eu só queria deixar todo o
estresse do colegial por um dia.
-Quando perde a língua não sabe porque.- digo rindo.- Sabe o que eu
faço quando eu quero muito uma coisa?
-Desejei que o que quer que esteja acontecendo aqui dentro...- colocou
a mão no lugar do meu coração.- Se cure, e que você sempre esteja
perto para me aplaudir. Pra me apoiar. Mas antes, você tem que curar
seu coração.- cequei as lágrimas silenciosa que insistiam em cair.
Flashback off**
Volto a mim ao sentir meu corpo cair em braços fortes. Olho em volta
em me deparo com Destiny me segurando em seus braços, olho para
cima e noto que caminhei até a beira do telhado não percebendo que
tinha acabado lugares onde pisar. Volto a encarar aqueles olhos,
precipícios cor de mel, onde até as pessoas mais santas e puras se
jogaria para ter um pouco de aventura.
Ele me colocou no chão lentamente enquanto os outros mal notaram
que tínhamos ido para o lado oposto do planejado. Nossos corpos
estão extremamente próximos, cada ponto em que nos tocamos
parece estar em chamas, sua mão direita em minha coxa coberta por
um vestido cinza fechado, sua mão esquerda em minha cintura, meus
dedos apertando suas vestes brancas. Seu coração batia
descompassadamente sob meus dedos. Sinto sua respiração quente
em meu rosto quando o inclino para cima, pois nossa diferença de 30
centímetros de altura não me permitia olhar diretamente naquelas
profundezas cor de mel. Seus dedos apertam minha coxa enquanto
fecho os olhos e solto o ar, muito tempo sem contato humano. Esse
tipo de contato.
-Eu disse que ela estava bem, monstrinha.- ainda não entendi este
apelido mas tudo bem.
-Onde vocês estavam?- pergunta aquela voz doce da loira, que aos
poucos sorri como se estivesse entendo o que aconteceu.
Angel acena para meu pai que vem trazendo uma menininha no colo.
-Foi um prazer te conhecer Karen, você é muito bonita e... gentil.- diz
minha mãe a abraçando rapidamente.
-Volte mais vezes, nosso menino sempre foi muito pra frente, espero
que ele te chame mais.- fala meu pai encarando sua esposa com um
sorriso. Que me causa um pequeno sorriso de lado, meu pai conhece
minha mãe, e percebeu que ela não gostou de Karen Lexis.
-Então você não pode vir, meu bem. Afinal é apenas família.- ela deu
uma risada imitando Karen que não tinha uma cara boa.- Brincadeira
Karenzinha.- disse e olhou para Angel que me encarava querendo rir.-
Angel, quero que fique e faça seus trabalhos. De noite Wonder e
Marvin vão sair, quero que cuide deles.
-Fico sim Nono, só vou dar uma saída rápida para comprar alguns
materiais.
-Por favor, não deixe de seguir sua incrível rotina de exercícios físicos.
Foi um prazer conhecer você senhorita Lexis.
-Bom, nós também vamos embora que como é sexta é dia de arrumar
as coisas para amanhã, que é sábado, dia de brincadeiras na escola né
meu amor?- fala Cristal que estava abraçada com Dylan e com um
garotinho adormecido nos braços.
-Sim mamãe! Quero muito ir pra escola pra ver o Theo!- diz aquela
minúscula cópia de Cristal, tirando o cabelo que era loiro, eram iguais.
-É verdade, e temos que buscar Amaya na casa dos amigos dela.- diz
minha antiga paixão. Aparentemente Amaya é filha deles também.- E
não gostei nada desse negócio de Theo, quem é Théo gente?!
-Shiiii, calma meu amor, é só seu pai sendo ciumento com sua irmã
antes mesmo dela crescer.- de repente levanta a cabeça.- Será que ele
vai ser mais liberal com a irmã?
-Bom, vamos entrar Nora?- pergunta meu pai a minha mãe que ainda
se encontrava abraçada a Angel.
-Vamos sim querido, volte logo meu hamster.- diz para a pequena.
Capitulo 7
Porém o mais estranho foi o caminho para cá, dentro do carro havia
apenas 5 lugares, eu fui na frente, Mariel do lado esquerdo, Saylor no
meio e Deimos com Odin no colo atrás do banco de motorista que era
ocupado por Angel, a qual apenas ria. Descontroladamente.
-É um cabo de adaga seu imbecil, algo que vai parar na sua garganta se
tu não parar de falar.- responde o loiro.
Todos riram muito inclusive Saylor, que não tinha parado de encarar os
dois.
Para mim é meio difícil ficar rindo, eu acho que faz séculos que não dou
um sorriso. Sendo sincera, nem antes, nem depois da minha morte, eu
tive motivos para ser feliz. Apenas motivos para fazer o que eu fiz, mas
o limite, foi os dois tracinhos... Aquilo acabou comigo, completamente.
Agora, se você está se perguntando onde estava Destiny... Ele foi no...
Porta-malas.
Não me culpe, ele quis ir lá. Depois do nosso "momento", nós não nos
falamos. Graças ao pai.
-Lanylany, a hamster disse que vamos ficar aqui por um tempo, mas
como está inabitável, humanamente falando, é claro, vamos fazer um
encantamento para transformar este lugar.- diz Odin.
-Hã... Claro.
Não entendi porque está me dizendo isso, eu não posso fazer nada.
-Vamos.
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Angel
Entro na casa de Nono quando estão todos prestes a jantar. Saylor está
ao meu lado, passamos na minha casa para pegar algumas roupas, mas
preciso de umas coisas de Marvin também. Além disso metade do meu
armário fica aqui, apesar de não morar com Nono, sempre dormi no
quarto do meu amigo, desde pequena.
*Flashback on*
16 anos atrás...
A professora de balé também é uma bruxa! Ela bate nas minha mãos
quando eu erro algum passo, o que acontece o tempo todo! Eu sou
péssima no balé, eu odeio balé! Mas o Sr. Lexis, diz que é feio uma
garota da aristocracia Londrina não saber dançar esse ritual do capeta,
que todos insistem em dizer que é uma dança "feminina e delicada" ,
mamãe diz que terei modos se eu fizer aulas. Se por modos ela quer
dizer, ódio por essa dança, ela está certíssima.
Olho para ela e penso se caso meu pai me conhecesse ele me obrigaria
a dançar. E não, Sr. Lexis, como ele disse que eu devo chamá-lo, não é
meu pai. Graças a Deus! Meu pai é...
Mas Sr. Lexis nunca foi legal, só um pouco no início. Mas depois...
Karen me belisca, minhas mãozinhas estão cheias de marcas, e minhas
pernas também, pois o pai da minha querida irmã me bate todas as
vezes que eu como demais ou ofendo ela ou ele. O que acontece muito,
porque essa família é insuportável! A única coisa que eu gosto é de sair
todas as tardes da propriedade onde moro por uma passagem não
conhecida por minha "família", eu vou para uma espécie de biblioteca
com um jardim na frente, sempre pego um livro e fico lendo.
Tenho dezenas de blusas e vestidos com essas frases, vou para o Brasil
sempre que posso, e apesar de falar Inglês, Espanhol, Francês e
Italiano, ainda prefiro o meu português.
Vou para a biblioteca assim que vejo Karen sair para a casa de uma
amiga fútil que ela tem.
-E o quico?
-É Marvin.
-Gostei de você.
-Seu cartão caiu quando pegou o livro, vim aqui te entregar mas quis
fazer amizade ao ver sua escolha de livro.- minhas bochechas ficam
vermelhas.
-Ok. Senta aí Marcus.
*Flashback off*
-Bom, Nono, essa é a ... -olho para a mesma esperando que diga seu
nome.
-Minha irmã mais nova vai descer daqui a pouco, porque temos que
sair depois do jantar, temos uma festa para ir.- MERDA. Esqueci do
caralho da festa.
Dou um sorriso antes que Saylor, ou Circe, seja que porra for, fale.
-Say... Circe só vai pegar uma coisa para terminar a parte dela no
trabalho, e eu vim me arrumar aqui.- dou um sorriso forçado.
-Isso mesmo, aliás, vamos Angel, quero ir logo para casa, quero curtir
amanhã com meu irmão.- esse anjo é um ótimo mentiroso.
-Calma gente, vamos jantar primeiro.- fala Nono. Lanço um olhar para
Saylor e assinto.
Entro em seu quarto e vejo de cara minha pilha de livros. Meu caderno
e notebook em cima de onde tem seus livros e canetas. Minha bolsa
está em seu armário junto com a sua, minhas roupas estão em seu
closet em cabides e dobradas em gavetas.
Sou bem corajosa, mas cara, ouvir seu melhor amigo que com certeza
já transou com sua irmã mais velha, falar de suas lingeries com você, é
estranho pra cacete, pode crê.
-Ok, vou tomar banho, entrei no banheiro, me despi e fui para o
chuveiro. Peguei meu shampoo que estava ao lado do seu, lavei bem
meu cabelo, faz quase uma semana que não o lavo. Meu cabelo era
bem grande, um metro e vinte de cabelo.era ondulado meio liso.
Enxaguou ele e percebo que a minha máscara ficou na prateleira mais
alta, a qual eu não alcanço.
-MARVIN! VEM PEGAR AQUI PARA MIM!- grito de dentro do box após
pegar o roupão. Não sou idiota a ponto de chamá-lo aqui estando
pelada.
-O que?...- sussurro.
Como estava com as mãos cheias de coisas, não podia fechar o roupão.
-Puta que pariu.- foi a única coisa que ele disse antes de
acidentalmente soltar as prateleiras.
Capitulo 8
*Flashback on*
16 anos atrás...
Era meu último primeiro dia de aula. Terceiro ano do ensino médio, eu
tinha uma família perfeita, meu irmão maravilhoso, meus pais que se
amam, minha melhor amiga de séculos e meu melhor amigo, que
também era apaixonado por mim, e sim, eu também era apaixonada
por ele.
-Não, hoje é um dia especial. Nosso trio vai fazer algo especial só para
nós três.- digo saindo.
-Como vocês são lindos! Super shippo! Se casem logo por favor!?-
exclama Cristal.
-Bom é legal e tudo mais, mas eu com certeza fiz um com você Lany.-
fala e mostra um cadeadinho com vários corações vermelhos em um
fundo branco. "N+C".
-Eu amo vocês demais!!- grito eufórica.- Esse vai ser o melhor ano de
nossas vidas!
-Sou Joshua Bell, novo segurança aqui do colégio. E pelo visto você é do
terceiro ano... Vamos fazer o seguinte, vou deixar você entrar sem
ninguém saber.- ele me olha cúmplice de brincadeira.- E você fica me
devendo uma.
-Ok, sim senhor!- faço uma reverência.- Obrigada, e meu nome é
Noelany. Mas me chame de Lany, todos me chamam assim.
- Ok, Josh, foi um prazer te conhecer. Tenho que ir, tchau!- ele pisca
para mim e vou direto para minha sala.
Era hoje! Meus pais foram viajar, meu irmão está na casa de um colega
até o próximo final de semana e Dylan vem aqui em casa!
Estou tão feliz, estou em casa sozinha, e o garoto que eu gosto vai vir
aqui daqui há três horas exatas!
Colocar, tirar.
Colocar, tirar.
Colocar, tirar.
-Nossa, nem me cumprimenta.- sinto meu rosto corar. Como fui rude.-
Você me disse em uma das nossas conversas.
-Estava passando por perto, resolvi vir tomar um café com você. Seus
pais ou seu irmão estão em casa?- indaga olhando para dentro.
-Não, meus pais estão viajando e meu irmão não vai vir para casa até o
final de semana.
-Sim! Mas daqui á algumas horas Dylan vai vir aqui para comermos fora
e depois ele vai dormir aqui!!- digo eufórica.minha alegria contagiava
qualquer um, eram muito sorrisos, porque eram muitos motivos para
ser feliz.
-Pelo visto você está procurando uma roupa né?- assinto rindo.- Posso
entrar? Faço um café enquanto você escolhe, vou embora antes que
ele chegue.- eu o olho sem graça de recusar, não queria que ele ficasse.
Era meio estranho, mas não posso fazer isso com um amigo.
Mal percebi o que tinha feito, ele havia entrado, e eu estava em perigo.
Só não tinha entendido.
-Eu já disse que vou descer daqui a pouco.- falo e minha voz dá uma
pequena falhada. Seu sorriso fica maior.
Suas mãos vageiam em meu corpo, não consigo parar de chorar, ele
agarra meu vestido e o rasga na altura dos seios. Olha para meu sutiã
de florzinhas rosas e sorri, um sorriso como todos os outros porém
agora esse escorria maldade.
-Tudo isso para mim? Que lindo, eu também te amo Lany, você é a
princesa do tio.- fala ou tentar me beijar, luto com ele, de todas as
formas que consigo, entretanto, no final ocorre o inimaginável. Ele tira
minha calcinha e concretiza o ato.
Dói tanto, isso era para ser especial, era para ser bonito e com alguém
que eu amasse do fundo do coração.
-E-eu t-te a-amo...- digo chorando quando ele aumenta o ritmo, como
dói e arde e... Meu Deus.
Dito isso, ele vai embora, ouço a porta da frente se fechar. Olho para
baixo e vejo sangue. Me levanto sentindo muita dor, e arrumo tudo aos
prantos, nunca imaginei que no melhor ano da minha vida eu estaria
encobrindo uma cena de crime.
Pego meu vestido que agora odeio, aliás restos dele, e termino de
rasgar, pego as roupas de cama e coloco do lado de fora do quarto.
Olho para minha roupa chorando aí ver seu estrago, vou ao banheiro e
tomo um banho rápido, faço um coque e coloco um vestido qualquer.
Olho no relógio e vejo que faltam dez minutos para Dylan chegar, poxa,
eu não quero sair de casa.
-Eu tava assistindo uma série ali, e fiquei emocionada demais com o
episódio. Vem entra.- digo o chamando.
-Calma, eu vou primeiro antes de tudo te pedir uma coisa.- ele pega
uma caixinha na mochila e abre me mostrando um anel lindo demais,
era dourado com uma pedrinha rosa.
Essa pedrinha mostra suas emoções de acordo com a cor. Preto é com
raiva, roxo é triste, vermelho é apaixonada, amarelo é alegre, verde é
com fome, azul é esperançosa e branco é em paz.
-Você quer namorar comigo?- seus olhos brilham quando olham para
mim. Eu o amo, e é por isso que fiz o que fiz.
-Não. Eu não posso Dylan.- digo e seu sorriso some.- Desculpa, é sério
eu te amo, mas não posso aceitar...
-Tudo bem, mas pelo menos fica com o anel. - diz enquanto pega sua
mochila de volta.- Acho melhor eu ir embora. Tchau minha princesa.
*Flashback off*
-Tem uma hora, que dói tanto que você não chora.- digo, porém existe
um grito em minha garganta, um grito que implora para sair, para ser
ouvido, implora por justiça.
Eu deveria ter lutado mais, eu teria conseguido. Mas fui fraca. E hoje,
hoje me odeio por isso. Eu deveria ter falado, se não acreditassem, eu
deveria ter gritado, se não me ouvissem, eu deveria ter quebrado
coisas, mas com certeza deveria ter feito algo. Se minha mãe não
acreditasse, eu falaria com meu pai caso ele não acreditasse, falaria
com meus avós, se eles não acreditassem, eu falaria com os
professores, se eles não quisessem acreditar também, eu falaria com a
polícia, ou com o jornal. Mas eu deveria ter falado, ou gritado, não
importa, eu teria sido ouvida. Nunca devemos desistir. Eu não falei, e
agora estou morta, não posso mais falar, mas pelo mundo existem
diversas crianças, sejam garotas ou garotos que passam pelo mesmo, e
ficam caladas. É difícil, e dói, dói tanto que você acha que vai morrer,
mas nada se cura sem a dor.
-Me conta... Eu quero saber tudo, nunca me importei muito com coisas
relacionadas ao Meio. Mas... Quero saber.
-Bom, vamos fazer assim, eu sou proibido de contar qualquer coisa
sobre isso, foram épocas sombrias.- ele respira fundo.- Vá ao meu
quarto hoje depois de todos estarem dormindo, aí conversamos.
-Vamos.
Capitulo 9
Angel
-Vamos lá.
-Hã... Angel?- ouço a voz de meu amigo, pelo seu tom ele estava
envergonhado. Só o que me faltava era ficar um clima estranho entre a
gente.
-Olha, não precisa ficar um clima estranho entre a gente. Você me viu
pelada? Sim. Isso muda o modo como nos vemos? Sim também.-
respiro fundo.- Só... Vamos esquecer disso, não tem porque falarmos
do incidente.- ele ficou calado por alguns minutos.
-Ele não é meu pai.- interrompo, não quero ser associada a Jayson
Lexis, ele é maldoso e sem coração. Assim como sua filha, vulgo minha
meia irmã mais velha.
-Sr. Lexis não deixou você dormir lá em casa naquele dia, disse que
você era apenas uma menininha de 6 anos, não podia dormir na casa
de estranhos.- suspiramos em uníssono.- Foi nesse dia que achamos
minha irmã mais velha quase morta.
Gelo ao ouvir isso, eu já sabia que foi no mesmo dia, mas só pelo fato
da irmã dele ainda estar viva, eu saber disso e vê-lo sofrer, já é motivo
o suficiente para me deixar no mínimo desconfortável.
-Sabe, eu amava minha irmã, ainda amo não me entenda mal, só acho
que ela poderia ter falado, Noelany não teria ficado sozinha,
estaríamos todos ao seu lado. E mesmo sabendo de praticamente tudo
que ela passou, dos abusos e da gravidez indesejada, ainda dói saber
que não fui suficiente para ser um motivo de não acabar com sua vida.-
meu coração dói ao ouvir suas palavras, queria tanto contar a ele.
____________________________________________
Noelany
-Oi.
-Oi.
- Tá, até aí tudo bem. Mas o que aconteceu com os deuses e quem são
essas duas meninas?- pergunto.
-Ninguém sabe. O rei Abner, marido de Akemi, ordenou que existe uma
separação dos reinos viviam em paz, agora viveriam para sempre
sabendo que são inimigos.
-Mas o que motivou Abner a acusar Lucina?- esse homem tem que ter
motivos sérios para fazer isso, já que separou um povo.
-Digamos que seu ódio por Ari, rei sombrio, pode ser uma ótima e
egoísta justificativa.- responde se levantando e indo até a prateleira do
painel e pegando duas canecas com café.
-Bom, não vou me perguntar de onde vocês tiraram café.- digo, mas
não dou risada, nem quando um sorriso repuxa o canto da boca de
Destiny.
-Acho que da mesma forma que você consegue colocar fogo em tudo.-
responde e eu me lembro daquilo, ainda não entendi como
aconteceu.- Nunca mais tocamos no assunto, se não se sentir bem.
-Não, você que não está entendendo, isso pode mudar tudo que
acredito sobre mim. Tudo. Você tem noção do que é isso?- me levanto
e começo a andar pelo quarto.
-Você acha que sua vida no Meio foi ruim?- indaga em voz baixa.
-Foi horrível, ter que julgar pessoas inocentes que apenas precisavam
de ajuda.
-Do fato de nunca ter sujado as mãos e ainda estar reclamando! Sabe o
que acontecia quando você ajudava a condenar alguém? Sabe
Noelany?- estamos tão próximo que se restar muito restam 8 cm entre
nós.
-Não, e você sabe disso, vivi quase dezesseis anos dentro dos muros da
capital no Meio, o Limbo. Presa e obrigada a fazer o que o pai queria.
-Me perdoe Noelany, eu não sei onde estava com a cabeça para falar
desta forma com você... Me perdoe...- seu nariz raspou levemente o
meu, devendo abaixo para minha bochecha, meu maxilar, chegando
então em meu pescoço o qual ele inspirou profundamente.- Você é
linda Noelany.
Seu tom de voz é surpreso, como se visse isso pela primeira vez. Sua
constatação me faz rir ironicamente, a ideia de que ele me achava
bonita...
-Você é linda sim, aceite isso porque não é uma opinião. É um fato.
Encaro suas profundezas castanhas. Abro a boca para dizer que ele
também é lindo, e que eu sempre me perco naqueles precipícios de
mel. Porém sou interrompida por um barulho alto vindo do lado de
fora.
Capitulo 10
-Olá Lanylany.- fala Odin ao me ver. Seu olhar logo se volta para os
demais.- Mari.- ele faz uma espécie de reverência estranha.
-Oi meu filho, bom dia. Como dormiu?- pergunta aquela mulher tão
linda.
-Tão bem quanto é possível dormir sendo um mortal.- ele se volta para
Saylor e Deimos que pareciam discutir sobre seus pais novamente, e
Destiny que apenas encarava a cena, como se tentando entender o que
se passava.- Bom dia querido, como foi a noite?- Deimos olhou para ele
e deu risada.
-Uhum, fico feliz em ouvir isso.- seu sorriso é pura malícia. Seja lá a
piada que eles dividem, parece ser... Quente, digamos assim.- E você
pequena monstrinha?
-Ele acha que alguém da sua família possa estar sendo habitado por um
desses.- explica Saylor.
-Calma...- começa Destiny ao mesmo tempo que Saylor diz para nos
acalmarmos.
