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Capa***

Sinopse: “Será que vale a pena jogar fora uma vida, por um único
momento?
Essa foi a pergunta que assombrou Noelany Lewis de 17 anos, que após
um evento traumático acaba cometendo suicídio. Esse livro não se
trata da história de sua vida, mas sim de sua morte.
Será que a morte é tudo o que vem depois?
Pela dor ela desistiu da vida;
Pela morte ela aprenderá a viver.”

Dedicatória: “Para todos nós, leitores, que olham as estrelas na


esperança delas olharem de volta.”

Titulo: Depois da minha morte.


Data inicial:07/02/22
Data final: ------
Autor (a): Eduarda Oliveira Coelho.
Prólogo
Eu não senti nada.
Eu não senti nada além do doce gostinho da morte. Olho minhas mãos
em um tom escuro de vermelho, vertidas em sangue. Instantes antes o
frio do revólver me incomodava, agora não mais.
Seguro minha mão em meu peito que sangrava, vários momentos da
minha vida passando diante de meus olhos. Quando meu irmãozinho,
Marvin de 10 anos, acordou do coma há dois anos, minha tristeza ao
ver meu sorvete de chocolate com menta no chão seguido pela minha
alegria de ver uma pequena garota loira vir e me dar o sorvete dela,
hoje minha melhor amiga Cristal. Ouvi sirenes e gritos distantes,
provavelmente de meus pais, vi a luz das lanternas se aproximando
enquanto fechava meus olhos lentamente.
Minha cabeça é erguida por alguém. Mamãe.
-Lany! Lany! Acorda filha, por favor. Abre os olhinhos pra mamãe, eu te
amo filha, me responde por favor!- suas lágrimas caem em cima de
mim, pela primeira vez em anos senti alguma coisa, dor.
-Senhora Lewis?!- ouço Cristal gritando.- Senhora Lewis... Lany?! Oh
meu Deus, Lany...- elas me cercam enquanto tento abrir os olhos.
Respirar se torna difícil, e a dor se torna mais forte ao ouvir gritinhos
agudos de Marvin.
-Lany! Por favor Lany, acorda! Lembra do que você me ensinou?
Desejar as estrelas os seus sonhos e eles serão atendidos? Eu fiz um
desejo Lany, que você fique bem, que fique comigo! Lany acorda! Abre
os olhos!- ele agarra minha blusa ao me abraçar fortemente. Seu
desespero era facilmente percebido pelas batidas aceleradas de seu
pequeno coraçãozinho.
-Princesa?! Princesa do pai... Por que fez isso? Por que está nos
deixando?! Acorda Noelany! Abre os olhos, princesa!- meu pai soluçava
de tanto chorar.
Aquilo tudo agitou algo dentro de mim que á muito tempo permanecia
parado, intacto. Meu coração estava parando, minha respiração está
escassa, finalmente toda a dor vai ter um fim.
Abro meus olhos lentamente, algo que exige toda a minha força.
-Des... Descul...pa mã-mãe, eu...-gruni ao sentir as mãos dos
paramédicos mexendo em meu ferimento.- Eu amo vocês...
-Lany! Você prometeu! Você me prometeu que um dia ia me aplaudir
no palco da formatura!- grita Marvin me sacudindo.- Você prometeu
que eu ia conseguir! Mas sem você?! Você não pode quebrar sua
promessa !- ele é segurado por meu pai. De repente sinto algo
molhando meu rosto, lágrimas... E dessa vez, elas são minhas.
Tentei dizer algo para ele, mas meu pequeno tinha razão. Prometi que
ia estar lá, e na primeira oportunidade o deixei.
-Nora.- chama meu pai à minha mãe, o mesmo estava fuçando minha
mochila.- Olha isso...
Meu pai entrega á minha mãe o meu pior pesadelo, os dois tracinhos
que acabaram com os meus sonhos. Sinto meu coração parar, minha
respiração estagnar, e vejo a vida sair lentamente de meu peito, que a
esta altura parou de subir e descer.
Meus olhos são abertos e estou de pé em frente ao meu corpo jogado
no chão, todos aqueles que eu amava e ainda amo, estavam em volta
de mim porém Marvin é o primeiro a ver o que tinha acontecido, ele
começa a gritar enquanto os médicos me pegam e colocam dentro da
ambulância. Entretanto não há mais jeito de me salvar, esse é o fim, e
eu não estou me referindo a história.

Capitulo 1**

-Noelany?- abro os olhos de súbito mas logo os fecho por causa da luz
incândecente a minha frente. Levanto lentamente de minha “cama”, se
é que posso chamar assim, dando de cara com Saylor.
-Saylor? O que faz aqui?- pergunto sem ânimo e com sono. Estou
cansada disso, sempre a mesma coisa, sempre que Saylor me acorda
de duas, uma; ou eu tenho que ajudar alguém, ou eu tenho que
“buscar” uma alma na Terra.
-Papai solicita sua presença no julgamento de Emma Payne hoje. E
mais tarde ele e nosso irmão querem ter uma conversa com você.-
típico, depois de quinze anos terrestres presa aqui, já me acostumei
com esse “hábito” do “pai” deles.
-Sei que não gosta, mas enquanto você faz isso, estamos procurando
os irmãos de papai. Eu não nasci humana mas...- a interrompo.
-Ok, Saylor, ajudando vocês me levará para o céu.
-Noelany... Sabe que é especial para papai, certo? Nenhum de nossos
irmão entende muito bem, mas você é inestimável.
-Ok, vou me vestir e logo estarei lá.- antes dele sair encosto em seu
braço.- Eh, valeu, eu só estou farta disso aqui.- digo, o ser assente e
depois some em um rompete de luz. Me levanto e sigo para o armário.
Saylor é um anjo, os filhos do “Pai”, seu grande exército celestial e
reluzente, não existe aqui anjo homem ou anjo mulher, apenas existem
anjos. Anjos, Arcanjos, Querubins e Serafins. Os bonzinhos, e existe
também os maus, os chamamos de perdidos, mas isso é história para
outro dia.
Aqui é uma espécie de limbo entre céu e inferno, algumas almas boas
porém manchadas, ou pessoas que acabaram com a vida de alguém,
que tenham pecado, esses passam por aqui, eles vem para cá e serão
julgados pelo trio. O “Pai” de Saylor, o Irmão e um outro ser celeste
chamado Espírit, esses três governam a milhares de anos desde o
desaparecimento de seus irmão e filhos, eles são conhecidos por sua
grande misericórdia e bondade, bom, disso eu prefiro não falar. Por
aqui, as coisas são simples, eles mandam em tudo e em todos, o “Pai” é
o dono da minha, da sua e da nossa existência. Eles controlam tudo,
como se diz, não cai uma folha se o Pai não quiser. Existiam outros
deuses, mas nada se sabe deles após a chamada grande transgressão,
o “pai” mandou queimar todos os livros que mencionavam este fato,
para que a paz prevaleça e não haja mais transgressores, como os
irmão do “pai”, e rebeldes como Lúcifer e seus anjos. Bom, não existe
informações sobre a grande transgressão dos deuses, apenas sabemos,
que o ‘pai’, Espirit e o outro ser decidiram o que era melhor para a
humanidade. Dizem as más línguas, que Pandora foi aberta e que o
‘pai’ apenas tenta esconder as consequências do ato dos outros
deuses.
Mas quem sou eu, para falar alguma coisa, apenas uma alma
manchada.
Uma coisa que aprendi aqui neste limbo peculiar, você pode controlar
sua vida, ou sua vida pode controlar você. Será que era assim, uma
escolha tão simples? Mas eu respondo, sim. Porque da mesma forma
que eu escolho viver, eu posso escolher morrer. Não falo de uma
história das milhares almas que eu já busquei ou já julguei, falo de
mim, eu decidi, eu escolhi isso. Até hoje pago as consequências.
-Flashback on-
16 anos atrás...
Olhei meu corpo jogado no chão... Espere, o que está acontecendo? Por
que eu estou vendo isso? Eu estou...
-Olá pequena criança,-disse um ser de voz tão harmônica que parecia
transmitir paz, algo que á muito eu não sentia.- Por que fizeste isso?
Por que acabaste com uma história tão bonita, filha?
-Bonita? O que tem de bonito na história de uma garota imunda como
eu?-o vazio está mais fundo que o normal. Meus olhos se inundam de
lágrimas não vertidas.
-Filhinha, tudo isso que aconteceu é ruim, foi ruim para uma alma tão
bela quanto a sua, mas você é minha escolhida, a princesa dos meus
olhos, a minha filha querida e amada. Por que deste fim a sua vida?- o
ser se aproxima e acaricia meus cabelos.
-Tu pai, não sabe de tudo? Nenhuma só folha cairá sem tua permissão?
Então por que eu? Por que diz que tanto me ama, sendo que permitiu
todo esse mal?- não consigo conter as lágrimas, o choro é como uma
libertação para cada afluente dentro de mim que se desfaz no meu
pequeno coração, que nada mais é que frangalhos.
Ele ia falar porém é interrompido por um outro ser alado e brilhante
com grandes asas resplandecentes.
-Papai.- diz sorrindo e o ser de luz sorri iluminando ainda mais o
ambiente, o qual eu não sabia onde se encontrava. Eles se movem e a
mão do, aparentemente, mais velho levanta a sua para a cabeça, do
que eu imagino ser um anjo.
-Saylor. Venha meu amor, conheça Noelany. Noelany, este é Saylor.
-Sua filha papai?
-Sim. Entretanto minhas crianças, não temos tempo agora.- o grande
pai virou para mim com sua expressão assumindo um ar de seriedade.-
Filhinha, sei que muitas são as suas duvidas, todas serão respondidas,
porém agora você colherá o que plantou, e mesmo sendo seu pai, sou a
própria justiça. – ele olha pra mim e sorrir nostálgico.- Choro todas as
vezes que isso acontece, que um filho meu não gosta do meu
presente...
-Presente?- o olho confusa.
-O presente como o nome mesmo diz, é um presente dado a você, que
apenas você escolhe como embalar. Só tens hoje, o ontem não volta e
o amanhã é incerto, não o possuem. O agora é um presente
entiquetado com vossos nomes, que vocês mesmos tem que embalar.-
diz o ser harmonioso e brilhante.
-Eu...Eu não entendo. Não era para mim estar morta?- indago confusa.
-Uma boa questão filhinha, venha. Vamos para casa. Aparentemente,
temos muito a conversar.
-Flashback off-

Penso eu em algo que eu observei em muitas das minhas idas a terra,


aquela garota, Anne Frank tinha razão. “Os mortos recebem mais flores
que os vivos, porque o remorso é mais forte que a gratidão.” Muitos
choraram minha morte, mas as mesmas pessoas nunca riram comigo
durante a vida.
-Filha?- chama o ser celestial que conheço tão bem, antes mesmo de
meus pés tocarem o piso perfeitamente polido do salão central do
limbo.
Nas laterais se encontram paredes vazias, sem quadro algum.
-Olá, pai.- falo ao chegar na sala de reunião. Por que tantas cadeiras?-
Mandou me chamar?
-Sim, sim. Venha, se sente filhinha.- aquele ser tão reluzente que nunca
pude ver o rosto gesticula para a cadeira próxima a sua. Me sento e
espero que ele comece.- Olha, filha chegou a hora de você ir a Terra.
-Eu já vou a terra variadas vezes, pai.- isso me confunde.
-Não filhinha, agora você vai lá cuidar de uma alma em específico, que
faz parte da sua família, de certa forma.- me empertigo. Como assim?
Isso não pode ser sério! Me levanto rapidamente.
-Não.
Não.
Não. Isso não.
Isso é muito pior do que ajudar crianças a se matarem.
-Por que não?
-Não. Não posso. Isso é um absurdo!- começo a andar pela sala.- O que
é isso? Você quer me castigar? É isso?!
-Não, filha você está entendendo tudo errado... Minha vontade é que
você veja...- o interrompo.
-Que eu veja o que?! Tudo o que eu perdi?!- respiro fundo me
acalmando.- Olha Pai, quer me punir, me puna. Quer me castigar? Me
castigue. Mas não queira agir como o salvador de uma causa perdida,
porque eu não posso ser salva.
O ser respira fundo, abaixa a cabeça, volta a olhar para mim, enquanto
uma nova melodia preenche o ambiente, diferente das outras vezes,
essa não transmite apenas paz, transmite também força e um quê de
mistério, como se ela não tivesse sido terminada. Porém a única coisa
que senti foi o frio de algo novo que não conheço.
-Filha, infelizmente não posso fazer nada, porque se eu pudesse,
nenhum dos meus filhos iria derrubar uma lágrima. Porque o meu
amor por vocês é infinito como a areia do mar, incontável como as
estrelas. Porém, todos vocês tem a chance de escolher. Não...Não
posso interferir nas decisões de meus filhos queridos. Se eu pudesse,
vocês nunca se machucariam.- ele se aproxima de mim colocando sua
mão confortante em minha bochecha enxugando minhas lágrimas. Me
afasto de sua mão, seu toque nunca me transmite segurança.
-Pai... Eu perdi tudo... Por que esfregar na minha cara?- detenho mais
lágrimas, detenho o pouco de dignidade que tenho neste lugar
estranho.
-Não quero esfregar nada na sua cara, tudo que acontece é por minha
permissão, eu tenho um propósito na sua vida, filha dos meus olhos.-
ele faz carinho na minha cabeça.
-Mas eu...- sou interrompida.
-Filhinha, Saylor e Destiny irão com você.- antes que eu possa me
perguntar quem é Destiny, ele se levanta e vem até mim me
abraçando. Relutantemente, aceito o abraço.- Minha pequena criança,
te amo tanto! Você vai entender o sentido de tudo isso.- Ele me
entrega um papel dobrado e reluzente.
-Pai...
-Papai. Que bom vê-lo, perdão mas precisamos ir.- diz um ser
desconhecido. Seu brilho era diferente, era perceptível. Não era algo
reluzente, era algo cru, franco e verdadeiro. Mas mesmo assim, lindo.
Sem dúvidas espetacular... E ainda tinha algo mais especial, eu apenas
não sabia o que era...
-Sim, vão minhas crianças. Que minhas bênçãos estejam sobre vocês. –
dizemos amém e ele se vira para Saylor.- Sabes o que fazer, certo?
-Sim, papai. Tudo será da forma planejada.
-Então vão, sentirei vossa falta. Ah, e Destiny.- os dois se encaram.-
Tome cuidado lá na terra, ou seja lá onde vocês irão.- ele se vira para
mim.- Nos vemos daqui um tempo filhinha.- uma lágrima dourada e
reluzente escorre por seu rosto. Algo estranho, nunca vi papai chorar.
-Tchau pai.- digo antes do portal se fechar.

****Capítulo 2
A escuridão e o cheiro pugente da terra me deixaram enjoada.
Uma das consequências de viver no limbo é não ter a visão limitada,
posso ver a escuridão que rodeia as pessoas, sinto o cheiro de quem as
pertuba.
No caso os demônios.
Sinto um aperto em meu pulso, Destiny.
-Noelany. Acorde, estamos no lugar certo?- aquele ser me encara, seus
olhos dourados parecem se mover, como um mar infreavel de fúria e
paixão, revolto em tristeza e mágoa aplacado pela alegria e felicidade
divina, e uma fina camada de névoa arroxeada ao canto, o que, percebi
agora, também existe no olho de Saylor, porém em - Noelany? Pode
me ouvir?- sua voz era grossa, diferentemente de Saylor, que eu não
consigo identificar, o que por algum motivo era ainda mais intrigante.-
Ora! Responda garota!- olho para ele com as sombrancelhas franzidas.
Por que a mudança de humor?
- Destiny? Que modo de falar! –ela se vira para mim.- Irmã?- olho
atordoada para Saylor.- Tudo bem?- aceno positivamente.- Este é o
lugar certo?
Olho para a grande casa que tanto mudou durante esses anos, antes
pequena e mal acabada, agora grande e expadida, com um lindo
gramado na frente, na garagem dois carros e uma moto, a casa era
branca acinzentada com bastante vidros de cor escura, atrás tinha um
jardim belíssimo com um piscina perto do canto onde tinha uma
churrasqueira.
Entramos dentro da casa e vimos os quartos, um quarto de casal, um
de hóspedes, dois de solteiro e um infantil com duas camas. Uma sala
muito bonita com uma estante.
Dig-don!
A campanhia toca.
-Nora! Atende a porta, amor!- grita meu pai. Um bolo se forma na
minha garganta; quanto tempo faz que não ouço sua voz? Uns 10
anos? Depois que morri, voltei uma vez e os vi no hospital, juntos, pois
a minha mãe estava grávida, e pretendia contar no dia da minha
morte.
-Já vou!- minha mãe aparece em nosso campo de visão, e posso dizer
que o tempo não passou pra ela, continua linda! Seu cabelo castanho
com um ou outro fio branco, sua pele morena clara tão jovem, suas
curvas acentuadas, mas o que mais se destacava em mamãe, era seus
olhos. Olhos de cor âmbar iluminavam seu rosto.
Ela abriu a porta e recebeu um casal com duas crianças, eles pareciam
familiar.
-Dona Nora! Que bom vê-la!- o homem diz, sua voz é semelhante á...
Oh, Deus amado!
É Dylan?
-Que saudades minhas crianças!- minha mãe os abraça e as crianças
abraçam suas pernas.
-Vovó!- exclamaram juntos.
-Meus amores!- ela os abraça.- Vamos entrem! Marvin chegará em
pouco tempo, disse que tem uma surpresa para nós.
-Vou dar um oi para o meu sogrinho lá na cozinha.- diz Dylan, ele dá
um beijo na mulher ao seu lado e segue rumo á cozinha.
Saylor olha pra mim e há algo como temor em seus olhos, algo está
errado.
-Irmã, papai te explicou o que devemos fazer?
-Não? Na verdade não entendo o que devo fazer.
-Oh... Novidade, papai sempre deixa as coisas para mim.- resmungou o
tal Destiny.
Papai, o meu, chegou na sala e logo cumprimentou a todos.
-Oi meus amores.- dá um beijo na cabeça de cada um dos pirralhinhos
que devem ter no máximo 8 anos.- Oi minha filha.- dá um abraço na
mulher ruiva que veio com Dylan.
-Ei tio Jimmy! Como vai o senhor?
-Vou bem Cristal, e você? Dylan insiste com a ideia do estacionamento
privativo, pelo que ele me falou.- ele rir, enquanto minha mão gela.
Era Cristal, minha melhor amiga. E Dylan, meu melhor amigo. Eles
tinham filhos... Eles são casados...
Eu... Não sabia...
-Sim, tio, continua com a mesma ideia! Lanie e Nouey ficam
estressados quando o pai começa a falar disto.- Cristal ri e sua risada
ecoa junto a um grito.
-Manaaaaa!!!!- segue por uma garota perfeitamente arrumada e igual
a mim. Em tudo, era a minha cara...
-Olá Wonder! Como Você cresceu!
-Que saudade Cris! E sim, cresci muito, faz meses que não te vejo!
-Pois é, tenho 15 anos! Vou fazer 16 esse ano, tudo tem que dá certo
nesse ano! Vou fazer vários exames para faculdades e vou fazer vários
concursos, tenho que ser perfeita!
-Oh, meu bem, tudo vai dar certo, você vai se sair muito bem. Assim
como seus irmãos você é muito inteligente. Você é maravilhosa, meu
amor.- minha mãe disse para ela, a olhando com um brilho nos olhos.
-Eu espero ser tão boa quanto Marvin algum dia. Quem diria, um perito
criminal na família!- todos riram. A aura daquela família era tão boa
que, por um momento eu senti mais falta que o normal.
Mamãe olhou para todos e sorriu.
-Ok, ok! Temos muito o que comemorar essa semana! Mas
principalmente hoje! Vamos terminar o almoço e esperamos Marvin
para almoçarmos com a família reunida!
Todos levantaram e foram fazer algo para ajudar, Cristal, mamãe e
Wolder estavam na cozinha, papai e Cris estavam na churrasqueira e as
crianças estavam brincando no playground, aparentemente, construído
para eles na casa de meus pais mais para o fundo do jardim.
Olhando tudo aquilo eu só conseguia pensar, que tinha algo no meu
peito que troveja quando vejo algo assim, poderia ser eu... Eu deveria
ter tudo isso...
Mas não é... E eu tenho que aceitar, foi escolha minha.