-Baixa o seu tom, e saiba usar a sua língua ou vai ficar sem ela.- digo
em tom de ameaça. Quem ele acha que é? Só porque me elogiou, e me
mostrou o quão bipolar pode ser, não quer dizer que vou aceitar o que
diz como uma mocinha da aristocracia do século XVI.
-Eu ainda acho a minha idéia mais legal.- diz Deimos afundando em sua
cadeira.
Saylor lhe direciona um olhar que mostra claramente que está
questionando se verdadeiramente existe conexão de sangue entre ela
e Deimos.
-Seria exatamente isso Mariel. Temos que nos adaptar a vida aqui. Não
podemos ser suspeitos.- diz a loira.
Andei por bastante tempo, aquele vestido era horrível, não dava para
correr. Uma idéia vem a minha cabeça rapidamente.
-Olha, parece que posso fazer muitas coisas.- dou uma risada comigo
mesma.
-Por que correu tanto?- pergunta uma voz que me faz sobressaltar.
Destiny.
-O que você está fazendo aqui?- pergunta ofegante, nem percebi que
não respirava.
-Vim me desculpar.- sinto meu sangue ferver.
-A intensão é não errar mais. Porém, agora quero que me perdoe por
ter falado com você daquela maneira. Me perdoe, sinto muito, depois
de ontem, do nosso momento eu... Eu só não me lembro como é isso,
sabe, deixar alguém se aproximar. Então, peço perdão por ter te
tratado assim.
-Nada.
-Noelany...
-Assim como você eu também tive uma vida antes de ir para o meio! E
isso está me afetando muito. As lembranças estão voltando com força,
estão chamando.- desvio o olhar ao perceber que voltei ao mesmo
lugar.
Ando até aquela linda árvore que tanto chamou minha atenção,
sempre que podia ficava aqui, sozinha. O grande e grosso tronco da
árvore denunciava sua idade, suas folhas eram de um verde brilhante e
seus frutos eram doces como mel, eu não conhecia que fruta era, mas
era rosada e meio dourada. Quando floria, tinha flores de cores
variadas. Vou até o lado daquela árvore e estalos os dedos me
concentrando para que aquele livro seja desenterrado.
Sei que não foi certo, mas agora sou humana, ok, talvez não
completamente, mas sou humana, curiosa, essa curiosidade tem um
gosto amargo na boca que as vezes me dá vontade de vomitar, mas
vou continuar, porque é isso que sou, humana.
-Para de fingir! Seu nome não é Saylor, e Circe! Circe de Abaddon, filha
dos generais infernais. Aceita isso, porque é ridículo o que está
fazendo, você está desonrando seus pais.- diz o rei com os olhos em
chamas.
Minha boca se abre e meu queixo cai com tal comentário, Saylor e
Odin? Juntos? Deimos e Odin? Que porra tá acontecendo aqui? Pensei
que a loira odiasse Odin e o irmão dela a odiasse.
-Olha aqui, você estava junto com a gente, nós saímos e curtimos em
cada casa noturna da Cidade Sombria, meu pai e seus pais tinham
acabado de ir para receberem uma gratificação na Cidades das luzes,
estávamos felizes, finalmente aquela tensão entre meu pai e o rei das
luzes chegaria ao fim. Nunca existiu preconceito entre nós, fomos
criados juntos. Crescemos com Deimos me dando uma surra cada vez
que eu puxasse suas trancinhas. Vocês estavam junto comigo quando
minha irmã nasceu! Estavamos juntos quando minha mãe e a sua irmã
sumiram. Vocês fizeram parte de cada momento da minha vida. O dia
que revelamos que sentíamos mais do que amizade por Deimos, você
confessou que também sentia. Não minta para mim Circe, você sabe
que é verdade! Nós transamos naquela noite, e então do dia seguinte
você SE encontrou CONOSCO.
-Eu não me lembro disso.- diz a loira ao cruzar os braços e virar o rosto.
-Claro que não lembra.- fala com um tom amargo.- Você só se lembra
que nos deixou sozinhos quando recebemos a notícia do
desaparecimento dos nossos pais. Ou também não se lembra?
-Eu perdi meu pai naquele dia, e antes disso minha mãe, minha
irmãzinha mais nova, minha tia e minha prima desapareceram
também. E porque você não voltou? Para nos ajudar?
-Eu não sou covarde Odin, eu estava machucada! O meu chão sumiu.
-Destiny, vai entrando. Essa conversa não acabou, mas preciso ver
Saylor.- digo e o mesmo assente ao entrar na casa novamente.
Vou até Saylor que se assusta com minha presença e tenta secar as
lágrimas que caiam de seus olhos.
-Ei, eu tô aqui tá?- me agacho ao seu lado e a abraço, ela desaba em
meus braços enquanto faço carinho em sua cabeça.- Eu estou contigo,
estou aqui pra você.
Fico com ela até Angel chegar, e quando ela chega, se junta a nós em
um abraço coletivo. Saylor para de chorar depois de um tempinho, se
senta direito para explicar toda a história para a gente, ela conta tudo.
Ficamos as três conversando por horas, almoçamos lá fora, e depois
subimos para o quarto de Circe, como ela quer ser chamada de agora
em diante. Este é seu verdadeiro nome, Circe de Abaddon, na
realidade sobrinha dos generais infernais que a criaram como filha.
Capitulo 11
Angel
-Oh loirinha, dá pra se ajeitar, teu dedão não tem um gosto muito bom,
apesar de ser docinho.- digo com a voz rouca.
-Uhum.
-É uma boa sugestão, vou aderir.- diz rindo, dou um tapão no seu
pescoço.
-PESCOTAPA!- ele continua rindo, porém sua risada cessa quando Circe
chega no cômodo. A mesma está com um vestido azul soltinho,
apertado em seus seios pequenos. Seu cabelo está penteado e seja lá a
macumba que ela fez, parecia um anjo.
-Vamos hamster, tenho muita coisa pra fazer.- diz saindo da casa. Pego
minha mochila e sigo para o...
Porra, ele tem um carro? É lindo e puta que pariu, parece que
realmente veio do inferno. É todo preto, tudo é preto. Ou seja,
perfeito. Parece ser um Audi.
-Olha, hamster, acho que isso não é algo que você deva saber.
-Eu já sei que tu pegou os dois irmãos, e também sei que eles não são
irmãos, são primos. Sei do babado todo dos trem lá das neurose dos
reis. O que eu não sei é o que você tá esperando.
-Tipo, você pode tentar de verdade com a Circe. Ou pode ligar o foda-
se e ficar com outra pessoa. Só não entendo porque vocês complicam
tanto as coisas.
-Sua mãe aquela gostosa.- falo seria mas logo depois dou risada.-
Desculpa, eu sei que é sério, e etc. Mas acho que você tem que ter
atitude, do que adianta ser assim se você mesmo não se ajuda?
-É humana, você pode ter razão mas tenho medo de estragar o que
nem chegamos a ter. E mais, estamos aqui para uma missão, eles
estão, logo Circe vai voltar para o Meio e eu voltarei para o palácio do
inferno.
-O que eu fui arrumar vindo pra Terra? Encontrei uma miniatura de ser
que enche minha paciência.- olho para o mesmo com tédio. Vou dar
uma surra nesse capeta.
-Marvin! Bom dia!- apenas aceno para ele, vejo minha irmã ao longe,
sempre dou um abraço nele mas prefiro não fazer isso hoje.
-Hã... Bom dia. Você chegou atrasada e não foi lá em casa ontem,
minha mãe ficou preocupada.- ele suspira.- E esse aí quem é?- diz
apontando Odin, ao mesmo momento em que Dina, a secretária do
diretor vem na nossa direção.
-Ok, vim com minha noiva hoje. Ela que vai me acompanhar na
reunião. Então sugiro que a trate melhor do que isso. Não aceito que a
chame de irresponsável novamente, caso aconteça teremos
problemas.- ele se levanta e me olha.- Vamos? - se não bastasse eu
procurando a tal noiva que veio com ele, agora eu estava encarando
sua mão estendida para mim. Que porra esse corno tava fazendo?
Hamster, seja uma boa atriz, isso é como uma peça de teatro, se trata
de encenação de uma história inventada.- aquela voz soa em minha
mente.
-Vamos sim. Tchau Marvin, tchau Karen.- falo após ensaiar o meu
melhor sorriso. Sou uma cobra eu sei gente. Não me julguem.
-Não verdade sou Angel LeBlanc, e Jayson não é meu pai. Graças a
deus.- sussurro a última parte.
-Ela valoriza seu elogio senhor bruxão.- fala meu amigo e só depois
percebe o que falou.- Merda.- coloco minhas mãos tampando minha
boca para não rir alto.
-Parece que Loreley chegou.- diz o diretor olhando para algo que
sugava e desorganizava os papéis do escritório.
Uma garotinha de uns 6 anos chegou de um... É... Acho que um portal?
-Olá, cunhado.- diz a Velisk.- Olá Odin, que bom vê-lo no meio de
meros mortais.- ela abaixa a cabeça leve e imperceptivelmente. O
maior ato de reverência que aquele ser pode fazer ao rei do inferno.
-Na verdade não somos noivos, só falei isso porque precisamos nos
infiltrar entre os humanos.- fala Odin, sem nem ao menos respirar. Dou
um cutucão em suas costas.
-Não se envergonhe humana, meu dom faz todos falarem a verdade
sem freios.- aquela voz era infantil, mas não possui os traços angelicais
de uma criança, pelo contrário era maléfica e maldosa.- Mas você é
bem curiosa, meus poderes são...- seu rosto demonstra assombro.
Velisk olhou para mim e vi como se uma rajada de luz viesse na minha
direção.
-Dar para serem mais específicos nesta conversa, sinto que não sei de
algo.- falo.
-Pode acreditar, você não sabe de muita coisa.- diz Velisk com um
sorriso maldoso.
-Ok... Que lance foi aquele da verdade? E por que porra uma criança
tem poderes e governa um reino?
-Não precisa, vou jogar basquete hoje com o Marvin.- ele assente se
dirigindo ao carro quando agarro seu braço.- O que você vai começar
amanhã?
-Qual?
-Você está noiva e não me falou, você fez uma merda dessa magnitude
e não me falou. Você tinha que ter falado comigo Angel LeBlanc! Você
vai se casar com alguém que seu melhor amigo não aprova. Além do
seu lindo casamento eminente, o que mais eu perdi?- indaga com os
braços cruzados e sua atitude me deixa nervosa. Maldita TPM. Não
minha, a TPM dele.
-Como é?
×××
Eu também não.
Ok, se é isso que deseja. Era só isso que queria falar hamster.- ouço um
sorriso em sua voz.- Boa noite, meu hamster.
Pego meu livro O morro dos ventos uivantes. Volto a lê-lo, porém não
consigo me concentrar e desligo as luzes.
Capitulo 12
Noelany
Havia se passado dois meses desde que chegamos a Terra. Eu, Circe e
Destiny agora éramos alunos da mesma turma que Marvin e Angel.
Odin era professor e Deimos era professor de Wonder. Treinamos
todos os dias, tínhamos que estar preparados caso algo acontecesse.
Estávamos na floresta, agora todos os dias tínhamos aulas de luta e
artes marciais com Odin e Deimos. Angel estava apenas assistindo
junto a Circe, enquanto eu e Destiny disputamos uma queda de braço.
O moreno achou que com sua força angelical me venceria, com meus
recentes descobertos poderes, quebrei a pedra na qual apoiamos os
braços.
-Não é legal rir dos amiguinhos Noelany.- diz chegando perto de mim.
Dou um sorriso maior ainda ao me chegar mais perto ainda, colando
nossos peitos.
-Eu.- fala a hamster. Todos olhamos para Angel como se ela estivesse
zoando, ela tinha que estar.- Não quero queda de braço, vamos lutar.
Veremos o que você aprendeu nesse últimos dois meses.
-Algo que você deve aprender Lany, nunca subestime seu inimigo.- sua
respiração bate contra meus ombros, sua mão desce para minha
cintura.- E nunca dê as costas ao seu oponente.
-Deveria olhar você.- a mesma diz, suas mãos apertam minha cintura e
meu fôlego se prende em minha garganta. Daquelas mãos, uma desce
para minha bunda e a outra me puxa mais para perto.- Você é muito
gostosa, Lany.
-Que porra foi essa? Senti o tesão daqui.- fala Deimos, que brincava
com uma haste de madeira, a pintando de rosa.
-Cara, o que você tá fazendo?- pergunta Circe, que com certeza
questionava se e existia conexão de sangue entre ela e o garoto.
-O que mana?
-Qual a graça?
-A Barbie tem pau?- fala Angel que estava tirando a camiseta e ficando
apenas com um top azul escuro com uma calça moletom cinza.
-O que é dessa vez ser odioso?- exclama Circe para seu irmão que faz
uma cruz com o dedo. Me viro para Angel erguendo as sombrancelhas.
-Merda.
-Que merda é essa?- pergunta uma voz conhecida, porém que não
deveria estar ali.
-Marvin?- exclama Angel. A mesma olha para mim, seus olhos mostram
desespero, como se a mesma não soubesse o que fazer.- O que você
está fazendo aqui?
-Eu que pergunto. Faz dias que não conversamos, e olha que somos da
mesma turma. Acredite fiquei preocupado quando o rastreador do
meu telefone falou que seu celular estava no meio do mato.- ele passa
a mão por seus cabelos castanhos escuros. Seu olhar se dirige a nós.-
Nunca fomos apresentados, sou Marvin Lewis. Colega de turma de
vocês, e melhor amigo da Angel.
-Hamster! Você está me traindo?- indaga Deimos limpando uma
lágrima invisível.
-Os de verdade eu seu quem são.- sussurra antes de correr para dentro
de casa dizendo que iria pegar água.
-Sou Odin, já nos conhecemos.- O mesmo vai até Angel e coloca a mão
em sua cintura. O olhar de meu irmão se dirige até aquela mão e se
desvia para o chão e depois para o rosto dela.
-É, já nos conhecemos. Angel, faz dias que tivemos notícias de você,
seu celular sempre está fora de área. Mamãe está preocupada. Ela
quer saber se o almoço de amanhã tá de pé.
-Pode deixar eu vou ligar para ela, avisar que o almoço tá de pé.-
responde a pequena.- Marvin, acho que você ainda não conheceu
direito a Lany. Edylany Evans.- Sim, esse é meu novo nome. Pelo menos
para minha família não suspeitar de chegar uma garota que eles não
conseguem reconhecer com o nome da filha deles morta.
-Prazer Lany. Você me lembra muito alguém. Uma pessoa que não está
mais com a gente.- diz com os olhos brilhantes.
-O prazer é meu Marvin.- dirijo um olhar para Angel, para que ela leve
Marvin embora.
-Venha meu querido, não recuse. E vocês já pro banho!- diz ao resto de
nós. - A minha resposta é a mesma, NÃO VOU FAZER BOLO DE ERVAS
PSICODÉLICAS DEIMOS!- são suas palavras a Deimos antes de seu braço
rodeia o tronco de Marvin o dirigindo para a casa.
Vejo todos seguindo para dentro, enquanto fico para trás. Ando até
mais para dentro da floresta, ultimamente tenho treinado meus
poderes que descobri não ser apenas a habilidade de estalar os dedos
e fazer mágica. O fogo, as chamas nunca mais surgiram, é como se eu
precisasse de um gatilho para elas aparecerem. Elas apareceram duas
vezes, em Morrier e aqui na Terra. E nos dois momentos eu estava
triste, magoada. Fecho meus olhos firmemente me concentrando.
Talvez fosse isso. Reuni várias lembranças ruins, Joshua Bell, Marvin
chorando quando eu morri, mamãe e papai quase se separando depois
de tudo, quando vi o positivo no teste de gravidez.
Lágrimas brotavam atrás das pálpebras, como doía. Parecia que era
algo que tomava todo o meu fôlego
Dou um soco em uma árvore. Por que nunca consigo nada? Por que
não consigo lidar com nada? Por que sempre preciso de ajuda?
Sempre foi assim, sempre é assim, eu não aguentei porque ninguém
me escutou. Eu aguentei calada por muito tempo o que muita gente
não aguenta gritando, e mesmo assim eles continuam vivos e com
saúde. Eu acabei com minha vida porque ninguém quis me ajudar. Eu
me matei porque ninguém se importava.
"Ah, mas ela não tem apoio nenhum". E quem tem culpa por ela não
ter apoio? Eu?
Mas deveria ter lutado. Não pelos outros, mas por mim.
-Me diga quem é você, o que quer comigo?- indago assustada, era o
mesmo homem demônio do dia em que viemos para essa casa.
- Sou Troy, servo pessoal das rainhas. E quero que você salve minhas
senhoras.
-Me desculpa mas, eu sou uma humana. Não posso te ajudar, Troy.
Passos são ouvidos atrás de mim, uma respiração ofegante soa como
se estivesse surpreso.
- Porque este é o seu destino. Aquilo que nasceu para ser.- o rosto de
Troy se vira para o moreno aí meu lado.- Faz milênios que não vejo
alguém como você, meu jovem.
- Um refeito, alguém que era sujo e se tornou puro, com a magia de
minha senhora Akemi, acredito.
-Akemi está viva?- pergunta.
- Se ela não estivesse, eu não estaria aqui. Porém ao salvar suas filhas e
sua sobrinha, Akemi junto a Lucina foram enviadas para outro lugar, o
qual eu não sei onde é.
-A história diz que Akemi só teve uma filha, e Lucina outra. Como assim
"filhas" ?
-Ainda não entendi por que me chama de princesa.- aquele ser sorriu,
seu sorriso pareceu brilhar.
-Aquela em Ninat? Foi louca demais cara. Tia Luci e tia Akemi
convocaram todo o reino sombrio e o reino das Luzes. Foi incrível,
tivemos que usar duas cidades de Ninat. - responde Circe nostálgica.-
Naquele dia você sumiu e apareceu de cabelo arco-íris. A partir
daquele dia surgiu sete pessoas para te matar, você roubou uma
Renier da cidade, fez uma festa privada, se é que me entendem. Até
Linnyse estava entre os convidados.
-Linny não foi a única né, maninha?- Circe ficou vermelha como um
pimentão.
-Cla...
-Eu te levo!- exclamou meu irmão. Dou um sorriso interno, meu irmão
gosta dela.- Quero dizer... Vou correr com Karen, posso te levar.
-Ok, vamos?- ela vai até Odin e dá um beijo na bochecha.- Tchau meus
capetas, beijos na bunda.
-Vou vir ainda hoje.- ela olha para Marvin.- Quero dizer, é, nos vemos
amanhã na casa da Nono. Ela finalmente vai te conhecer.
Capitulo 13
Angel
Crianças são seres endiabrados que tiram sua paciência a deixando por
um fio.
-Tia Geeeelllll!- gritam aqueles enviados de satanás.
Cristal me olha como se não gostasse de mim, se bem que ela nunca
gostou mesmo. Nunca gostamos uma da outra. Ela é muito metida,
poucos meses depois da melhor amiga morrer ela foi lá e ficou com o
cara por quem Noelany era apaixonada. Não que eu a culpe, porque
Lany, não a culpa. Mas literalmente com o espaço de seis meses ela já
estava grávida dele.
-Cara, eu acho que tenho uma pista. Acho que... Sei quem pode estar
possuído por um dos Gosteds.- seu semblante mudou de divertido para
sério.
-Ou seja, algo que evidencie um ritual. Mas como achamos algo assim?
-Pense como se ela fosse um lobo, temos que achar sua toca, o lugar
onde ela guardaria esse tipo de coisa. Um Gosted gosta de lugares
abertos para os rituais, porém de acordo com o idiota do "pai", eles
guardam essas coisas dentro de lugares fechados e abafados para
manter a magia negra contida.
-Só que mesmo sendo um Gosted, ela ainda é parte humana, e tem
que manter a pose de dondoca de sempre.- nos olhamos por um
segundo e sorrimos em conjunto.
-Pô, bate ai vai!- levanto a mão que o mesmo encara confuso sem sabe
rô que fazer, demonstro como fazer um"toca aí".
Foi mal por o que vou fazer, meu hamster.- diz mentalmente.
Fazer com que não sejamos pegos. Então, só segue o baile.- essas são
suas últimas palavras antes de me agarrar e sua boca bater contra a
minha em um beijo. Inclino vagamente a cabeça para que nossos
chifres não se choquem. Minhas mãos vão para seu ombro, subindo
por seu pescoço e entrelaçando seus cabelos em meus dedos.
Sua mão direita vai para minha cintura,e a esquerda vai para meu
pescoço. Seus dedos penetram o meu coro cabeludo, puxando sem
muita força os meus cabelos. Sua língua pede passagem que eu dou, a
mesma explora minha boca enquanto devolvo o beijo na mesma
moeda, seus dentes agarram meu lábio inferior.
Olho para meu amigo que está tão diferente ultimamente, o moleque
tá chato pra caralho, porque puta que pariu.
-Oh! Minha menina cresceu tanto!- fala Nono, reviro os olhos com seu
comentário.- Desculpe meu filho mal educado, não queríamos
interromper vocês. Só vim avisar que Amaya e Wonder chegaram,
então vamos servir o almoço agora. Ah! Hamster, sua mãe e seu
padrasto chegaram.
-Obrigada Nono, a gente já vai.
-Obrigada pela informação Nono. Bem que eu acho que a gente vai
precisar.- responde Odin me fazendo arregalar os olhos. Dou um
cutucão em sua barriga e ouço uma risada silenciosa.
-Tá bom meu amor. Vamos Marvin.- Nora chamou meu amigo que
pareceu não ouvir, continuou parado na porta.
-Não é preciso meu amigo, meu hamster conhece a casa. Pode ir para
sua namorada.- desvio o olhar para o chão, ainda bem que Karen não
sabe sobre nosso "momento".
-Me fez perceber que preciso de uma diversão, preciso de... Algo para
me distrair.- digo, não ouço nada por alguns segundos, até sentir o
peso de Odin em cima de mim.
-Sempre que quiser se distrair pode me procurar, meu hamster. Como
diz você, na brotheragem, pô.
-Sai cachorro véi daqui, bora logo que eu tô com fome. Se pudesse
devoraria um boi agora.- levantamos e descemos para a cozinha.
Amaya era filha mais velha de Cristal, ela não parecia nada com a mãe,
ou até mesmo com o pai. Seus cabelos eram castanhos bem claros,
quase um loiro escuro, eram curtos e bem lisos, sua pele é pálida e
rosada. Seu físico é magro, seus olhos são verdes e nada parecido com
o castanho bosta da mãe dela. Sua voz era infantil, mas uma conversa
com a mesma mostrava que ela tinha muita sabedoria. Ela usava um
moletom verde água com um short jeans claro e uma sandália branca
peludinha. Sem maquiagem alguma além de um gloss transparente em
sua boca perfeitamente desenhada.
Wonder estava ao seu lado usando um short saia preto, com um body
branco escrito "Babe" em negrito. Em seus pés tinha um all star
mostarda. Seus cabelos estavam presos em uma trança embutida, com
duas mexas onduladas frontais soltas.
-Eu tinha dois anos quando coloquei fogo na minha mãe. Graças aos
deuses ela era tipo minha mãe, e tinha o mesmo poder que eu, aí isso
não consumou ela.- damos risada.
-Onde vocês ouviram isso filhos de satanás?- pergunto. Odin está rindo
descontroladamente em minhas costas.
Os dois se olham e correm para os pais deles, que logo olham para mim
perplexos. Oxi, ninguém mandou ter filhos.
Tinha que ser esse assunto, mamãe não gostou da idéia de sua filha ir
para a França. Sempre que voltamos nesse tópico acaba em briga,
Jayson me ofende e minha mãe chora. Mas que porra, gente eu sou
maior de idade, não pedi dinheiro pra ninguém. Eu só quero conhecer
meu pai, poxa vida.
-Vou sim mãe. Mas não se preocupe, será apenas três dias, vou par o
Brasil depois disso. Não vou perder nossa viagem anual.- digo
suspirando ao sentir o moreno desenhando círculos dentro de minhas
coxas. Puta merda.
-Angel, por que não vai direto para o Brasil, deixa isso pra depois.- fala
Marvin me encarando de cara feia.
-Tá de cara fe...- Odin sobe mais a mão chegando em minha virilha.-
Feia. Sua cara tá feia, achei que poderia ser por isso.
Ela assente com um sorriso contido e se vira indo embora. Marvin olha
para a mantilha como se visse através do tecido, ele balança a cabeça
em reprovação.
Será que minha irmã não tá satisfazendo meu amigo. Ele anda muito
mal-humorado ultimamente.
Sua mão direita sobe para minha nuca, enquanto a esquerda apertava
minha cintura. Nos aproximamos...
-Amaya, temos que ser rápidas.- desta vez é Wonder que fala.- A
qualquer momento alguém pode aparecer.
-Angel, nós sabemos de tudo. Sobre ele, sobre seus novos amigos.
Sobre... Minha irmã. Eu vejo quem ela é, por que acha que fiquei
paralisada quando entrei pela porta em que me apresentaram a
"Edylany Evans". Olhar no rosto de Destiny e fingir que não o conheço.-
fala a irmã de minha amiga.
Capitulo 15
-Também senti saudades, Circe.- diz Amaya correndo para seus braços.
A maior cai no choro, a comoção deixa todos muito emocionados.
-Você é minha irmã, aquela irmã, a irmã mais velha. Eu queria tanto ter
te conhecido.- seus braços me rodeiam de súbito.
-Eu realmente estou muito feliz, feliz de uma forma que vocês não
entendem, a princesinha do grupo está de volta. A irmã do meu melhor
amigo, fico feliz que tenha voltado Amaya. Só tenho uma dúvida.
Amaya é a princesa da morte, filha do rei Ari e da rainha Lucina. Mas...
E você? Até então só sabemos que você é irmã de Lanylany.- observa
Deimos.
-Eu tinha sete anos quando uma mulher chamada Loreley de Lynphea
me levou até Akemi, elas vinham me observando desde o dia de meu
nascimento, eu simplesmente era brilhante, literalmente. Me
banharam com a luz de Akemi, me dando o dom da magia. Me deram o
nome de Raio de sol, e meu dever é proteger Amaya e achar a princesa
perdida.
-Quem seria a princesa perdida?- pergunto.
-Sim, nascemos. Porém ela foi entregue para uma família humana cria-
la, então envelheceu normalmente, ao contrário de mim, fui criada em
um lugar que tinha a mesma magia do céu, não envelheci até o dia em
que fui entregue para Cristal.- seu olhar fica vago por um curto
momento.- E sim Angel, minha mãe humana é uma humana Stgre, que
seria uma humana que serve a realeza divina e infernal . Ela foi
escolhida para cuidar de mim.- exclarece A princesa infernal.
-Mas, tipo, ela não é uma pessoa legal, pensei que ela fosse
uma Gosted.- fala a pequena.
-Wonder. Olhe isso.- minha irmã vai até Circe que tinha a cabeça
erguida pela princesa.- São...
-Wonder!- grito em uníssono com Amaya que corre para minha irmã.
-Ego vobiscum sum et tu mecum es.- a princesa sussurra a mesma
frase repetidas vezes com a testa colada na de raio de sol.
-Mariel... Não consigo sentir sua magia.- estranha minha irmã franzindo
o cenho.- Aí minha cabeça. Você é a feiticeira de Ninat, certo?
-S-sim, sou sim. É que coloquei um escudo que mascara o nosso ratro,
para caso descobrirmos quem são os Gosteds.- diz fazendo Wonder a
olhar bem estranho.
-Eu...
-Se eu soubesse disso não teria deixado ele entrar em minha vida.
-É, eu sei. Qual era o nome, quero dizer, como esse monstro se
chamava?
-Joshua Bell.
-Joshua Bell, quer dizer, o professor Bell que foi morto depois de quase
estuprar uma menina de 7 anos? - pergunta de cabeça baixa. Me
surpreendo com sua pergunta, nunca imaginei que aquele monstro
teria o que merecia.
-Meu Deus, 7 anos? Como que deve ser a cabeça de um criança dessa.
Isso foi a quanto tempo?
- 8 anos atrás. E essa menina deve se sentir bem, porque sabe que a
justiça foi feita, ela mesma o matou com suas próprias mãozinhas. Ela
deve ver quem é, que é uma mulher, forte que não precisa de ajuda,
porque sempre é assim, você por você mesmo.
-Como assim, Wonder? Por que diz isso? Você conhece a menina?- seu
olhar empata com o meu, me mostrando a loba dourada que habita
sob sua pele.
-Conheço. Porque fui eu. Era meu professor de artes, ele tinha a
péssima mania de ir na casa dos alunos, especificamente das
garotinhas. E um dia ele resolveu dar aula para mim, meus pais o
receberam bem, Marvin já estava terminando o ensino médio e
naquela tarde estava com Angel na biblioteca perto de casa, foi pouco
antes da família Lexis mudar para uma cobertura. Ele quis me levar
para um... Passeio artístico. Para ver a paisagem e reproduzisse uma
releitura do que vi. - seu olhar se perde.- Naquele dia, eu meio que fugi
dele, e encontrei uma mulher, tropecei em sua capa. Eu corria entre as
árvores do Parque Plaza, não tinha muita gente naquele dia, fui pra
parte mais afastada e enquanto corria, tropecei em um tecido de um
azul pálido, em minha queda fui amparada por uma linda mulher, de
cabelos dourados impressionantes. Ela olhou pra mim e sorriu, o
mundo pareceu se iluminar com aquilo. Ela disse: "Chegou a sua vez,
pequena menina. A hora de provar para o mal, toda a sua força. Vá, e
seja a vencedora, como sua irmã teria sido.". Seus lábios pousaram em
minha testa, e daquele casto beijo saiu uma luz dourada e quente...
-Como a luz do sol...- sussurro em entendimento.
-Você tinha 7 anos! Como pode? Meu Deus!- desabo na cama, ela vem
e se senta me abraçando.
-Eu tinha que passar, não havia outra alternativa. Fugir, nunca foi uma
opção.- ela me solta de seu abraço ao se aconchegar no lado esquerdo
da cama de casal enorme.- Vamos dormir, provavelmente amanhã
terei que falar com Cristal.
Mas... Acho que estou feliz, pela primeira vez em muito tempo, me
sinto viva... Como se estivesse prestes a despertar.
×××
-Angel, posso falar com você?- pergunto, a mesma assente saindo para
fora.
-Oi Lanylany.
-Eu percebi a forma que você olha para Odin, mas vi que também olha
dessa forma para meu irmão...
-Eu não... Não gosto de Odin. É só... Uma farsa. E seu irmão... Marvin é
apaixonado por minha irmã, não tem... - ela respira fundo.- Não tem
nem possibilidade.
-Tem certeza que não sente mais do que amizade por um dos dois?
-É. Eu... Acho que tenho sim. Não... Não posso fazer isso com minha
irmã. Eu a amo mesmo que ela não retribua o sentimento.- diz com um
sorriso mínimo.
-Seu rim fica mais pra baixo, sonsa.- dou um tapão em sua cabeça.
-Direito.
-Eu acho que queria cumprir o lema do meu progenitor, que é proteger
aqueles que não podem se proteger sozinhos. Eu li isso em um diário
dele, acabei me apaixonando por sua personalidade. Mas mesmo
assim, antes de fazer direito, fiz literatura inglesa, onde dava aulas para
crianças. E é... Revigorante, ver aqueles pequenos capetas crescendo e
aprendendo cada dia a mais. É incrível demais. E saber que você
ensinou, que aquele diabinho pequeno a ser um homem ou uma
mulher de verdade. E é a melhor sensação.- seu tom de voz é
nostálgico. Seu olhar fica perdido por vários minutos.
-Posso pensar em fazer isso algum dia... E sim, sou "rica" além da
bacatela de dinheiro que mamãe e Jayson me deram, tem também a
parte de meu progenitor. Só sei por uma carta sobre seu patrimônio
que está avaliado em 700 trilhões de euros.
-Como ele ganhou tanto dinheiro? É possível um homem ser tão rico?
-Oi.- responde meu cumprimento passando seu braço por meu ombro
e plantando um casto beijo em minha testa.
Eu era doida para ter um namorado, tipo Dylan. Meu primeiro amor...
Mas sabe, vai ter uma hora que vai chegar a pessoa, sua pessoa.
-Vamos pra aula? Temos muito o que fazer hoje.- diz sorrindo para
mim, extremamente próximo. Assinto e me levanto da cadeira.
Olho para o moreno ao meus lado enquanto caminho para a minha
mais nova moto, uma Yamaha R15 toda preta envelopada. Meu bebê
se chama Mary.
-Vamos lá miss mafiosa, bota pra quebrar Mary!- grita quando dou
partida deixando uma sombra de um sorriso em meu rosto.
×××
-Ele ainda não chegou.- ela pressiona o fone em seu ouvido por um
tempo e vira-se de volta para mim novamente.- Preciso que vocês me
acompanhem. É um assunto extremamente urgente.
Franzo o cenho para Destiny que me olha com uma interrogação nos
olhos. Seguimos para o escritório de Velisk e adentramos sua sala
dando de cara com uma garotinha ruiva de uns seis anos. Apesar de
sua aparência, não há traços infantis ou angelicais em sua voz quando
se dirige a nós.
Capitulo 16
Noelany
-O que houve?- minha voz está trêmula.
-Não, nenhum de nós sabemos, mas... Acho que sei o que os revoltosos
de Abaddon querem.- respondo.
-Você é a protegida do pai, ele te ama e tudo o que faz é para seu
bem.- seus olhos brilham com um pequeno pontinho roxo. Balanço a
cabeça, como se para esquecer meu estranhamento com aquele brilho
o qual nunca havia visto.
-Tenho que avisar os outros. Odin, Circe e Deimos tem que saber disso
o mais rápido possível.- digo puxando Destiny.
-Vá, criança. Eu cuido dele, meu amigo pode ser meio... Afoito com
seus poderes. A propósito, sou Loreley. Rainha de Lynphea. É um
prazer te conhecer garota, a resposta para seus recentes
questionamentos, é: Não é chegada a hora, porém o botão da pequena
flor já está desabrochando. Mas tome cuidado.
-Como...
-Tchau, Noelany.
Nós saímos após a porta ser fechada. O que posso fazer quanto a isso?
×××
Chegamos em casa pouco depois do sol se pôr. Angel havia saído com
Odin para a casa da família Lexis. Deimos e Circe estavam jogando, era
incrível como eles não sabia o que fazer.
-Ela saiu. Eu acho. Mari tá sempr fora, sempre some do nada, será que
ela arrumou um namorado?- a loira ri.- Seria engraçado se ela
arrumasse alguém.
-Pra onde ela pode ter ido?- pego meu celular em minha mochila.- Vou
ligar pra ela.
Ele me puxa para meu quarto onde tem um tabuleiro. e sim, sou
apaixonada em xadrez. Desde o dia em que saimos e fomos parar em
Las Vegas. Pegamos o jatinho de Jayson e voamos para lá em uma
tarde.
*Flashback on*
-Que legal, meu hamster. Oque se fabrica la'?- pergunta Odin. Meu
rosto enrubrece ao notar o olhar de Destiny que está ao volante.
-SE FAZ FILHOS, SEUS PROSTITUTOS! POR QUE ESTÃO AFIM DE FAZER
UMA CRIANÇA?- sua voz estridente enche cada ponto do carro de sete
lugares que alugamos.
Hoje em dia o felizes para sempre não vem tão facilmente. Ou será que
minhas expectativas são altas demais? Tenho mesmo que fidar o dia
sonhando comigo mesma e aceitar o minimo como suficiente?
-Então paquenossa entrada para lá.- fala Circe animada.- Vai maninho,
por favor.
-Sua carteira tá na sua mochila, fui eu que coloquei, seu sonso.- Angel
diz dando risada, imitando o som de algum animal desconhecido.
-Corno.
-Recacalcada.
-Tá bom então ne', Vamos ver.- diz Odin e todos saimos rindo da
pequena que agora ostentava em sua face um lindo biquinho adornado
de um batom extremamente brilhante e vermelho.
-Não, muito obrigada.- tento sair mas ele pega meu braço.- Sugiro que
tire sua mão de mim, isso pode não acabar muito bem.
-Olha, a gatinha tem garras.- diz uma outra voz de um outro homem
aparententemente mais velho que esse que me importuna.- Sua nova
conquista, Tierry? Pelo menos tem idade para beber?
-Ela é brava meu amigo, se recusa a me dizer seu nome e idade. Será
que ela é malcriada na cama, George?
-As bravas são as piores.- reviro os olhhos e tento sair, mas o tal
George segura meu braço com força.- Voê acha que poderia jogar um
partida de xadrez? Acredite, é uma alta quantia em jogo.
-Se eu vencer, você me dá 500 mil dólares por ter me pertubado desde
que eu cheguei aqui.- digo para o Tal Tierry. Me viro para seu amigo.- E
você vai me dar um carro de minha preferencência, de qualquer custo.-
seu sorriso é de descrença quando o mesmo concorda.
-E se você perder, vai para meu apartamento hoje.- meu corpo treme
levemente, será que consigo?
***
-Vai me culpar pela sua falta de prática?- seus amigos riem. Meu
sorriso doce fica maior.- Ou talvez seja sua memória meu senhor, afinal
a idade chegou. E suas plásticas não escomdem sua velhice evidente,
assim como sua falta de respeito e ética não serão relevadas por causa
de seu dinheiro.
Ele levantou sua mão para me dar um tapa, porém seu pulso fica
suapenso por uma pequena mão.
-Lany? Oi meu bem.- Angel tira o homem de sua frente como se fosse
nada.- Obrigada seu porco nojento, por achar minha garota.
A pequena garota vem até mim pegando em minha cintura, seu sorriso
é visperino. Ela pega minhas mãos e coloca em sua cintura, leva sua
mão direita até minha nuca soltando meu cabelo e entrelaçando seus
dedos em meu coro cabeludo.
Vou dando passos para trás enquanto suas mãos passeiam por meu
corpo, passo minhas mãos por sua pequena estrutura. A viro
rapidamente, trocando de lugar e a colocando em cima de uma das
cômodas da sala Vip que nos encontráva-mos. Fico entre suas pernas
ainda a beijando ferozmente agora, aperto sua coxa a fazendo sorrir
entre o beijo, subo meus dedos pela lateral de suas perna.
-O que estão fazendo aqui ainda? Não estão vendo que estão nos
atrapalhando?- diz contra minha pele. a mesma chega perto de meu
ouvido e sussurra- Baby, toma cuidado, você está quase em chamas, e
pegar fogo na frente de humanos não está nos planos.
-Senhor Gerge, E senhor Tierry. Meu pai ficará decepcionado com vosso
comportamento.- a garota limpa o canto da boca com o dedão. Seu
batom borrou levemente.- Oh, vocês não me reconhecem?- pergunta
dando uma risada.- Sou Angel, filha de Jayson Lexis. Se rá que terei que
ter uma conver sinha com meus pais sobre seus comportamentos nada
decorosos?
Saimos da sala e finalmente respiro aliviada. Olho para Angel que está
com um espelho e um batom vermelho na mão, retocando a
maquiagem. Ela me olha de volta e sorri.
-Você gosta do meu irmão, mas a gente tava se pegando ali, se não
fosse a presença deles a gente teria...- meu rosto enrubrece.- Você
sabe o que a gente teria feito.
-Ai amiga, não fica com vergonha não. E para com essa que eu gosto
do seu irmão. - ela ajeita o cabelo e guarda o batom e o espelhinho na
bolsa.- Vamos descer pra pista de dança, tô doida pra dançar. Apesar
de que as baladinhas daquinão chegam nem perto da animação das
festinhas do Brasil.
-Vamos viajar junto com vocês, minha mãe convidou-nos para irmos
junto. Parece ser bem legal lá.
-É incrivel Lany, apesar de todo mundo que vive lá ser um monte de
sem futuro. Vou te apresentar uma galerinha lá.- ela puxa minha mão
em direção a pista de dança.
-O patati, no copo com o patatá roxo.- ela fala e sua voz evidencia seu
estado nada sóbrio.
-É bonita, já chega por hoje. Vamos pra casa. - pego seu braço e coloco
em meu ombro.
-Shiii... Dorme.
-Oi?
-Eu amo seu irmão... Mas amo mais a minha irmã. Ela é tipo, o meu
mundo. E eu nunca quero magoa-la.
-Doia, mas saber que ela está feliz com ele, me deixa menos triste.
-Isso... Isso é muito nobre Angel.- passo a mão em seu cabelo em forma
de carinho.
-No dia que eu chorei por causa disso, choveu. Acho que até o céu
chorou comigo, por causa dessa situação patética.
*Flashback off*
-Vou ligar para ele. Pedir para ele vir para conversarmos, isso é muito
importante.
De repente a porta é aberta abrupdamente. Mariel entra pela porta
com se estivesse assustada.
-Ele? Ele quem?- pergunta Deimos enquanto Circe corre para pegar um
copo de agua para ela.
Capítulo 17
Angel
-Sabe, quero dizer, mais o menos. Não falei que vim ficar com meu
irmão, que por acaso é o rei do inferno. Apesar de que acho que é mais
capaz dela deixar de boa eu perto dele e se recusar a me deixar com
você.- ela diz parecendo pensar.
-E é nessa hoje que eu fujo, detesto lidar com Karen.- diz tentando sair
do quarto. Fecho a porta com uma rajada de vento.
-De jeito nenhum!- exclama Odin.- Você tem quase 15, é uma criança!
Apesar de sua aparencia ser mais velha.
-Com todo o amor, irmãozinho. Vai se foder.- ela vira para mim.- Tenho
mais de 50 anos celestiais, mas terrenos tenho 14, porém essa é minha
aparencia eterna. Escolhi parecer ter 18 anos, que aparentemente é
uma idade supervalorizada aqui.- seu sorriso escorre doce.- Preciso de
um tenis, me empreta?
-É...- pigarreio tentando não olhar para seu lindo corpo.- Hum... É...
Como?- a encaro de cima a baixo.
-Me empresta um tenis?- ela faz surgir em sua mão um gloss rosinha
bem fraco. A mesma passa em seus lábios. Puta que pariu, ela nem
sabe onde eu imaginei essa boca.
-Wonder só não pode ficar sabendo que você é uma jogadora.- deixa
escapar nos fazendo encara-la.
-Só da sua quase transa com a Angel né?- arregalei os olhos com suas
palavras.- Não fique tão surpresa, eu leio mentes. A sua eu não consigo
ler, mas a do meu irmão sim.