***Capitulo 3

Estão todos sentados em volta da mesa esperando meu irmão quando


a campanhia toca e mamãe sai para atender, encontrando Marvin
acompanhado com uma mulher.
-Olá meu amor!- minha mãe o abraça. Ela olha para a mulher ao seu
lado.- Olá, sou Nora. Nora Lewis. A mãe desse garotão.- a garota sorri e
retribui o abraço que Nora ia te dando.
-É um prazer conhece-la Sra. Nora, sou Karen Lexis.
-Oh, não me chame de senhora, me chame de Nora, apenas.
-Ok, vamos entrar.- disse Marvin.
Todos se sentaram na mesa.
-Pessoal, essa é Karen, minha namorada, e colega de trabalho. Ela é
irmã mais velha da Angel.- quem é Angel?
A campanhia soou. Karen murchou um pouco, parecendo não estar
satisfeita com a situação. Marvin abriu um sorriso radiante quando
uma garota entrou pela sala acompanhada de minha mãe. Ele se
levantou rápido e foi abraça-la porem ela fez sinal para que ele não
chegasse mais perto.
-Nem vem, se você me abraçar vai amassar as pontas dos meus livros!
Vou colocar no seu quarto.- disse a pequena garota, que sejamos
sinceros, não se parece nem um pouco com a irmã. Enquanto Karen é
loira, alta, bem arrumada, com corpo bonito, branca dos olhos verdes,
seu cabelo liso bem escorrido , foi puxado duas mexas frontais e presas
atrás por uma prisilha de borboleta, bem maquiada, usa roupas de
marca e bem justas, mas não indecentes; Angel é baixa em um nível
surreal, usa roupas masculinas, seu cabelo é bem desorganizado,
aparenta ser ondulado, mas não dá para saber pois ele está amarrado
em um coque, sua pele é bonita, bronzeada e bem dourada, seu rosto
com um formato redondo e fofo enfeitado por sua boca bem vermelha
mas aparentemente sem nenhuma maquiagem, e seus olhos
incrivelmente azuis adornados por um óculos meio torto. Elas
realmente são irmãs?
-Oi Karen! Quanto tempo que eu não te vejo!- diz Angel, indo abraçar
Karen.
-Moramos na mesma casa, Angel.- A loira abraça a irmã com pouca
animação.- Só que você nunca sai dos seus livros, sempre com fone de
ouvido, e anda desse jeito.
-Sempre agradável e receptiva, minha cara irmã.- sorri ao ver a
pequena revirar os olhos e sorrir. Ela vira e sobe as escadas com
dificuldade.- NONO! VOU SUBIR AQUI EM CIMA TÁ?!
-TÁ BOM!- respondeu minha mãe rindo.- Se apresse Marvin, vai ajudar
a filhote de hamster!
-EU NÃO SOU UM HAMSTER!
-Tem razão.- mamãe levou a boca a taça de vinho.- É um filhote.
Todos romperam em gargalhadas, dava para perceber o carinho e o
amor que minha mãe tem por essa menina.
- a garotinha olha para as crianças e depois olha para o grande espelho
da sala.- Mamãe disse que sou igual a ela.
Eu. Ela estava se referindo a mim, Saylor aperta minha mão, como se
me chamasse para ir embora.
-Eu não acredito, e não acho que seja verdade, eu nunca faria Marvin
sofrer como ela fez.
-Wonder…- a pequena falou baixinho no ouvido de Cristal, porém eu
ouvi mesmo assim.
-Você é minha irmã, ela não importa, ela não quis me conhecer.-
lágrimas silenciosas ameaçavam escorrer de meus olhos.- Vamos
começar a festa pessoal!
Todos seguiram para a área gourmet enquanto eu disparava para fora
da casa. Destiny estava me encarando, como se esperando uma
palavra minha.
-Vamos embora, isso não tem sentido.
-Irmã, estamos aqui para te ajudar.- Saylor põe a mão em meu ombro e
nos teletransporta para um lugar o qual eu nunca tinha ido.
Aquilo não era o limbo, era outro lugar…
-Este é o castelo de Novo Reino, feito de pedra da lua e diamantes,
adornado por lápis-azulis e prata celeste.- falou Destiny me olhando
profundamente. E aqueles olhos… Oh, aqueles olhos se movendo me
causava muita curiosidade.
-O que viemos fazer aqui?- pergunto.
-Fazer a transição.- diz o ser de olhos revoltos simplesmente.
-Transição para quê, exatamente?
-Nos tornaremos humanos, minha irmã.
-Como assim?
Isso era possível? Tem como?
-Sim, é possível Noelany. Por isso estamos aqui, iremos a Terra cumprir
nossa missão na forma humana. Usaremos algumas coisas, mas
teremos uma vida lá até fazermos o que nos foi destinado.- fala
Destiny.
-O que temos que fazer agora?
Os dois seres se olharam e depois me olharam receosos.
-Nós… Vamos ao inferno.

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Capítulo 4***

O inferno era pior do que eu jamais imaginei.


Havia corpos espalhados por todos os cantos, o cheiro repugnante de
morte e sofrimento subia às minhas narinas e me causavam náuseas.
Aquela era Morrier, a cidade das almas perdidas; apenas os que não
tinha salvação, que seu lixo era tão podre que nem o pai poderia
perdoar, iam para lá, um lugar escuro com grandes montanhas, sem
nenhuma planta, aqui não existe vida, a terra era marrom lamacenta
com sangue, no centro da cidade existe um grande lago com pessoas
sendo queimadas vivas.
Destiny agarra meu pulso e me puxa, uma bola de fogo atinge o lugar
onde eu estava, caímos um em cima do outro em uma parte de
grama…
Grama?
Olho para aqueles olhos dourados revoltosos que me encaravam com
demasiada curiosidade. E por um momento tudo parou, por milésimos
de segundos o tempo parou, porque naquele instante tudo que
importava era manter o contato visual com ele.
De alguma forma, naquele momento, com nós dois jogados ao chão,
Destiny parecia... Humano, tirando os olhos, pude ver além de sua
aura.
-Irmã! Está bem?- pergunta Saylor levantando de onde havia caído e se
aproximando de nós, ao mesmo tempo que o ser em cima de mim
rolava para o lado rompendo a bolha em que estávamos. Pisco
atordoada com o brilho de Saylor, o mesmo olha para longe e a
luminosidade aí seu redor diminuí, não, ele muda de cor.
-Saylor.- uma voz frutal, primitiva. Olho e vejo um grande dragão com
olhos carmesim cujo eles pareciam sangue, ao olhar para seus olhos
conseguia se enxergar num mar de tortura, fogo e caos. Em sua "pele"
havia várias escamas rochosas e resistentes, o dragão era horripilante,
conseguia-se ver que em todos os anos que ele tinha vivido foram
aterradores para quem estava a sua volta. Alguma parte fundamental
de mim cantava ao poder emanando daquele ser.
E foi então, que ele mudou, com olhos roxos parecendo lindas violetas
no campo, se transpareceu com a brisa suave que vinha das
profundezas daquele lugar infernal, ele era um macho alto, com o
corpo atlético que parecia acolhedor e protetor e com um sorriso
contagiante que exibia seu veneno mais letal, que acelerava os
batimentos cardíacos, onde ele estava o vento o seguia o fazendo cada
vez mais belo e cintilava sua presença, tudo o reverenciava, tudo se
curvava a sombra de seu poder.

Aquele ser pavoroso, que me deixou arrepiada dos pés a cabeça, se


dirige a Saylor.
-Pequena monstrinha... Quantos séculos que não te vejo.- ele vira seu
rosto olhando para um demônio se aproximando.- Olhe, querido, quem
veio nos visitar.
O outro macho, também alto e atlético porém mais branco e de
cabelos dourados e olhos negros. Ele se aproxima olhando Saylor como
se olhasse para uma caixa de lembranças.

-O que a fez vir aqui? No lugar de sujos e perversos?- enfim os dois


dirigem o olhar para nós.- Oh, trouxe companheiros? Quem são esses?

-Sou Destiny, e essa é Noelany, protegida do pai.

- Oh, sim. Sua fama ultrapassa céus...

-Quem são vocês?- pergunto.

-Eles são Odin, atual rei do inferno. E Deimos ele é...- Saylor parou de
falar. Não parecia confortável em dizer quem era aquele segundo
macho.

-Oh, deixe que eu mesmo me apresento irmãzinha.- frango o cenho


com seu modo de falar.- Sou Deimos, irmão de Saylor. Ela não gosta de
falar de mim, porque tem um irmão que escolheu, e ela não teve força
e nem mentalidade para escolher.

Paralisei ao ouvir aquilo, como assim?

-Não é bem isso...

-Podemos conversar no castelo?- pergunto, interrompendo aquela


conversa antes que fique mais acalourada.

Odin que até a pouco não tirou os olhos de Saylor, me olhou passando
a língua no lábio superior, deu um meio sorriso, e virou seguindo para
o castelo.
-Vamos monstrinha e companhia.

Entramos naquele castelo horrível, o cheiro de magia era pugente. Era


como se cada superfície daquele lugar cheirasse a maldade, com cores
escuras e muitas decorações horripilantes, o palácio de Morrier mais
parecia um lugar abandonado, não fazia sentido.

Nos encaminhamos até a sala de reunião. Notei que não havia


empregados, gente limpando ou cozinhando, nada, esse lugar era
morto...

Sentamos em uma grande mesa com 24 cadeiras. Sim, eu contei.

-Porque passou tanto anos sem vir me ver irmã?

-Você sabe que eu não posso vir aqui.- fala Saylor.

-E o que faz você, alguém tão importante e "pura"- dá uma risada


enquanto Odin gargalha ruidosamente.- vir aqui, com seres como nós?

-Precisamos de um favor em nome de papai...- ela não terminou.

-Não o chame de pai, porque ele não é seu pai!

-Meu pai e minha mãe não estão mais aqui Deimos, não posso fazer
nada.

-Você poderia ter o mínimo de consideração e parar de chamá-lo


assim! Você nem o conhece!

Odin, agora sério, virou para Saylor.


-E mesmo não o conhecendo, assim que algo deu errado você desistiu
de Deimos, desistiu de seus pais, de sua vida, das suas... amizades, e
correu para aquele que você nem conhecia.- fala com raiva

Saylor ignorou o moreno com força total.

-Cala a boca, Odin.

-Eles tem razão, Saylor! Só você não vê.

- Mamãe e Papai tinham sumido! O que queria que eu fizesse?


Simplesmente me revelasse ao único membro do céu que não
desapareceu?- gritou.

-Não, eu queria que você não fosse covarde o suficiente para se deixar
segar por uma porra de mentira!- exclamou Deimos.- Que você fosse
pelo menos um pouco parecida com nossa mãe, e não abandonasse a
única família que você tinha. Eu.

Deimos se levanta abruptamente, sai da sala e bate a porta com força.


Saylor balança a cabeça e segue atrás dele.

Tic.

Tac.

Tic.

Tac.

Interrompo o silêncio.
-Ok, não que seja da minha conta, ou que eu me importe com isso. Mas
tirem os sentimentos dos negócios. Vamos direto ao assunto.- digo.

-Ok, princesa.

-Meu nome é Noelany, me chame por tal. Agora é o seguinte, você vai
fazer a merda que te for pedido por que não queremos problemas.

-Vamos negociar Lanylany, não assino carta fechada.

-Vamos para o salão de magia, lá direi o que queremos e você logo


poderá realizar.

Me levanto.

-Ok, terceira a direita, quarta a esquerda, segue em frente e segunda a


direita. Se encaminhem para lá, vou chamar Deimos e Saylor.- o olho
com uma pergunta silenciosa em meu olhar.- Deimos é meu irmão de
certa forma, não assino nada se ele não estiver presente.

-Ok, só não me venha com essa sua merda emocional.

-Só pode a sua merda não é?

-Exato. Apenas a minha.

-Gostei da sua personalidade.- diz enquanto eu me encaminho para a


porta.

-Ela foi feita exclusivamente para você.- pisco o olho pra ele e sigo com
Destiny de acordo com suas orientações.
Capitulo 5

Chegamos ao lugar que nos foi indicado, o grande salão, que, pelo
deuses, era lindo. Nunca vi um lugar tão lindo quanto aquele,
totalmente destonante do resto daquele horrendo lugar, suas paredes
escuras como ébano contrastavam com as prateleiras de feijó claro,
cadeiras almofoadas com azul noturno, adornando belas mesas
esculpidas com detalhes em dourado e prata. 

Dou uma volta ao redor daquela sala, observando os livros, os frascos,


e plantas espalhadas por cima das mesas. ao passar do lado de um
carrinho de livros, avisto algo que me chama a atenção, atrás de uma
das estantes tinha uma cômoda com quatro gavetas, minha
curiosidade falou tão alto que eu abri a primeira, encontrando alguns
potinhos de tinta, pincéis e... Uma tabua aparentemente de madeira
de pinho, toda cravejada com desenhos e ao final duas letras, uma
assinatura.

A. C.

-Antes de cristo?- pergunto a mim mesma.

-Não. É o nome de uma pessoa, mas a história não é minha para


contar.- ele toma da minha mão e guarda,- Você não deveria mexer em
coisas que não são de sua jurisdição. Isso é amaldiçoado, você não teve
o senso de não mexer?

-Ei, eu não sabia! Eu só...

-Tome cuidado, aqui não é o Meio e não tem centenas de anjos para te
defender a hora que a princesa precisar. 

-Eu não sou uma princesa, e eu não preciso ser salva. Então você para...
-Ok, ok, só não banque a espertinha e se meta em problemas, eu não
sou sua babá. Aqui é Morrier.- diz e sai.

Destiny é uma criatura tão insuportável... Eu não entendo o que


ocorreu com ele. 

-Oh meus queridos, se sentem.- diz Odin acompanhado de Saylor e


Deimos, que tinha um olho roxo.

Todos nos amontoamos em volta de uma mesa.

-Bom, foi descoberto uma espécie de ameaça a vida de um humano,


ameaça a qual não pode ser detectada. O senhor apenas conseguiu
saber que é alguém relacionado a Noelany. E é algo que põe em risco a
existência do Meio. Apesa, do envolvimento emocional da Noelany,
precisamos dela para fezer isso funcionar, e também porque foi ordem
do senhor.- aquele ser tão calmo e suave, agora se embaralhava com
as palavras de uma forma constrangedora.

-Uhmm- murmura Deimos.

-Bem interressante, monstrinha. Uma história tocante Mas o que tem


haver conosco?

-Vocês sabem o que quero dizer.

-Não, Saylor, nós não sabemos.- fala Deimos.- Diga.

Agoras eles estava discutindo.

Olhei para Destiny que estava vasculhando a prateleira do canto


esquerdo do salão. o que ele estava procurando? Me levantei
discretamente e me encaminhei até ele.
-O que está fazendo?- dei um sorriso de deboche.- Quem é a princesa
agora?

-Garota, apenas vá se sentar.

-Então, assim, eu acho que Odin e Deimos irão amar ve-lo mexendo
nas coisas do Palácio...- vou me virando, porém ele agarra meu braço
com força o suficiente para deixar marca.

-Ser insuportável, apenas busco um ponto fraco, não temos certeza de


que vão aceitar nos ajudar, o que isso contribue para eles?- termina de
falar me soltando, aliso meu braço que ficou com uma marca. 

-Você é um ser escroto demais, qual o seu problema comigo?

-O problema?- ele me olha profundamente, e há raiva em seu olhar.

-É, antes você estava sendo razoalvel, mas agora está insuportável.- me
aproximo mais dele, peito com peito eu o encaro. Ok, eu não o encaro,
eu olho pra cima, porque nossa diferenã de altura é gritante.- Qual o
seu problema?

-Eu vou te dizer.- ele chega mais perto, sinto o cheiro de sua raiva.-
Porra nenhuma.- diz e sai me puxando. 

Anjos podem xingar? Desde quando?

-Então pensando desta forma. o pai achou...- ouvimos a voz de Saylor


quando nos achegamos a mesa. Logo puxo meu braço do aperto
daquele ser horrível.

-Puta merda, como você é chata. Odin, eles precisam ir a terra e se


infiltrar. Descobrir qual a ameaça entre pessoas.
-Exatamente, como diria minha mãe, o ser humano é incapaz de
guardar segredos, quando a boca não fala, o corpo grita.- digo.

-Ou seja, se tornar humano?

-Bom, basicamente é isso.

-Oh... Entendi.- responde.

-E aí? Vai nos ajudar?- indaga Saylor.

Odin riu e encarou o ser brilhante a sua frente.

-Sabe, eu posso até ajudar vocês, porém não posso deixa-los irem
sozinhos. Eu e Deimos iremos com vocês.

-De jeito nenhum, não quero o rei do inferno perto da minha família.-
nego veementemente.

-Lanylany, eu vou de qualquer forma, ou então... Vocês voltam ao pai


de vocês e pedem ajuda a ele, se bem que o velhote não conseguiu
salvar os próprios irmãos, quem dirá ajudar vocês, crianças.- sinto uma
raiva grande demais dentro de mim.

Ouço uma voz em minha mente, e outra, outra.


Acho que são cinco.
Não, são dez.
São 100.

Mal moto quando começo a gritar,e gritar.

Minha respiração fica em um ritmo apressado e meu coração acelera


ao mesmo tempo que me afasto da mesa.
-Irmã?- chama Saylor.

Sinto meu sangue ferver, várias imagens vem a minha cabeça. Coloco a
mão na cabeça, vozes gritam em meus ouvidos.

Gritam e gritam, tão alto que não percebo quando sou cercada por um
escudo invisível aparentemente feito de fogo.

-Noelany!- ouço a voz de Destiny.

-Irmã, pare!- Saylor grita, porém não entendo, não estou fazendo nada,
são essas vozes.

Até, que vejo as pontas de meus dedos em chamas, o calor e o escudo


vinham de mim.

Mas... Como?

Começo a gritar novamente e certo os olhos com força.

-Noelany.- ouço outra voz, porém essa eu não conheço, essa é como
muitas águas passadas, antiga como milênios atrás, e nova como o
renascimento, um mar de calmaria com uma tempestade de caos. -
Respire, faça o que eu disser.- faço de acordo com suas orientações.

-Respire, inspira, expira. Isso... Continua.- sinto sua mão no escudo.- Se


concentre no que estou dizendo, respire vinte vezes.

Inspira, expira...

Inspira, expira...
Inspira, expira...

Repito o que me foi dito as exatas vinte vezes, até que sinto sua
presença. Sua mão pousa em meu braço.

-Noelany, foque em minha voz.- já não escuto gritos.- Agora, abra os


olhos.- abri os olhos vendo uma mulher em minha frente.

Seus olhos castanhos lípidos e claros eram como um extenso oceano


marrom, que não escondiam que já haviam visto muitas coisas. Sua
pele era morena bem clara e seu cabelo de um tom marrom escuro
impactante.

-Olá, Noelany.- diz e encaixa meu rosto entre as mãos.

-Mariel?- chama Odin.

- Olá, filho.- ela me solta e vai até o rei do inferno e lhe dá um abraço
bem apertado.

-Mari, para, tá me sufocando.- ela o solta e se vira para mim.

-Pequena menina, seus poderes foram despertados... Parabéns.

-Irmã!- Saylor correu para me abraçar. - Fiquei muito preocupada, você


está bem?

-Eu acho que estou...

-Tem certeza que está bem Lanylany?- pergunta Odin.

-Tenho sim, obrigada.


-Podemos chamar um curandeiro para te examinar. Tem certeza que
está bem Noelany?- fala Destiny.

-Não é necessário...

-Então, em que posso ajudar vocês?- indaga Mariel.

-Pequenas crianças, essa é Mariel de Ninat, feiticeira real, e uma mãe


para mim.- Mariel olha com amor para Odin, e logo dá um abraço em
Deimos.

-Desculpa, mas eu sou o único que ficou perdido na parte em que ela é
uma humana, morta, com pendências, e agora tem poderes?!- Deimos
exclama chocado.- Tipo, isso é possível? Desde quando?

-Calma irmão, é confuso, mas acho que a resposta está no lugar em


que iremos.- diz Odin.

-Vamos logo com isso, precisamos cumprir a missão o mais rápido


possível.- Destiny se pronuncia.

Todos nós dirigimos até o centro onde o rei do inferno, com um estalar
de dedos um símbolo surge no chão.

Um grande círculo com uma estrela de 6 pontas, cada ponta era


adornada por um símbolo desconhecido. Todos demos as mão, logo
Mariel começou a recitar algumas palavras.

Uma forte luz tomou conta do lugar e então... Nada.

Caímos no chão de uma casa.


-Oh meu Deus!- exclamou uma voz ligeiramente familiar. Olhei em
volta notando pôsters de basquete nas paredes que tinham tons azuis
e nudes. Um estante de livros, uma cama de casal onde tinha uma pilha
de livros em cima, em uma das poltronas reparo em uma garota, não
uma, mas A garota.

-Meu Deus... Funcionou- fala Mariel.

Olho para a garota que não me lembro o nome, e reparo que estou no
quarto de Marvin, na minha casa.

-Oi?- Deimos fala meio confuso sobre o que deve falar.

-Quem são vocês?- indaga a garota hamster.-. Você!- aponta pra mim.-
Você é a irmã do Marvin! Mas pera, você não tava morta? Aí meu Deus
acho que enlouqueci.

Olho para Mariel, uma pergunta silenciosa em meus olhos.

-Precisamos de pelo menos um aliado aqui na terra.- responde.

-É normal terráqueos serem tão pequenos?- indaga Deimos.- Puta que


pariu, sua filha da...

-Se atreva a falar mais um insulto a minha pessoa seu ... LOIRO
OXIGENADO!- exclama Angel que tinha chutado entre as pernas do
irmão de Saylor.- Pode começar a explicar, se não eu grito!

Respiro fundo. Ok, vamos lá.

-Calma... É uma longa história.- digo de início.

Capitulo 6
-Ok, deixa eu ver se eu entendi. Você tava morta e reviveu junto com
essa trupe maluca, a fim de cumprir uma missão dada pelo "pai" da
loirinha ali.- fala- A dupla do terror ali, é o rei do inferno e o melhor
amigo do rei do inferno, esses dois com certeza se pegam no off, e ela
é uma feiticeira de Ninat, seja lá que porra for isso. Ok, entendi, mas e
ele?- aponta para Destiny.

-Ninguém importante.- respondo.- Ele é Destiny, filho do "pai".

-Enfim, eu acho que realmente enlouqueci.- passa a mão no rosto.- A


propósito, me chamo Angel, Angel LeBlanc.- pera, ela não era a irmã
da...

-Sua irmã não é a loira? Karen Lexis?- indago.

-Mesma mãe, pais diferentes.- responde.

-Ok, né.- digo.

-A conversa está boa, porém só uma dúvida, você vai se introsar com
sua família desse jeito? Noelany você tem a mesma aparência que
tinha a quinze anos atrás.- Meu Deus, nem pensei nisso.

-E agora? Preciso fazer algo...

-Posso colocar um encantamento para que ninguém te reconheça.- diz


Mariel.

Aceno em agradecimento e ela coloca o encantamento.

-Ok, o que faremos agora?- pergunta uma voz doce, me viro e me


deparo com uma garota de aproximadamente 17 anos, loira de olhos
claros, pele alva e aura brilhante. Era Saylor.
-Saylor?- ela sorriu e olhou para Deimos que em quase tudo se parecia
com a irmã.- Puxa, eu nunca imaginei vocês assim.

Olho para o canto do quarto e encontro Destiny.

Aqueles olhos dourados agora de tornaram castanhos bem claros,


ainda com aquele fogo enfreavel que apenas se você olhar bem
perceberá, seus cabelos eram de um castanhos muito escuro e seu
porte era extremamente alto.

-Vocês tem que me contar exatamente o que precisamos fazer aqui.-


digo.

-Ok, vamos conversar.- a voz rouca de Destiny é ouvida, e meu Deus,


que voz.

-Eu já percebi que vocês são meio tan-tan da cabeça, mas não achei
que tanto assim.- fala Angel.- Vocês tem que sair daqui, em poucos
minutos Marvin chegará aqui, ele foi fazer um lanche pra gente
terminar uns trabalhos para a faculdade, temos que treinar basquete
mais tarde, e dessa vez não tem Karen para distraí-lo. Minha irmã está
muito envolvida em uma conversa com Dindinha sobre o quanto ela é
perfeita em tudo.