-Alo?
-Ei Angel.
-Ah, oi Marvin.
-Só ligando pra avisar que vai ser uma festa bem formal e elegante.
Vários socios do Sr. Lexis virão.- reviro os olhos, Jayson como sempre
tentando aparecer.- E como teremos um anúncio completamente
inesperado, segundo sua mãe, Karen convidou a maioria dos nossos
colegas de faculdade.Então, roupas elegantes, por favor.
-Não sei se vou, não tenho roupa chique.- digo me deitando em minha
cama que tinha uns 50 livros em cima.
-Você tem sim. E aquele vestido rosinha? Ele é tão fofo em você.- eele
está falando de um vestido midi, rosa de manga princesa todo fechado
que Jayson me deu. Eu já expressei meu total desgosto por roupas que
Jayson me dá?
-Eu pareço uma mãe com ele. Deixa, eu já sei o que vou usar. Valeu por
avisar.
-Oi loirinha.
-É hamster.
-Você o que?
Passo no quarto de Odin e falo para os dois que é uma festa de gala.
***
O salão de minha casa estava cheio, uma musica leve de fundo era
ouvida em cada canto do lugar. Apenas membros da alta sociedade
conversavam pelo espaço.
-Oi mãe.- digo a ela a abraçando de volta.- Olá, boa noite senhores.
Quero vos apresentar meu noivo o sr. Odin. Meu amor, esses são os
Ceo's de empresas das quais sr. Lexis é investidor.
Quem te vê, nem pensa que á uma horinha atrás tava quarendo
transar com minha irmã.- sua voz soa em minha mente me fazendo rir
e olha-lo.
Seu sem futuro, vamos fingir que você não queria transar comigo
também.- seu sorriso pra mim aumenta.
-Diana, quem irá se casar?- pergunta uma voz atrás de mim. Todos se
viram dando de cara com um homem branco e alto, seu cabelo é
castanho escuro com mexas brancas na parte frontal, seus olhos são de
um preto impressionante e seu sorriso é brilhante. Pelo seu sotaque
posso dizer que ele é francês. Seu terno azul claro destaca o brilho de
sua aura.
-Você deve ser Karen Lexis. Prazer em conhecê-la.- ele estende a mão
para cumprimenta-la.- Vocês são Marvin Lewis, Jayson Lexis, Teylor
Jeckins, Ananda Ylet, Edda Correy, Jackson Fuller...- ele continua
falando todos s nomes dos presentes até chegar em minha mãe.- E
você, Dianna Stella Andrade. Quanto tempo.
-Eu...
-Eu sei Sr. Lexis, somos... Como gerente e funcionário.-Sim, eu sei que
você é dono da Interprises Correy.
-Desculpe senhor.- chamo sua atenção e seu olhar se volta para mim
junto a Odin.-Posso perguntar o seu nome?
-Hã... Sou...
-Claro que não!- exclama Jayson segurando minha mãe que se solta e
vai em direção ao estranho.
-Não tenho a obrigação de te falar nada, apenas dizer que se for quem
eu imagino, teremos problemas.- diz e se solta de meu aperto.
Odin chega perto de mim e me abraça. Seu coração bate
descompassado em seu peito.
-Por que você está tão nervosa, meu Hamster? Consigo sentir seu
nervosismo.
-Respira, tá? Eu tô aqui, não vou te deixar sozinha.- ele apoia seu
queixo em minha cabeça ao mesmo tempo em que coloco minha face
em seu peitoral.
-Eu também senti. É... Antigo, porém bom, como se o portador fosse
alguém bondoso.
-Ela... Ela está se conectando com o outro ser mágico. E...- seus olhos
vidram em sua irmã por meio segundo quando a mesma aponta para o
sentido da piscina.- É um Theod.
-São uma espécie de bruxos, bruxos bons que protegem crianças tanto
mágicas quanto normais, eles são seres de imensa compaixão e
bondade. Sua aura é branca, límpida e reluzente. São curandeiros e
tem imenso poder de cura e capacidade de perdão.- explica o moreno
que pega um algodão com álcool e aproxima do nariz de Amaya
fazendo-a acordar de rompete.- Não sei como conseguiu se conectar,
sua barreira está baixa assim como as nossas. Algo está nos
enfraquecendo.
-Temos que falar com ele, é um homem. Me conectei com ele, e senti a
paz que habita sua mente, aparentemente está chateado com alguém
alguém.- diz se levantando lentamente.- Precisamos descobrir quem é.
Talvez possa nos ajudar a encontrar a outra princesa perdida.
-Eu queria te ver, não era pra você chegar no meio da festa. Eu só te
chamei porque estava com muita saudade.
-Depois de tudo o que aconteceu, você tem a cara de pau de falar que
me chamou pra casa do seu marido, das filhas dele, me chamou para o
covil dele, e me diz que fez isso porque estava com saudade? Você
claramente não o respeita.- sua voz mostra que está magoado com
minha mãe, mas não entendo porque.
-Eu fui muito boba, você sabe que naquela época eu era jovem e
imatura demais, deixei você passar entre meus dedos. Seu amor, nossa
vida, nosso futuro perfeito. Se eu pudesse voltaria atrás só pra te ter
comigo.
-Eu te procurei, por quatro anos, fui ao Brasil, vim a Londres, andei
cada continente a sua procura. Até que um dia quando estava na Time
Square, junto com Helena, uma brasileira que me ajudou te procurar,
passamos por uma banca de jornais e te vi na capa da revista, com um
vestido de noiva estranho em você, duas menininhas vestidas de
noivinhas e o Jayson te beijando.
-Só quero pedir desculpas, lembro que eu disse que era para sempre, e
acabei com tudo. O nosso pra sempre, acabou e os novos "amores"
vieram com tudo.- ela se aproxima do homem.- Quero aquilo de volta,
quero a gente de volta.- sua mão vai para bochecha do homem, porém
o mesmo a intercepta e se afasta.
-E agora de repente está pedindo para ter isso de volta?- aponta para o
espaço entre eles.- Pode me dizer de onde tirou tanta coragem?
-Eu sinto falta do que tínhamos, era amor de verdade. E me dói saber
que te perdi.
-Sim, você diz que sente falta do que tínhamos. Mas eu realmente não
me importo o quanto isso dói.
-Mas...
-Não quando você me quebrou primeiro.- ele olha para ela.- Eu te
amei... Com tudo que eu tinha, mas... Posso dizer hoje depois de tanto
tempo, que não te amo mais.
-Mas eu te amo...
-E eu amo a minha esposa, e sou muito feliz com ela e meus filhos.
-Você tem filhos, então tem que me entender. Era você, ou minhas
filhas. E eu nunca vou deixar de escolhe-las em primeiro lugar.
-Qual é o seu nome?- pergunto com a voz falha, já sabendo o que vou
ouvir.
Olho para mamãe que levanta a cabeça, rastros de choro por sua face.
-Porque ela é sua filha.- a mesma se vira para mim.- Angel, ele é Adam
LeBlanc, seu pai.
Capítulo 18
Angel
Palavras que tanto quis ouvir, agora pareciam facas no meu peito. É
Paloma Faith, só o amor pode machucar assim.
Por que depois de tanto tempo? Por que agora? Seria o meu "pai" um
bruxo?
-É isso Adam. Angel é sua filha, descobri que estava grávida poucos dias
depois de ter voltado para o Brasil. Eu queria te procurar, mas... Eu
preferi não correr o risco quando vi o quão bem ia sua vida.- diz
mamãe.
-Você deveria ter me falado...- suas mãos vão para sua cabeça como se
estivesse doendo e sua face se volta para Amaya e Odin, a menor
também tinha as mãos na cabeça.- Dianna entre.
-Oi Jayson...- encontro minha voz para pedir um favor, todos os rostos
se voltam pra mim.- Leve mamãe para dentro por favor.- não sei de
que porra eu tirei tanta calma para olhar nos olhos de meu padrasto e
sorrir amistosamente.
-George tem uma proposta para nossa empresa, venha Dianna.- minha
mãe se volta para o meu aparente progenitor enquanto segue Jayson
submissamente.
-O que foi isso?- pergunta Amaya.- Você também sentiu! Sua barreira
ficou baixa demais como foi tão descuidado?
-Eu... Algo mexeu em minha magia. Aliás como sabem que sou um
bruxo?
-Talvez porque eles também tenham magia.- digo com a cabeça baixa.
Por que isso logo agora?
-O que são vocês?
Coloco as mãos na cintura e olho para o céu. Marvin sempre disse que
tudo que desejamos ás estrelas elas nos dão, será que elas vão me
salvar agora?
Abner, o rei que matou o pai deles e declarou a mãe como assassina
fugitiva? Isso é muita merda!
-Eu...- meus olhos querem se inundar, mas não permito.- Vão, levem
ele com vocês. Vou falar com os convidados e vou.
Não, você não tá. E não adianta mentir pra você mesma.- como sempre
sabendo mas de mim do que eu mesma.
Odin, vai logo, eu... Vou FICAR bem.- seus olhos tem um brilho o qual
não consigo identificar, mas sei que não estava lá antes.
Vai logo filho da puta.- uma risada mental é ouvida em minha mente.
Ensaio um sorriso que não sai muito bem.
Me abraço com meus próprios braços, por que está tão silencioso aqui
fora e minha mente faz tanto barulho?
Ando até o banco já não enxergando mais nada por causa das lágrimas
que insistiam em cair. Não consigo respirar direito, meus pulmões
parecem estar em chamas e o mundo parece pequeno demais, minha
respiração fica acelerada demais, minha mãos estão tremendo
enquanto tento não fazer barulho, não posso deixar outra pessoa me
ouvir. Hoje é um dia feliz, eu deveria estar feliz, por que parece que
algo ruim aconteceu?
-Ei, shiii... Tudo bem.- seu braço rodeia meus ombros enquanto minha
cabeça vai para seu peito.
-O quê? Onde?- pego sua mão e levo ao meu coração. Seus olhos se
enchem de água.- Não fala isso. Essa é a dor que eu não consigo curar.
Angel, sua vagabunda. Para com isso, você não precisa de ninguém pra
te levantar, ou pra te ajudar. Você é uma filha da puta, uma vadia
perigosa e poderosa! Nada pode te abater, porque, como dizia a vadia
da Nestha Archeron, "Sou a rocha contra as ondas se quebram."
-Você precisa dormir Angel.- olho em seus olhos e percebo o quanto o
amo, sempre é assim, ele que me salva. Ele é tão bom comigo, é gentil
e amável, sempre me dá atenção desde pequena.
Você deveria comprar um cachorro, meu hamster. Ouvi dizer que eles
tem as mesmas qualidades que o amor da sua vida.- diz a voz em
minha mente. Isso me provoca um pequeno sorriso.
Seu idiota! Me deixou aqui sozinha, que noivo ruim.- digo meio
brincando mas minha voz denuncia meu choro.
Eu sei. Só doeu tanto que eu não aguentei.- digo, meu choro já não é
presente e a mão de Marvin acaricia meus cabelos enquanto minha
cabeça repousa em seu colo.
É, já senti algo parecido. Levanta essa cabeça, enxuga essas lágrimas,
porque essa confusão chorosa não é você. Tu é a rocha de muita gente
Angel, não pode cair.- suas palavras me dão uma clareza súbita do que
devo fazer. Um sorriso grande se abre quando não há sinais de
lágrimas.
Não seria mais correto falar "sonhe com os anjos"?- pergunto rindo
mentalmente.
Quer sonhar com o "papai"? Meu Deus, Angel. Nunca pensei que
gostasse dos certinhos, apesar de gostar de Marvin.- olho para o céu e
parece que as estrelas brilham mais quando ouço sua gargalhada em
minha mente.- Tchau, meu hamster.
Saio de seus abraço ao ver Karen chegando, puta merda será que
vamos ter que lidar com um show da minha irmã de novo? Tomara que
ela não tenha entendido errado, será que vou ter que me explicar?
-Vocês estão aqui fora a muito tempo, vão acabar adoecendo.- diz com
uma voz chorosa.
-Karen tá tudo bem?- pergunta Marvin. Minha irmã olha para ele com
os olhos cheios de lágrimas.
-Está sim, vou dormir na casa de uma amiga hoje. É que ela está me
cobrando uma noite das garotas faz tempos.- ela enxuga uma pequena
lágrimas que insiste em escapar.
-Tem certeza que está bem?- pergunto e seu rosto se volta para mim.
-Tenho sim. Vocês deveriam entrar, mas entrem pela porta dos fundos,
e acessem a escada sem ninguém vê-los.- suas instruções ficam no ar,
como um mistério.
Como assim Karen Lexis não está fazendo showzinho por eu está perto
de Marvin?
-Vou procurar uma camisa para mim, tem no seu guarda-roupa, né?
-Tem umas dez, mas não são suas. Roubei todas elas.- digo tirando
minha roupa no closet. Fico apenas com minha lingerie vinho rendada
que tanto amo, usei ela pois não tem alça de um dos lados e ajudou
com o vestido. Coloco meu roupão rosinha de panda e vou tomar
banho no banheiro de Karen.
Saio de lá com uma blusa azul escuro e uma calça moletom cinza e
volto ao meu quarto.
-Ok, mas onde elas estão?- pergunta de dentro do banheiro. Pego uma
camisa e uma calça moletom pra ele e deixo em cima do sofá que fica
no banheiro.
Vou até o closet e visto um moletom cinza aberto que compõe um look
junto com minha calça. E sim, eu tô gata demais.
Pego minhas pantufas de morango e calço em meus pés, mas antes
coloquei um par de meias pretas de gatinho.
×××
Marvin sai do banheiro quase meia hora depois, a princesa tinha que
secar o cabelo com secador. Meu amigo por essa parte é gato demais,
tem o corpo esculpido por um demônio, porque isso leva qualquer
uma ao inferno.
-Eu vivi até hoje para ver Angel LeBlanc corada na minha frente.- diz
como se nunca tivesse me visto vermelha.
-"Tem certeza disto, Jane? Uma vez que diga sim a famiglia,nunca mais
poderá sair!"- ele ler aquela fala fazendo com que eu vire um pepino.
Acho que vou vomitar.- "Sim, Jonh! Contanto que eu esteja com você,
não me importo com o perigo. O capo Teylor também quer minha mão
em casamento, mas não posso dizer sim. Porque meu coração te
pertence."- ele dá uma risada gostosa demais.- Vamos pular para
baixo. "Sinto sua língua em minha entrada, arqueio ao toque quente de
Jonh. Suas mãos passeiam pelo meu corpo apertando meus seios com
força o que me causa imenso prazer."- ele puxa a coberta de meu rosto
com um sorrisinho.- Você quer que eu continue pra você?
Puta merda, sua voz estava rouca e grave. Puta que caralho. Puta que
cú. Mais que filho da foda! Ele quer dizer continuar o que está escrito...
Tipo fazer o que está lá? COMIGO?
-Você leu?- pergunto abismada. Ele não pode ter lido o do padre.
-Aqueles que você levou pra minha casa no feriado, quando tinha 14
anos? Os mesmos que sumiram e você teve que comprar outros?- o
olho com tédio.
-Isso dói.- paro um pouquinho pra respirar mas não consigo, Marvin
está um pouco suado, suas cabelos estão grudando na testa, fazendo
as ondas das mexas se desfazerem. Ele tira o moletom já que está com
calor e no processo flexiona o braço fazendo com que eu direcione
meu olhar para aquele único ponto.
Meus olhos vão indo para baixo até sua calça, que apesar de folgada
não esconde nada do que há ali. Seu volume me assusta, ele está...?
-Angel?- sua voz me tira destes pensamentos impuros, fazendo com
que eu me assute.- Por que está olhando tanto pra minha calça?
Baixo meu olhar ao desfazer meu sorriso quando minha irmã vem a
minha mente.
-Vou destrancar a porta. Se alguém nos procurar, não vão ter uma idéia
muito boa.- destranco a porta e sigo para minha cama, me deitando do
lado esquerdo. Viro em direção ao vitral do meu quarto que fica antes
da varanda. Me cubro com o edredom cinza e azul esperando que isso
seja como uma barreira contra todos os problemas. Tenho que pensar
em Karen.
Minha irmã. Aquela que estará ao meu lado mesmo sendo ruim
comigo.
E sim, como toda boa família inglesa, temos uma cafeteira de última
geração, mas o café de máquina é uma lixo.
Sirvo uma xícara de café bem quente e pego uma pequena colher de
óleo de côco e adiciono dentro.
-Angel.
-Sangue de meu pai tem poder! Quer me matar do coração, porra?-
grito sussurrando quando meu amigo chega perto, MUITO perto de
mim.
-Angel...- ele pega meu café e coloca de lado, assim como faz com
meus biscoitos. Filho de uma quenga.
-Marvin, meu café vai esfriar...- ele dá um passo a frente quase colando
nossos corpos.
-Angel...
-Angel...
Seus lábios trilham caminho por meu pescoço fazendo com que eu o
estenda como algo a ser servido. Meus olhos se fecham em prazer ao
sentir seu hálito contra a pele sensível de minha clavícula enquanto o
mesmo repetia meu nome, como uma prece, como uma oração.
-Você não tem idéia do quanto eu amo o seu nome. Angel... - ele
levanta o olhar e a boca para meu rosto, e seus lábios batem contra os
meus em um beijo avaliador, cru e cheio de provocações. Mas mesmo
assim, como se estivesse testando.
Quase choro ali mesmo. Eu fantasiei esse beijo, por toda a minha vida,
todos os dias que eu o via crescer, arrumar várias namoradas... Eu
imaginava como seria comigo.
TRAIDORA...
TRAIDORA.
Minha mente grita meu nome quando abro os olhos e vejo o azul ciano
das cortinas de Karen, ou seu vestido preferido em cima da cama, ou
até mesmo aquele livro que lhe dei de presente de aniversário de 17
anos.
TRAIDORA!
-Angel, eu...
Falei tanto que amava minha irmã para no final fazer isso com ela. A
amo tanto, que a trai.
-Não ouse falar isso! Você é o namorado da minha irmã, ela é minha
irmã, Marvin! Minha família! Não posso fazer isso com ela! Não
acredito que fiz isso. - pego meu celular e sigo descendo as escadas
dando graças a Deus que mamãe e Jayson dormem no quarto andar
então não podem ouvir nada.
Saio pela porta da mansão e vou direto para a estrada, chamo um uber
e vou para a casa da trupe. Pelo menos lá posso abafar a voz que
insiste em dizer a verdade sobre o que acaba de ocorrer.
Traidora...
Capítulo 19
Noelany
-Tá deixa eu ver se eu entendi, o rei que deveria estar morto, o cara
que matou o meu pai, colocou um alvo nas costas da minha mãe e da
minha irmã. O imbecil que causou diversas guerras entre as cortes,
esse homem está vivo?- acho que Odin está meio cético, assim como o
resto de nós.
Ainda não consigo acreditar nisso, Angel tem um pai que por acaso é
um bruxo de sei lá o que.
-Meu Deus, é muito para processar. A pergunta que não quer calar.
Como? Como aquele monstro está vivo?- indaga Circe.
-Seus pais sumiram junto com Abner, será que tem a possibilidade
deles...- Odin deixa a questão no ar, ao mesmo tempo que me provoca
certa dúvida.
-Nós ainda não sabemos.- diz Adam a sua filha que o encara mas logo
devia os olhos.
-Tá, mas como todas aquelas pessoas sabiam disso antes de nós?-
indaga Circe.
-Quer dizer que Amaya corre perigo?- pergunto.
-To com fome.- diz Adam fazendo todos olharem para ele.- Que foi?
Vocês estão tão preocupados em achar a segunda princesa e nem
imaginam que eu sei como fazer isso. Helena, minha esposa é uma
bruxa mestiça.
-Eu tenho que ir a Abaddon, preciso que Circe venha comigo.- fala
Odin.
-Eu vou comunicar, papai. Preciso conversar com ele sobre tudo,
contar tudo que descobrimos.- diz Destiny.
-Eu sempre tenho que estar perto de Amaya, Cristal já está sabendo e
nos dá total apoio apesar de não gostar da idéia e achar perigoso.- fala
Wonder.
-Demos sorte em tudo isso, Lanylany. Temos que agradecer.- diz o rei
infernal.
-Acho que temos muita sorte de ter dado tudo tão certo.- diz Angel.-
Agora, vamos dormir, amanhã Odin e Circe vão para o reino infernal.
Deimos e Mariel vão ficar com Amaya. E eu, Lany e ... Ele. Vamos para
o Brasil encontrar a tal Helena e Yaskara.
-Eu vou me reunir com Cristal, Loreley e Velisk para dar as notícias.-
fala Wonder.
-Vou com você, Destiny. Falar com o pai. Ele pode me ajudar com uma
questão.- fala Mariel.
-Você pode...
-Não será necessário. Vou para o Hotel. Eu vou voltar ao Brasil amanhã,
no meu jatinho às 10 horas da manhã.- fala olhando Angel que está
com a cabeça baixa. Dou um sorriso ensaiado para ele.
Mas não posso ser assim, aliás, nenhuma garota deveria ser assim, não
precisamos de príncipe encantado para nos tirar da torre ou do sono
profundo.
Como a Angel sempre me fala: "Evite decepções, seja você o filho da
puta."