-Monstrinha, a hamster realmente tem razão, temos que nos organizar


primeiro. O que seres humanos precisam para sobreviver aqui nesse
inferno que vocês chamam de lar?- pergunta Odin para Saylor que
apenas o encara como se nunca o tivesse visto antes. Agora me
pergunto se é algum tipo de padrão, garotas pequenas e médias, e
garotos com no mínimo 1,90 de altura. O que com certeza era menos
que o porte do rei infernal, que com seus cabelos pretos e olhos
castanhos escuros chamavam atenção mais do que seu visperino
sorriso. A loira pisca rapidamente ao voltar a realidade.
-Oh, sim, quero dizer- pigarreia- O que é necessário para não
chamarmos a atenção dos terrenios?

Todos nós olhamos para Angel, que se distraiu aparentemente olhando


para Saylor e Mariel.

-Angel?- a chamo.

-Puts cara, se eu não fosse hétero eu pegava você.- aponta para


mariel.- E você também loirinha.- ela olha pra mim.- Você não, porque
tu é irmã do meu mano, mas puta que pariu que gatas. Nada contra
vocês pedaços de mal caminho.- diz aos meninos que riem com seu
comentário.- Ok, gente vamos lá, vou ensinar vocês.

____________________________________________

E foi assim que no meio do dia fomos parar em um telhado. Mais


especificamente no meu telhado. Como não podíamos sair pela porta
da frente obviamente, tivemos que sair pela janela, agora tente
imaginar, uma loira que parecia uma princesa medieval, três
marmanjos de dois metros de altura, uma feiticeira do inferno, Angel
na frente da casa batendo o pé em forma de demonstrar sua presença
e seu tédio, e uma garota coberta de um vestido fechado da cor cinza,
com um coudre armado preso a sua cintura, parecendo uma mafiosa.
Pois é, éramos nós.

-Deimos seu infeliz, não sabe andar não?- Saylor sussurra gritando.
Olho pra mesma surpresa.- Que foi, em forma humana posso falar o
que quiser.

-Ok, né.- dou de ombros e olho para Odin que me escrutínia com o
olhar predatório e um sorrisinho lindo, que escorria maldade.
-Algum problema?

-Apenas apreciando a beleza de uma humana tão especial como você.

-Não sou especial.- digo simplesmente, é verdade, não sou especial,


não tenho nada demais, nem por fora nem por dentro.

Sou uma infeliz que tem pendências com algum demônio terrestre, e
por isso não posso simplesmente morrer, tenho que viver a eternidade
sendo testemunha de cada momento, cada dia, cada segundo e cada
ano que se passa, comigo sendo esquecida. Tudo isso por ter sido uma
imbecil, que não teve força para se sustentar emocionalmente, sempre
esperei que alguém me apoiasse, alguém me ajudasse, nunca entendi
que eu precisava, em primeiro lugar, me ajudar.

Lembro-me até hoje o dia em que estava sentada no telhado, olhando


as estrelas, minhas companheiras silenciosa, que viram cada parte de
minha jornada. Naquele dia mal notei Marvin se aproximar por trás de
mim, suas mãozinhas encostaram em meu ombro.

Flashback on**

16 anos atrás...

-Lany?

-Oi Marvin.- o abraço e coloco sentado em meu colo.-Como foi na


escola?

-Foi bem, o segurança do portão, Sr. Joshua Cooler, se não me engano,


perguntou de você. Por que faltou hoje?- sinto meu corpo estremecer e
meus olhos arderem à menção daquele nome. Meus braços e pernas
ficam arrepiados com o medo que assola meu interior. Disfarço com
um sorriso pouco convincente.

- Hoje tive que sair antes da aula acabar.

-E por que mamãe não está sabendo disso? Quando falei pelo telefone
com ela, parecia não saber que você estava em casa. Por que você tá
matando aula? É o Dylan de novo?- meu melhor amigo e minha paixão
secreta desde os 8 anos. Ele era apaixonado por mim e eu por ele, nós
dois já havíamos conversado sobre isso, mas... Não posso ficar com
ninguém. Não depois do que aconteceu.

-Não foi o Dylan, ele nem sabe disso. Eu só queria deixar todo o
estresse do colegial por um dia.

-Mas você tá mentindo, e sabe que eu sei disso. O que tá


acontecendo Lany, não mentimos um para o outro.- diz
aquele pirralhinho de 10 anos que tinha maturidade como muitos
adultos nunca tem durante a vida.

Dou um sorriso pequeno e o aconchego em meu abraço.

-Relaxa pirralho, você não precisa se preocupar comigo.- aponto para o


céu.- Tá vendo as estrelas?

-Não, virei cego noelany.- me olha debochado.

-Quando perde a língua não sabe porque.- digo rindo.- Sabe o que eu
faço quando eu quero muito uma coisa?

-O que?- aqueles olhinhos me encaram.


-Eu desejo às estrelas. E sabe um detalhe?- curiosidade e facinação
iluminam seu rosto.-Todos os meus sonhos são realizados, desde que
eu deseje às estrelas. Vamos tentar?

-Vamos!!!- juntamos nossas mãos e ouvi sussurros de palavras saindo


de sua boca.

Ficamos pouco tempo em silêncio.

-O que você desejou, Lany?- pergunta aquela voizinha docemente


infantil.

-Desejei que eu sempre possa te abraçar e apertar, apertar, apertar e


te esmagar!- falo o apertando enquanto o mesmo gargalha.- E você? O
que desejou?

Seu semblante caiu, mesmo que imperceptivelmente.

-Desejei que o que quer que esteja acontecendo aqui dentro...- colocou
a mão no lugar do meu coração.- Se cure, e que você sempre esteja
perto para me aplaudir. Pra me apoiar. Mas antes, você tem que curar
seu coração.- cequei as lágrimas silenciosa que insistiam em cair.

Flashback off**

Volto a mim ao sentir meu corpo cair em braços fortes. Olho em volta
em me deparo com Destiny me segurando em seus braços, olho para
cima e noto que caminhei até a beira do telhado não percebendo que
tinha acabado lugares onde pisar. Volto a encarar aqueles olhos,
precipícios cor de mel, onde até as pessoas mais santas e puras se
jogaria para ter um pouco de aventura.
Ele me colocou no chão lentamente enquanto os outros mal notaram
que tínhamos ido para o lado oposto do planejado. Nossos corpos
estão extremamente próximos, cada ponto em que nos tocamos
parece estar em chamas, sua mão direita em minha coxa coberta por
um vestido cinza fechado, sua mão esquerda em minha cintura, meus
dedos apertando suas vestes brancas. Seu coração batia
descompassadamente sob meus dedos. Sinto sua respiração quente
em meu rosto quando o inclino para cima, pois nossa diferença de 30
centímetros de altura não me permitia olhar diretamente naquelas
profundezas cor de mel. Seus dedos apertam minha coxa enquanto
fecho os olhos e solto o ar, muito tempo sem contato humano. Esse
tipo de contato.

-Onde tá a defunta e o bonitão?- ouço a voz de Angel falando com os


demais. Aquela redoma em que estávamos é quebrada ao piscarmos
os olhos aceleradamente, ouvindo os outros se aproximarem.

-Irmã?- chama Saylor.

-Calma monstrinha, Lanylany está em boas mãos.- responde Odin

-Devemos ir, Noelany.- diz me encarando com as duas mãos em minha


cintura agora. Assinto e me afasto, ao mesmo tempo em que Odin e
Saylor chegam a nossa frente. O sorriso do maior, escorria deboche e
seus olhos brilhavam como a lua cheia.

-Eu disse que ela estava bem, monstrinha.- ainda não entendi este
apelido mas tudo bem.

-Onde vocês estavam?- pergunta aquela voz doce da loira, que aos
poucos sorri como se estivesse entendo o que aconteceu.

Respiro fundo, olho para Destiny que me olha profundamente e dá um


sorrisinho de lado, o qual eu retribuo.
-Eu caí.

-Essa é a pior desculpa que eu já ouvi de alguém.- fala aquele demônio.


Por um momento posso imaginar como seu pescoço ficaria lindo ao ser
pressionado até asfixiar com minhas mãos como colar.

-Gente, se escondam!- Angel sussurra meio que gritando. Mariel


rapidamente recita palavras de um encantamento nos tornando
invisíveis.

Angel acena para meu pai que vem trazendo uma menininha no colo.

-Foi um prazer te conhecer Karen, você é muito bonita e... gentil.- diz
minha mãe a abraçando rapidamente.

-Volte mais vezes, nosso menino sempre foi muito pra frente, espero
que ele te chame mais.- fala meu pai encarando sua esposa com um
sorriso. Que me causa um pequeno sorriso de lado, meu pai conhece
minha mãe, e percebeu que ela não gostou de Karen Lexis.

-Foi um prazer conhecê-los, gostei muito de você, meu Marvinzinho me


avisará quando houver mais reuniões de...- olha para Angel com uma
cara nada amigável.- Família, apenas família.- ri falsamente.-
Brincadeira sogrinha.

Minha mãe aparentemente percebeu sua indireta, logo rodeou os


ombros de Angel e deu um beijo em sua bochecha.

-Então você não pode vir, meu bem. Afinal é apenas família.- ela deu
uma risada imitando Karen que não tinha uma cara boa.- Brincadeira
Karenzinha.- disse e olhou para Angel que me encarava querendo rir.-
Angel, quero que fique e faça seus trabalhos. De noite Wonder e
Marvin vão sair, quero que cuide deles.
-Fico sim Nono, só vou dar uma saída rápida para comprar alguns
materiais.

-Pensando bem acho que é melhor eu ficar...- a loira oxigenada é


interrompida por meu pai.

-Por favor, não deixe de seguir sua incrível rotina de exercícios físicos.
Foi um prazer conhecer você senhorita Lexis.

-Bom, nós também vamos embora que como é sexta é dia de arrumar
as coisas para amanhã, que é sábado, dia de brincadeiras na escola né
meu amor?- fala Cristal que estava abraçada com Dylan e com um
garotinho adormecido nos braços.

-Sim mamãe! Quero muito ir pra escola pra ver o Theo!- diz aquela
minúscula cópia de Cristal, tirando o cabelo que era loiro, eram iguais.

-É verdade, e temos que buscar Amaya na casa dos amigos dela.- diz
minha antiga paixão. Aparentemente Amaya é filha deles também.- E
não gostei nada desse negócio de Theo, quem é Théo gente?!

Cristal ri descontroladamente que acaba acordando o menor em seus


braços.

-Shiiii, calma meu amor, é só seu pai sendo ciumento com sua irmã
antes mesmo dela crescer.- de repente levanta a cabeça.- Será que ele
vai ser mais liberal com a irmã?

-Hahahaha! Claro que não.- diz Dylan sério.

-Bom, tchau Nora, tchau Jimmy!- se despede Cristal.

-Tchau filha, volte sempre e traga as crianças!- diz minha mãe.


Eles logo vão em direção ao carro enquanto Karen dá tchau a Marvin
que acena na janela.

-Bom, vamos entrar Nora?- pergunta meu pai a minha mãe que ainda
se encontrava abraçada a Angel.

-Vamos sim querido, volte logo meu hamster.- diz para a pequena.

Quando eles entram em casa Mariel desfaz o feitiço e seguimos dentro


de um carro para onde quer que Angel fosse nós levar.

Capitulo 7

Desta forma, às 19:00 em ponto, estávamos dentro de uma casa,


totalmente acabada e abandonada, no meio de uma floresta.

Porém o mais estranho foi o caminho para cá, dentro do carro havia
apenas 5 lugares, eu fui na frente, Mariel do lado esquerdo, Saylor no
meio e Deimos com Odin no colo atrás do banco de motorista que era
ocupado por Angel, a qual apenas ria. Descontroladamente.

-Olha aqui meu irmão, te considero e muito, mas eu tô sentindo um


negócio cutucando minha bunda.- diz Odin.

-É um cabo de adaga seu imbecil, algo que vai parar na sua garganta se
tu não parar de falar.- responde o loiro.

-Ihhhh, eu não deixava hein, senhor capitoto. Com todo respeito e


putaria... Enfim né, se comam.- fala Angel interrompendo aquela
conversa ridícula.

-Você fala comigo como se eu não fosse seu superior.


-Superior meu ovo, já lavei seu saco, idiota!- pera, eu ouvi bem?

-Eitaaaa! Fogo no parquinho!- exclama Angel.

Todos riram muito inclusive Saylor, que não tinha parado de encarar os
dois.

Para mim é meio difícil ficar rindo, eu acho que faz séculos que não dou
um sorriso. Sendo sincera, nem antes,  nem depois da minha morte, eu
tive motivos para ser feliz. Apenas motivos para fazer o que eu fiz, mas
o limite, foi os dois tracinhos... Aquilo acabou comigo, completamente.

Agora, se você está se perguntando onde estava Destiny... Ele foi no...
Porta-malas.

Não me culpe, ele quis ir lá. Depois do nosso "momento", nós não nos
falamos. Graças ao pai.

Volto a realidade com uma mão em meu ombro.

-Lanylany, a hamster disse que vamos ficar aqui por um tempo, mas
como está inabitável, humanamente falando, é claro, vamos fazer um
encantamento para transformar este lugar.- diz Odin.

-Hã... Claro.

Não entendi porque está me dizendo isso, eu não posso fazer nada.

-Quero que você e Destiny monitorem o perímetro, enquanto Angel


levará Saylor para pegar algumas coisas... Acho que são roupas. Não sei
para quê.
-Bom, você está vestindo uma roupa toda preta. Saylor e Destiny
parecem realmente anjos de branco, Mariel está com vestes de bruxas
do século XVI, eu estou com esse vestido ridículo e Deimos... Bom,
Deimos é estranho de qualquer forma.- respiro fundo ao ver o loiro
levando choque ao colocar o dedo em um amontoado de fios. Balanço
a cabeça.- Destiny?- chamo o moreno que me olha novamente com
aquele olhar profundo e misterioso que faz minhas pernas tremerem.

-Sim?- me encara como se eu fosse um E. T.- Ouvi a conversa, vamos?-


me interrompe antes que eu possa falar.

-Vamos.

____________________________________________

Angel

Entro na casa de Nono quando estão todos prestes a jantar. Saylor está
ao meu lado, passamos na minha casa para pegar algumas roupas, mas
preciso de umas coisas de Marvin também. Além disso metade do meu
armário fica aqui, apesar de não morar com Nono, sempre dormi no
quarto do meu amigo, desde pequena.

Lembro muito bem do dia em que o conheci, há quase dezesseis anos


atrás.

*Flashback on*

16 anos atrás...

Eu não aguentava mais, é muito chato dançar balé, se caso eu


soubesse dançar. Observo minha irmã mais velha, Karen, ela é uma
menina linda e maravilhosa. Delicada e leve em sua dança, ao
contrário de mim que peso o dobro do peso ideal e tenho metade do
tamanho indicado para uma garotinha de 6 anos. Meus cabelos são
arrepiados e não ficam certinhos no coque extremamente apertado
que minha mãe faz em nós duas todos os dias.

A professora de balé também é uma bruxa! Ela bate nas minha mãos
quando eu erro algum passo, o que acontece o tempo todo! Eu sou
péssima no balé, eu odeio balé! Mas o Sr. Lexis, diz que é feio uma
garota da aristocracia Londrina não saber dançar esse ritual do capeta,
que todos insistem em dizer que é uma dança "feminina e delicada" ,
mamãe diz que terei modos se eu fizer aulas. Se por modos ela quer
dizer, ódio por essa dança, ela está certíssima.

-Senhorita LeBlanc! A senhorita não está prestando atenção! Mais dez


piruetas! AGORA!- paquita do demônio.

Olho para ela e penso se caso meu pai me conhecesse ele me obrigaria
a dançar. E não, Sr. Lexis, como ele disse que eu devo chamá-lo, não é
meu pai. Graças a Deus! Meu pai é...

Bom, só sei que é o amor da vida da minha mãe, Adam LeBlanc.

Mamãe se casou com Jayson Lexis pouco depois de descobrir que


estava grávida de Karen, ela nunca gostou dele como gostou do meu
papai, tanto que quando Karen tinha 3 anos, mamãe fez uma viagem
para a França depois de terminar com Jayson e reencontrou Adam,
eles conversaram e se beijaram, eu acho, e assim ela ficou grávida de
mim! Porém quando Jayson ficou sabendo, ficou muito triste com
mamãe, disse que não deixaria ela chegar perto de Karen se ela não
me deixasse, com tudo que aconteceu, minha mamãe resolveu viajar
de novo, mas agora para um lugar bem longe dos dois amores, foi para
sua terra natal. MEU BRASIL! Foi lá onde eu nasci.
Mamãe ficou lá por 4 anos, até o dia em que o urubu chamado Jayson
Lexis, com sua paquita de satanás foram na nossa casa, o traste
convenceu mamãe a voltar e reconstruir essa porcaria que eles
chamam de casamento.

Mas Sr. Lexis nunca foi legal, só um pouco no início. Mas depois...
Karen me belisca, minhas mãozinhas estão cheias de marcas, e minhas
pernas também, pois o pai da minha querida irmã me bate todas as
vezes que eu como demais ou ofendo ela ou ele. O que acontece muito,
porque essa família é insuportável! A única coisa que eu gosto é de sair
todas as tardes da propriedade onde moro por uma passagem não
conhecida por minha "família", eu vou para uma espécie de  biblioteca
com um jardim na frente, sempre pego um livro e fico lendo.

-Senhorita Lexis, perfeita, isso! Maravilhosa coreografia! A senhorita


tem o jeito de uma Lady aristocrática. Sr. Lexis ficará estasiado com
seu desempenho.- a bruxa aplaude Karen, que delicadamente faz uma
reverência.

Reviro os olhos, não é que eu tenha ciúmes ou inveja de Karen, muitos


dizem que é isso que vai acontecer quando crescermos, ela será linda,
com seus belíssimos cabelos dourados, olhos verde cana e sua estatura
alta e magra. Sim, " uma verdadeira Lady, certamente". Apenas dou
risada, ela não é legal, ela me machuca, eu espero esquecer um dia,
porque acho que nunca vou perdoar ela e seu pai por me deixarem tão
triste.

-Senhorita LeBlanc, sinceramente, tenho pena de seus pais, Sr. Dianna


Lexis ficará extremamente decepcionada com sua falta de interesse e
rendimento, seu mais como sua irmã mais velha, se dedique ao seu
comportamento e o torne impecável! Pois é isso que se espera de você.
Não pense que não percebi, que não cumpriu seu castigo. Sua punição
virá minha querida, espere e ela virá.- sinto meu corpinho estremecer
violentamente. Ela é horrível, Jayson autorizou que a professora me
aplicasse uma "punição" sempre que fazia algo errado.

Respiro aliviada quando o motorista chega para nos pegar.

Chegamos em casa e corro para meu quarto, tomo um banho rápido


e desfaço meu coque, deixando meu cabelo de 1 metrô solto, minhas
mexas brancas se destacam, nasci com Piebaldismo que é uma
condição genética hereditária autossômica dominante. Ela pode fazer
com que a criança nasça com uma mecha do cabelo sem cor ou com
algumas manchinhas brancas pelo corpo, ou com os dois. Graças a
Deus nasci apenas com mechas frontais brancas. Se tivesse manchas,
Jayson me colocaria em um zoológico.

Coloco um shortinho preto que comprei na minha terra natal, e uma


blusinha preta também com um sol no centro e uma frase bem
brasileira:

"JÁ AVISEI QUE VAI DA MERDA"

Tenho dezenas de blusas e vestidos com essas frases, vou para o Brasil
sempre que posso, e apesar de falar Inglês, Espanhol, Francês e
Italiano, ainda prefiro o meu português.

Vou para a biblioteca assim que vejo Karen sair para a casa de uma
amiga fútil que ela tem.

Pego um livro chamado Os Miseráveis e vou ler no jardim.

Estava lendo quando uma sombra tampa minha visão.

-Oi menina.- diz uma voz de um garotinho.


-Oi menino.- digo parando de ler, o que detesto, quando eu estiver
lendo, me atrapalhe apenas se estiver morrendo, de caganeira.

-Qual seu nome? O meu é Marvin Lewis! Tenho 10 anos.

-E o quico?

-Quico?- seu cenho se franse.

-É O QUICO TENHO HAVER COM ISSO? Marcus...

-É Marvin.

-Isso, Marcelo, eu não tô pra papo.- dou um sorriso aí ver sua


expressão carrancuda.- Então, sai da frente paquito do diabo, que tu
não é transparente!

O menino me olha assustado porém depois começa a rir, bichinho


doido.

-Gostei de você.

-Que legal, te perguntei?

-Então, Angel LeBlanc, de 6 anos.

-Oxi, como tu sabe?

-Seu cartão caiu quando pegou o livro, vim aqui te entregar mas quis
fazer amizade ao ver sua escolha de livro.- minhas bochechas ficam
vermelhas.
-Ok. Senta aí Marcus.

-É Marvin!- damos risada e começamos a ler juntos.

*Flashback off*

Até hoje lembro deste dia, foi incrível!

-Angel?- ouço a voz de Marvin.

Olho e vejo ele carregando uma tigela de feijão de corda, o delícia! É da


minha terra!

Olho pro mesmo, porém seu olhar inquisidor estava em um ponto


atrás de mim. Saylor...

-Bom, Nono, essa é a ... -olho para a mesma esperando que diga seu
nome.

-Oi... Sou Circe de Abaddon. Colega de faculdade da Angel, estamos


juntas em um trabalho para daqui a três dias, e ainda nem comecei
minha parte.- ela fala docemente. Olho para ela que fica vermelha,
quem diabos é Circe? E que porra é Abaddon?

-Oh! É um prazer Circe, que nome diferente! Muito interessante. Sou


Nora e esse é Jimmy meu marido, e este aí é Marvin, meu filho e
melhor amigo de Angel.

-Minha irmã mais nova vai descer daqui a pouco, porque temos que
sair depois do jantar, temos uma festa para ir.- MERDA. Esqueci do
caralho da festa.

Dou um sorriso antes que Saylor, ou Circe, seja que porra for, fale.
-Say...  Circe só vai pegar uma coisa para terminar a parte dela no
trabalho, e eu vim me arrumar aqui.- dou um sorriso forçado.

-Isso mesmo, aliás, vamos Angel, quero ir logo para casa, quero curtir
amanhã com meu irmão.- esse anjo é um ótimo mentiroso.

-Calma gente, vamos jantar primeiro.- fala Nono. Lanço um olhar para
Saylor e assinto.

Nós sentamos na mesa Nono, Saylor e Wonder de um lado, meu pai na


testa da mesa, e eu e Marvin do outro lado. Todos comemos e
conversamos, rimos muito. No meio das risadas eu vejo como é bom
ver isso, nunca tive pai, ou mesmo mãe já que a minha sempre foi
ausente depois dos meus 4 anos, e nunca tive irmãos mais velhos que
não me machucassem, ou até irmãos mais novos para proteger. E
aqui... Aqui tenho tudo isso.

-Angel?- chama Marvin baixinho.- Vamos lá em cima, você tem que se


arrumar logo.- assinto e nós seguimos para o segundo andar.

Entro em seu quarto e vejo de cara minha pilha de livros. Meu caderno
e notebook em cima de onde tem seus livros e canetas. Minha bolsa
está em seu armário junto com a sua, minhas roupas estão em seu
closet em cabides e dobradas em gavetas.

-Sua toalha já tá lá no banheiro junto com a minha, só vou me vestir,


seus perfumes tão lá também, eu tirei daquela gaveta para colocar
suas lingeries.- meu rosto pega fogo quando ouço suas palavras.

Sou bem corajosa, mas cara, ouvir seu melhor amigo que com certeza
já transou com sua irmã mais velha, falar de suas lingeries com você, é
estranho pra cacete, pode crê.
-Ok, vou tomar banho, entrei no banheiro, me despi e fui para o
chuveiro. Peguei meu shampoo que estava ao lado do seu, lavei bem
meu cabelo, faz quase uma semana que não o lavo. Meu cabelo era
bem grande, um metro e vinte de cabelo.era ondulado meio liso.
Enxaguou ele e percebo que a minha máscara ficou na prateleira mais
alta, a qual eu não alcanço.

-MARVIN! VEM PEGAR AQUI PARA MIM!- grito de dentro do box após
pegar o roupão. Não sou idiota a ponto de chamá-lo aqui estando
pelada.

Ele estaca na porta do banheiro, seguro as pontas do roupão, pois a


fitinha que o prende não está aqui.

-Marvin seu sonso, pega aqui pra mim!

Ele pigarreia e logo entra no box para me ajudar, quando pegou a


máscara sem o mínimo esforço, a prateleira maior soltou um dos
pregos, corri para ajudá-lo. Tento alcançar para segurar mas só consigo
apoiar suas mãos e segurar os outros potes que quase caíram em
minha cabeça.

Estamos exatamente próximos, sua respiração está superficial.

-Angel...- sua voz está rouca.

-O que?...- sussurro.

-Seu... Seu Roupão...- no momento em que ele fala eu percebo o que


fiz, quando fui ajudá-lo nem percebi que soltei as duas partes do
roupão, que quando estendi as mãos, ele abriu, deixando a mostra,
tudo que não deveria.
Meu amor, eu sou uma gostosa, sou pequena? Sou. Mas o que eu
tenho de pequena eu tenho de gostosa. Mas toda a minha autoestima
pareceu sumir. Eu não estava tão depilada, meus seios eram lindos,
meus nenéns, minha cintura era fininha, não havia nada daquela
garota de dezesseis anos atrás. Mas mesmo assim.

Como estava com as mãos cheias de coisas, não podia fechar o roupão.

-Puta que pariu.- foi a única coisa que ele disse antes de
acidentalmente soltar as prateleiras.

Capitulo 8

Estamos caminhando no centro da floresta que cerca a grande casa


que vamos ficar.

-O que aconteceu?- ouço a voz de Destiny.

-O que?- fico confusa com sua pergunta.

-Tipo, o que aconteceu mesmo Noelany. O que aconteceu que motivou


você acabar com sua própria vida?- respiro fundo e penso que ele
poderia me ouvir e apenas ficar em silêncio.

-Bom, quendo se tem dezesseis anos e um monte de sonhos, você acha


que pode tudo, principalmente quando tem o mundo te apoiando. Mas
a vida é como o mar, existe dia que ele está calmo, e existe hora que
ele apenas nalfraga cada barco presente em sua extensão.- digo
começando a história.

*Flashback on*
16 anos atrás...

Era meu último primeiro dia de aula. Terceiro ano do ensino médio, eu
tinha uma família perfeita, meu irmão maravilhoso, meus pais que se
amam, minha melhor amiga de séculos e meu melhor amigo, que
também era apaixonado por mim, e sim, eu também era apaixonada
por ele.

- MÃE! VOU PARA ESCOLA COM O DYLAN E A CRISTAL!- grito da porta.

-BOA AULA FILHA!- responde mamãe.

-Posso ir junto?- indaga Marvin com olhinhos brilhantes.

-Não, hoje é um dia especial. Nosso trio vai fazer algo especial só para
nós três.- digo saindo.

-TRAIDORA!- dou risada de seu jeito de falar.

Logo encontro Cristal, já que crescemos na mesma rua, e Dylan nos vê


assim que cruzamos a esquina. Ele me dá um abraço e um beijo no
canto da boca, como sempre. Ele dá um abraço em Cristal e um beijo
na testa. Seguimos para a praça do bairro residencial onde morávamos,
lá tinha uma pequena ponte chamada "Ponte do amor eterno", todo
casal ia lá para colocar um cadeado com suas iniciais, este ato
simbolizava o "amor eterno" entre ambos.

Cristal, Dylan e eu decidimos colocar nossas três iniciais juntas.


Fechamos o cadeado na grade da ponte com grande entusiasmo, Cris
foi tirar foto, e logo Dylan chamou minha atenção.

-Lany, olhe só.- me mostra um cadeado azul escuro com "N+D"


gravados. Meus olhos se enchem de lágrimas quando nós dois juntos
grampeamos o cadeado azul.
Nos abraçamos e nos beijamos, sendo aplaudidos por todos os
visitantes da praça.

-Como vocês são lindos! Super shippo! Se casem logo por favor!?-
exclama Cristal.

-Para Cristal.- fala Dylan e se separar de mim.

-Bom é legal e tudo mais, mas eu com certeza fiz um com você Lany.-
fala e mostra um cadeadinho com vários corações vermelhos em um
fundo branco. "N+C".

-Eu amo vocês demais!!- grito eufórica.- Esse vai ser o melhor ano de
nossas vidas!

Vimos que o horário já estava apertado então fomos para a escola, os


dois chegaram primeiro pois precisei comprar um suquinho de
maracujá para tomar antes da aula.

Chegando na escola eu fui barrada por um dos seguranças.

-Desculpa senhorita, mas não posso liberar sua entrada imediata na


sala de aula por já ter passado os quinze minutos de tolerância do
colégio. Perdão, mas perderá a primeira aula.- vi que o cara era novo
então apenas relevei.

-Olha senhor, eu não sei se nós conhecemos, mas eu cheguei só dois


minutos atrasada.

Ele olha para um lado e para o outro e diz.

-Sou Joshua Bell, novo segurança aqui do colégio. E pelo visto você é do
terceiro ano... Vamos fazer o seguinte, vou deixar você entrar sem
ninguém saber.- ele me olha cúmplice de brincadeira.- E você fica me
devendo uma.
-Ok, sim senhor!- faço uma reverência.- Obrigada, e meu nome é
Noelany. Mas me chame de Lany, todos me chamam assim.

-Vou te chamar de senhorita Lany, para diferenciar, pode me chamar


de Josh.

Ficamos conversando até que minha professora vem me buscar, a


chamado de meu novo amigo Josh Bell.

- Ok, Josh, foi um prazer te conhecer. Tenho que ir, tchau!- ele pisca
para mim e vou direto para minha sala.

Cinco meses depois...

Era hoje! Meus pais foram viajar, meu irmão está na casa de um colega
até o próximo final de semana e Dylan vem aqui em casa!

DYLAN VEM AQUI EM CASA!!

Estou tão feliz, estou em casa sozinha, e o garoto que eu gosto vai vir
aqui daqui há três horas exatas!

Comecei a procurar uma roupa perfeita no mesmo momento. Era o


mesmo processo.

Colocar, tirar.

Colocar, tirar.

Colocar, tirar.

Nada estava ficando bom.

A campainha soa pela casa, quem será? Desço rapidinho e abro a


porta, me deparando com Josh. Estranho isso, pois nunca disse me
endereço para ele. Por que estaria aqui?
-Oi Senhorita Lany, tudo bem?

-Oii, como sabe onde eu moro?

-Nossa, nem me cumprimenta.- sinto meu rosto corar. Como fui rude.-
Você me disse em uma das nossas conversas.

Não me lembro de ter citado onde morava em nenhum momento.

-Desculpa se agi mal, é que me pegou de surpresa. O que faz aqui?

-Estava passando por perto, resolvi vir tomar um café com você. Seus
pais ou seu irmão estão em casa?- indaga olhando para dentro.

-Não, meus pais estão viajando e meu irmão não vai vir para casa até o
final de semana.

-Então tem a casa só pra você?

-Sim! Mas daqui á algumas horas Dylan vai vir aqui para comermos fora
e depois ele vai dormir aqui!!- digo eufórica.minha alegria contagiava
qualquer um, eram muito sorrisos, porque eram muitos motivos para
ser feliz.

-Pelo visto você está procurando uma roupa né?- assinto rindo.- Posso
entrar? Faço um café enquanto você escolhe, vou embora antes que
ele chegue.- eu o olho sem graça de recusar, não queria que ele ficasse.
Era meio estranho, mas não posso fazer isso com um amigo.

-Claro, entre.- abro espaço e ele entra.

Mal percebi o que tinha feito, ele havia entrado, e eu estava em perigo.
Só não tinha entendido.

Subi para meu quarto depois de lhe apresentar a cozinha. Estava


provando um vestidinho lindo! Era meu preferido, ainda não tinha
usado, meus pais tinham comprado para mim em uma de suas viagens.
Era um vestidinho de manga curta, longo e florido, com uma fenda
pequena no lado esquerdo. Dou um sorriso que iluminou o quarto,
achei o vestido certo.

A porta é aberta abruptamente.

-Ei, vim ver se você terminou.- meu coração acelerou, vi isso em um


filme, e não gostei do final. Franzi o cenho em confusão, o que ele
estava fazendo aqui?

-Eu... Já vou descer, vou só escolher um casaco e uma sandália.- digo


esperando que ele saia. Ele assente e sai do meu quarto, respiro
aliviada e dou um sorriso sem graça quando vejo o que estava
pensando de Josh. Meu Deus, ele nunca faria isso.

A porta é aberta novamente, porém bem devagar. Josh entra e se


encosta na porta. O mesmo portava um sorriso

-Eu já disse que vou descer daqui a pouco.- falo e minha voz dá uma
pequena falhada. Seu sorriso fica maior.

-É que eu andei percebendo, você é muito bonita Noelany, você tem


um corpo lindo também, quase adulta.- aquilo me deixa
desconfortável. Nunca pedi sua opinião sobre meu corpo.

-O que você tá fazendo?- pergunto sentindo um pequeno desespero ao


vê-lo se aproximar demais.

-Apenas aproveitando uma oportunidade de mostrar o meu amor,


Lany.- diz e logo me agarra.

Eu tentava sair de seus braços, mas não consegui, eu o chutava, eu o


mordia, porém seu porte era bem maior que o meu.
-Shiu! Cala a boca! Pare de lutar! Você não vai conseguir se soltar.- diz
ao me jogar em minha cama e subir em cima de mim.

Suas mãos vageiam em meu corpo, não consigo parar de chorar, ele
agarra meu vestido e o rasga na altura dos seios. Olha para meu sutiã
de florzinhas rosas e sorri, um sorriso como todos os outros porém
agora esse escorria maldade.

-Tudo isso para mim? Que lindo, eu também te amo Lany, você é a
princesa do tio.- fala ou tentar me beijar, luto com ele, de todas as
formas que consigo, entretanto, no final ocorre o inimaginável. Ele tira
minha calcinha e concretiza o ato.

Dói tanto, isso era para ser especial, era para ser bonito e com alguém
que eu amasse do fundo do coração.

-Eu te amo minha princesa.- de repente sinto um tapa na cara.- Diga


que me ama, FALA!

-E-eu t-te a-amo...- digo chorando quando ele aumenta o ritmo, como
dói e arde e... Meu Deus.

Quando Josh termina, se levanta e veste a calça.

-Não conte a ninguém, porque como já te contei, tenho uma arma, e


não me importaria de usar em você ou em sua família. E mais, ninguém
vai acreditar em você.

Dito isso, ele vai embora, ouço a porta da frente se fechar. Olho para
baixo e vejo sangue. Me levanto sentindo muita dor, e arrumo tudo aos
prantos, nunca imaginei que no melhor ano da minha vida eu estaria
encobrindo uma cena de crime.

Pego meu vestido que agora odeio, aliás restos dele, e termino de
rasgar, pego as roupas de cama e coloco do lado de fora do quarto.
Olho para minha roupa chorando aí ver seu estrago, vou ao banheiro e
tomo um banho rápido, faço um coque e coloco um vestido qualquer.

Pego os restos de vestido junto com os lençóis e levo lá para baixo,


jogo o vestido fora e coloco as roupas de cama na máquina. Deixo tudo
como se não tivesse acontecido nada.

Olho no relógio e vejo que faltam dez minutos para Dylan chegar, poxa,
eu não quero sair de casa.

A campainha tocou quando eu estava me aconchegando no sofá, liguei


a televisão e coloco uma série triste, comecei a chorar, mas não era por
causa da série.

-Oi, oi, oi princesa linda!- cumprimenta Dylan, corro chorando para o


abraçar.- Por que você tá chorando minha princesa?- minha pele se
arrepia quando ouço o apelido.

-Eu tava assistindo uma série ali, e fiquei emocionada demais com o
episódio. Vem entra.- digo o chamando.

-Calma, eu vou primeiro antes de tudo te pedir uma coisa.- ele pega
uma caixinha na mochila e abre me mostrando um anel lindo demais,
era dourado com uma pedrinha rosa.

Essa pedrinha mostra suas emoções de acordo com a cor. Preto é com
raiva, roxo é triste, vermelho é apaixonada, amarelo é alegre, verde é
com fome, azul é esperançosa e branco é em paz.

Meus olhos se enchem de lágrimas, eu não mereço isso.

-Você quer namorar comigo?- seus olhos brilham quando olham para
mim. Eu o amo, e é por isso que fiz o que fiz.

-Não. Eu não posso Dylan.- digo e seu sorriso some.- Desculpa, é sério
eu te amo, mas não posso aceitar...
-Tudo bem, mas pelo menos fica com o anel. - diz enquanto pega sua
mochila de volta.- Acho melhor eu ir embora. Tchau minha princesa.

-Me chama de Lany, prefiro quando você me chama assim.- sua


postura murcha um pouco mais. Ele assente e vai embora. Assim que
fecho a porta deslizo nela até o chão.

Meses depois eu continuava lutando, mas agora cada luta minha


acontecia nos passeios, no banheiro feminino, e as principais, as que
eu não lutava contra aquele monstro, eu lutava contra mim mesma,
todas as noites. Cada vez que eu queria ou tentava terminar com
minha vida, eu me lembrava que um dia iria passar, eu iria sair dali e
iria crescer longe daqui.

Ele sempre dizia que me amava, e eu aprendi no maternal que a cor do


amor é vermelho. Não me dei conta até ver que não é normal ter amor
escorrendo de cortes abertos em meus pulsos.

Era um dia depois do meu aniversário de 17 anos, como sempre


Marvin que antes ia para casa, agora vai para uma biblioteca perto de
casa e eu fico em casa sozinha, após a "visita" de Joshua pego minha
bolsa coloco a arma dele que peguei faz alguns dias, depois que fiz um
teste de gravidez que deu positivo, coloco meu caderninho que ganhei
de Cristal no primeiro dia de aula e sigo para uma floresta perto do
meu bairro.

Chegando lá escrevo mais algumas coisas no diário, o tranco, coloco


dentro de uma sacola, fecho e enterro. Pego a arma e aponto para
minha cabeça. Depois do disparo vejo apenas preto.

*Flashback off*

-É foi assim que terminou em choro, o que começou com sorrisos.-


digo sem emoção.
-Eu... Sinto muito... Você não está chorando, é como se não tivesse
acontecido.- fala Destiny com a voz embargada.

-Tem uma hora, que dói tanto que você não chora.- digo, porém existe
um grito em minha garganta, um grito que implora para sair, para ser
ouvido, implora por justiça.

Por que acabei com minha vida?

Eu deveria ter lutado mais, eu teria conseguido. Mas fui fraca. E hoje,
hoje me odeio por isso. Eu deveria ter falado, se não acreditassem, eu
deveria ter gritado, se não me ouvissem, eu deveria ter quebrado
coisas, mas com certeza deveria ter feito algo. Se minha mãe não
acreditasse, eu falaria com meu pai caso ele não acreditasse, falaria
com meus avós, se eles não acreditassem, eu falaria com os
professores, se eles não quisessem acreditar também, eu falaria com a
polícia, ou com o jornal. Mas eu deveria ter falado, ou gritado, não
importa, eu teria sido ouvida. Nunca devemos desistir. Eu não falei, e
agora estou morta, não posso mais falar, mas pelo mundo existem
diversas crianças, sejam garotas ou garotos que passam pelo mesmo, e
ficam caladas. É difícil, e dói, dói tanto que você acha que vai morrer,
mas nada se cura sem a dor.

-Eu... Já fui humano.- revela Destiny.- Fui humano e era... - pigarreia.-


Tive uma profissão muito ruim e matei muitas pessoas dezenas de
pessoas, não sou anjo, estou quase em formação já que fazem cem
anos que estou ajeitando minhas pendências.

-Você estava no Meio antes do sumiço dos outros deuses?- pergunto.

-Sim, e acredite, não foi um sumiço qualquer.

-Me conta... Eu quero saber tudo, nunca me importei muito com coisas
relacionadas ao Meio. Mas... Quero saber.
-Bom, vamos fazer assim, eu sou proibido de contar qualquer coisa
sobre isso, foram épocas sombrias.- ele respira fundo.- Vá ao meu
quarto hoje depois de todos estarem dormindo, aí conversamos.

-Ok, combinado, acho melhor irmos. Terminamos de olhar tudo.


Vamos?

-Vamos.

Capitulo 9

Angel

Estou no closet terminando de me arrumar para sairmos, Marvin está


limpando o banheiro o qual ficou cheio de cacos de vidro.

Não conversamos sobre o "incidente". Mas que porcaria, isso é uma


idiotice. Não foi nada demais.

-Pronta para partir?- pergunta o traste que eu chamo de melhor amigo


entrando no closet.

-Sim. Vamos?- peguei a pequena mala de roupas que organizei com


peças de Marvin e minhas.

Me olho no espelho uma última vez, é eu estou certa, sou maravilhosa.


Minha pele está meio bronzeada, mas sou bem branca, igual papel.
Meus olhos são castanhos bem escuros, muitas vezes é confundido
com preto, sou pequena para os padrões brasileiros, londrinos,
americanos e franceses, tenho 1.50 de altura, e não me culpe, mas o
que me falta de tamanho tenho de gostosura, meus seios são de
médios para grandes, minha bunda é linda, vou te falar até eu me
pegaria, minha cintura é fininha, mas não sou extremamente magra,
sou roliça, tenho coxas grossas e bonitas, meu cabelo é castanho
escuro com duas mechas frontais brancas, características do
piebaldismo, e uma eterna marca de meu pai, o qual eu não conheço.
E sim, eu tenho vontade de conhecê-lo, tenho planos de quando
terminar o semestre ir á Paris, para encontrá-lo.

Minha roupa é uma calça jeans folgada apertada na cintura, com um


cadarço amarrado em lugar de cinto, combinado com um suéter bem
folgado da cor cinza e um All star branco.

Prendi meu cabelo em um rabo de cavalo. Simples e rápido.

-Vamos lá.

Deci e entreguei a bolsa a Saylor que estava conversando com Nono.

-Vou te deixar em casa Circe. Vamos?- ela assente sorrindo e nos


dirigimos ao carro.

Vou no passageiro enquanto Marvin dirige com Wonder e Saylor atrás.

-Hã... Angel?- ouço a voz de meu amigo, pelo seu tom ele estava
envergonhado. Só o que me faltava era ficar um clima estranho entre a
gente.

-Olha, não precisa ficar um clima estranho entre a gente. Você me viu
pelada? Sim. Isso muda o modo como nos vemos? Sim também.-
respiro fundo.- Só... Vamos esquecer disso, não tem porque falarmos
do incidente.- ele ficou calado por alguns minutos.

-Eu só ia dizer que você é muito linda.- diz depois de pigarrear.- Eu


lembro que quando éramos pequenos nos casamos de brincadeira.
Mas seu pai...

-Ele não é meu pai.- interrompo, não quero ser associada a Jayson
Lexis, ele é maldoso e sem coração. Assim como sua filha, vulgo minha
meia irmã mais velha.
-Sr. Lexis não deixou você dormir lá em casa naquele dia, disse que
você era apenas uma menininha de 6 anos, não podia dormir na casa
de estranhos.- suspiramos em uníssono.- Foi nesse dia que achamos
minha irmã mais velha quase morta.

Gelo ao ouvir isso, eu já sabia que foi no mesmo dia, mas só pelo fato
da irmã dele ainda estar viva, eu saber disso e vê-lo sofrer, já é motivo
o suficiente para me deixar no mínimo desconfortável.

-Sabe, eu amava minha irmã, ainda amo não me entenda mal, só acho
que ela poderia ter falado, Noelany não teria ficado sozinha,
estaríamos todos ao seu lado. E mesmo sabendo de praticamente tudo
que ela passou, dos abusos e da gravidez indesejada, ainda dói saber
que não fui suficiente para ser um motivo de não acabar com sua vida.-
meu coração dói ao ouvir suas palavras, queria tanto contar a ele.

-Esse é problema Marvin, você gostaria que ela tivesse continuado a


viver, mas a questão é que Lany não estava vivendo, estava
sobrevivendo. Até o ponto que ela não aguentou mais lutar sozinha.-
digo na esperança de faze-lo se sentir melhor.

Coloco minha mão sobre a sua recebendo um aperto em resposta. Ele


olha para mim e sorri, e puta que pariu, parece que o mundo se
iluminou.

Deixamos Saylor na casa da trupe maluca e seguimos para minha casa,


onde iríamos ficar já que no meio do caminho Wonder passou meio
mal.