-Lany? Vamos dormir, amanhã será um dia cheio.- me viro para ele e
me aconchego em seus braços.
-Noelany, eu... Quero te beijar... Quero fazer muitas coisas com você.-
seus hálito acaricia meu rosto. Suas mãos tateiam minhas costas a
encostando na pia da cozinha.
Nós pairamos no precipício o tempo suficiente para ter certeza de que
cada um de nós estava tão comprometido com isso quanto o outro.
Então, juntos, mergulhamos no desconhecido. Meus lábios derreteram
nos dele. Línguas quentes e molhadas deslizaram uma sobre a outra. A
excitação pinicava cada centímetro de nossas peles. Onde nossos
corpos roçavam fogos se acendiam. Destiny gemeu na minha boca
aberta ao mesmo tempo que sua mão encontrava a parte interna de
minha coxa.
Eu ofeguei com surpresa e sua língua deslizou. Ele usou seu corpo para
me empurrar até minhas pernas estarem quase completas em cima da
bancada. Ele agarrou meus quadris e me ergueu em cima da superfície
fria, se colocando entre minhas pernas, me possuindo ainda com a
boca e língua, fazendo minhas pernas ficarem dormentes e meu
coração bater acelerado no peito.
Eu sabia que Destiny podia ver o que eu estava usando por baixo: nada.
Eu não estava usando calcinha.
Eu não hesitei.
O ar estava frio naquela noite, ele batia contra minha carne aquecida,
mas não fez nada para aliviar a necessidade me queimando. Destiny
desatou a liga das taxas de minha coxa sem pressa, sem tirar os olhos
dos meus.
- Se toque.
-Não.-ele murmurou.
Ele me encarou com um olhar fixo, então soltou um dos meus seios e
agarrou meu braço, me impedindo de me tocar mais. Ele puxou minha
mão, fazendo com que eu descesse da bancada, me guiando até o
escritório.
Ele joga todos os papéis e livros no chão. Acho que sentimos a mesma
urgência de toque. Ele me colocou na mesa, na mesma posição que
estava antes.
-Vire-se. -Eu deslizei para fora da mesa, e fiquei com as pernas bambas
por um momento antes de enfrentar o outro lado e inclinar para
frente. Eu me apoiei em meus cotovelos e projetei minha bunda para
fora.
Um sorriso puxou meus lábios, mas caiu do meu rosto quando Destiny
acertou meu ponto G e me fez quebrar sob a força do meu clímax. Ele
ficou tenso atrás de mim quando seu próprio orgasmo o venceu.
-Você vai vir pra cima comigo? -perguntou enquanto eu juntava minhas
roupas. Ainda com os meus pensamentos a mil.
Eu hesitei, mas depois concordei. Eu andei na frente para esconder
dele a minha expressão plena. Isto era perfeito. Fomos para o quarto
dele.
-Eu também te amo, Lanylany. Acho que sou apaixonado por você,
desde o dia em que te conheci.
Capítulo 20
-Estranho?- ele rola para cima de mim e dou um sorriso com sua
gargalhada ruidosa.
Passo minhas mãos pelos pelos de sua barba de uns três dias por fazer,
eles pinicam minha mão e dá uma sensação gostosa. Meu peito se
enche de algo que queima, acho que é felicidade...
Encaro seus olhos enigmáticos, nunca consigo lê-lo, parece que está
sempre um passo a frente. Aquele sentimento cresce em meu peito,
estou a ponto de dizer aquelas palavras de novo, quando algo em seu
rosto me faz mudar de idéia, algo mudou ali, de uma hora para outra.
-Já vai?- sua voz denuncia que há ironia em suas palavras.- Poxa, pensei
que você ficaria mais um pouco comigo.
-Eu ia viajar hoje para fazer o feitiço com a tal mulher. O pai da Angel
que ia levar a gente no jatinho particular.- coloco minha roupa muito
rapidamente. Olho pra ele e lhe jogo um beijinho que o mesmo pega
no ar e leva ao coração.
-Onde você estava?- pergunta Amaya.- Por que não atendeu o celular?
-Meu celular descarregou. Foi mal gente, eu tava dando uma volta na
floresta.- nem eu acredito na minha mentira, muito menos a garota.
Mas Deimos parece aceitar tudo o que digo.
-Circe e Odin já foram para Abaddon. Wonder está em uma reunião
com Loreley, Velisk e Cristal. Vão ver como podem ajudar.- detalha a
menina me olhando de cima a baixo.- Mariel está só esperando Destiny
para eles irem falar com o "pai". Você sabe algo sobre Destiny,Lany?-
pergunta travessa.
- Agora, se apressa que a hamster tá igual uma fera, ela quase mordeu
minha canela.- diz Deimos.- Era para você estar lá em...- ele olha o
relógio.- Meia hora. São nove e meia.
×××
-Eu juro que ainda mato você!- esbraveja aquela pequena... Mulher?-
Está atrasada, Noelany Lewis!
Ao citar meu irmão e sua irmã, observo que a voz de Angel abaixa uma
oitava.
-Por que eu sinto que você precisa conversar?- ela olha para mim com
aqueles olhos que estão sempre alegres, hoje eles estavam nublados
com uma nuvem de dúvidas e incertezas.
-Como assim?
-Eu beijei o seu irmão. E meu Deus, quase que não paramos. Ele tava
me carregando e se não fosse por um descuido dele de acabar
entrando no quarto de Karen, eu teria ido até o fim. E agora eu tô me
sentindo muito mal por isso.
-Meu Deus... Olha é muito estranho pra mim falar disso com você, já
que é do meu irmão que estamos falando.
-Eu sei, Lany. Me desculpa, deixa isso pra lá.- ela abaixa a cabeça e o
olhar para suas mãos.
-Ei.- agarro sua mão.- Você não abaixa a cabeça pra ninguém, essa não
é a Angel que eu conheço e tanto amo. Sua irmã nunca foi boa com
você, por que a protege tanto?
-Porque eu sei que mesmo que ela não me trate muito bem, Karen
daria a vida por mim. E esse tipo de certeza não vem de palavras ou de
ações, vem daqui.- ela coloca a mão sobre o coração.
-É algo que te liga a uma pessoa pelo resto da sua vida, seja ela imortal
ou mortal. Ser ligado pelo sangue é uma decisão muito pessoal.
Nenhuma briga pode separar duas pessoas ligadas. Nem a morte, nem
a vida. Nem que exista milhares de quilômetros entre elas, seus
corações batem no mesmo ritmo.
-Por mais absurdo que pareça, achei um livro na minha casa que falava
sobre laços, ligações, vínculos e conexões que era possível ter entre
duas pessoas.- ela diz enquanto brinca com uma mexinha branca de
seu cabelo.- Falaram que existe também o laço de Agápi. Era uma
garota de pouca idade, ela vivia em cativeiro após ter sido abandonada
na porta de um velho feiticeiro. Agápi era apaixonada por rosas
brancas, que eram cultivadas apenas em propriedades exclusivas. A
mesma roubava rosas no dia em que encontrou um homem, diz a
lenda que sua beleza era tamanha que nunca houve ou haverá na terra
alguém tão belo. Porém ao mesmo ritmo que ele era bonito, era
perigoso também. O jovem Kíndynos era herdeiro da grande herança
do feiticeiro que criou Agápi. Porém o mal velhinho tinha refeito o
encantamento, fazendo da garota, a verdadeira herdeira. No meio a
um jardim de rosas brancas, Agápi e Kíndynos se apaixonaram, existia
entre eles um laço tão forte que não poderia ser quebrado. E eles logo
decidiram que não podiam viver separados. O mal velhinho foi
fortemente contra a decisão de Agápi, porém a garota persistiu que o
jovem era o amor de sua vida. Eles se casaram dois dias depois de se
conhecerem, e na noite de núpcias Kíndynos chamou ela para colher
flores antes de irem para a cama. E no meio daquele campo de rosas
brancas, ele a esfaqueou, fincou uma adaga em seu coração, fazendo
seu sangue salpicar nas rosas brancas as vertendo em vermelho.- ela
suspira.- Eles eram ligados pelo laço e por isso acharam que deviam
ficar juntos. Mas não eram certos um para o outro. Essa é uma das
conexões que você não escolhe. O Laço de Agápi é único, dizem que
acontece apenas uma vez durante a vida.
-Eles não são ligados de sangue. São irmãos e nos reinos celestiais isso
é o tão conhecido como vínculo quebrável Sanguinis Fratris. Por
incrível que pareça, é o laço mais fraco entre as outras conexões.-
explico.
-É muita loucura.- ela começa a rir, logo a risada passa a ser uma
gargalhada, depois ela chora de rir. E logo, ela só chora.
×××
-Oi, Sr. LeBlanc.- digo abrindo a porta do quarto e passando por ela.-
Angel está dormindo, ela não conseguiu descansar direito.
-Oh, sim. Eu imagino, venha se sente aqui.- ele aponta para a poltrona
vazia em sua frente.
-Senhorita...
-Pode me dizer algo sobre minha filha, todos a conhecem mais que eu.-
olha para ele.- Olhe, não ache que quero achar uma forma de me
aproximar dela, apesar de realmente querer estar perto dela. É a
minha filha, uma filha que eu nunca gritei, que eu nunca surtei por
causa de um namoradinho ou amiguinho, uma filha que eu não vi os
primeiros passinhos nem o primeiro dentinho. E nunca a ouvi dizer,
papai.- Adam se recosta na poltrona.- Quero fazer parte da vida dela.
-Angel é a pessoa mais maluca que você vai conhecer, ela é doida,
pirada na batata, mas também é a pessoa mais amiga e companheira
existente. Angel deixaria de respirar para dar fôlego a alguém que ama.
Seu coração é tão grande como seu ego, sua bondade é vista nas coisas
mais simples. A conheço a apenas sete meses, mas posso dizer sem
dúvida que sua filha é uma das melhores pessoas que já conheci, se
não a melhor.
-Eu queria ter feito parte disso, da criação dela. Mas mesmo sendo
egoísta, eu entendo a decisão de Dianna. Mesmo com todas as
consequências, eu consigo entende-la. Porque eu sou pai, e sei o
quanto dói ficar longe de um filho, seja física ou emocionalmente. Eu
queria poder culpa-la por isso, mas não posso. Eu faria a mesma coisa,
qualquer pai faria.
Acho que iria gostar do tal Victtório. Seu filho até então, mais velho.
-Papai!- grita em uma língua que não entendo o garotinho moreno que
estava ao lado da menina menor, enquanto corre em direção a Adam.
-Fala aí, soldada!- ele faz menção para a mulher mais velha entre eles.-
Que saudade, meu amor.
Vi o quanto eu era querida por meus amigos da escola que sempre que
olhavam para a noite estralada lembravam de mim, e repetiam o que
eu dizia.
Hoje eu aceito o que fiz, e também aceito que não posso mais viver na
terra, com minha família, com os mundanos.
A vida não deveria ser algo especificamente para pessoas que respiram
e são humanas.
Mas a esposa do mais velho não deixou a filha pensar muito, apenas a
puxou para um abraço forte e cheio de carinho.
-Que felicidade em te conhecer, Angel! Estávamos ansiosos para te
receber.- fala em inglês.- Sou Helena, prazer. Esse são meus filhos, e...
Seus irmãos.
-Obrigada, Helena. Eu ainda estou digerindo tudo, foi muito rápido.- diz
a pequena ao se separar de Helena.
-Sei que tem esse negócio todo muito importante e tudo mais. Mas
ninguém me apresentou, meu próprio pai esqueceu de mim. É difícil
ser a patriarca da família.- diz a garotinha morena que até então não
tinha se pronunciado.- Oi nova irmã mais velha, não liga para nossos
outros irmãos, eles são meio defeituosos.
-Não sou pequena, tenho só 5 anos, não sou velha igual vocês. E é
Yaskara, filhote de cruz credo.- responde com tédio ao estender a
mão.- Prazer em te conhecer, nova irmã mais velha que se chama...
Minha amiga ri de sua resposta. Acho que realmente as duas são irmãs.
-Bom... Agora solta minha mão, quero abraçar meu pai.- ela logo vai
até o pai e lhe dá um grande abraço.
-Essa é a babá das crianças, Dinnah.- a garota asiática que parece ser
jovem, acena para nós.- Dinnah, essas são Angel filha de Adam e
Noelany sua amiga.
-Ownn que coisa mais fofinha.- repara minha amiga.- Eu... Posso pegar
no colo?- pergunta para Helena.
-E você? Quem é?- pergunta o garotinho, que eu ainda não sei o nome,
para mim.
-Meu nome é Oliver, mas pode me chamar de Olli. É verdade que você
tá mortinha?- me surpreendo com sua pergunta mas dou uma risada
mesmo assim.
-Olli! Não pode perguntar uma coisa dessa para Noelany!- repreende
Adam.
Capítulo 21
-Os senhores são donos de bastante coisa, né?- indago abismada com o
tamanho daquela casa.
-Isso não é nosso.- diz o mais velho atraindo nossa atenção.- É apenas
de Helena.
Ele anda a frente com seus outros filhos, nos deixando de boca aberta
para a mais velha.
Sinto meus dedos formigarem com fogo, meu coração acelera, minha
respiração fica em um ritmo muito rápido de repente. Ouço meus
próprios batimentos, e então uma melodia, antiga como águas
passadas e novo como o renascimento. Minha garganta seca quando
sou levada por essa brisa que me arrasta até uma parede da sala onde
tem uma pintura.
Nela eu pude ver que tinha duas grandes chamas em tons de laranja,
vermelho e amarelo, e um sol diante delas grande, poderoso, mas
estava curvado, como se estivesse em reverência. E então chovia,
pingos em formato de corações de cristal se chocavam contra o chão
se partindo em milhares de pedacinhos, como se a água tentasse
apagar o brilho e o calor das chamas, que eram mais fortes que o sol. E
por isso ele se curvava aquela pequenas chamas, que nada podia as
impedir.
-Nossa, isso que é talento. Você pinta muito bem... Mas... O que quer
dizer isso?
-Eu não sei, a alguns dias atrás senti uma dor de cabeça muito grande
na escola, então vim pra casa imediatamente e então veio a visão,
como um raio que partiu minha sanidade em duas. Eu sentia o calor e o
poder que vinha daquelas chamas, o sol era quente mas não tanto
como aquelas chamas. E a chuva... Bom, eu não sei o que significa mas
eu via claramente, chovia, mas na hora de cair água contra o chão,
apenas chocaram-se corações de cristal.- ele respira fundo.- Quando
acordei, a pintura estava feita. Normalmente essas visões me mandam
para o meu estúdio. Mas foi a primeira vez que me enviaram para cá.
-Isso é incrível.
-Nem tanto.- responde.- Posso fazer coisas bem mais incríveis.- pisca o
olho para mim ao me guiar para conhecer o quarto.
×××
-Eu vou ficar aqui no quarto, Angel. Estou com muito sono!- digo
deitada na cama.
-Amor, Donna está com a frauda cheia, vou dar um banho nela
rapidinho.- avisa Adam do topo da escada.
-Tá bom, amor!- ela para por um segundo pensando no que fazer
enquanto, ajeita os talheres na mesa.- Olli, você faz um favor pra
mamãe e olha seu irmãozinho Dante?
-Sim, mamãe!- o pequeno corre rumo para a parte de cima para olhar
o menor.
Paro em sua frente junto com Angel, vejo que ainda falta os lugares
americanos e os guardanapos.
Dez minutos depois todos estávamos prontos para comer. Faltava duas
pessoas, ou melhor, uma pessoa e o pedaço de outra.
-Vou ter que levar eles, Donna não dormiu e Dante está a todo vapor!
-Que bom que você gostou, a gente queria que você se sentisse bem
vinda, e já que desde que chegaram eu não cozinhei... Então fizemos
um prato em família, para cada um ajudar de uma forma.- ele cruza os
braços e revira os olhos.- Donna e Dante não ajudaram em nada, que
decepção hein gente.- diz para os bebês fazendo todos rirem.
-Ele é o quê?
-Mas não pode contar isso pra ninguém.- digo fazendo suspense e
olhando de um lado pro outro, antes de sussurrar.- Eles não podem
saber que eu voltei, que não estou mais mortinha, é o nosso segredo,
ok?
-Limpe. Agora, e aprenda que comigo você não mexe sem sair ferrado
da história.- ela olha em seus olhos.- Se eu cair, você cai junto. Ok,
irmãozinho?- a inegavelmente irmã de minha amiga sorri para Oliver
com o semblante inocente e bondoso.
-Yaskara! Você não pode fazer isso!- fala Adam, recebendo um olhar de
deboche da garotinha.
-Desculpa Olli.
-Vou te ajudar Ollie.- diz Yaskara fazendo todo mundo calar a boca para
vê-la pegando um dos copos e derramando o resto de suco na cabeça
dele.
-YASKARA, PEDE DESCULPA!- grita o menino.
-Não gostou? Poxa, pensei que você amasse cajá.- faz uma carinha
triste.
-Yaskara nunca vai mudar.- retruca o pequeno Olli.- Mamãe, vou deitar
agora, tenho que tomar um banho bem tomado.
Olho para eles, o garotinho vai até seu irmão e faz um "bate ai", assim
como faz com seu pai que lhe dá um beijo na testa e murmura um boa
noite como sua mãe, que o aperta em seus braços dizendo que o ama.
-Posso levar o gêmeos lá pra cima?- pergunto.- Posso colocar eles nos
berços.
-Claro que pode, Lany. A casa é sua. Victtório, filho, você se incomoda
de ajudar nossa amiga?- pergunta Adam ao filho que sorri para a irmã
menor.
-De maneira nenhuma, pai. Vamos Lany?
Fiquei chateada com isso, eu disse que o amava, e agora ele está bem
diferente.
Vou até um dos berços, onde tem o nome "Donna", e a coloco deitada
de ladinho.
-Eles são lindos mesmo. Mamãe é uma bruxa mestiça estão seus dons
são variados. E um deles é a beleza e a juventude.
-Isso explica porque ela parece ser tão jovem e tão bela... Sua mãe tem
quantos anos?
-Angel está na cozinha, tentei convence-la, mas ela é bem forte com
suas próprias ideias.- fala Helena. Ela vira para Adam o olhando com
amor.- Ela parece muito com você, no jeito, na aparência. Até o
jeitinho de quando está nervosa de olhar para os lados enquanto está
de cabeça baixa.
-Eu tô tão feliz com isso, amor.- sua voz embarga suavemente.- Meu
coração transborda com seu apoio.
Nesse momento saio e vou para a cozinha. Aquilo é muito pessoal, eles
precisam conversar. Os três.
-Hamster?- a chamo.
-Deixa que eu lavo as vasilhas, você precisa conversar com eles.- falo
pegando a buxa de sua mão.
-Eu não tenho força para encara-lo, e se ele me perguntar como foi
minha infância. Como vou contar a verdade? Como vou falar-lhe da
realidade desde que fui morar com Jayson e Karen?
-Angel...
-O problema é que não sei se estou pronta...
-Eu sou Angel, e não terei medo.- a pequena sorri brevemente e parte
para a sala.
-Acredita que ele nem perguntou como eu tava?- olho para o copo.-
Pois é, eu também fiquei indignada com isso.
-Não acho que lavar essa faca com tanta força te fará bem.- diz uma
voz me assustando a ponto de quase derrubar o objeto cortante.
-Ai...- sussurro.
-Deixa eu ver.- seus dedos tocam meu pulso. As pontas de seus dedos
estão quentes quando tocam minha pele. Seus olhos escrutíniam o
corte que vai da base do indicador até o início do pulso. Um corte de
17 centímetros, de onde saía bastante sangue.- Foi um corte profundo,
hein. Se assusta tão fácil assim?- ele dá um sorrisinho.
-Ok, né. Eu podia ter subido sozinha.- digo me lembrando da última vez
que alguém me colocou sentada em uma bancada. O final de tudo,
todos sabemos.
-Tá bom, mas...- seguro sua mão com a minha, olhando em seus olhos
que estão sempre brilhando.- Vai doer?
-Não posso prometer que o processo não vai doer, mas te prometo que
vai sarar.- fala me encarando. Engulo em seco desviando o olhar e ele
coloca um líquido gelado no corte provocando uma ardência bem leve.
Victtório dá batidinhas bem leves ao redor do machucado, secando o
excesso de antisséptico.
Ele volta para a caixinha, fuçando a procura de algo. E logo traz nas
mãos mais gazes com as quais cobre o corte e começa a guardar as
coisas.
Sustento seu olhar por o que deve ser uma vida até que nossa troca de
olhares é interrompida por uma vozinha doce mas firme.
-Oh.- digo sentindo minhas bochechas ficarem rosadas.- Por que não
avisou antes?
Cubro meu rosto com minhas mãos sorrindo igualmente uma mongol.
-Você é linda, Lany. Não deveria deixar nada, nem ninguém deixá-la pra
baixo.- diz.- Quem foi que te deixou assim pra baixo?
-Ele... Nós tivemos uma noite, e depois tive que vir para cá. E desde
então ele nunca mais me mandou mensagem ou me ligou. Só... Acho
que ele mudou um pouquinho depois de ouvir aquelas três palavras
saindo da minha boca.
-Que palavras?
Karen
Não me entenda mal, todos acham que eu odeio Angel, mas a verdade
é que não mereço um terço do afeto que ela tem por mim. Não
mereço ter Angel em minha vida, assim como não posso ficar com
Marvin. Minha irmã... Minha irmãzinha mais nova, era como uma
boneca que andava quando éramos pequenas, as duas mechinhas
frontais adornavam aquele rostinho bochechudo, aqueles olhinhos
negros... Ela é tão linda, tanto por dentro como por fora. Apesar
daquele jeito marrento e louco dela, minha irmã tem um coração que
não cabe dentro do peito, sempre pronta a ajudar.
-Oi amor, sobre o que quer falar?- o moreno vem em minha direção
para me dar um beijo. Desvio de seu contato. Seu cenho se franse.
-O que? Por que diz isso Karen?- ele balança a cabeça como se não
estivesse acreditando.- É aquele assunto novamente? Eu já falei para
você parar de implicar com a Angel, ela é minha melhor amiga Karen!
Não vou deixar ela de lado.
-Karen que loucura é essa? Para com isso! Não existe nada entre eu e a
Angel.
-Pode se enganar, mas não a mim. Você não me ama Marvin, eu sei
disso, você sabe, toda a porra do mundo sabe. Então para de mentir
caramba! A gente só tá junto porque éramos todos e idiotas. E sim foi
por amor, amor de amigos! Confundimos as coisas, Marvin! Vivemos
tantos anos em aliança contra meu pai, que acabamos criando uma
amizade, e confundimos esse sentimento maravilhoso e indescritível
que a amizade traz, com amor.
-Esse é outro problema, você gosta de mim, eu te amo. Pode não ser
no sentido romântico, mas te amo. Te amo por tudo o que você
representa, por tudo que fez por mim, por minha irmã, e por minha
mãe. Mas não posso continuar com isso! Não posso te prender mais!
Percebi hoje o quanto te amava quando me peguei pensando na gente,
e decidi que não poderia continuar te prendendo a mim. Então, é
porque te amo do fundo do meu coração que te deixo ir.- nesta altura
meus olhos transbordam lágrimas. Viro e vou em direção a porta.-
Acabou, Marvin. Faça minha irmã feliz.
Sigo ando pelo corredor vazio que tinha sido um dos cenários da nossa
curta história. Apesar de saber que ele não me ama e quer ficar com
Angel, ainda assim dói quando vejo que não vai vir atrás de mim.
Já estou até acostumada, nunca tive ninguém par lutar por mim.
Mas acho que isso é o que faz de mim uma boa vilã, eu machuquei a
protagonista, magoei os mocinhos e não tenho ninguém.
Acho que os vilões são isso, são apenas heróis que não lutam por
causas comuns, mas sim por aquilo que ninguém dá importância. E por
serem diferentes são visto como maus.
*Flashback on*
18 anos atrás...
Era tão bom ter uma irmãzinha, ela era linda, tinha duas partes do
cabelo dela que era branco, que incrível! Ela disse que nunca quer
colorir, que é a marca dela. Sua voz é tão fofa, e apesar de sermos
opostas na aparência, somos parecidas com a mamãe.
Mas mamãe nunca fica com a gente, ela e papai vivem fora. E mesmo
quando estão em casa, ficamos com Luzia, uma babá velhinha já.
-Ok, mas só porque você é minha irmã, toma. Deixa que eu tiro.-dou a
boneca para ela e pego a sua.- Vou rapidinho pegar as mamadeiras e
as colheres de brincar. Estão na minha gaveta. Arruma nossas filhas
nos berços.
Ele agarra meu bracinho e aperta até doer muito e eu começo a chorar.
-Olha aqui, a pirralha vai embora assim como sua mãe. Ela não vai
ficar com ou para você, porque ninguém gosta de você!- ele sussurra
no meu ouvido.
-Fala direito sua imbecil! Eu vou matar a sua irmãzinha, porque ela não
é minha filha, e nunca vai ser.
-NÃO! ANGEL É MINHA IRMÃ! O SENHOR NÃO VAI MACHUCAR ELA! EU
NÃO VOU DEIXAR!
-Pensando bem, eu não vou machucar ela, você vai. - o que ele está
falando? Eu nunca vou machucar minha irmãzinha!
-Vai até o quarto e a faça chorar, faça isso todos os dias, se não fizer...
Eu vou matar ela, e sua mamãe nunca mais vai voltar.
Não posso perder a mamãe e a Angel, não posso deixar esse monstro
que é o meu pai machucar minha irmãzinha.
-Não me chame de irmã! Você é uma...- eu não sabia como tive força
para fazer isso.- Uma bastarda, eu não gosto de você!- belisco suas
mãozinhas. E dói mais em mim do que nela. Seus olhinhos transbordam
lágrimas e ela se põe a chorar.
-Não importa! Vai embora!- meu anjinho sai correndo para seu quarto.
Sempre que ele me falava para machucar ela e eu não fazia, ele me
batia, além das surras que passei a ganhar em todos os meus
aniversários. Sempre que não cumpria uma tarefa, Angel acabava
"acidentalmente" caindo na piscina e quase se afogando, vomitando a
noite e quase se asfixiando, suas mãozinhas eram cheias de marcas, e
não era dos meus beliscões, ela achava que era, mas eu sabia a
verdade. Era o meu pai.
*Flashback off*
Eu a amo, tanto que chega a doer. Mas não posso intervir na vida dela.
Amo Marvin também, ele sem nem perceber me tirou de uma
tempestade de escuridão.
Detesto meus pais. Minha mãe via o que meu pai fazia, tanto comigo,
como com Angel, e nunca fez nada. Eu a detesto de uma forma que
ninguém pode imaginar.
E meu pai... Nem sei se posso chamar aquele monstro de pai. Jayson é
a materialização dos meus piores pesadelos, é como o bicho-papão
que se esconde embaixo da cama, e só sai a noite para puxar o pé das
crianças malcriadas.
Eu odeio o meu pai, e tudo que ele representa. Odeio o seu controle
sobre minha vida, odeio o jeito que ele manda em mim e na minha
mãe, odeio como ele bate na minha mãe, odeio como ele batia em
mim, odeio tudo nele, odeio sua aparência, odeio sua voz, odeio me
parecer com ele. Simplesmente odeio o fato dele fazer parte de minha
vida, não por escolha minha, mas porque ele é como uma infecção que
se espalha pelo corpo, penetra suas proteções e te mata aos poucos.
Lembro-me bem de uma das diversas vezes que fiquei de frente com o
mal.
Flashback on
7 anos atrás...
Eu o amo, por que ele protege Angel. E isso é tudo o que eu poderia
querer.
Respiro aliviada por ela não estar em casa, e também por estar com
Marvin. Ele é um escudo, a protegeria que qualquer coisa que fizesse
mal a ela.
Lhe entrego minha mochila e subo para o último andar da casa, para o
ponto mais distante. O escritório do meu pai.
-Oi, filhinha.- detesto o som de sua voz, detesto quando ele me chama
assim.- Preciso que dê atenção ao nosso convidado, o Sr. George é um
dos nossos sócios mais importantes.
-Olá, garotinha.- sua voz me dá nojo, sempre que papai pede isso para
mim, tenho que fazer tudo o que seus amigos porcos querem.
-Oi Sr. George.- cumprimento com um sorriso estranho em meus lábios.
-Tenho que pegar algo nas fazendas a 5 km daqui.- fala meu pai, ele se
levanta saindo da sala e fechando a porta.
Não acredito que isso vai acontecer novamente, não consigo aguentar
de novo.
-Karen, minha menina. Pode colocar uma música para nós?- assinto
com a cabeça e corro para o computador que fica no outro lado da
sala.
-Minha menina, como você cresceu... Está tão linda...- seus dedos
passam por meus ombros.
A bile sobe a minha garganta, quero vomitar, quero lutar. Mas mamãe
e Angel vão sofrer se eu não fazer o que ele quer.
-Venha cá, você viu a nova parte do escritório? - papai tinha começado
uma reforma fazia pouco tempo. Ele nunca me deixou ver do que se
trata.
-Ainda não, senhor.- ele me puxa para uma porta a qual eu não tinha
conhecimento.
Meu corpo, mente e coração gritam para eu me mexer para lutar. Mas
a única coisa que fico em minha mente é mamãe e meu pequeno anjo
de mechinhas brancas com seu sorriso contagiante.
Nem sei o que acontece, como muitas das vezes, apenas me forço a
lembrar dos momentos com minha irmã. E também os raros
momentos.
Ele estava nu, de pé bem atrás dela. Antes que ela pudesse reagir, ele
agarrou seus pulsos e os torceu com força.
Eu até tentei empurrar aquele homem de cima de mim, mas ele era
muito mais forte do que eu. Ele simplesmente me empurrou para a
imensa cama, segurando-mr com seu corpo e prendendo meus braços
acima de minha cabeça. Com sua mão livre, ele começou a apalpar
meus seios. Eu estava atordoada demais para dizer qualquer coisa. Eu
não podia acreditar que isso estava acontecendo de novo. Sinto
vontade de gritar quando aquele monstro abriu minhas pernas e
pressionou seu membro duro contra minha intimidade.
Ele tinha feito isso. Ele estava dentro de mim. Ele começou a balançar
dentro e fora, provocando mais dor e desconforto. Eu pensava em
minha mãe sorrindo, e claro, nas raras vezes que ela fez isso, e no meu
anjinho de 11 anos, enquanto meus olhos se enchiam de lágrimas.
Implacável, George pegou um de meus seios e amassou-o
grosseiramente. Ele teve o cuidado de não deixar uma marca.
Que era algo que não tinha chance de acontecer, não posso pensar só
em mim, eu sou a única garantia de que Angel e mamãe estarão
seguras. Desde que eu consiga os sócios para meu pai, ele não vai as
machucar.
E é isso que me mantém viva. A certeza de que elas estão bem, que
estão seguras, que estão vivas.
Flashback off
Ele se refere a um trabalho que fez para mim. Me fez umas porções
onde posso sentir conexões, as quais eu aprendi em um livro que achei
em casa.
-Angel sabe.
-Minha irmã sabe de quê?- não quero que ela se envolva nisso, sua
vida pode estar em risco caso ela esteja envolvida.
-Como minha irmã sabe de tudo isso?- a porção que tomei a meia hora
atrás faz efeito. As pontas de meus dedos se congelam brevemente,
resultado da furia crescente dentro de mim. Algum dia vou congelar
meu pai vivo.
-O quê?
Capítulo 23
Olho atentamente para a pequena faixa de luz solar que atravessa o
quarto no qual eu durmo. Estou acordada desde muito cedo, sendo
sincera, nem sei se dormi.
Por que Destiny tinha mudado tanto comigo? Só por causa daquelas
palavras? Ele disse de volta também, quando eu estava quase
dormindo, mas... As vezes me questiono se não foi apenas algo de
minha cabeça.
Respondi.
D:"Não."
Salto da cama e corro para o corredor sem pensar duas vezes. E vou
em direção a escada. Me deparando com Yaskara deitada no chão do
segundo andar, ao fim da escada, de olhos fechados, como se estivesse
desacordada, seu pé em um ângulo completamente errado, e Oliver ao
seu lado, com a mão na boca chorando.
-Mas ela não é tipo, uma bruxa? Não se cura em casa, não?
-Ela é como uma mortal até os dezesseis, depois explico, vamos logo.
Pega uma bolsa com roupa para ela, e coloque uma roupa. Meus pais
avisaram a pouco que já estão de malas prontas para voltar de lá.
Provavelmente chegam esta noite.- o resto das crianças vem a minha
mente.
-E os gêmeos? Oliver?- pergunto correndo para o quarto de Yaskara.
-Pegue o de Dante.- meu Deus, porque dois bebês tem dois closets que
são do tamanho do meu quarto? Pego a bolsa e saio para o corredor.
×××
Eles haviam levado Kara para a emergência á horas atrás, e até agora
não haviam dado notícias.
-Tentei, mas eles estão em um lugar que não tem área. Foram pegar o
livro branco com vovó.- responde.- Ela mora nas florestas da Amazônia.
Uma bruxinha da natureza.
-Ela viajou para a Espanha, seus trabalhos de babá estão suspensos por
três semanas, então somos só nós mesmo. Principalmente por não
termos a chamado quando eles viajaram.
O médico sai da ala de emergência e procura com os olhos até que nos
avista.
-Eu sei, é só... Foi desesperador ver minha irmã daquele jeito.- Dante e
Donna começam a chorar.- Shiii... Eles estão com fome. E acho que Olli
também.- diz tentando acalmar o pequeno.
-Faz o seguinte, eu levo as crianças para casa. Vou procurar uma babá.-
digo.
-Tenho certeza, quero esses anjinhos bem. Assim que eu achar, vou
direto para o hospital.- digo.
-Obrigado, é sério. Muito obrigado, Lany. Eu... Não sei o que faria se
não fosse por você.- passo meu braço por sua cintura e o aperto
pousando minha cabeça em seu peito. Seu coração batia ferozmente
rápido.
-Ela vai ficar bem, você ouviu o que ele disse. Ela não está mais em
perigo.- digo alisando suas costas. Vick se afasta um pouco até
emoldurar meu rosto em suas mãos.
×××
-Só preciso que você fique com eles por hoje e amanhã a noite já pode
ir, ou até mesmo antes, provavelmente vou voltar em casa, mas
preciso que cuide deles bem.- digo olhando para a mulher que
contratei, ela provavelmente não está entendendo nada, mas o
tradutor me ajuda. Consigo falar português, mas falo bem embolado.
-Sim, senhora. Pode deixar, vou cuidar bem deles.- responde com um
sorriso.
Subo para o terceiro andar, tenho que tomar um banho, escovar os
dentes, trocar de roupa, preparar uma bolsa para a pequena e talvez
pra mim e Victtório.
Saio do banheiro depois de lavar bem meu cabelo. Fazia décadas que
eu não tomava um banho tão bom.
Escolho uma saia curta e justa porém de cintura alta, com uma fenda
no lado direito de 10 cm na cor vinho. Selecionei um crooped preto de
renda com um decote discreto com bojo, e por cima joguei minha fiel
jaqueta de coro preta. Coloco uma meia calça preta bem grossa com
uma bota preta sem salto bem confortável.
Coloco uma troca de roupa com uma sandália simples dentro, adiciono
um blazer azul escuro a uma calça preta e uma camisa cinza, para
Victtório, junto um conjunto moletom preto, uma sandália e um tênis
branco confortável.
Saio do meu quarto andando até a porta que fica quase em frente a
minha. Vejo a plaquinha na porta, assim como tem em todos os outros
quartos e cômodos da casa.
"Há amores que só podem viver em seu coração, não em sua vida."-
Yaskara.
"Há coisas que são preciosas por não durarem."- quarto da Angel.
Ando até a cômoda que tinha um caderno com uma frase que chamou
minha atenção.
Vou levar isso para ele se distrair. Avisto seu celular em cima da cama,
e logo saio de seu quarto.
Volto até a cozinha e faço dois sanduíches para nós dois, pego dois
sucos de maracujá e de cajá, uma garrafinha de água e um pacote de
biscoito, é claro que são cookies.
Saí da casa iria dar quase nove horas da noite. Parti com o carro rumo
ao hospital.
×××
Entro pelas portas de vidro dentro daquele lugar, agora Yaskara havia
sido transferida para o LeBlanc Salud, um hospital extremamente
renomado e muito chique.
Tudo era diferente lá, essa é a diferença do que nos é dado e o que
temos que pagar pra ter. Ao contrário do público, aquele era privado,
para ser atendido você teria que pagar, e não era barato.
Será que é esse o problema da supremacia da medicina privada? Agora
não trabalham para salvar vidas e fazer o seu melhor no processo, mas
sim para conseguir a maior quantidade de dinheiro para não morrer
em um corredor de hospital público. Ou até mesmo por negligência de
um profissional que jurou salvar a vida das pessoas, mas só o faz de
acordo com o seu crédito no banco.
-Oi, boa noite.- saúdo em português assim que me aproximo, seu olhar
se dirige a mim e o mesmo abre um sorrisinho mínimo. Seus cabelos
loiros caem nos olhos incrivelmente verdes.
-Olá, senhorita...
-Sei sim, venha, vou guia-la até lá.- diz me conduzindo até o elevador e
indo para o 12° andar.
-Ah... Ok, entendo.- ele baixa os olhos mas logo os levanta sorrindo da
mesma forma.- Pode ficar vontade, se precisar de algo. Não pense duas
vezes antes de me chamar.
- Sabe, eu não sou de ser fofa, ou seja lá o que for ser uma idiota
grudenta.- diz arrumando o cabelo atrás da orelha.- Mas senti saudade,
mesmo que eu tenha te visto ontem.
-Isso eu tenho.
-Pode sim, mas primeiro toma esse biscoitinho aqui.- entrego em suas
mãos um pacote de cookies Negresco.- Pode perguntar agora.
-Por quê?
-Meu poder é de um nível alto demais para minha idade e porte. Eles
se preocupam porque isso pode me matar. Acham que não sei sobre
tudo mas... Eu ouvi quando papai falou com Vick. - ela baixa os olhos.-
De acordo com a alta feiticeira de Gardens disse que... Não tem como
eu sobreviver com tanto poder até completar a maior idade.
Me assusto quando ela diz o nome dele, como a menina poderia saber
de algo?
-Como sabe?
-Só tome cuidado, não vá com tanta fome ao pote. Pessoas com fome
comem qualquer coisa. Seja no amor ou na amizade.
- Por que se matar? Por que acabar com uma obra tão bonita?
- Porque eu quis tanto a ajuda dos outros, quis tanto que meus amigos,
parentes e pessoas próximas, me ajudassem a levantar, a me
recuperar, que não percebi que a única pessoa que eu precisava era eu
mesma.- respiro fundo.- As pessoas quando pensam em suicídio,
sempre falam que as pessoas ao seu redor nunca lutaram por elas. Foi
isso que pensei, que ninguém tinha lutado por mim. Mal sabia eu, que
quem tinha que ter lutado por mim, era eu mesma.
Capítulo 24
As vezes estamos tristes não por nós, mas por pessoas que
conhecemos e aprendemos a amar, ou então por alguém que a gente
só conhece por ouvir falar, contar uma história dela, mas na vida
andamos de mãos dadas com os dois maiores sentimentos que o ser
humano pode viver em seu momento.
A alegria que nos transmite a paz e a certeza de que tudo vai bem pra
nós é um júbilo, mas também a tristeza que nos faz envelhecer,
desistir, morrer um pouco a cada dia .
Me aconchego em seus braços não ligando em mostrar meu lado mais
fraco, meus olhos se cerram brevemente e me sinto relaxar no seu
calor.
×××
Ouço vozes distantes e então a porta é aberta. Meu rosto está apoiado
em algo quente e duro, movo minhas mãos por cima daquela
superfície ouvindo um gemido baixinho.
Meu crooped desce um pouco dando muita visão para meus seios,
acho que Victtório deve ter tirado minha jaqueta e meus sapatos
quando adormeci.
-Oh, meu Deus!- diz uma voz alegre que conheço muito bem.- Bom
dia?
-Hã... Oi filho.
-Amor, eu falei com o médico e...- Adam para de falar ao ver eu e seu
filho sentados no chão com a cara amassada.- Ok... Eu vou querer
saber?
-Papai? Compra um algodão doce pra mim?- pede Yaskara.- Por favor!!
-Obrigada.- sussurro passando meus braços pela manga. Suas mãos vão
para meu ombro, me segurando e me fazendo olhar para ele.- Eu
tenho uma dúvida. A Angel é só metade bruxa... Ela vai ficar com o
mesmo tamanho e idade pra sempre já que fez 18 já?
-Isso mesmo, assim como nós, ela tem a imortalidade certa. Não dá
mais para ela crescer.- diz rindo.
-Nossa, então ela vai ficar bem... Pequena.- digo rindo já indo embora.
-Ei, não sei quem é o tal Destiny, mas... Ele tem muita sorte de ter
você.- diz arrumando meu cabelo para parecer ao menos apresentável.
Seguro seus dedos os apertando.- Obrigado por estar ao meu lado.
Dou um abraço nele bem forte. Poxa, como passei tanto tempo sem
Victtório?
-Destiny não vai gostar nada disso.- fala minha amiga rindo.
Tão pouco tempo que conheço ela, quase um ano, dez meses. Sinto
que encontrei mais do que amigos, encontrei uma família. Minha
família, fui eu que fiz.
-Não tem nada haver Angel!- falo rindo ao me afastar de meu amigo.
Ando até o lado Kara e olho em seus olhinhos brilhantes.- Vamos pra
casa, mocinha?
×××
Não dava para levar todo mundo em um carro, então fomos eu e Vick
no carro dele enquanto o resto da família foi no carro de Adam.
-É lindo isso que você está falando, é esplêndido a maneira como você
fala dele, como o ama. Mas... Me permite fazer uma pequena
observação?- assinto.- Ele não pode ser o motivo de sua felicidade,
Destiny tem que ser feliz com você, o motivo dos seus sorrisos não
pode ser alguém. As pessoas são muito volúveis, um dia elas podem
acordar e decidir que você não faz mais parte dos planos delas. Só...
Tomo cuidado, como você mesma disse, pessoas com fome comem
qualquer coisa.
-Lany?- chama Angel.- Temos que fazer o feitiço agora. Alguma notícia
de Destiny?