____________________________________________

Noelany

Estavam todos dormindo, algo que acho pouco provável, considerando


nossa reunião logo no café da manhã.
Saylor chegou pouco depois de terminarmos de arrumar a casa que
tinha muita quartos, ela nos reportou de cada parte do que aconteceu.
E em particular me contou sobre o meu irmão, fiquei pensando na
parte em que ele acredita que não foi o suficiente. Ah, como eu o
amava... Não o merecia aos meus dezesseis anos, não mereço agora e
nunca merecerei alguém como Marvin, de coração puro, um garoto de
ouro.

Estou tomando banho em uma banheira, olhe que agradável... O


mesmo cenário de muitas noites de minha vida. As vezes passa pela
minha mente, o que poderia ter se tornado uma pendência em minha
morte, talvez ter deixado Marvin sozinho, ter quebrado nossa
promessa... Ou o que fiz com meus pais.

Me visto com um short e uma blusinha de caveira que Saylor trouxe, e


me dirijo ao quarto de Destiny. Bato na porta, na terceira batida ele
abre. Aqueles lindos poços de mel e ouro estavam mais brilhantes que
o normal, seus cabelos de encontravam molhados, suas vestes nada
mais eram do que uma camisa preta com uma calça moletom cinza.

-Oi.

-Oi.

-Entra, por favor.

Adornado de detalhes em preto, cinza e branco, o quarto de Destiny


era simplesmente magnífico, sua cama era enorme, de um designer
luxuoso, com uma televisão grande, carpete claro, e uma grande janela
transparente por dentro mas espelhada por fora.

-Senta aqui.- bate a mão em um pequeno sofá no qual está sentado.


Me sento ao lado daquele homem que apenas parecia normal, mas
somente escondia toda a gloriosidade divina de seu ser mais cru.

-Bom, pode começar a me contar.


-Eu cheguei no Meio, pouco antes do sumiço dos outros deuses, eu era
uma alma ferida, jovem e com um futuro sangrento pela frente. O rei e
a rainha da Cidade de Luzes, que é o que chamamos hoje de céu, me
conheceram, se comoveram com minha história e ordenaram que toda
alma cansada, ferida e que precisasse terminar algo na terra, deveria
ficar em um lugar que não fosse lindo e divino como a Cidade das Luzes
e nem feio como a Cidade Sombria. Então pelas mão da rainha, se criou
o Meio, um lugar para aqueles que tem pendências. A rainha da Cidade
das Luzes, era linda! Com a aura brilhante e sua presença que alegrava
todos ao seu redor. Seus cabelos eram de um dourado como ouro, tão
brilhante que nunca houve antes dela mulher na Terra, no Meio, no
inferno ou no céu de tamanha beleza como a da rainha Akemi. Apenas
duas crianças nascidas de puro sangue podem mudar este veredito, a
filha da rainha da Cidade das Luzes e a filha da realeza da Cidade
Sombria.- ele para por um momento, como se pensando como deve
proceder.

- Tá, até aí tudo bem. Mas o que aconteceu com os deuses e quem são
essas duas meninas?- pergunto.

-Essa é a questão, as rainhas, tanto do inferno, tanto do céu eram


irmãs de puro sangue, ou seja, no povo deles, essas meninas são como
irmãs. E apesar da rainha da Cidade Sombria morar no inferno, ela era
boa, era pura, seu único erro foi se apaixonar por um dos Sombrios.- o
olho com uma pergunta em meu olhar, aparentemente ele percebeu
pois logo tratou de me explicar.- Elas desapareceram com as duas
filhas, o marido de Akemi ficou desolado, tanto que declarou que a
Rainha Sombria chamada Lucina, era culpada pelo desaparecimento
das duas crianças e da Rainha das Luzes.

-E ela era? Tipo, Lucina é realmente culpada?

-Ninguém sabe. O rei Abner, marido de Akemi, ordenou que existe uma
separação dos reinos viviam em paz, agora viveriam para sempre
sabendo que são inimigos.
-Mas o que motivou Abner a acusar Lucina?- esse homem tem que ter
motivos sérios para fazer isso, já que separou um povo.

-Digamos que seu ódio por Ari, rei sombrio, pode ser uma ótima e
egoísta justificativa.- responde se levantando e indo até a prateleira do
painel e pegando duas canecas com café.

Café, como senti falta.

-Bom, não vou me perguntar de onde vocês tiraram café.- digo, mas
não dou risada, nem quando um sorriso repuxa o canto da boca de
Destiny.

-Ele veio disso.- o homem estala os dedos e um pacote de cookies dos


meus preferidos aparecem em cima da mesinha de centro.

-Como assim?- falo ao pegar o pacotinho.- Como conseguiu fazer isso?

-Acho que da mesma forma que você consegue colocar fogo em tudo.-
responde e eu me lembro daquilo, ainda não entendi como
aconteceu.- Nunca mais tocamos no assunto, se não se sentir bem.

-Não, tudo bem. Eu só não entendi o que aconteceu, eu sou humana,


não tem como eu fazer isso, ou tem?

-De acordo com a história celestial? Não.- suspiramos juntos.- Mas eu e


você éramos humanos, e agora temos poderes...- o interrompi.

-Não tenho poderes. Minha cabeça já é confusa demais, não preciso


disso.

-Você não tá entendendo Noelany...

-Não, você que não está entendendo, isso pode mudar tudo que
acredito sobre mim. Tudo. Você tem noção do que é isso?- me levanto
e começo a andar pelo quarto.
-Você acha que sua vida no Meio foi ruim?- indaga em voz baixa.

-Foi horrível, ter que julgar pessoas inocentes que apenas precisavam
de ajuda.

-Então é isso? A protegida do pai, Noelany, não gosta da vida de


regalias?

-Regalias? Do que você está falando?- ele se levanta e se aproxima de


mim que estou parada no meio do quarto.

-Do fato de nunca ter sujado as mãos e ainda estar reclamando! Sabe o
que acontecia quando você ajudava a condenar alguém? Sabe
Noelany?- estamos tão próximo que se restar muito restam 8 cm entre
nós.

-Não, e você sabe disso, vivi quase dezesseis anos dentro dos muros da
capital no Meio, o Limbo. Presa e obrigada a fazer o que o pai queria.

-Sabe o que acontecia fora daqueles muros, princesa?- sinto um buraco


se abrindo no meu peito, como uma ferida que acaba de se curar e se
fere novamente no mesmo lugar.- Almas morriam enquanto você
apenas cruzava as pernas e apontava para quem seria condenado e
quem iria ser livre. Porque nem todos tem a sorte de ser a protegida do
pai.

Cheguei mais perto, acabando com os centímetros entre seu peito e o


meu, levanto minha cabeça para lhe encarar.

-Nunca mais me chame de princesa, nunca mais. E não ache que eu


nunca sujei minhas mãos de sangue e acredite, eu não me importaria
de as sujar novamente. - sustento seu olhar de pura revolta por não ter
uma resposta. Dou risada por dentro. Estávamos colados, meu peito
contra seu peito e forma de desafio, meu semblante sério apenas
demonstrava o quanto eu era firme com minhas decisões.
Fiquei tão perto dele que já não era possível dicerni seu fôlego e o
meu. Meus olhos encontraram os seus, aquele mar de mel e precipício
de profundezas castanhas, eu senti naquele momento que aquilo seria
minha perdição.

Sua mão direita foi timidamente para minha cintura, enquanto a


esquerda tateava procurando minha mão, na qual entre laçou os seus
dedos com os meus. Ele encosta sua testa na minha e move sua mão
esquerda para minha bochecha.

-Me perdoe Noelany, eu não sei onde estava com a cabeça para falar
desta forma com você... Me perdoe...- seu nariz raspou levemente o
meu, devendo abaixo para minha bochecha, meu maxilar, chegando
então em meu pescoço o qual ele inspirou profundamente.- Você é
linda Noelany.

Seu tom de voz é surpreso, como se visse isso pela primeira vez. Sua
constatação me faz rir ironicamente, a ideia de que ele me achava
bonita...

-Você é linda sim, aceite isso porque não é uma opinião. É um fato.

Ele dá um sorrisinho de lado e meu Deus, o que é isso? Essa coisa


quente me queimando de dentro para fora, que ao mesmo tempo é
frio e quente, parece que tem leões brincando em minha barriga. Que
merda é essa?

Encaro suas profundezas castanhas. Abro a boca para dizer que ele
também é lindo, e que eu sempre me perco naqueles precipícios de
mel. Porém sou interrompida por um barulho alto vindo do lado de
fora.

Nós afastamos e corremos para ver o que é. Me deparei com um


círculo de fogo, de onde surgiu um demônio, o círculo é sua prisão.
Aquele demônio era metade homem, longos cabelos crespos negros,
olhos puxados e inteiramente pretos. Sua pele era de um marrom bem
escuro, e seu físico era forte. Suas roupas eram elegantes e formais,
porém pareciam de guerra. Sua cabeça era adornada por dois chifres
dourados.

-Noelany, finalmente pude ver uma pura... Trago um recadinho para


você, teu reino te espera, o teu povo canta teu nome, e rezam por seu
retorno. Olhe para aqueles ao seu redor, valem mais do que todo o
ouro da cidade Das Luzes. Precisamos do seu poder princesa,
precisamos que encontre Akemi e Lucina. Para que as rainhas voltem e
a paz retorne. Avise a Odin que houve uma rebelião em Abaddon. Eles
querem a princesa de Abaddon. Foi um prazer conhecer- te.

E assim ele se foi como surgiu, misteriosamente.

-Que porra foi essa?- exclamou a voz de Saylor.

Capitulo 10

-Bom dia.- digo quando chego a cozinha no outro dia de manhã.

-Bom dia.- respondem em uníssono.

Depois da aparição do ser infernal, apenas subimos e fomos dormir.


Prometemos falar disso na "reunião" de hoje. Ok, acho que nenhum de
nós conseguiu dormir, principalmente Saylor que foi para o meu quarto
no meio da noite. Nós abraçamos e dormimos juntas, a loira fez
questão de ficar bem agarrada a mim, ela tremeu a noite inteira. Não
tenho certeza se chegou a dormir.

-Olá Lanylany.- fala Odin ao me ver. Seu olhar logo se volta para os
demais.- Mari.- ele faz uma espécie de reverência estranha.
-Oi meu filho, bom dia. Como dormiu?- pergunta aquela mulher tão
linda.

-Tão bem quanto é possível dormir sendo um mortal.- ele se volta para
Saylor e Deimos que pareciam discutir sobre seus pais novamente, e
Destiny que apenas encarava a cena, como se tentando entender o que
se passava.- Bom dia querido, como foi a noite?- Deimos olhou para ele
e deu risada.

-Melhor do que você pode imaginar.

-Uhum, fico feliz em ouvir isso.- seu sorriso é pura malícia. Seja lá a
piada que eles dividem, parece ser... Quente, digamos assim.- E você
pequena monstrinha?

-O que tem eu, Odin?- indaga a loira como se estivesse cansada.

Saylor apresentava olheiras debaixo de seus lindos olhos azuis, seu


semblante mostrava um cansado sobrehumano. Os olhos do rei
infernal brilharam, e quando falo por brilhar, quero dizer que um
pequeno brilho reluziu em seu olhar, era como uma pequena estrela
que não estava ali antes. Parecia estar preocupado com a loira, toda
aquela malícia e diversão pareceu sumir do rosto de Odin.

-Monstrinha, precisamos colocar o papo em dia, depois do café vamos


dar um passeio?- os dois se encaravam como se estivessem
conversando mental e silenciosamente. Ao fim, Saylor assentiu, sem
forças para discutir.

Todos sentamos na mesa do café da manhã onde tinha de tudo.

-Podem começar explicando por que estamos aqui.- digo a Destiny e


Saylor, me encosto na cadeira e coloco meu tornozelo em cima de meu
joelho ao mesmo tempo que cruzo meus braços.
-Papai nos chamou para uma reunião uma semana antes de sairmos do
meio. Ele disse que algo abalava a seguridade da paz entre todos os
reinos, sejam o terrestre, o celestial ou o infernal.- fala Destiny olhando
para Odin.- Ele falou que existiam Gosteds, seres invisíveis e
imperceptíveis que podem possuir humanos, anjos e demônios. E que
era possível que uma família de Gosteds bem antigos e poderosos
estivessem possuindo alguns seres de povos diferentes para acabar
com a paz.

-Mas ele disse que tinha haver comigo.- friso.

-Ele acha que alguém da sua família possa estar sendo habitado por um
desses.- explica Saylor.

-E como sabemos quem está afetado por esse espírito?- pergunta


Deimos

- De acordo com... papai, eles normalmente tem comportamento


dissonante do normal. Passa a se comportar diferente com tudo, seja
família ou amigos. Eles costumam fazer rituais para se conectar com
outros familiares Gosteds.- responde a loira.

-Como podemos salva-los?- indaga Mariel tirando as palavras da minha


boca.

Destiny e Saylor trocam olhares cúmplices e culpados.

-Não tem como salva-los?!- exclama Mariel.

-Eu me recuso matar um mundano indefeso.- diz Odin.

-Calma...- começa Destiny ao mesmo tempo que Saylor diz para nos
acalmarmos.

-Você quer que eu mate alguém da minha família? Vocês


enlouqueceram?- falo me levantando.
-Noelany se sente, por favor.- fala Destiny com a voz firme. Cruzo meus
braços diante de sua falta de noção.- Sente-se agora, Noelany!

-Baixa o seu tom, e saiba usar a sua língua ou vai ficar sem ela.- digo
em tom de ameaça. Quem ele acha que é? Só porque me elogiou, e me
mostrou o quão bipolar pode ser, não quer dizer que vou aceitar o que
diz como uma mocinha da aristocracia do século XVI.

Bufo ao virar as costas. Reviro os olhos quando Saylor me chama.

-Irmã, espere um pouco.- diz ao encostar em mim.- O objetivo é


trabalharmos juntos! Não nos dividirmos.- ela suspira profundamente.-
O pai disse que apenas uma pessoa pode achar uma forma de tirar os
Gosteds dos mundanos. Você.

-Eu? Que merda eu posso fazer?

-Aparentemente existe um motivo para Lanylany ser a protegida do


pai.- fala Deimos que até então estava calado durante a parte mais
acalourada da discussão. Todos olhamos para ele.- Não vou expressão
o que realmente penso, mas saibam que eu penso coisas. Muitas
coisas.

Cerro os meus olhos para ele, mas um pequeno repuxar em meus


lábios fazem eu desviar o olhar.

-Então o plano é, nos aproximarmos da família da Noelany, indentificar


quem está possuído e enquanto isso Noelany vai torcer para receber
uma ajuda divina que a mostre como libertar sua, ou seu, familiar sem
matá-lo?- a voz de Mariel se sobressai a pequena discussão que se
formou após uma sujestão de pintarmos o cabelo de azul e falarmos
que somos da família Smurf.

-Eu ainda acho a minha idéia mais legal.- diz Deimos afundando em sua
cadeira.
Saylor lhe direciona um olhar que mostra claramente que está
questionando se verdadeiramente existe conexão de sangue entre ela
e Deimos.

-Seria exatamente isso Mariel. Temos que nos adaptar a vida aqui. Não
podemos ser suspeitos.- diz a loira.

Observo que Deimos e Mariel entraram na conversa de como devemos


nos disfarçar, e sigo para fazer uma caminhada no lado oposto ao lugar
onde Odin seguia Saylor para fora.

Andei por bastante tempo, aquele vestido era horrível, não dava para
correr. Uma idéia vem a minha cabeça rapidamente.

Me concentro e estalo os dedos. Sinto uma queimação de dentro para


fora. Aquele vestido cinza não existe mais, agora no lugar tem um
shortinho preto colado ao corpo com uma blusa cinza de alça, também
colada. Meu cabelo magicamente saiu daquele coque sem graça e se
transformou em um rabo de cavalo alto. Uma blusa de frio fininha
apareceu em cima do tronco onde estava sentada.

-Olha, parece que posso fazer muitas coisas.- dou uma risada comigo
mesma.

Começo a correr e todos os pensamentos se esvaem de minha mente,


apenas o zumbido insistente que me acompanha desde a minha morte
continua. Corro, e corro mais ainda, para longe, para o meu destino,
para aquilo que me chama. Até que chego em um lugar que eu me
arrepiei de imediato.

-Por que correu tanto?- pergunta uma voz que me faz sobressaltar.

Destiny.

-O que você está fazendo aqui?- pergunta ofegante, nem percebi que
não respirava.
-Vim me desculpar.- sinto meu sangue ferver.

- Então é assim? A cada vez que me magoar vai pedir desculpas?

-A intensão é não errar mais. Porém, agora quero que me perdoe por
ter falado com você daquela maneira. Me perdoe, sinto muito, depois
de ontem, do nosso momento eu... Eu só não me lembro como é isso,
sabe, deixar alguém se aproximar. Então, peço perdão por ter te
tratado assim.

-Não, não te desculpo.- olho em seus olhos que me encaram céticos.

-Mas eu pedi... Perdão?- fala como se estivesse sugerindo.

-Ok, mas eu não te perdôo.- viro as costas ao dar de ombros e continuo


a correr. O moreno me segue pela minha corrida.

-Noelany... O que posso fazer para me retratar?

-Nada.

-Eu te pedi desculpas e...

-É pra que suas desculpas me servem?- pergunto séria.- Eu te


respondo, para nada.

-Noelany...

-Olha Destiny, eu tenho uma situação extremamente complicada nas


minhas mãos. Você também é sinônimo de mais complicação, uma
hora me trata bem, outra me trata mal, em um momento está normal,
no outro seu comportamento muda completamente. Sua bipolaridade
me assusta.

-Assim como você eu também tive uma vida antes de ir para o meio! E
isso está me afetando muito. As lembranças estão voltando com força,
estão chamando.- desvio o olhar ao perceber que voltei ao mesmo
lugar.

O local de minha morte.

Ando até aquela linda árvore que tanto chamou minha atenção,
sempre que podia ficava aqui, sozinha. O grande e grosso tronco da
árvore denunciava sua idade, suas folhas eram de um verde brilhante e
seus frutos eram doces como mel, eu não conhecia que fruta era, mas
era rosada e meio dourada. Quando floria, tinha flores de cores
variadas. Vou até o lado daquela árvore e estalos os dedos me
concentrando para que aquele livro seja desenterrado.

Meu diário... Era muito bonito, era de um um tom marrom cravejado


com pequenas pedrinhas rosas que reluziam a luz da lua, no meio tinha
uma galáxia desenhada em marrom pouco, quase imperceptivelmente,
mais escuro. E no meio onde ficaria o sol, tem um pedra rosa. Suas
páginas são amareladas com ar antigo. Lá estava eu, literalmente,
dentro daquele livro tenha cada versão minha, desde a mais feliz até a
mais triste.

- O que é isso?- pergunta o moreno.

-Não é da sua conta.- respondo.- Vou voltar para casa.

-Vou com você.

Estávamos chegando perto da casa quando paramos ao escutarmos,


Odin e Saylor conversando.

Sei que não foi certo, mas agora sou humana, ok, talvez não
completamente, mas sou humana, curiosa, essa curiosidade tem um
gosto amargo na boca que as vezes me dá vontade de vomitar, mas
vou continuar, porque é isso que sou, humana.

-Monstrinha você tem que parar de fingir.


-Olha, não me diga o que fazer, você teve a sua chance de uma união
comigo.

-Para de fingir! Seu nome não é Saylor, e Circe! Circe de Abaddon, filha
dos generais infernais. Aceita isso, porque é ridículo o que está
fazendo, você está desonrando seus pais.- diz o rei com os olhos em
chamas.

-Pare! Você não tem o direito de me exigir nada! Você me deixou


sozinha...- sua voz é chorosa.- Você estava comigo, era o meu coração
nas suas mãos e você simplesmente o esmagou em suas mãos. Você
tirou meu irmão de mim!

-Porra, para de ser cega, ninguém te abandonou, ninguém te traiu,


ninguém tirou nada de você!

-Você era uma espécie de namorado meu, e no momento que fechei os


olhos... Acordei e encontrei você e Deimos juntos. Você sabe o quanto
doeu?

Minha boca se abre e meu queixo cai com tal comentário, Saylor e
Odin? Juntos? Deimos e Odin? Que porra tá acontecendo aqui? Pensei
que a loira odiasse Odin e o irmão dela a odiasse.

-Olha aqui, você estava junto com a gente, nós saímos e curtimos em
cada casa noturna da Cidade Sombria, meu pai e seus pais tinham
acabado de ir para receberem uma gratificação na Cidades das luzes,
estávamos felizes, finalmente aquela tensão entre meu pai e o rei das
luzes chegaria ao fim. Nunca existiu preconceito entre nós, fomos
criados juntos. Crescemos com Deimos me dando uma surra cada vez
que eu puxasse suas trancinhas. Vocês estavam junto comigo quando
minha irmã nasceu! Estavamos juntos quando minha mãe e a sua irmã
sumiram. Vocês fizeram parte de cada momento da minha vida. O dia
que revelamos que sentíamos mais do que amizade por Deimos, você
confessou que também sentia. Não minta para mim Circe, você sabe
que é verdade! Nós transamos naquela noite, e então do dia seguinte
você SE encontrou CONOSCO.

-Eu não me lembro disso.- diz a loira ao cruzar os braços e virar o rosto.

-Claro que não lembra.- fala com um tom amargo.- Você só se lembra
que nos deixou sozinhos quando recebemos a notícia do
desaparecimento dos nossos pais. Ou também não se lembra?

-Eu precisava de tempo, e precisava ir até a Cidade das Luzes! Eu fiquei


muito abalada.

-Eu perdi meu pai naquele dia, e antes disso minha mãe, minha
irmãzinha mais nova, minha tia e minha prima desapareceram
também. E porque você não voltou? Para nos ajudar?

-Eu precisava ajudar papai...

-Não o coloque nisso, você não voltou porque é uma covarde!

-Eu não sou covarde Odin, eu estava machucada! O meu chão sumiu.

-Eu também estava, Deimos estava arrasado. Nós não nos


abandonamos, então sim, você não passa de uma covarde Circe.- fala
se retirando daquele lugar.

Vi a situação da loira, ela estava desabando aos poucos para o chão,


acredito que precise de uma amiga.

-Destiny, vai entrando. Essa conversa não acabou, mas preciso ver
Saylor.- digo e o mesmo assente ao entrar na casa novamente.

Vou até Saylor que se assusta com minha presença e tenta secar as
lágrimas que caiam de seus olhos.
-Ei, eu tô aqui tá?- me agacho ao seu lado e a abraço, ela desaba em
meus braços enquanto faço carinho em sua cabeça.- Eu estou contigo,
estou aqui pra você.

-E-eu n-não q-queria d-deixa-lo t-triste...- diz entre soluços.- Q-que i-


sso sa-indo d-os me-us o-lhos?

-Shiiii, pode chorar, isso é humano, quando suas lágrimas cessarem, eu


estarei aqui para te ajudar a seca-las.- digo e a loira me abraça com
força.

Fico com ela até Angel chegar, e quando ela chega, se junta a nós em
um abraço coletivo. Saylor para de chorar depois de um tempinho, se
senta direito para explicar toda a história para a gente, ela conta tudo.
Ficamos as três conversando por horas, almoçamos lá fora, e depois
subimos para o quarto de Circe, como ela quer ser chamada de agora
em diante. Este é seu verdadeiro nome, Circe de Abaddon, na
realidade sobrinha dos generais infernais que a criaram como filha.

Ficamos conversando por horas e horas, e na hora da janta descemos


para comer com os outros, nos sentamos, conversamos e apesar do
clima entre Circe e Odin, foi bem agradável, Angel ficava contando
sobre o Brasil, parece ser um lugar mágico.

Preciso visitá-lo algum dia, penso comigo mesma. E então percebo o


que aconteceu, minha garganta aperta e meus olhos lacrimejam, estou
planejando o futuro, é um ótimo sinal.

Capitulo 11

Angel

Acordo com uma pé na minha cara.


Ok, uma maneira bem peculiar de despertar. Busco para ver de quem é
o pé e vejo que é de Circe.

-Oh loirinha, dá pra se ajeitar, teu dedão não tem um gosto muito bom,
apesar de ser docinho.- digo com a voz rouca.

-Uhum.- grune ela.

-Circe de não-sei-o-quê, acorda filha!

-Uhum.

-Rapariga, LEVANTA! -falo e a acordo com um susto, seu sobressalto foi


tão forte que a mesma caiu da cama como bosta.

-Ugahsbhxjebebdhxh!- sua cabeleireira loira se levanta, mostrando um


rosto amassado e olhos inchados.-Quer pão?- pergunta para o nada e
reparo que começa a dormir de joelhos.

Reviro os olhos e me levanto seguindo para o banheiro quando olho a


hora do celular e vejo que já passa das sete. Puta merda, vou acabar
perdendo as aulas de hoje.

Escovo os dentes e visto minha calça moletom preta, e minha blusa


rosa shok curta escrito "SHOW DAS PODEROSAS".

Desço correndo para a cozinha, e me deparo com os meninos. O


bonitão, o loiro desmiolado e o sugar daddy do inferno.

-Bom dia garanhões.- falo como saudação. Abro a geladeira e pego um


suco de maracujá, meu preferido.- Vou indo pra faculdade.
-Espere hamster, tenho que ir também para o mesmo lugar que você,
tenho um... Contato lá, preciso falar com ele.- diz o sugar daddy.- Te
dou uma carona.

-Nós vamos de quê? De carruagem?- digo debochada.- Tu não tem


carro, sonso!

-Você acha seguro chamar o rei do inferno de sonso?

-Falo mesmo, vai fazer o quê? Me queimar?

-É uma boa sugestão, vou aderir.- diz rindo, dou um tapão no seu
pescoço.

-PESCOTAPA!- ele continua rindo, porém sua risada cessa quando Circe
chega no cômodo. A mesma está com um vestido azul soltinho,
apertado em seus seios pequenos. Seu cabelo está penteado e seja lá a
macumba que ela fez, parecia um anjo.

-Vamos hamster, tenho muita coisa pra fazer.- diz saindo da casa. Pego
minha mochila e sigo para o...

Porra, ele tem um carro? É lindo e puta que pariu, parece que
realmente veio do inferno. É todo preto, tudo é preto. Ou seja,
perfeito. Parece ser um Audi.

Estávamos a poucos minutos da faculdade, quando resolvo quebrar o


silêncio.

-O que foi aquele negócio entre você e a loirinha?

-Olha, hamster, acho que isso não é algo que você deva saber.
-Eu já sei que tu pegou os dois irmãos, e também sei que eles não são
irmãos, são primos. Sei do babado todo dos trem lá das neurose dos
reis. O que eu não sei é o que você tá esperando.

-Do que você tá falando?

-Tipo, você pode tentar de verdade com a Circe. Ou pode ligar o foda-
se e ficar com outra pessoa. Só não entendo porque vocês complicam
tanto as coisas.

-Quem disse que eu quero ficar com alguém?

-Sua mãe aquela gostosa.- falo seria mas logo depois dou risada.-
Desculpa, eu sei que é sério, e etc. Mas acho que você tem que ter
atitude, do que adianta ser assim se você mesmo não se ajuda?

Ele me olha como se estivesse analisando minhas palavras.

-É humana, você pode ter razão mas tenho medo de estragar o que
nem chegamos a ter. E mais, estamos aqui para uma missão, eles
estão, logo Circe vai voltar para o Meio e eu voltarei para o palácio do
inferno.

-O que são alguns quilômetros de distância? Cara, quando eu tinha uns


seis anos casei com meu melhor amigo. E hoje ele namora com minha
irmã, você não sabe o quanto é estranho pra gente.

-E o que isso tem haver com minha situação?

-E tu pergunta pra mim? Meu querido eu sou humana, tu que é o


demônio metido a gostosão. Tu é o diabo, literalmente.- paro para
pensar sobre isso e dou risada.
-Bom, somos péssimos no romance.- ele suspira e encara a faixa de
pedestre do campus.

-Eu ainda tenho salvação. Sou humana lembra?- faço um trocadilho e


ele me olha com tédio.- Ah Odin, dá uma risada vai! Sugar daddy dos
anjos.

-O que eu fui arrumar vindo pra Terra? Encontrei uma miniatura de ser
que enche minha paciência.- olho para o mesmo com tédio. Vou dar
uma surra nesse capeta.

-Vou te encher de porrada. MEU SUGAR DADDY!- eu gargalho junto a


ele.- Acho que vou ter que tampar minha boca com alguma coisa, eu
falo muita merda. Eu devo tampar com fita ou com o quê?

-Meu pau.- fala simplesmente me deixando de boca aberta ao sair do


carro e seguir para meu lado. Odin abre a porta, me estende a mão e
me levanta.

-Pô, se for na brotheragem eu vou.- ele arregala os olhos perplexo.


Coloco uma mão na boca surpresa também. Tenho que parar de falar a
primeira coisa que vem a minha mente.

Todos os olhares se voltaram para nós, um homem com uma beleza


indescritível, olhos sedutores, e muito elegante. E do lado eu. Isso já é
algo para se surpreender.

Nos dirigimos ao restaurante da universidade.

-Angel?- ouço a voz de meu melhor amigo.

-Marvin! Bom dia!- apenas aceno para ele, vejo minha irmã ao longe,
sempre dou um abraço nele mas prefiro não fazer isso hoje.
-Hã... Bom dia. Você chegou atrasada e não foi lá em casa ontem,
minha mãe ficou preocupada.- ele suspira.- E esse aí quem é?- diz
apontando Odin, ao mesmo momento em que Dina, a secretária do
diretor vem na nossa direção.

-Senhorita LeBlanc, chegou atrasada de novo? Já é a quarta vez esse


mês e olha que estamos no quarto dia do mês. Desta forma nunca será
nada além de uma irresponsável.- Dina me olha com reprovação.- O
senhor Velisk está ansioso com sua visita, está terminando de atender
alguns calouros. Logo terá todo o tempo para você senhor Odin.- ela
olha para o rei infernal e abre um dos botões de sua camisa social
branca.

-Ok, vim com minha noiva hoje. Ela que vai me acompanhar na
reunião. Então sugiro que a trate melhor do que isso. Não aceito que a
chame de irresponsável novamente, caso aconteça teremos
problemas.- ele se levanta e me olha.- Vamos? - se não bastasse eu
procurando a tal noiva que veio com ele, agora eu estava encarando
sua mão estendida para mim. Que porra esse corno tava fazendo?

Hamster, seja uma boa atriz, isso é como uma peça de teatro, se trata
de encenação de uma história inventada.- aquela voz soa em minha
mente.

Seu corno, filho de uma quenga, eu vou pegar um pedaço de pau e


enfiar no seu...- digo mentalmente.

-Vamos sim. Tchau Marvin, tchau Karen.- falo após ensaiar o meu
melhor sorriso. Sou uma cobra eu sei gente. Não me julguem.

Nos conduzimos até a diretoria, onde Velisk esperava calmamente


olhando pela janela do escritório.
-Vossa majestade, é um prazer tê-lo aqui na Terra. Como anda
Abaddon?- diz ainda de costa, quando vira se dá de cara comigo. Seu
rosto embranquece e seu olhar se direciona a minha mão entrelaçada
com a de Odin.- Anda brincando com humanos, vossa alteza?

-Mais respeito. Esta é...

-Angel Lexis, filha de Jayson Lexis.

-Não verdade sou Angel LeBlanc, e Jayson não é meu pai. Graças a
deus.- sussurro a última parte.

Enquanto eu segurar sua mão, posso te passar meus poderes desde


que eu queira.- fala em minha mente.

Posso te xingar aqui e oralmente?- meu tom de voz é brincalhão, mas


gracejo apenas para tirar aquela tensão que tem em seus ombros.

Ouço sua risada em minha mente. Essa é minha resposta.

-E como posso ajuda-los?

-Estamos em uma missão com Circe, Destiny, Deimos, Mariel, Noelany


e eu.- ele me puxa junto ao se sentar, me sento na cadeira aí seu lado
sem nunca soltar sua mão.

-Circe assumiu seu lugar de direito?

-Ainda relutante, mas estou tentando mostrar a verdade a ela.

-E Mari, como está minha irmã?- diz me surpreendendo.


-Mari está ótima, não envelhece nunca.

-Você disse um nome que me chamou atenção, Noelany, a protegida


do pai. Aquela sobre a qual os ventos sussurram... Quero conhecê-la.

-Pensarei sobre esta idéia, mas por enquanto preciso de um


perspectiva diferente.- Odin suspira como se estivesse cansado.-
Destiny, Circe e Noelany foram enviados para descobrir sobre uma
ameaça que pode acabar com a "paz" entre os povos celestiais e
infernais. Diz o pai que esta coisa não foi identificada e suas
características é que assume forma corpórea, usa de molde justamente
o corpo humano, e de acordo com os relatos é bem provável que
esteja na família da Noelany. Ele falou que existia a possibilidade de ser
Gosteds, seres invisíveis e imperceptíveis que podem possuir humanos,
anjos e demônios. E que era possível que uma família de Gosteds bem
antigos e poderosos estivessem possuindo alguns seres de povos
diferentes para acabar com a paz. O pai acha que um desses Gosteds
possuíram uma pessoa da família da Noelany.- quando Odin termina,
Sr. Velisk anda até a prateleira e pega um livro, bem antigo.

-Realmente o vento sussurra sobre isso, mas...- ele fala algumas


palavras e cartas surgem a sua mão. Ele estala os dedos e todas, menos
uma pegam fogo e saem voando pela janela. Direciona uma carta para
Odin.

Velisk tem o poder de ouvir os sussurros dos ventos e mares, além de


ser um bruxo da natureza.-fala Odin em minha mente.

Eu estudo com um bruxo? Manuhhh que viagem é essa?- digo


mentalmente.

-O que é isto, Vel?- pergunta o moreno.

-É papel, sonso.- respondo verbalmente.


-Meu amor estou falando do conteúdo.- diz entre dentes e Velisk dá
uma risada alta.

-Sempre gostei mais de você do que de sua meia irmã, senhorita


LeBlanc.

-Ela valoriza seu elogio senhor bruxão.- fala meu amigo e só depois
percebe o que falou.- Merda.- coloco minhas mãos tampando minha
boca para não rir alto.

-Parece que Loreley chegou.- diz o diretor olhando para algo que
sugava e desorganizava os papéis do escritório.

Uma garotinha de uns 6 anos chegou de um... É... Acho que um portal?

É como um redemoinho de diversos elementos, ventos de cores


variadas e águas que cantavam a nossa presença, uma melodia antiga e
velha, que fez arrepiar todos os pelos do meu corpo.

Estremeci diante da face da garotinha de cabelos de neve, seu olhar


extremamente verde era astuto, e seu semblante não tinha o ar infantil
que deveria.

-Olá, cunhado.- diz a Velisk.- Olá Odin, que bom vê-lo no meio de
meros mortais.- ela abaixa a cabeça leve e imperceptivelmente. O
maior ato de reverência que aquele ser pode fazer ao rei do inferno.

-Vossa majestade, Rainha Loreley de Lynphea, esta é Angel LeBlanc.


Uma humana e noiva de Odin.

-Na verdade não somos noivos, só falei isso porque precisamos nos
infiltrar entre os humanos.- fala Odin, sem nem ao menos respirar. Dou
um cutucão em suas costas.
-Não se envergonhe humana, meu dom faz todos falarem a verdade
sem freios.- aquela voz era infantil, mas não possui os traços angelicais
de uma criança, pelo contrário era maléfica e maldosa.- Mas você é
bem curiosa, meus poderes são...- seu rosto demonstra assombro.

Velisk olhou para mim e vi como se uma rajada de luz viesse na minha
direção.

-Pô gente, tão de gozação comigo?- pergunto.

-Você é imune aos nossos poderes, como?- indaga a garotinha.

-Rainha, pare de fazer isso. Precisamos conversar.- fala Odin.

O sorriso em resposta é no mínimo traumatizante.

-Querem minha ajuda para descobrir o que está ameaçando os


mundos... E sim caro Odin, não é só na realidade da Terra que isso está
se passando, em Lynphea temos casos de Gosteds.

-Loreley, o que podemos fazer para identificar o ser?- meu amigo


indaga.

-Você sabe as respostas para todas as suas perguntas.

-Tenho razão no que penso?

-Mais que isso, está prestes a desvendar um dos maiores mistérios do


seu mundo.

-Dar para serem mais específicos nesta conversa, sinto que não sei de
algo.- falo.
-Pode acreditar, você não sabe de muita coisa.- diz Velisk com um
sorriso maldoso.

-Se minha presença não é mais necessária, vou me retirar, preciso


cuidar de minhas ninfas.- fala a rainha Loreley.

Suas pequenas mãos conjuram um portal de água e vento, seu olhar


sustenta o meu enquanto entra no portal.

-É um prazer humana, espero que possamos nos reencontrar


brevemente.- diz e o portal se fecha.

Estamos todos em silêncio, cada um com uma tempestade dentro de


suas mentes.

-Ok... Que lance foi aquele da verdade? E por que porra uma criança
tem poderes e governa um reino?

-Não se engane, Loreley tem milhares de anos, é mais velha que a


criação do próprio inferno. Ela se apresenta em formas e idades
diferentes. Ninguém sabe qual sua real aparência. Mas nunca, nunca,
se engane com sua falsa inocência.- fala Velisk.

-Bom, já está na hora de ir. Ah, pensou em minha proposta?- pergunta


Odin ao diretor.

-Você está aceito aqui, já mexi uns pauzinhos e arrumei locais de


trabalho em lugares que tem haver com a família Lewis. Você começa
amanhã.- nos levantamos e seguimos em direção a porta.

-Muito obrigado, Velisk. Você é um bom amigo.- fala Odin como


despedida ao sairmos da sala.
Andamos pelos corredores até o pátio, minha turma estava fazendo
aula de campo. Que porcaria, perdi o jogo. O treinador vai detestar.

Vamos até seu carro onde nós despedimos.

-Tenho que ir ajeitar algumas coisas, passo para te buscar na volta?

-Não precisa, vou jogar basquete hoje com o Marvin.- ele assente se
dirigindo ao carro quando agarro seu braço.- O que você vai começar
amanhã?

-Vou ser seu professor aqui.- diz rindo.

-É você vai me ensinar o que? Como dançar com o capeta?- lembrei do


balé e comecei a rir igual uma hiena, e obviamente Odin não me
deixou rir sozinha.

-É surpresa, então seja uma boa garota. Vou procurar um outro


contato que pode me dar respostas as quais nós precisamos. E agora
graças a você, temos outra pergunta.

-Qual?

-Como criou resistência ao poder de Loreley?- pergunta.

-Eu... Eu não tenho idéia. Vá e peça respostas, me conte tudo.- ele vê


Marvin saindo da quadra e se aproxima para dar um beijo em minha
testa. Dou um sorriso porque sei que é seu instinto protetor falando
mais alto.

-Vou descobrir e conto para você.- ele dá partida no carro e se vai ao


leste da cidade.
Marvin vem em minha direção.

-Você está noiva e não me falou, você fez uma merda dessa magnitude
e não me falou. Você tinha que ter falado comigo Angel LeBlanc! Você
vai se casar com alguém que seu melhor amigo não aprova. Além do
seu lindo casamento eminente, o que mais eu perdi?- indaga com os
braços cruzados e sua atitude me deixa nervosa. Maldita TPM. Não
minha, a TPM dele.

-Como é?

-O que mais eu perdi? Ficou surda?

-Além da chance de ficar calado?- pergunto e sigo para a cantina, pego


mais um suco de maracujá e um pacotinho de biscoitos amanteigado.

Ele é meu melhor amigo, não meu dono. Oxi.

×××

Estava deitada em minha cama quando ouço a voz de Odin em minha


mente.

Hamster? Acho que sei porque você é imune.- diz.

Por que?- pergunto.

Merda, você não vê?- sua voz é risonha.

O que?- pergunto confusa.


Você está falando comigo sem encostar em ninguém com poderes
psicossomáticos. Você é como se fosse um escudo e um ímã.- que porra
é essa?

Eu nem sei como isso é possível.

Eu também não.

Deixe isso apenas entre nós.- peço.

Ok, se é isso que deseja. Era só isso que queria falar hamster.- ouço um
sorriso em sua voz.- Boa noite, meu hamster.

Boa noite, capiroto. Até logo.- digo rindo.

Até mais, sonhe com as estrelas.

Pego meu livro O morro dos ventos uivantes. Volto a lê-lo, porém não
consigo me concentrar e desligo as luzes.

De nada adiantou, naquela noite não dormi.

Capitulo 12

Noelany

Havia se passado dois meses desde que chegamos a Terra. Eu, Circe e
Destiny agora éramos alunos da mesma turma que Marvin e Angel.
Odin era professor e Deimos era professor de Wonder. Treinamos
todos os dias, tínhamos que estar preparados caso algo acontecesse.
Estávamos na floresta, agora todos os dias tínhamos aulas de luta e
artes marciais com Odin e Deimos. Angel estava apenas assistindo
junto a Circe, enquanto eu e Destiny disputamos uma queda de braço.
O moreno achou que com sua força angelical me venceria, com meus
recentes descobertos poderes, quebrei a pedra na qual apoiamos os
braços.

Meu sorriso era visperino.

-É Destiny, você perdeu para uma humana.- todos dão risadas.

-Não é legal rir dos amiguinhos Noelany.- diz chegando perto de mim.
Dou um sorriso maior ainda ao me chegar mais perto ainda, colando
nossos peitos.

- Não somos amiguinhos, e você perdeu porque não é páreo para


mim.- encaro seus olhos, porém meu olhar não se demora neles, logo
avalio seus lindos lábios vermelhos.- Próximo?

-Eu.- fala a hamster. Todos olhamos para Angel como se ela estivesse
zoando, ela tinha que estar.- Não quero queda de braço, vamos lutar.
Veremos o que você aprendeu nesse últimos dois meses.

-Angel, não é por nada. Mas sou boa na luta.

-Então me mostra que isso é verdade.

Nos ajeitamos em posição, a morena fica á três passos de mim. A


primeira a deferir um soco sou eu, um soco que é interceptado sem
esforço. A garota olha pra mim, eu ataco novamente, a mesma desvia e
dá dois passos para trás.

-Tá cansada, ou tá com dó?- pergunta fazendo meu sangue ferver.


Ataco sem esperar, Angel desvia de cada um deles, ela dá poucos
golpes, dou um soco em sua boca o qual não consegue defender.
Sangue escorre de seus lábios, a mesma sorri recatadamente, dou um
sorriso ao lhe derrubar no chão sem esforço. Me viro para falar com os
outros, quando a mesma sobe em mim após me derrubar com uma
rasteira, ela me soca. Pego suas mãos a fazendo parar. Me afasto para
longe, para poder respirar, meu nariz com certeza está quebrado e
meus lábios pocados, a pequena me levanta a força e passa seu braço
por meu pescoço o apertando me tirando o ar. Consigo me soltar,
porém já estava exausta, defiro golpes variados contra sua barriga e
seu rosto e ao final segura meu punho e me vira fazendo minhas costas
ficarem contra seu peito.

-Algo que você deve aprender Lany, nunca subestime seu inimigo.- sua
respiração bate contra meus ombros, sua mão desce para minha
cintura.- E nunca dê as costas ao seu oponente.

- Como... Você... - falo entre fôlegos. - Eu te machuquei?

- Não deveria se preocupar comigo, nem suada estou.

-Seus lábios parecem carne moída.

-Deveria olhar você.- a mesma diz, suas mãos apertam minha cintura e
meu fôlego se prende em minha garganta. Daquelas mãos, uma desce
para minha bunda e a outra me puxa mais para perto.- Você é muito
gostosa, Lany.

Dou uma risadinha ao encarar os outros após nos soltarmos.


Realmente, Angel nem está suada.

-Que porra foi essa? Senti o tesão daqui.- fala Deimos, que brincava
com uma haste de madeira, a pintando de rosa.
-Cara, o que você tá fazendo?- pergunta Circe, que com certeza
questionava se e existia conexão de sangue entre ela e o garoto.

-É o pau da barbie.- ele gargalha ao dizer a frase.- É uma piada gente,


tipo é uma madeira... Rosinha igual a Barbie... Mas vocês são burros
pra caralho!

-Só não entendi uma coisa.- diz sua irmã.

-O que mana?

-Qual a graça?

-Ah, qual é! GENTE É O PAU DA BARBIE.

-A Barbie tem pau?- fala Angel que estava tirando a camiseta e ficando
apenas com um top azul escuro com uma calça moletom cinza.

-Gente, sejam sinceros. Quero saber de você e de ODIN, maninha.-


Deimos faz uma pausa dramática.- Acham que a minha idade avançada
junto ao estresse está me trazendo rugas?