×××
Estou nervosa, o fogo dentro de mim lambe as pontas dos meus dedos
com suas labaredas que agora estavam mais quentes que nunca.
-Eu não entendo, nunca falha. Esse feitiço sempre funciona.- diz
Helena.
O fogo abaixa até estingui-se, abro os olhos que estão meio pesados
com a força do impacto. Meus dedos tem pequenas chamas
queimando, e sussurrando.
-Eu que fiz isso?- pergunto. Angel me olha assustada e então troca
olhares com Helena e Yaskara.
-Isso só pode estar errado, não tem como eu ser a princesa. Sou
humana, sempre fui. Eu tenho meus pais, minha mãe me teve. Nasci de
seu ventre.
-Não tem nada errado, Noelany.- diz Helena.- Esse tipo de feitiço não
erra.
-Por que ela fez isso? Pode ser que esse seja o motivo de não termos
descoberto antes. Gosteds não existem, pelo menos não da forma que
todos acreditam.- explica Helena.
-Até que faz sentido.- fala Helena.- Você é importante e crucial, mas
também perigosa. Você é uma arma, e se estivesse nas mãos erradas...
Pode ser o fim dos povos. Mas também a salvação da escravidão deles.
-O caminho de sangue não tem erro, eu não entendia por que não
sentia você, por que seus poderes surgiram do nada. Essa é a resposta,
eles não podiam se revelar antes do tempo certo, antes que sua
segurança fosse realmente capaz de defende-la, ou até mesmo antes
de você mesma poder se defender.- fala Yaskara.- Não até ter
encontrado as pessoas certas...
-Por isso seu poder apareceu a primeira vez quando encontrou Odin e
Deimos, e nessa altura já estava com Circe e Destiny.- observa Angel.-
Oh, meu Deus. Sua explosão naquele dia, na floresta. Foi quando
encontrou seu diário novamente, quando Marvin foi a casa da trupe
pela primeira vez! Seu irmão também faz parte disso...
Olho para eles como se estivessem loucos, pois é isso que devem ser,
loucos.
Não pode me pedir para acreditar que eu seja a tal princesa perdida.
Seja filha da tal rainha.
Minhas pernas doem com o esforço indevido que estou usando para
andar até o lado de fora.
Tem que ser mentira, tem que ser um engano. Não ache que estou
falando isso por que não posso aceitar o fato de que nunca conheci
minha mãe. Mas sim por que não sou... Capaz de ser o que precisam
que eu seja.
Falhei como irmã, falhei como filha, falhei como amiga e não me
surpreenderia se eu falhasse como a princesa salvadora da pátria.
O que será que papai acha disso, sou a "protegida do pai", será que
tem algo a ver? É possível que ele saiba?
-Lany?- chama Vick nas minhas costas. Meus olhos estão embaçados,
lágrimas de novo?- Sei que é muita coisa, respira.
-Tudo bem. Tudo bem, tudo vai ficar bem Lany. Tudo vai se acertar,
estamos aqui pra você e por você. E mais, eu não conheço, mas o
Destiny te ama, pelo que você me falou. Ele, assim como todos nós, vai
te apoiar. Mas agora você precisa ser forte, por você, e por todo o seu
povo, princesa.
Olho para ele e encontro tudo o que preciso, força e amizade. Tenho
que lutar, tenho que ser merecedora de um povo como as pessoas de
Nair.
Pessoas boas e poderosas, que agora são anjos a serviço do pai, será
que ele também não é um cidadão que está preso por algum feitiço?
-Acho que já estamos prontos pra batalha.- diz.- Vamos entrar, agora
que está pronta, tenho alguém a lhe apresentar, apesar de vocês já se
conhecerem.
Franzo o cenho diante de sua fala, quem poderia ser alguém que tenho
que conhecer?
Entro na casa não me sentindo como quando entrei a primeira vez,
entro na sala me sentindo diferente, como se finalmente tivesse me
achado.
Suas vestes nada eram além de um crooped preto, bem parecido com
o meu, um sobre-tudo preto, uma calça jooger com cintos segurando
armas brancas, assim como o suporte que sempre está em minha coxa.
Em seus dedos crescem lascas de gelo seco que espalham sua brisa fria
pela casa.
-Oi Angel...- fala baixinho olhando para minha amiga que a encara
como se estivesse vendo um fantasma.
-Oh Deus, eu não reconheci você na festa.- diz Adam a Karen que sorri
com sua confusão.
-Era ela que eu queria que você conhecesse Lany, ela que pode nos
ajudar, pelo menos com o povo de Lynphea, já que Karen tem ligação
com alguns líderes de lá.- fala Vick.
-Karen como você pode saber disso? Como... Meu Deus, quanto você
sabe? Como conhece esse família?
-Mas... - Angel olha para o resto de sua família.- Lany vem. Nena posso
ter um momento a sós com minha irmã?
-Claro, meu amor. Só... Saiba que tudo que Karen fez, é justificável.-
responde.
-Eu me lembro, você pediu para viajar meses depois, uma viagem solo
para... O Brasil...- diz Angel como se tivesse entendido de repente.
-Por que fez isso Karen? Eu te amo, sempre te amei, mas como amar
alguém que dia, após dia, após dia vive me rejeitando?
-Angel, eu também te amo e sinto muito por ter te feito sofrer. Mas
não ache que foi a única que saiu machucada dessa história. Mamãe
nunca ligou pra mim, sempre fui um fardo na vida dela, um erro o qual
impediu ela de ficar com o amor da vida dela.
-Sim, todos sabemos que Dianna Lexis ficaria bem melhor sem filhas.
Ela via o que seu pai fazia comigo, o que você fazia e nunca falou
nada!- minha pequena grita.
-Porque ela não podia!- grita Karen de volta fazendo Angel calar a boca
abismada.- Nossa mãe sofria agressões de Jayson, ele batia nela. Sabe
aquela vez que ela "caiu da escada"? Foi ele que a empurrou. Sabe
aquela vez que você quase morreu afogada? Todos acharam que tinha
sido eu, a irmã mais velha e malvada. Mas não foi. Foi Jayson. E Dianna
sabe disso, mas nunca fez nada porque ele a espancava e se eu não
fizesse o que ele mandava... Era nela e em você que que ele
descontava. Você lembra quando parou?
-Eu tinha 13 anos quando ele me fez transar com um de seus possíveis
sócios para conseguir a sociedade. Foi naquele momento que Jayson
percebeu que tinha algo mais que poderia tirar de mim.
-E tem mais.
Capítulo 25
Estávamos as três olhando umas para as outras. Cada palavra que sai
da boca de Karen provoca uma reação diferente em Angel.
-Marvin que me ajudou, ele sempre esteve ao meu lado. Ele sempre
soube de tudo desde quando éramos crianças, de tudo mesmo. Todas
as vezes que ele te chamou para dormir na casa dele de repente, foi eu
que pedi. Meu único aliado, meu único amigo... Começamos a namorar
a um ano e meio, depois de crescido ficaria estranho demais você
dormir na casa dele. As únicas formas de sair da família Lexis é
casamento ou morte. Ele percebeu isso e me pediu em namoro. E eu
amo o Marvin, demais. Tanto que as vezes olho pra ele e nem consigo
respirar, porque realmente o amo- Angel abaixa os olhos embaçados
para suas mãos os cerrando com força.- Como amigo.- voltamos nossos
olhares para a loira com surpresa.- O amo por tudo que ele fez por
mim, por sua amizade. Não o amo romanticamente, e sabe por que
Angel?
-Karen me perdoa por favor, eu não sei porque fiz aquilo.- Angel a
abraça apertado tendo esta ação retribuída com afinco.
-Você ama ele, por isso fez o que fez. Eu não tenho o que mais perdoar,
só me resta pedir o seu perdão por tudo que te fiz na minha vida.
-Eu te perdôo Karen, você é minha irmã, eu te amo, e você sempre vai
estar em primeiro lugar.
Que coisa linda, realmente revigorante. A não ser pelo fato de minha
pessoa ter o mesmo valor que uma pilastra neste momento.
-Gente, desculpa interromper, a sua... Coisa... Sentimental. Mas
precisamos resolver coisas mais importantes do que assuntos pessoais.
-Esses?- a loira projeta em seus dedos lascas de gelo seco.- Bom, fui
abençoada por uma governante de Lynphea, acho que ela tinha algo
haver com a Deusa da Lua, Selene. Depois de achar o tryjer de
estimação de sua filha pequena, é um animal encantado que só existe
em Lynphea. O animalzinho tinha fugido por um portal em uma das
dezenas de cavernas encantadas que tem naquele reino. Eu tinha 9
anos quando o achei naquela floresta perto da biblioteca da casa
antiga, e então uma mulher muito bonita apareceu e perguntou se eu
gostaria de conhecer um lugar... Diferente. Ela me levou para Lynphea
pouco antes do meu pai ir atrás de mim para fazer mais maldades com
você e não me achar. E depois disso, sempre fui cuidada por sua amiga
de tempos em tempos. A rainha Lucina. Não sei o nome da outra
mulher, só sei o quanto era bonita, e maravilhosa. Ela me deu o dom
de porções, posso ter qualquer poder pelo tempo que eu quiser, só
preciso fazer uma porção. Esse é meu poder favorito... Gelo, tão frio
que chega a queimar.
-Uau...- exclamo.- É muito incrível e triste e legal tudo isso, mas só uma
pergunta. Por que está aqui, Karen?
-Eu precisava avisar vocês que... Angel corre perigo por ser filha de um
feiticeiro conhecido em todos os mundos, e por coincidência, também
é o cara que Abner mais detestava.- explica.- Vim para conhecer a
princesa perdida número dois, e também para te reconhecer, Noelany
Lewis.
-Como sabe que sou eu?
-Fiquei muito feliz por ele ter assumido a Circe, agora os três, Deimos,
Odin e a loirinha são um... Casal, eu acho. Mas pelo que me foi
passado, é exatamente isso. - o semblante de minha amiga cai um
pouco com a menção do novo relacionamento de Odin.
-Ele também é meu melhor amigo, somos como irmãos. Foi na mesma
noite que vim para o Brasil. Nós conversamos e fizemos o juramento de
sangue.- explica ainda me deixando atordoada.- Sabe uma coisa que
parei para pensar agora?
-Amaya contou pra nós que sempre passeava com sua verdadeira mãe,
a rainha Lucina, por uma floresta terrena, que por acaso é a mesma
que ficava perto da biblioteca onde eu sempre ia com Marvin, foi lá
que Wonder viu Akemi e foi abençoada por ela, foi nessa floresta que
Lany se matou...
-Escondi meu diário lá.- digo percebendo o que Angel quer dizer.
-E ainda mais, a casa que achei para a trupe ficava do outro lado da
floresta...
-Alias, você achou a casa tão rápido. Era como se estivesse de olho no
terreno.
-Que incrível, Angel. Mas ainda não entendi o rumo desse pensamento.
-Tudo aponta para o mesmo local, isso pode querer dizer que ele tem
algo de especial...
-Oh Deus, por que sou desta família?- resmunga a garotinha, Kara se
senta ereta de repente, seus olhos se perdem por alguns segundos.
Suas costas ficam completamente eretas, seus olhos ficam brancos,
suas mãos pequenas agarram firmemente os braços da cadeira, os nós
de seus dedos embranquecem com a força que a menina aperta a
madeira.
Vamos para o seu lado tentando a despertar, mas sem sucesso. Ela
pisca rapidamente percebendo a realidade.
-Marvin... Tem que contar toda a verdade para ele. E para a familia
Lewis.- fala a pequena para sua irmã.- Abner irá atrás dele, e de Amaya.
Os pontos fracos da trupe. Você tem que salva-los, princesa.- diz a
mim. Seus olhinhos transbordam preocupação.- O futuro dos reinos
está em suas mãos, tem que salvar Nair da ilusão do rei.
Nair é o nome da cidade onde ficava o castelo de Akemi, onde hoje fica
o pai em seu indescritível castelo. Mas não há reis lá desde o sumiço
das rainhas.
-Eu... Não posso dizer, mas precisamos que você convença Vick. Ele vai
colocar a vida em risco, mesmo que queira ajudar.
-Alguém viu Victtório?- ela pergunta assustada.- Ele sumiu, mas deixou
uma carta.- a mulher olha para mim.- É para você...
Pego o papel de sua mão sentindo o leve relevo do material, está com
um selo, sinto que já vi esse desenho em algum lugar...
Abro a carta que cheira a tinta, letras cursiva que leio rapidamente, me
deixam zonza.
-Victtório foi embora? Como assim? Não, isso não é possível!- fala
Helena.
-Ele fugiu mamãe.- fala Yaskara me olhando.- Tive uma visão, ele
realmente fugiu.
-Victtório deixou bem claro que fugiu, não sabemos o motivo, mas
temos que ir agora. Se a visão de Yaskara é algum indicativo, Abner
está mais próximo de nós do que imaginamos.
×××
Por que fugiu Vick? Por que deixar pistas tão difíceis de entender?
Vou até sua mesa de estudos, e folheio seu Sketchbook onde tem
desenhos tão lindos quanto suas pinturas, tem projetos de telas. E um
desses desenhos me chamou a atenção. Era uma garota, segurava uma
adaga, e estava em pé em meio a nuvens douradas, com uma lança
apontada para seu coração, tudo isso com uma garota ao meu lado,
uma que era bem fácil reconhecer.
Eu trajava, não um vestido como acreditava, mas sim uma calça preta
apertada, com uma blusa de manga longa da cor preta também, por
cima tinha um sobre-tudo preto também, tendo um símbolo real de
Nair em sua lapela.
E como um grande sol, residia uma coroa em minha cabeça. Uma coroa
dourada com pedras transparentes, parecendo diamantes, ao topo
dela tinha um sol brilhante revertido em ouro e prata.
-Meu Deus...
-Pode entrar!- a garotinha está vestida com uma saia preta de courino
rodadinha com diamantes no cós da cintura, um body cinza com
diamantes na gola, que é alta, de manga longa com diamantes
ornamentando o pulso, com um casaco de veludo preto. Por baixo da
saia tinha uma meia calça preta a qual ela usava com uma bota preta
sem salto.- Oi Kara, deve ser bom ter pais mágicos que curam sua
perna quebrada.
-É, realmente é bom arrasar sem ter que dividir o holofote com um
gesso hediondo.- ela dá uma risadinha.- Pode me ajudar com o cabelo?
Karen e Angel estão terminando de se arrumar, assim como mamãe
está arrumando os gêmeos, papai está ajudando Oliver com os livros
que vamos levar.- a família LeBlanc irá conosco, deixaremos as crianças
com Cristal e minha mãe, quando contarmos a ela tudo.
Percebi que permanecer ignorantes a algo que pode colocar suas vidas
em risco não me ajuda. Claramente, Jimmy é meu pai
verdadeiramente, apesar de mamãe não ser. Se Abner, um cara traído,
descobrir com quem o amor de sua vida teve uma filha... Ele com
certeza iria querer se vingar de alguma forma. Abner pode machucar
minha família, e algo me diz, que ele não se importaria de machucar
não só meus familiares mas os de todos nós.
-Claro que posso.- digo apontando para o puff do quarto. Kara se senta
olhando-se no espelho.- O que vai querer?
-Quero um rabo de cavalo bem alto e firme.- olho seu rosto.- Coloca
esse gelzinho, faz parecer molhado.- diz me entregando um potinho.
Penteei seu cabelo de uma forma que ficasse mais alto. Pego uma
xuxinha e amarro o rabinho meio ondulado e cheio.
-Você sabia?
-Claro que sim, mas tem mais uma parte que você precisa descobrir. A
pintura da sala, a primeira que viu aqui, é o seu futuro... Princesa.- suas
palavras ecoam em minha mente quando vou descendo as escadas
rumo ao grupo de pessoas, todas armadas, com exceção das crianças.
Vou até a parede onde tem a mais bela pintura que já vi durante minha
curta existência.
"Olá, Noelany...
Eu espero fielMente que seja você a lEr isso pela primeira vez, qUero
começar essa carta com: Me perdoe por isso. Nos conhecemos a
apenas um mês e meio, mas sua amizade é algo que prezo demais.
Você é importante demais Lany, por isso fiz isso. Tive que ir. E uma
hora você vai entender essa decisão, eu Queria mUito que esse
momento não chegAsse, mas é inevitável. Você estava pReocupada se
seria forte para governar um povo, o que não sabe é que o seu povo
clama seu nome, eles acreditam em você e tem fé que no dia que você
aparecer eles iriam ser finalmente livres de verdade. Seu poder é o
fogo, e essa chama arde no coração de todo cidadão de Nair, Cidade
das Luzes, Abaddon, Cidade sombria e LunaeT, e Ninat e tOdos os
povos de todos os reinos. Seu fogo arde no coração de todos nós, como
uma chama de esperança e luz, de que ainda não é o fim.
Espero que saiba entender isso não é um adeus é apenas um até logo,
princesa. Lembre-se, ninguém pode parar ou apagar as duas chamas.
Seu calor não pode ser extinguido. Te amo, verdadeiramente, a melhor
amiga que poderia ter em todos os reinos. Você é a luz da vida de
muita gente, Princesa. Não deixe nada, nem ninguém abafar essa luz.
Ela tem um caminho árduo para iluminar.
Sua intenção com as letras maiúsculas no meio das palavras foi bem
claro. "Meu quarto" era isso que tinha na mensagem, entendi que era
para eu ir até seu quarto, o que não faz sentido é o por que ele deixou
uma carta para mim e não para um de seus pais, eles com certeza
saberiam melhor o que fazer do que eu, porém sinto, como um ferro
sob minha pele, queimando de dentro pra fora, sinto que a única
pessoa que entenderia, sinto que ele também sabia disso.
Victtório, onde quer que você esteja, seja isso intencional ou acidental,
vou te bater quando te encontrar. Por que foi embora logo agora que
tanto precisamos?
Duas chamas, como duas garotas, duas filhas, duas primas... Duas
princesas... Eu e Amaya somos as chamas? Faz sentido já que temos o
"poder" beijado pela chama divina.
-Vamos lá.
×××
Acho que nunca parei para pensar o que implicaria ser a princesa
perdida, minha mãe claramente não é minha mãe de sangue,
provavelmente a mesma não saiba disso, Jimmy é meu pai, porém...
Significa que ele traiu minha mãe Nora, e que Akemi, a rainha, é minha
verdadeira mãe.
-Por que?
-Eu vou falar com Marvin, na verdade vamos falar com todos. Ninguém
pode se machucar, Lany.- Angel segura minha mão.- Não posso deixar
que ninguém se machuque.
-Eu sei como se sente. Posso dizer que estou da mesma forma. Estou
indo agora falar para a mulher que me criou, cuidou de mim e me
amou como filha, que ela não é minha mãe, e sendo totalmente
sincera?- suspiro.- Não tinha pensado que isso implicaria em Marvin e
Wonder não serem mais meus irmãos, e... Oh Deus, como Wonder irá
reagir?
-Eu nem tinha pensado o quanto deve ser difícil pra você. Mas fica
tranquila, aquela garota é maravilhosa, e muito compreensiva.- respiro
fundo, isso não me deixa mais tranquila.- Vocês são irmãs acima de
tudo, e acima do sangue. O que importa é que são irmãs aqui.- sua
mão posiciona-se em meu peito.
-Ele te ama, e mais, ele não tem que pensar nada, é o que você é.
-Eu sei, mas mesmo assim é... Difícil, não consigo acreditar que
estamos a quase um ano procurando uma verdade que...- me
empertigo no assento.- "A pequena verdade que está debaixo dos seus
olhos". Foi o que Troy disse, nunca entendi o que ele quis dizer. Era
isso, meu Deus, como eu nunca entendi.
-Não se culpe, é muita merda pra gente entender. Veja só eu, a dois
meses eu não tinha um pai, era ignorada por minha irmã e totalmente
negligenciada por minha mãe e meu padrasto. Hoje tenho uma família,
de verdade. E eles me aceitaram do jeitinho que sou.- seus olhos se
dirigem a Adam que brinca com Yaskara, os dois conversam como duas
crianças, animadamente Helena vê a cena enquanto segura Donna.
-Sim, ele nunca faria isso, pelo menos, não em vão.- sua cabeça vira
para mim, exibindo seu batom rubro intacto preenchendo sua
favorável e rochechuda boca.
-Você sabe de algo que eu não sei.- não é uma pergunta, mas mesmo
assim assinto.- Se não me contou é por um motivo, então não vou
perguntar. Mas seja o que for, não esqueça que pode contar comigo.
-Chegou a hora.
Capítulos 26
Os carros param em frente a casa de meus pais. Chegou a hora, não sei
se estou pronta...
-Sua bolsa é linda, Kara.- ela olha pra mim sorrindo, possibilitando de
ver que a mesma é apenas uma criança, mesmo que seja tão
inteligente e... Diferente dos irmãos, tem apenas cinco anos.
-Ela é, não é mesmo? É uma Niki da Laurent, a bolsa mais barata que
tenho.
-Sério? Bom, voces são ricos, não tenho ideia do que é barato para
vocês.
-Essa daqui foi 17 mil reais, ou...- a mesma para por um segundo,
contando.- 3.348,83 dólares americanos e... 2.758,11 libras esterlina.
-Aquele tem dois homens que trabalham para papai, eles vão levar as
malas que estão lá naquele carro.