-Você é lindo, querido.- responde o moreno.

-Parece um pé de galinha.- fala Circe.

-Recalcada! Invejosa!- grita o loiro pulando no colo de Odin. Que faz


cara feia para Circe.

-Gente, só lembrando que essa semana temos que almoçar depois da


faculdade na casa da Nono. Dei uma desculpa boa tá, falei que ia
apresentar meu noivo.- relata Angel rindo para Odin que pisca em
resposta. Os dois explicaram nossos papéis numa história ridícula. Sou
irmã de Circe e Deimos, Destiny é meu namorado, Mariel é nossa tia,
Angel e Odin são noivos. Estamos interagindo com minha família,
minha mãe ama Circe, meu pai adorou Destiny.

-Gente, tenho uma dúvida.

-O que é dessa vez ser odioso?- exclama Circe para seu irmão que faz
uma cruz com o dedo. Me viro para Angel erguendo as sombrancelhas.

-Você acordou ela?- indago a pequena.

-Acordei ela as seis para irmos para a aula.- esfrego o rosto.

-Merda.

-Ai gente desculpa, a Circe malvada aparece de vez enquanto.- fala a


mesma provocando muitas risadas em todos nós.

-Que merda é essa?- pergunta uma voz conhecida, porém que não
deveria estar ali.

-Marvin?- exclama Angel. A mesma olha para mim, seus olhos mostram
desespero, como se a mesma não soubesse o que fazer.- O que você
está fazendo aqui?

-Eu que pergunto. Faz dias que não conversamos, e olha que somos da
mesma turma. Acredite fiquei preocupado quando o rastreador do
meu telefone falou que seu celular estava no meio do mato.- ele passa
a mão por seus cabelos castanhos escuros. Seu olhar se dirige a nós.-
Nunca fomos apresentados, sou Marvin Lewis. Colega de turma de
vocês, e melhor amigo da Angel.
-Hamster! Você está me traindo?- indaga Deimos limpando uma
lágrima invisível.

-Cala a boca, fi de rapariga!- diz Angel dando um tapa em seu pescoço.

-Os de verdade eu seu quem são.- sussurra antes de correr para dentro
de casa dizendo que iria pegar água.

-Sou Odin, já nos conhecemos.- O mesmo vai até Angel e coloca a mão
em sua cintura. O olhar de meu irmão se dirige até aquela mão e se
desvia para o chão e depois para o rosto dela.

-É, já nos conhecemos. Angel, faz dias que tivemos notícias de você,
seu celular sempre está fora de área. Mamãe está preocupada. Ela
quer saber se o almoço de amanhã tá de pé.

-Pode deixar eu vou ligar para ela, avisar que o almoço tá de pé.-
responde a pequena.- Marvin, acho que você ainda não conheceu
direito a Lany. Edylany Evans.- Sim, esse é meu novo nome. Pelo menos
para minha família não suspeitar de chegar uma garota que eles não
conseguem reconhecer com o nome da filha deles morta.

-Prazer Lany. Você me lembra muito alguém. Uma pessoa que não está
mais com a gente.- diz com os olhos brilhantes.

-O prazer é meu Marvin.- dirijo um olhar para Angel, para que ela leve
Marvin embora.

-Não Deimos! Eu disse não!

-Mariiiiiiiiiiiiiii! Por favor!


-Garoto eu não vou fazer um bolo de ervas psicodélicas e servir para
seus amigos!- diz a mais velha que para assim que vê o mortal junto a
nós.- Não sabia que tínhamos visita, não sejam mal educados meus
filhos. Venha garoto, vamos tomar um chá.

-Não, dona Mariel, não é necessário...

-Venha meu querido, não recuse. E vocês já pro banho!- diz ao resto de
nós. - A minha resposta é a mesma, NÃO VOU FAZER BOLO DE ERVAS
PSICODÉLICAS DEIMOS!- são suas palavras a Deimos antes de seu braço
rodeia o tronco de Marvin o dirigindo para a casa.

Vejo todos seguindo para dentro, enquanto fico para trás. Ando até
mais para dentro da floresta, ultimamente tenho treinado meus
poderes que descobri não ser apenas a habilidade de estalar os dedos
e fazer mágica. O fogo, as chamas nunca mais surgiram, é como se eu
precisasse de um gatilho para elas aparecerem. Elas apareceram duas
vezes, em Morrier e aqui na Terra. E nos dois momentos eu estava
triste, magoada. Fecho meus olhos firmemente me concentrando.

Talvez fosse isso. Reuni várias lembranças ruins, Joshua Bell, Marvin
chorando quando eu morri, mamãe e papai quase se separando depois
de tudo, quando vi o positivo no teste de gravidez.

Lágrimas brotavam atrás das pálpebras, como doía. Parecia que era
algo que tomava todo o meu fôlego

Abro um dos olhos e vejo que não tem nada.

Dou um soco em uma árvore. Por que nunca consigo nada? Por que
não consigo lidar com nada? Por que sempre preciso de ajuda?
Sempre foi assim, sempre é assim, eu não aguentei porque ninguém
me escutou. Eu aguentei calada por muito tempo o que muita gente
não aguenta gritando, e mesmo assim eles continuam vivos e com
saúde. Eu acabei com minha vida porque ninguém quis me ajudar. Eu
me matei porque ninguém se importava.

Sera que nunca vou ser suficiente pra mim mesma.

Realmente, ninguém se importava, eu não me importei, por que


alguém deveria? Ninguém tem que me escutar, eu tenho que me dar
ouvidos, eu não tenho que precisar de outra pessoa me estender a
mão, eu tenho que aprender a me levantar sozinha. Porque isso é
muito idiota, todo mundo passa por problemas, e não é certo medir o
problema de um com o de outro.

"Ah, mas ela não tem apoio nenhum". E quem tem culpa por ela não
ter apoio? Eu?

Não. Eu me recuso a continuar vivendo dessa forma com estes


pensamentos. De que eu preciso de alguém que me ajude, me estenda
a mão ou que queira me ouvir.

Eu tenho que lutar, e não me acovardar. Porque como eu disse, se eles


não tivessem ouvido o que eu tivesse falado, eu deveria ter gritado.
Deveria ter feito qualquer coisa.

Mas deveria ter lutado. Não pelos outros, mas por mim.

Meus dedos formigam com o calor, dou um sorriso ao ver que


consegui.

- Princesa.- aquela voz era antiga como muitas águas e nova como o


nascimento de algo novo. Eu já tinha ouvido-a antes.- Bom saber que
se interessa em descobrir quem é, precisamos de você princesa, eles
precisam de você.

-Me diga quem é você, o que quer comigo?- indago assustada, era o
mesmo homem demônio do dia em que viemos para essa casa.

- Sou Troy, servo pessoal das rainhas. E quero que você salve minhas
senhoras.

-Me desculpa mas, eu sou uma humana. Não posso te ajudar, Troy.

Passos são ouvidos atrás de mim, uma respiração ofegante soa como
se estivesse surpreso.

-O que...?- ouço a voz de Destiny.

- Rainha de muitas faces, os mundos estão em suas mãos. Procure a


raio de sol e princesa da morte, sua mágica irá ajudá-la. Juntas irão
encontrar a pequena resposta embaixo de vossos olhos. Desejo sorte
princesa, por favor precisamos de você.

-Por que me chama de princesa?- pergunto. Sinto a mão de Destiny


entrelaçando nossos dedos. Aquele gesto era como dizer: "Eu estou
aqui."

- Porque este é o seu destino. Aquilo que nasceu para ser.- o rosto de
Troy se vira para o moreno aí meu lado.- Faz milênios que não vejo
alguém como você, meu jovem.

-Alguém como e-eu?

- Um refeito, alguém que era sujo e se tornou puro, com a magia de
minha senhora Akemi, acredito.
-Akemi está viva?- pergunta.

- Se ela não estivesse, eu não estaria aqui. Porém ao salvar suas filhas e
sua sobrinha, Akemi junto a Lucina foram enviadas para outro lugar, o
qual eu não sei onde é.

-A história diz que Akemi só teve uma filha, e Lucina outra. Como assim
"filhas" ?

- Minha senhora se apaixonou por um mundano, alguém que vivia na


Terra, ao descobrir sobre os planos do rei Abner, e que havia matado o
pai de sua sobrinha. Só que este mundano tinha família, uma família
mundana. Mas mesmo assim, eles continuaram se encontrando, o
homem sabia tudo sobre Akemi, e meses depois ela sentiu que estava
grávida. Então minha rainha tomou uma decisão, cuidou da princesa
por poucos meses e a entregou para seu amante, para que ele pudesse
cuidar da criança como uma mundana, Lucina a ajudou, plantando
memórias nas mentes da namorada daquele homem, e de sua família.
Não se sabe se ele se lembra de algo ou não. E é sua missão encontrá-
lo, princesa.

-E como posso fazer isso?- pergunto.

- Siga o seu coração, com ajuda da pequena resposta embaixo de seus


olhos, vocês descobriram os laços entre vocês. Siga seu coração, rainha
de muitas faces, ache a princesa da morte e então achará o seu
destino.

-Ainda não entendi por que me chama de princesa.- aquele ser sorriu,
seu sorriso pareceu brilhar.

- Porque é isso que você é, só precisa descobrir suas origens.- aquele ser


desaparece assim como apareceu, der repente.
Eu e Destiny nos olhamos, o que será que queria dizer aquilo? Ele passa
seu braço por meus ombros embalando minha cabeça em seu peito.

-Vamos entrar?- assinto brevemente, ainda em choque para dizer algo.

Entramos na casa passando pelos outros e indo tomar um banho. Vesti


uma calça jeans preta com uma blusa verde água e uma jaqueta de
couro. Nos pés eu portava botas pretas, meu cabelo estava amarrado
em um rabo de cavalo, como diz Angel.

-E aí eu encontrei os dois assim, agarradinhos. E ela insistiu que não


havia nada acontecendo, mas ele confessou logo que Angel era seu
destino.- fala Mariel para Marvin, contando a "história" de Odin e a
pequena. Tínhamos combinado várias coisas, para não sermos pegos
de surpresa.

Circe não parecia se incomodar com o assunto. A mesma estava em


uma conversa/ briga com Deimos. Eles riam mas hora ou outra ouvia-
se um tapa e um lamento do garoto.

-Loiro OXIGENADO. É isso que você é.

-Meu cabelo é naturalmente...

-Naturalmente tingido, é isso que ia dizer.- interrompe a loira enfiando


um cookie de chocolate ao leite em sua boca.

-Lembra quando mamãe fez sua festa de 50 anos?- pergunta Deimos


depois de engolir o cookie com uma careta, ele não gosta desse sabor.

-Aquela em Ninat? Foi louca demais cara. Tia Luci e tia Akemi
convocaram todo o reino sombrio e o reino das Luzes. Foi incrível,
tivemos que usar duas cidades de Ninat. - responde Circe nostálgica.-
Naquele dia você sumiu e apareceu de cabelo arco-íris. A partir
daquele dia surgiu sete pessoas para te matar, você roubou uma
Renier da cidade, fez uma festa privada, se é que me entendem. Até
Linnyse estava entre os convidados.

-Não fizemos nada!- exclama rindo.

-Não fizeram nada?- pergunta Odin indaga debochadamente.- A pobre


garota não andou pelos dois meses seguinte. Vamos realmente fingir
que eu e Circe não estávamos lá.- todos rimos ao imaginar o trio da
confusão adolescentes.

-Linny não foi a única né, maninha?- Circe ficou vermelha como um
pimentão.

Marvin e Mariel chegaram perto. Angel desceu naquele momento,


vestida com uma camisa de basquete com uma blusa de maga longa
preta por baixo e um short preto colado. Usava meias até o joelho
pretas, e tênis branco. Seu cabelo estava solto, mas em seu pulso tinha
uma xuxinha. A pequena carregava uma mochila branca com o símbolo
da Nike.

-Pessoal, meu treinador chamou o time pra treinar de última hora. O


campeonato vai chegar logo. Depois dele, finalmente vou pra Franca e
depois partiu Brasil,minha gente!- responde colocando garrafa de água
na bolsa.- O time vai se encontrar na minha casa, tenho que ir pra lá o
mais rápido possível.

-Eu também tenho que ir, quer um carona?- pergunto.

-Cla...
-Eu te levo!- exclamou meu irmão. Dou um sorriso interno, meu irmão
gosta dela.- Quero dizer... Vou correr com Karen, posso te levar.

-Ok, vamos?- ela vai até Odin e dá um beijo na bochecha.- Tchau meus
capetas, beijos na bunda.

-Vejo você amanhã, meu hamster?

-Vou vir ainda hoje.- ela olha para Marvin.- Quero dizer, é, nos vemos
amanhã na casa da Nono. Ela finalmente vai te conhecer.

Eles foram embora pouco depois de eu mesma sair. Precisava inovar os


ares. Vou até uma cafeteria mundana e compro doces, muitos doces.
Volto para casa e fico comendo até Odin e Destiny se juntarem a mim e
roubaram minha comida. Bati neles e chamei a atenção de Circe e
Deimos. No final todos ficamos deitados assistindo qualquer coisa e
comendo MEUS doces.

Algo brilhou dentro de mim, brilhou bastante e depois ficou ali.


Estagnado, como se fosse um buraco e estivesse começando a se
preencher, com essa luz. Com alegria. Com um pouco de eu mesma.

Capitulo 13

Angel

Lanye e Nouey param a nossa frente. Aqueles capetas.

Nunca quero ter filhos. Me lembre disso.

Crianças são seres endiabrados que tiram sua paciência a deixando por
um fio.
-Tia Geeeelllll!- gritam aqueles enviados de satanás.

-É Angel, ANGEL!- digo e eles me olham um para o outro.- Odin, seu


filho da puta venha pegar seus secretários e enviar lá pro inferno!

Cristal me olha como se não gostasse de mim, se bem que ela nunca
gostou mesmo. Nunca gostamos uma da outra. Ela é muito metida,
poucos meses depois da melhor amiga morrer ela foi lá e ficou com o
cara por quem Noelany era apaixonada. Não que eu a culpe, porque
Lany, não a culpa. Mas literalmente com o espaço de seis meses ela já
estava grávida dele.

Era como se ela não se importasse, Cristal penetrou tudo na vida de


Noelany, sua família, sua escola, seu trabalho e etc.

Puta merda, caralho!

-Odin, amor, vem cá rapidinho!- grito meu "noivo" que estava


conversando com o pai de meu amigo, onde Marvin o observava
calmamente.- Pequenos capetas, vão enfiar o dedo no botão do tio
Deimos.

-O tio Deimos tem botão?!- pergunta a pequena garotinha.

-Onde é o botão? Eu quero apertar!- fala o menino.

-Sabem o bundão dele? Fica entre os dois melões dele.

-É o cú dele tia?- pergunta Lanye. Dou um sorriso contido ao notar o


loiro puxando conversa com minha irmã, que o ignorava firmemente
enquanto conversava com Mariel.

-Isso mesmo diaba, agora vá atormentar seu tio.


Odin espera a "conversa" com os endiabrados acabar para se
aproximar.

-Oi meu hamster, me diga.

-Cara, eu acho que tenho uma pista. Acho que... Sei quem pode estar
possuído por um dos Gosteds.- seu semblante mudou de divertido para
sério.

-AI MEU CÚ, ANGEL SUA RAPARIGA DE ESQUINA!- ouvimos a voz de


Deimos me deixando orgulhosa de seu vocabulário. Criei bem ele.

-SUA MÃE AQUELA GOSTOSA!- grito em resposta recebendo um olhar


perplexo dos outros e um de reprovação de Cristal.

-Tem algum cômodo da casa em que podemos conversar? Sozinhos.-


assinto pegando em sua mão o puxando para a escada.

Subimos e fomos para o quarto de hóspedes. Fecho a porta ao


entrarmos.

-Ok, meu hamster, me diga tudo o que pensa.

-Acho que Cristal pode estar possuída, provavelmente desde os dias


após a morte de Noelany.

-Por que diz isso?

-Ela tem todas as características, apesar de na época eu ser muito


pequena. Ela tenta, não substituir, mas usurpar o lugar da amiga. Pensa
comigo Odin, faz sentido. Apesar de não ter muitas provas, mas olhe,
seu comportamento mudou depois disso, ficou dissonante do normal.
-Sim, até poderia ser, mas para atacar temos que ter motivos
incontestáveis.

-Ou seja, algo que evidencie um ritual. Mas como achamos algo assim?

Ele pareceu pensar por um segundo.

-Pense como se ela fosse um lobo, temos que achar sua toca, o lugar
onde ela guardaria esse tipo de coisa. Um Gosted gosta de lugares
abertos para os rituais, porém de acordo com o idiota do "pai", eles
guardam essas coisas dentro de lugares fechados e abafados para
manter a magia negra contida.

-Só que mesmo sendo um Gosted, ela ainda é parte humana, e tem
que manter a pose de dondoca de sempre.- nos olhamos por um
segundo e sorrimos em conjunto.

-Ou seja, sua casa!- falamos em uníssono.

-Pô, bate ai vai!- levanto a mão que o mesmo encara confuso sem sabe
rô que fazer, demonstro como fazer um"toca aí".

Ouvimos passos no corredor, olho para ele pensando no que fazer.


Odin me olha.

Foi mal por o que vou fazer, meu hamster.- diz mentalmente.

O que você pretende?- indago.

Fazer com que não sejamos pegos. Então, só segue o baile.- essas são
suas últimas palavras antes de me agarrar e sua boca bater contra a
minha em um beijo. Inclino vagamente a cabeça para que nossos
chifres não se choquem. Minhas mãos vão para seu ombro, subindo
por seu pescoço e entrelaçando seus cabelos em meus dedos.

Sua mão direita vai para minha cintura,e a esquerda vai para meu
pescoço. Seus dedos penetram o meu coro cabeludo, puxando sem
muita força os meus cabelos. Sua língua pede passagem que eu dou, a
mesma explora minha boca enquanto devolvo o beijo na mesma
moeda, seus dentes agarram meu lábio inferior.

Ah, entendi. É uma competição.

Seguro seu lábio inferior entre os dentes também, me afastando


brevemente e o  soltando com um estalo. Desço minha mão até sua
bunda e aperto, ao mesmo tempo que beijo novamente passando
minha língua envolta da sua, ele arfa em surpresa.

A porta é aberta abruptamente. Nos "surpreendendo". Paramos de nos


beijar e encaramos Marvin com um pequeno amontoado de coisas na
mão e Nono a suas costas.

-Que putaria é essa?

Olho para meu amigo que está tão diferente ultimamente, o moleque
tá chato pra caralho, porque puta que pariu.

-Você saberia se fosse convidado.- respondo. Odin dá uma risada


escandalosa. Tenho que parar de andar com esses capetas.

-Oh! Minha menina cresceu tanto!- fala Nono, reviro os olhos com seu
comentário.- Desculpe meu filho mal educado, não queríamos
interromper vocês. Só vim avisar que Amaya e Wonder chegaram,
então vamos servir o almoço agora. Ah! Hamster, sua mãe e seu
padrasto chegaram.
-Obrigada Nono, a gente já vai.

-Tá bom meu amor, olha, se precisar, tem camisinha no quarto de


Marvin.- diz com uma piscadela. Coro de vergonha ao olhar para o
rosto de meu amigo que está em choque.

-Obrigada pela informação Nono. Bem que eu acho que a gente vai
precisar.- responde Odin me fazendo arregalar os olhos. Dou um
cutucão em sua barriga e ouço uma risada silenciosa.

-Tá bom meu amor. Vamos Marvin.- Nora chamou meu amigo que
pareceu não ouvir, continuou parado na porta.

-Acho que vou ficar para mostrar o caminho.

-Não é preciso meu amigo, meu hamster conhece a casa. Pode ir para
sua namorada.- desvio o olhar para o chão, ainda bem que Karen não
sabe sobre nosso "momento".

- Certo.- responde. Ouço o baque da porta se fechando. Olho para meu


parceiro de encenação e caímos na risada. Que vergonha.

-Desculpa o beijo repentino.

-Pô, a gente é amigo. Camarada. Parceiro. É na brotheragem, cara.

-Na brotheragem pô.- ele dá risada. Ando até a cama e me jogo de


bruços nela.

-Me fez perceber que preciso de uma diversão, preciso de... Algo para
me distrair.- digo, não ouço nada por alguns segundos, até sentir o
peso de Odin em cima de mim.
-Sempre que quiser se distrair pode me procurar, meu hamster. Como
diz você, na brotheragem, pô.

-Sai cachorro véi daqui, bora logo que eu tô com fome. Se pudesse
devoraria um boi agora.- levantamos e descemos para a cozinha.

Amaya era filha mais velha de Cristal, ela não parecia nada com a mãe,
ou até mesmo com o pai. Seus cabelos eram castanhos bem claros,
quase um loiro escuro, eram curtos e bem lisos, sua pele é pálida e
rosada. Seu físico é magro, seus olhos são verdes e nada parecido com
o castanho bosta da mãe dela. Sua voz era infantil, mas uma conversa
com a mesma mostrava que ela tinha muita sabedoria. Ela usava um
moletom verde água com um short jeans claro e uma sandália branca
peludinha. Sem maquiagem alguma além de um gloss transparente em
sua boca perfeitamente desenhada.

Wonder estava ao seu lado usando um short saia preto, com um body
branco escrito "Babe" em negrito. Em seus pés tinha um all star
mostarda. Seus cabelos estavam presos em uma trança embutida, com
duas mexas onduladas frontais soltas.

As duas carregavam cada qual uma mochila, e duas malas.

Todos cumprimentamos as mais novas que vieram do acampamento


que ocorre antes das férias. Amaya encara Odin e o resto de nós o
almoço inteiro. Mamãe estava mais calada que o normal.

Eu e Odin estávamos na beira da piscina, ele estava sentado na


espreguiçadeira e eu estava entre suas pernas. Minhas costas se
escoraram em seu peito e meus braços em seus joelhos. Com essa
loucura de noivado falso, estamos aproveitando as oportunidades para
conversarmos e nos conhecermos.
-É sério isso? Quem mistura chocolate com mostarda e pedaços de
morango pra servir a convidados de luxo dos pais?- pergunta
indignado.

-Não me culpe, eu estava em uma fase rebelde onde queria ser


cozinheira. Nunca fui alguém que as pessoas poderiam impedir de
fazer algo. Nem quando criança.