-Nossas malas? Por que elas não estão nos carros em que viemos?
-Temoas um carro só para as malas, Dante e Donna são muito
vaidosos.- diz dando de ombros, e mais uma vez me impressiono com a
riqueza de sua familia.
Angel segura a mão de sua irmã com ansiedade enquanto seu pai passa
o braço por seu ombro, e a mesma repousa sua cabeçã no ombro do
homem.
-Acho que nunca estarei pronta para dizer a uma mãe que sua filha não
é verdadeiramente sua. Mas...- resporo fundo.- Vamos logo,
precisamos mante-los seguros.
-Liguei para Cristal e Dylan, eles já estão aí. Odin, Circe e Deimos já
estão a caminho.- diz a loira para todos nós em nosso caminho para a
porta.- Mas... Não consegui falar com Destiny e Mariel, são eles que
estão com Wonder e Amaya.- Franzo o cenho com a frase, por que será
que eles não estavam respondendo?- Teremos que começar sem eles.
-Meu deus... Que saudade! foram 17 anos sem te ver Lany, não quero
isso nunca mais!- diz em meu ouvido.
-Por que não me contou antes? Por que continua com a barreira?
-Eu não tinha ideia que você sabia da verdade. E eu não sei tirar a tal
barreira que está falando. Você sabe como tirar o encantamento que
oculta minha identidade?
-Sou uma humana que ajuda os malucos divinos aqui na terra, uma
mensageira principalmente. Mas não tenho poderes.
-Como Troy?
-Tipo isso, porém ele é de Nair, e eu sou de Londres. Enfim, seus pais
estão perguntando sobre o que uma amiga de Angel pode querer falar.
-Crianças.- digo com um sorriso forçado.- Como disse, fico feliz que se
dispuseram a nos escutar.
-Sim, ela morreu. Mas... Eu estou aqui... Mãe e pai, sou eu, Noelany.
-Impossivel- diz minha mãe enquanto meu pai olha fixamente para
mim, como se pudesse ver através daquele encantamento, o qual eu
tiro instântaneamente.
Minha mãe corre para me abraçar e angel pega Donna de meus braços.
-Pai...
-Você está aqui para nos alertar de tudo o que está acontecendo.
-Jimmy, do que está falando?- pergunta minha mãe.
-Minha filha morta está na minha frente. Acho que posso entender
bastante coisa.
-Oi filha, que saudade de você.- ouço seu suspiro em meu pescoço.
Graças aos deuses ele sabe, não vou ter que explicar muita coisa.
-Oi pai, eu também estava com saudades.- retribuo seu abraço com
muita força. Me separo dele olhando para o resto dos presentes, o
olhar de Angel me dava toda a força que me era necessária.- Não é só o
fato de estar viva que me trás aqui, mãe. Existe mundos diferentes do
nosso, eu pensei que pertencia aqui, e uma parte de mim realmente
pertence, mas... Descobri que não temos o mesmo sangue, mamãe.
Minha mãe se chama Akemi, rainha de Nair.
-Mimi morreu três dias depois de entregar você para mim e sua mãe.
Seu servo me disse que o marido dela, Abner estava atrás da sua mãe e
da irmã dela. Ele as achou e as matou.- como assim, ele queria dizer
Troy?
-Akemi esta viva, pai. Sempre esteve. Porém, parece que ela não
contou, que sua irmã estava grávida tambem, de uma menina a qual
vocês conhecem bem. Amaya, ela nasceu no mesmo dia que eu.
-Mas Amaya é filha de Cristal! Nós todos vimos ela grávida!- exclamou
meu pai. Dei um olhar de significado para Cris que era observada pelo
marido.
-Cristal, por favor me diga que está com Amaya!- exclama Wonder com
os olhos arregalados com algo que se parecia com medo.- Meu Deus...
Wonder anda até Karen e Angel sussurrando em seus ouvidos algo que
faz a pequena dá um passo para trás, atordoada com o que quer que
minha irmã tivesse dito. Seu olhar se dirige a mim, me fazendo temer o
que está por vir. Karen sai para o lado de fora discando um numero no
celular. Enquanto minha irmã vem em minha direção e Angel vai até
Helena e seu pai.
-Lany... É Destiny.- meu coração erra uma batida ao ouvir seu nome
nos lábios de minha irmã.- Amaya foi levada por Mariel. E Destiny
simplesmente sumiu! E o pai solicita sua presença no Meio, ele
mandou um mensagem de fogo, disse que precisa te ver
urgentemente.
-Há uma movimentação suspeita ao norte de Nair, em Ketuyt, uma
provícia que acreditávamos estar abandonada. Mas que gera
murmurios de atividade da realeza.- fala Adam.
-Posso ser sincera?- me pronunciei.- Nunca fui a Nair, sempre tive que
ficar confinada no Meio, no castelo, onde eu tinha um quarto que o pai
fez especialmente para mim. Fui nomeada protegoda dele quando sofri
um atentado há 10 anos. Três homens apareceram delirando dizendo
que tinham que me levar para o Dalit's. Nunca descobri o que era.
Depois disso, fiquei com juiza para "almas" com pendencias, sempre
dentro do castelo, nunca vi Treos, a capital do Meio. Literalmente as
"pessoas" que conhecia eram Circe e o Pai, e depois Destiny, mas só
por causa da missão.
-Isso é... Suspeito demais.- fala Angel que anda na direção de meu
amigo, para lhe dar um abraço bem forte.
-Com certeza é Abner...- sussurro.- Mas onde ele andou todos esses
anos?
-Provavelmente Destiny foi levado, assim como Mariel. Temos que
acreditar no melhor
Seus pé levavam uma linda sandália de salto, correntes subiam por sua
panturilha, evidenciando suas pernas tonificadas, a cada passo seu pra
frente, a fenda lateral em suas vestes afalhava revelando o brilho das
hastes do calçado. Seus cabelos estavam arrumados com tranças meio
presas e mexas cacheadas em um tom de preto quase azulado. Sua
coroa era prateada, cravejada com pedras de Painita, uma grande lua
de diamante e duas pequena estrelas entrelaçadas. CAda joia era no
mesmo tom de seus imensos olhos azuis e seu rosto delicado.
-Lucina?!- indaga Karen juntamente a meu pai que exclama seu nome
assustado. A loira corre até a estranha a puxando para um forte
abraço.
-Meu amor, oi, como vai?- diz sorrindo ao apertar em seus braços a
irmã de minha amiga, como se a conhecesse a muito tempo. Lucina
dirige seu olhar para papai.- A quanto tempo, Jimmy. Quantas décadas,
o tempo passou para você.- fala rindo e meu pai vai até ela abraçando
sem jeito.
-Não tive a sorte de ser imortal, não é mesmo Lu?- diz sorrindo.- Mas
por que está aqui? Noelany me contou que Akemi está viva, o que quer
dizer que você mentiu para mim.
-Eu sei, mas naquela época, realmente acreditei que Mimi estava
morta. Você conhece minha irmã, Jimmy, o que a bixinha quer ela
consegue. Ela queria que todos achassem que estava morta, e foi isso
que aconteceu.- mamãe aponta para uma poltrona e Lucina
silenciosamente agradece e se senta de pernas cruzadas, como uma
verdadeira rainha. Que é o que ela é, querendo ou não.- Achei mesmo
que Abner a tinha matado, principalmente depois de descobrir que o
bebê que esperava não era do mesmo, e sim de um mortal. Sei que
minha irmã, assim como meu marido, foi torturada, mas com a ajuda
de Troy conseguiu fugir. Infelizmente Ari não teve a mesma sorte, ele
não resistiu as atrocidades que são feitas em Ketuyt, Navt e Rweiq.- a
mulher engole em seco, sei que a mesma fala de seu marido, o amor
de sua vida e pai de Amaya e Odin.- sua voz abaixa uma oitava.- Ele foi
atrás de mim e de minha filha. Achando tolamente que Noelany estaria
comigo.- Foi quando percebi que Mimi tinha razão, Noelany e Amaya
são poderosas demais juntas, o que colocava um alvo em suas costas.
Percebi...- Lucina engole em seco.- Percebi que as princesas estavam
em perigo em qualquer lugar se estivesse conosco ou em qualquer
reino celestial. Akemi foi tão inteligente... Entregou a filha camuflando
sua marca de magia e sua marca real, e entregou para uma familia
mortal, sendo criada como uma mortal. Descidi que eu deveria fazer o
mesmo definitivamente. Então quando Amaya tinha dezessete anos
mortais, o que seria oito e meio celestiais, a levei a um amigo.- ela olha
para Adam com um sorriso nostálgico.- Olá velho amigo Adam. A
quanto tempo que não nos vemos.
-Olá Lu, senti sua falta, vejo que todos os nossos esforços deram certo.
Fico feliz que nada aconteceu a pequena Amaya.
-Graças a você, meu amigo, tudo deu mais que certo. Minha filha
cresceu com a melhor familia que eu poderia querer, serei
eternamente grata, Cristal e Dylan.- seu olhar que estava em meus
antigos amigo, se volta para meu pai.- Mas o mundo precisava que as
primas crescessem juntas, ou então pelo menos vivessem no mesmo
ambiente. então pensei que a nova guardiã devaria ser alguém
proximo a familia de Noelany. Foi quando conheci Dylan e essa garota
maravilhosa, Cristal. Vi nela uma filha, e supus que ela seria uma otima
mãe. Durante os primeiros dez anos de Amaya aqui, fui muito presente
em sua vida, mesmo quando fiquei sabendo que antes mesmo de levar
minha filha para Cristal, Noelany havia morrido. O que era impossivel!
Como uma imortal poderia morrer como uma frágil humana? Foi aí que
recebi uma carta de minha irmã, ela avisava que os outros reis e
rainhas , o parlamento, todos haviam desaparecido. Na hora que li só
consegui me emocionar por minha irmã estar viva.- Lucina suspira
tristemente.- Marquei de me encontrar com ela... Fui eu que dei a
notícia da morte de Noelany, não tem idéia do quanto doeu. Mas para
Akemi era impossível, sua filha não podia morrer. Então chegamos a
mesma conclusão, Abner estava encolvido de alguma forma.
-Não temos notícia dele há anos, nem deles nem dos reis, que
chamamos de deuses.- fala uma voz doce que conheço muito bem.
Circe está parada na porta, com couro preto fosco do pescoço para
baixo. Uma grossa capa azul escuro cobria seu arco-flecha, e as duas
espadas em sua cintura, assim como as duas adagas em cada coxa. Seu
cabelo outrora na lombar, agora estava no meio das costas em uma
trança embutida que não deixava nenhum fio solto. Em seu peito havia
um simbolo, uma isígnia. Uma fenix em chamas, abaixo de uma estrela
que ficava acima de sua cabeça, dentro de um circulo de correntes de
agua, todo o desenho em dourado. -Oi tia Lu...- a pequena garota corre
para os braços da mulher.
-Oi minha pequena general! Continua a mesma princesa de sempre...
Sempre tão linda.- seu olhar se dirige a Deimos que a encara com os
olhos marejados.- Senti saldade meu pequeno confidente, meu filho
que não nasceu de mim.- Lucina o puxou para um abraço apertado,
repleto de saudade depois de soltar sua irmã.
-Eu sempre achei que nunca...- seu tom treme um pouco.- Achei que
nunca poderia de abraçar novamente... Não sabe o quanto estou feliz
por te sentir comigo. - ele aspira o cheiro do meu cabelo.- Não me
abandone de novo, por favor... Faça tudo, mas não me deixe de novo.-
meu coração se parte com sua fala. Como pude ser tão egoísta?
-Sei que não temos o mesmo sangue, antes de entrar por aquela porta
eu já sabia.- levanto meus olhos para os seus.
Meu irmão tinha de dentro de seu casaco uma fruta, rosada com
pontinhos dourados, sinto que a conheço de algum lugar...
Capítulos 27
-Naquele dia eu ainda não sabia sobre a ilha, para mim Dalit's era
apenas uma fruta a qual era proibida a tempos. O mais velho me
agarrou segurando meus ombros e disse essas exatas palavras: "Dalit's,
vá para Dalit's princesa!".- respiro fundo.- Foi exatamente isso que ele
falou, mas logo depois um mote de guardas apareceram e arrastaram
os três para a Grande Prisão Ilhada. Eles estavam sujos,eram fugitívos
importantes daquela prisão para qual retornaram.
-Meu filho!- ela o abraça, mesmo que exista centenas de anos entre os
dois, parece um homem de uns 23 anose uma mulher de no maximo
30 anos. Parecem irmãos.- Que saudade meu monstrinho!- a mulher
agarra as bochechas do filho as esticando até o mesmo soltar um
resmungo de incômodo.- Você está tão magrinho, andou comendo mal
não é mesmo?- Lucina cruza as mãos na cintura, seu tamanho
comparado a o filho é... Peculiar e engraçado no minimo.- Olhe
Deimos, está corado e roxechudo, era para estar assim, Odinter!- todos
ficamos surpresos com a mensão de seu nome.
-Fico feliz em te ver também, meu filho. Você achou sua irmã... Como
prometeu a seu pai que faria.
Odin encara a mãe, mas logo desvia o olhar focando em um ponto
atras de mim, junto ao meu irmão.
-Meu hamster?
-Meu capiroto!
-Eu não acredito que ficou sem se comunicar por um mês!- exclamou a
pequena quando tocou o chão com as pontas dos dedos.- Para que
serve uma ligação se não vamos usa-la?!
-Desculpe meu hamster, foram tantas coisa que você não tem ideia.- a
menor coloca a mão em seu ombro, o acalmando.
-Essa é o filhote de hamster.- fala Nora, minha mãe.- A gente chama ela
de Angel as vezes.- dos rimos menos a menor que revira os olhos.
-Essa é Angel LeBlanc, Lu.- explica Adam.- Minha filha mais velha, a
conheci a pouco tempo.
-Você não citou nosso beijo, fiquei triste.- diz Circe secando uma
lágrima imaginária.- Pera vocês não sabiam?- todos balançamos a
cabeça.- Esse anjinho já ficou comigo, com Deimos, Amaya, Wonder,
Lany, Marvin e com meu amorzinho também. Mas com ele foi só
fingimento.
-Angel...- ouvimos a voz de Marvin.- Você pegou minhas irmãs.- não foi
exatamente uma pergunta. Estava mais para uma afirmação cheia de
descrença e incredulidade.- E me beijou... E ficou com Deimos e Circe
que são... Irmãos?
-É cara, só falta sua mãe.- fala Deimos para o amigo que olha tudo
desacreditado.- A tia Lu é bem gost...
-Parabens Circe, você merece tudo isso. Até que enfim adimitiram esse
sentimento!- exclama abraçando os três.- Depois a gente pode...
Colocar em prática o que tínhamos conversado.- fala piscando um dos
olhos.
-Pode ter certeza que vamos testar isso um dia.- diz a loira com um
sorrisinho perveso.
-Mas você é!
-MÃE!
-Gente, sei que é muito bom esse clima de reencontro e tudo mais.
Porém temos que focar, temos que descobrir qual será o proximo
passo de Abner, temos que localizar Amaya, Mariel e...- engasgo um
pouco.- Destiny.
-Seja como for, Cristal e Dylan podem ficar com as crianças.- diz
Deimos.
-Não seja tolo, loiro.- Karen se pronúcia.- Tenho o lugar perfeito para
deixar todos esses cape... Anjinhos seguros. Deixem comigo.
-Ok então. Vamos fazer assim.- começo enquanto olho para eles.- eu
vou até o "pai", agora mesmo. Vou ver por que Mariel, Amaya e
Destiny não voltaram. Karen, Cristal e Dylan vão levar as crianças para
um lugar seguro, um lugar onde não seja possivel encontra-los.- eles
assentem.- Circe quero você em Abaddon, Deimos em Ninat vocês
serão meus olhos e ouvidos, Helena, estabeleça uma coneção entre eu
e Circe, e entre eu e o loiro. Odin e Angel vão até Keryt e Fortly,
encontrarei vocês lá, busquem informações sobre Dalit's LA, tudo que
vocês conseguirem. Marvin você ficará com papai e mamãe, Adam
você os levará para um lugar seguro. Rainha Lucina e Wonder, vocês
irão até a floresta, neste exato local. Lá entenderão o que deve ser
feito.- peguei um papel e escrevi a localização.- Quero atualizações de
todos vocês. Alguma objeção?- ninguém ao menos respirou.- Ótimo.
Vão!
×××
Talvez seja por causa das armas presas a mim, quando eu estava aqui,
o pai determinou que eu não deveria aprender a lutar, pois mandaria
uma visão errada aos anjos.
-Estou aqui para te ver pai.- fico sobre um joelho, fazendo uma
profunda reverencia. Há algo dentro de mim que grita que tem algo
errado, que isso está errado.
-Minha filha, quanto tempo.- o ser se vira e é então que noto o que
está errado. Suas feições puramente como qualquer imortal do Meio,
seu brilho que antes ofuscava minha visão, já não está presente.
Aquela melodia que transmitia paz já não é ouvida...
Ele deve ter visto algo em meu rosto, nunca fui boa em mentiras.
-Que bom que está aqui, é provavel que Destiny e Circe chegarão em
breve.- franzo o cenho com tal afirmação, eu deixei Circe encarregada
de vigiar Abaddon.
-Pai eu...
-Isso não é necessário, Noelany. Sei que sabe a verdade.- seu olhar
endurece ao mesmo tempo que meu coração despenca.- Sabe de suas
origens, não minta para mim, minha querida. Eu sou seu pai.
-Não, você não é.- solto antes mesmo de perceber e pensar no que ia
dizer. E é como se uma mascara caisse de seu rosto.
-É mesmo, não é? Não sou seu pai.- sua voz é capaz de resfriar todo o
calor que corre por minhas veias.- Seu poder despertou não é?
-Posso sentir.- o olho tentando entender como um ser tão "bom" pode
ser tão frio.- Mas sei que seu poderes despertaram quando encontrou
Deimos e Odin, assim como quando ficou cara a cara com Victtório
LeBlanc, as malditas pinturas daquele lixo imortal.
-Como sabe de tudo isso? Por que nunca me falou nada?- grito, não sei
em que momento fiquei com raiva, mas só percebo quando chamas
lambem meus dedos ao mesmo tempo que minha pele se arrepia.
-Ora, ora, se não é justo que precisava chegar.- olho para a porta vendo
Destiny com uma roupa branca e cinza, a mesma que estava da ultima
vez que nos vimos, e Mariel ao seu lado, ela segurava uma caixa de
onde respingava algum liquido.
-Não, tem que ser brincadeira.- olho para minha... Prima. Sua boca está
tampada por amarras de magia, suas mão foram presas nas costas.
-Eu. Não. Sou. Sua. Filha.- digo com um rosnado.- É você. Você é
Abner.- sua risada explode pela sala me causando arrepios.
-Por que começar uma vingaça sendo que você traiu minha mãe?- era a
primeira vez que eu usava essa frase se referindo a outra pessoa.
-Oh, ela acha que vamos começar uma guerra por vingança.- fala
Destiny, ou Rael, com uma gargalhada que me faz estremecer.- Não se
engane, Lanylany. A guerra já começou.- sua mão tira a tampa da caixa
onde tem cabelo, cabelos levemente dourados, com poucos fios
brancos, cabelos que eu reconheceria de qualquer lugar. Era a cabeça
de minha mãe mortal, de Nora.
-Eu te amo, mas amor é uma escolha, não uma necessidade, posso
muito bem viver sem você. E vocês dois morrerão pelas minhas mãos,
nem que seja a ultima coisa que eu faça em vida.- dito isso abro um
portal, ao chamar aquele poder que canta meu nome dentro de mim.
O homem que eu amava era filho do nosso pior inimigo, isso faz dele,
não só um traidor, por nos trair, mas faz dele nosso inimigo também.
-Lany, você está com cara de que encontrou o próprio diabo na sua
frente.- diz angel que recebe um olhar atravessado de seu amigo.-
Noelany, respira.- diz segurando meu pulso.
E então eu grito.
Não, eu não grito, eu rujo quando algo vital se quebra em algum lugar
dentro de mim. O gelo toma conta de minhas veias, porém não é
quente o que sai das pon tas de meus dedos. Em chamas prateadas,
fogo seca o caminho de minhas lágrimas.
Me levanto devagar ainda tonta com todo aquele frio correndo por
meu corpo, quando algo surge em minha cabeça, algo brilhando em
dourado. Uma coroa de ouro se materializou em minha cabeça, meus
cabelos foram soltos magicamente, liberando as mexas para se
mexerem livremente, a coroa era dourada com diamantes rosados em
forma de flores, rosas. Uma pedra em formato de sol, uma Opala
negra, com pequenas outras opalas.
Uma garotinha puxa meu sobre-tudo. Não devia ter mais que 5 anos,
seus cabelos cacheados e negros, faziam jus a sua pele escura,
destacando seus olhos de um violeta profundo.
-É você?- sua voz era infantil.- Você é a princesa que vai trazer meu
papai de volta?
-Eu...- Olho para aquelas pessoas que choram de alegria e choque, eles
não me olham com raiva, ou com rejeição. E sim com algo diferente.
Esperança.
-Vejo que a minha princesinha já não é mais uma menina.- diz uma voz
feminina. Viro meu rosto para poder ver quem é.