-Eu tinha dois anos quando coloquei fogo na minha mãe. Graças aos
deuses ela era tipo minha mãe, e tinha o mesmo poder que eu, aí isso
não consumou ela.- damos risada.

Suas mãos se apoiam em minha barriga e seu queixo escora em minha


cabeça. Me recosto mais ainda fechando os olhos.

-Tia Geeeelllll!- ouço os enviados do capeta vindo na minha direção.

-NÃO!- sussurro gritando, o peito de Odin treme a minhas costas em


uma risada silenciosa.

-Tia o que é pau?- pergunta Lanye me deixando embaraçada.

-E o que é buceta?- indaga Nouey. Engasgo com o ar.

-Onde vocês ouviram isso filhos de satanás?- pergunto. Odin está rindo
descontroladamente em minhas costas.

-Não fala, Lanye! Primeiro diz o que é, tia Gel!

-São doces. Doces que quando vocês crescerem ganharão.- explico.

-EU QUERO UM PAU!- gritou Nouey.


-E EU QUERO COMER UMA BUCETA E UM PAU TAMBÉM!- grita Lanye
me deixando de boca aberta. Pera aí, não era pra ser assim não.

Os dois se olham e correm para os pais deles, que logo olham para mim
perplexos. Oxi, ninguém mandou ter filhos.

Sinto a respiração de Odin em meu pescoço, me causando arrepios.

-Você é uma péssima influência, meu hamster.

-Ninguém manda você seguir meus concelhos.- respondo arqueando o


pescoço ao ouvir sua risada contra a pele quente de meu pescoço.

Seus dedos apertam minha barriga, ui que sensação boa. Minha


larissinha chega piscou. Porra, é muito tempo sem dar pra alguém. Eu
quero dar pra alguém.

Seus lábios pousam em minha pele brevemente em um beijo leve e


casto.

-O que estamos fazendo?- pergunto ao chegar mais perto dele, se é


que era possível. Sua mão direita desce para minha coxa coberta por
uma saia rosa curta rodadinha. Seus dedos apertam minha carne me
fazendo arfar e um sorriso surge em meus lábios.

-Que foi? Não tá gostando?- indaga me virando para o lado.

-Oh, sim. Eu tô amando. A safada dentro de mim não me permite não


gostar.- digo o fazendo rir. Ao vermos mais gente se aproximando,
Odin coloca uma pequena manta sobre nossas pernas, cobrindo sua
mão em minha coxa. Dou um sorrisinho, esse capeta é o diabo de
safado.
-Filha?- ouço a voz da minha mãe que surge na nossa frente junto a
Marvin. Ela sorri sem graça.- Sua viagem para a França... Você vai
mesmo?

Tinha que ser esse assunto, mamãe não gostou da idéia de sua filha ir
para a França. Sempre que voltamos nesse tópico acaba em briga,
Jayson me ofende e minha mãe chora. Mas que porra, gente eu sou
maior de idade, não pedi dinheiro pra ninguém. Eu só quero conhecer
meu pai, poxa vida.

-Vou sim mãe. Mas não se preocupe, será apenas três dias, vou par o
Brasil depois disso. Não vou perder nossa viagem anual.- digo
suspirando ao sentir o moreno desenhando círculos dentro de minhas
coxas. Puta merda.

-Angel, por que não vai direto para o Brasil, deixa isso pra depois.- fala
Marvin me encarando de cara feia.

-Tá com fome, Marvin?

-Não...? Por quê?

-Tá de cara fe...- Odin sobe mais a mão chegando em minha virilha.-
Feia. Sua cara tá feia, achei que poderia ser por isso.

-Angel... Você não deveria ir para Paris.- diz minha mãe.

-Mãe, chega. Eu vou.

-Então deixe Karen e Marvin ir com você.

-Mãe, o Colégio de Wonder e Amaya vão fazer a viagem de formatura


para Paris, serão três dias. Eu vou como acompanhante.
-Filha...

-Mamãe, não é hora para está conversa. Podemos conversar depois?-


pergunto. Odin traça desenhos em minha coxa e virilha. Perigosamente
perto de outro lugar.

Ela assente com um sorriso contido e se vira indo embora. Marvin olha
para a mantilha como se visse através do tecido, ele balança a cabeça
em reprovação.

Será que minha irmã não tá satisfazendo meu amigo. Ele anda muito
mal-humorado ultimamente.

Me levanto sorrindo visperina, e pego sua mão o puxando para um


canto mais afastado do jardim onde tinha um banco.

Ele sorri também quando se senta no assento do banco e me puxa para


seu colo. Damos risadas juntos, nosso olhos travam uma batalha
silenciosa. Nós encaramos por segundos intermináveis, toco seu queixo
delicadamente com as pontas dos meus dedos. Traço seu maxilar bem
marcado ao mesmo tempo que encaro aquelas profundezas azuladas.
Me perdi naquele mar azul que habita seus olhos.

Os meus tem cor de bosta quando você como feijão, então...

Acho que só eu me perdi mesmo.

Sua mão direita sobe para minha nuca, enquanto a esquerda apertava
minha cintura. Nos aproximamos...

-Odin.- ouvimos uma voz doce. Amaya.

-Hã... Oi?- o moreno responde confuso.


-Eu achei que não te encontraria. Pelos deuses o tanto que eu te
procurei não está escrito nas estrelas.- franso o cenho, eles se
conheciam?

-Amaya, temos que ser rápidas.- desta vez é Wonder que fala.- A
qualquer momento alguém pode aparecer.

-Um minuto. Do que vocês estão falando?- pergunto.

-Angel, nós sabemos de tudo. Sobre ele, sobre seus novos amigos.
Sobre... Minha irmã. Eu vejo quem ela é, por que acha que fiquei
paralisada quando entrei pela porta em que me apresentaram a
"Edylany Evans". Olhar no rosto de Destiny e fingir que não o conheço.-
fala a irmã de minha amiga.

Que porra é essa?

-Quem são vocês?- indaga Odin tirando as palavras da minha boca.

Elas se olham e Amaya levanta o queixo encarando a mim e meu


amigo.

-Sou a princesa do reino sombrio, ou a atualmente conhecida como


Abaddon, filha da rainha Lucina e do rei Ari.- responde a garota.- Sou
uma das princesas perdidas.

Capitulo 15

-Então vocês sabem de tudo?- indaga Deimos após Wonder explicar


tudo.

-Sim, sabemos de tudo.


-E a princesa "perdida" na verdade não é filha de Abner. E sim de um
humano.- não é uma pergunta mas tem um quê de dúvida, como se
Odin não acreditasse.

-Exato.- responde a irmã de Odin.

-Você é a princesa do inferno...- afirma Circe com os olhos cheios de


lágrimas.- Eu te vi nascer...

-Também senti saudades, Circe.- diz Amaya correndo para seus braços.
A maior cai no choro, a comoção deixa todos muito emocionados.

-Você é minha irmã, aquela irmã, a irmã mais velha. Eu queria tanto ter
te conhecido.- seus braços me rodeiam de súbito.

-Eu também, eu também.- digo a abraçando de volta.

Eu queria tanto isso, sentir isso. Tem sabor de sonhos.

-Eu realmente estou muito feliz, feliz de uma forma que vocês não
entendem, a princesinha do grupo está de volta. A irmã do meu melhor
amigo, fico feliz que tenha voltado Amaya. Só tenho uma dúvida.
Amaya é a princesa da morte, filha do rei Ari e da rainha Lucina. Mas...
E você? Até então só sabemos que você é irmã de Lanylany.- observa
Deimos.

-Eu tinha sete anos quando uma mulher chamada Loreley de Lynphea
me levou até Akemi, elas vinham me observando desde o dia de meu
nascimento, eu simplesmente era brilhante, literalmente. Me
banharam com a luz de Akemi, me dando o dom da magia. Me deram o
nome de Raio de sol, e meu dever é proteger Amaya e achar a princesa
perdida.
-Quem seria a princesa perdida?- pergunto.

-Eu venho tentando descobrir até hoje. Li tantos livros procurando


sobre isso. E tenho motivos para acreditar que ela é mais velha que
Amaya.

-Mas ela não nasceram no mesmo dia?- indaga Odin.

-Sim, nascemos. Porém ela foi entregue para uma família humana cria-
la, então envelheceu normalmente, ao contrário de mim, fui criada em
um lugar que tinha a mesma magia do céu, não envelheci até o dia em
que fui entregue para Cristal.- seu olhar fica vago por um curto
momento.- E sim Angel, minha mãe humana é uma humana Stgre, que
seria uma humana que serve a realeza divina e infernal . Ela foi
escolhida para cuidar de mim.- exclarece A princesa infernal.

-Mas, tipo, ela não é uma pessoa legal, pensei que ela fosse
uma Gosted.- fala a pequena.

-Gosteds? Espíritos mensageiros? Não! Quem ensinou isso pra vocês?-


fala Wonder.- Gosteds são espíritos mensageiros dos deuses, extintos
desde o sumiço das rainhas e dos irmãos divinos.

-Wonder. Olhe isso.- minha irmã vai até Circe que tinha a cabeça
erguida pela princesa.- São...

-Sim, é como se fosse um feitiço, eu conheço esse encantamento...- no


momento em que suas mãos foram para a cabeça da loira, Wonder
fecha os olhos mas fica numa espécie de transe até que algo dá errado,
a garota começa a convulsionar e revirar os olhos.

-Wonder!- grito em uníssono com Amaya que corre para minha irmã.
-Ego vobiscum sum et tu mecum es.- a princesa sussurra a mesma
frase repetidas vezes com a testa colada na de raio de sol.

Wonder volta de súbito e olha em volta. Elas se abraçam.

-Alguém tentou me matar, porque eu tentei desfazer o feitiço que tem


em vocês. Não sei sobre o que é o encantamento, mas é muito forte, e
tem alguém que está garantindo que ele não seja desfeito.- explica
minha irmã.

-Crianças!- ouvimos a voz de Mariel que logo chega na cozinha.- O que


as...- seu olhar é dirigido a Wonder.- Eu sinto o poder... De Akemi? E
você... Meu Deus! 

-Mariel... Não consigo sentir sua magia.- estranha minha irmã franzindo
o cenho.- Aí minha cabeça. Você é a feiticeira de Ninat, certo?

-S-sim, sou sim. É que coloquei um escudo que mascara o nosso ratro,
para caso descobrirmos quem são os Gosteds.- diz fazendo Wonder a
olhar bem estranho.

-Ah... Sim. Bom eu tenho magia também. Sou protetora de Amaya.

-Princesa da morte, vossa magestade.- Mari ajoelha no chão puxando


sua cabeça até encostar a testa no chão. - Não sabia de sua volta.

-Não é necessário, levante-se por favor. Já nos conhecemos, sou


Amaya. Cristal é minha Stgre e Dylan não sabe de nada. Precisamos
descobrir quem é a princesa perdida.

Wonder e Amaya agora faziam parte do grupo, Mariel ficou um


pouquinho estranha depois da grande revelação.
Eram duas da manhã quando fomos dormir, Wonder vai ficar comigo e
Amaya ficará com Angel.

Estalo meus dedos fazendo aparecer em meu corpo um vestidinho de


dormir soltinho, da cor azul escuro. Minha irmã pronuncia algumas
palavras fazendo um conjunto de frio surgir em seu corpo.

-Vai me contar por que se matou?- pergunta.

-Eu...

-Olha, eu não quero te pressionar. Estou muito feliz de poder conversar


com você, te ver, te abraçar e tudo mais. Porém eu queria entender
por que tudo isso aconteceu, como você entrou nisso tudo?

-Eu me matei quando tinha 16 anos, eu estava grávida de uma criança


fruto de um estupro, só... Não aguentei lutar.

-Quem?- a encaro.- Quem fez isso com você?

-Ele era o novo segurança da escola. Ele era meu amigo.

-Não, ele não era.

-Se eu soubesse disso não teria deixado ele entrar em minha vida.

-É, eu sei. Qual era o nome, quero dizer, como esse monstro se
chamava?

-Joshua Bell.
-Joshua Bell, quer dizer, o professor Bell que foi morto depois de quase
estuprar uma menina de 7 anos? - pergunta de cabeça baixa. Me
surpreendo com sua pergunta, nunca imaginei que aquele monstro
teria o que merecia.

-Meu Deus, 7 anos? Como que deve ser a cabeça de um criança dessa.
Isso foi a quanto tempo?

- 8 anos atrás. E essa menina deve se sentir bem, porque sabe que a
justiça foi feita, ela mesma o matou com suas próprias mãozinhas. Ela
deve ver quem é, que é uma mulher, forte que não precisa de ajuda,
porque sempre é assim, você por você mesmo.

-Como assim, Wonder? Por que diz isso? Você conhece a menina?- seu
olhar empata com o meu, me mostrando a loba dourada que habita
sob sua pele.

-Conheço. Porque fui eu. Era meu professor de artes, ele tinha a
péssima mania de ir na casa dos alunos, especificamente das
garotinhas. E um dia ele resolveu dar aula para mim, meus pais o
receberam bem, Marvin já estava terminando o ensino médio e
naquela tarde estava com Angel na biblioteca perto de casa, foi pouco
antes da família Lexis mudar para uma cobertura. Ele quis me levar
para um... Passeio artístico. Para ver a paisagem e reproduzisse uma
releitura do que vi. - seu olhar se perde.- Naquele dia, eu meio que fugi
dele, e encontrei uma mulher, tropecei em sua capa. Eu  corria entre as
árvores do Parque Plaza, não tinha muita gente naquele dia, fui pra
parte mais afastada e enquanto corria, tropecei em um tecido de um
azul pálido, em minha queda fui amparada por uma linda mulher, de
cabelos dourados impressionantes. Ela olhou pra mim e sorriu, o
mundo pareceu se iluminar com aquilo. Ela disse: "Chegou a sua vez,
pequena menina. A hora de provar para o mal, toda a sua força. Vá, e
seja a vencedora, como sua irmã teria sido.". Seus lábios pousaram em
minha testa, e daquele casto beijo saiu uma luz dourada e quente...
-Como a luz do sol...- sussurro em entendimento.

-Isso mesmo. Me virei para olhar de onde vinha um barulho de passos


que ouvimos, e quando me virei a mulher já havia partido. O barulho
de passos era do meu professor. Ele disse algo como o quanto eu era
linda, como minha irmã, que minhas curvas não eram infantis.

-Você tinha 7 anos! Como pode? Meu Deus!- desabo na cama, ela vem
e se senta me abraçando.

-Sim, eu sei. Logo depois de cuspir um monte de elogios, ele partiu


para cima, tentei me soltar, o chutei diversas vezes, até que parei.
Senti suas mãos tirando meu vestido de girassol, que eu havia ganhado
de Angel de uma de suas viagens ao Brasil. Ele me despiu
completamente, e rugiu quando não tive nenhuma reação. Não é que
eu estivesse gostando, é que eu sabia que apenas um de nós sairia vivo
dali, e não seria ele. Ele começou a tirar a própria roupa, e caiu em
cima de mim. Eu senti aquela luz, aquele fogo dentro de mim, olhei em
seus olhos quando repeti as palavras que o vento me trazia. Transi cor,
et mortem exspecta. Atravessei minha mão pelo seu peito arrancando
seu coração com minhas mãos. Seu sangue me cobria. Porém eu estava
em transe, eu queria sentir remorso, me sentir triste ou com medo.
Mas   apenas senti isso, nada. Eu tinha sete anos, me limpei com a
manta que aquela bela mulher trouxe para mim, Amaya a
acompanhava junto a uma outra mulher, essa tinha o cabelo cacheado
de um castanho profundo com olhos azuis ciano. Usava um vestido
vinho com detalhes pretos com uma capa preta por cima de sua roupa.
Cada uma das mulheres mais velhas portavam em sua cabeça uma
coroa, a morena tinha uma coroa com pedras da lua azuladas. A loira
tinha uma dourada cravejada com esmeraldas e diamantes. Ela
estendeu a mão para mim e me limpou, e me vestiu com um vestido
branco rodado que ia até o chão. Ela colocou uma coroa de diamantes
em minha cabeça e me abençoou com o poder dela, fui beijada pelo
sol, a troco de proteger minha amiga. Sai dali e esbarrei com Angel e
Marvin. Os dois me olhavam como se eu fosse maluca. Contei uma
história alternativa, disse que outra pessoa o tinha matado, e por
incrível que pareça, todos engoliram essa.- ela conclui sua história me
deixando de boca aberta.

-Você tinha sete anos e passou por isso...

-Eu tinha que passar, não havia outra alternativa. Fugir, nunca foi uma
opção.- ela me solta de seu abraço ao se aconchegar no lado esquerdo
da cama de casal enorme.- Vamos dormir, provavelmente amanhã
terei que falar com Cristal.

-Vamos sim.- me deito a esquerda e ela me abraça por trás. Nem


acredito que estou realmente vivendo isso... Parece tão... Irreal!

Mas... Acho que estou feliz, pela primeira vez em muito tempo, me
sinto viva... Como se estivesse prestes a despertar.

×××

Acordo cedinho, antes do sol nascer. Coloco uma camisa de Destiny,


uma que está escrito "VALESCA POPOZUDA". Não sei o que quer dizer,
está em português. Mas Angel disse que elogiava a inteligência de
alguém quando você chamava essa pessoa de "popozuda".

Todos comemos o café da manhã juntos, observo Odin e Circe


próximos, mais que o normal. Angel apenas observa tudo com um
pequeno sorriso no rosto, mas não é aquele sorriso de felicidade
contida. E um sorriso pequeno que diz "eu não estou bem, mas quero
que meus amigos fiquem bem e não se preocupem comigo".

-Angel, posso falar com você?- pergunto, a mesma assente saindo para
fora.
-Oi Lanylany.

-Eu percebi a forma que você olha para Odin, mas vi que também olha
dessa forma para meu irmão...

-Eu não... Não gosto de Odin. É só... Uma farsa. E seu irmão... Marvin é
apaixonado por minha irmã, não tem... - ela respira fundo.- Não tem
nem possibilidade.

-Tem certeza que não sente mais do que amizade por um dos dois?

-É. Eu... Acho que tenho sim. Não... Não posso fazer isso com minha
irmã. Eu a amo mesmo que ela não retribua o sentimento.- diz com um
sorriso mínimo.

-Mas então você confessa que gosta um pouquinho do meu irmão...-


dou um cutucão em sua costela em zoação.- Hum Hum?

-LANYLANY! Filha da puta quase quebrou minhas costelas.!- fala


massageando o local.- Acho que perfurou meu rim...

-Seu rim fica mais pra baixo, sonsa.- dou um tapão em sua cabeça.

-Caralho! Quer me quebrar, porra? Eu não sou formada em medicina.-


dou risada daquela pequena garota que começou a xingar em
português, eu acho. Ou o Brasil fala espanhol?

-Falando nisso, qual curso você cursa?

-Direito.

-Qual vertente de direito escolheu?


-Direito Penal. Eu... Gosto de emoção. Fiz a a prova de admissão ano
passado. E o pior é que nem é a primeira faculdade que faço, sou
formada em literatura inglesa. E deixa eu te falar, eu acho que Direito
não é o meu sonho.

-Então por que escolheu direito?

-Eu acho que queria cumprir o lema do meu progenitor, que é proteger
aqueles que não podem se proteger sozinhos. Eu li isso em um diário
dele, acabei me apaixonando por sua personalidade. Mas mesmo
assim, antes de fazer direito, fiz literatura inglesa, onde dava aulas para
crianças. E é... Revigorante, ver aqueles pequenos capetas crescendo e
aprendendo cada dia a mais. É incrível demais. E saber que você
ensinou, que aquele diabinho pequeno a ser um homem ou uma
mulher de verdade. E é a melhor sensação.- seu tom de voz é
nostálgico. Seu olhar fica perdido por vários minutos.

-E por que você não segue seu sonho?

-Porque... Meu sonho não pode me alimentar. O salário é pouco mais


de mil e quinhentos euros por mês.

-Você é rica garota, porque simplesmente não segue seu sonho?

-Posso pensar em fazer isso algum dia... E sim, sou "rica" além da
bacatela de dinheiro que mamãe e Jayson me deram, tem também a
parte de meu progenitor. Só sei por uma carta sobre seu patrimônio
que está avaliado em 700 trilhões de euros.

-Como ele ganhou tanto dinheiro? É possível um homem ser tão rico?

Realmente é algo muito longe da realidade, não é possível um homem


ter tanto dinheiro.
-Acho que ele é como eu.- ela responde acomodando meu braço entre
seu  cotovelo e braço, me puxando de volta para os outros.- Ele deve
ser um prostituto.

Damos risada juntas enquanto vou em direção a Destiny.

-Oi.- o cumprimento. Seus incríveis olhos castanhos mel me encaram


com um sorriso reluzente.

-Oi.- responde meu cumprimento passando seu braço por meu ombro
e plantando um casto beijo em minha testa.

Ok, você pode se surpreender com nossa proximidade. Acontece que


não sei muito bem como me sinto sobre ele. Não existe nenhuma
barreira para não ficarmos juntos. Além da maís óbvia, não sei se estou
preparada para isso, para... Deixar outra pessoa entrar. Deixar uma
pessoa entrar dói, porque é o meu espaço, o mesmo espaço que outro
alguém chega e simplesmente se acomoda. E dói porque esse alguém
pode simplesmente acordar um dia e decidir que você não faz parte
dos planos dessa pessoa.

Nesses últimos meses temos nos aproximado bastante, e tipo,


teríamos uma história normal. Sem aquela porcaria de falta de
comunicação, nossa relação é calma e agradável, sempre conversamos
e nos divertimos juntos.

Eu era doida para ter um namorado, tipo Dylan. Meu primeiro amor...

Mas sabe, vai ter uma hora que vai chegar a pessoa, sua pessoa.

-Vamos pra aula? Temos muito o que fazer hoje.- diz sorrindo para
mim, extremamente próximo. Assinto e me levanto da cadeira.
Olho para o moreno ao meus lado enquanto caminho para a minha
mais nova moto, uma Yamaha R15 toda preta envelopada. Meu bebê
se chama Mary.

-Pronto?- pergunto ao te passar um capacete.

-Vamos lá miss mafiosa, bota pra quebrar Mary!- grita quando dou
partida deixando uma sombra de um sorriso em meu rosto.

×××

-Senhorita Evans? O diretor está procurando o senhor Odin.- a voz da


secretária preenche meus ouvido enquanto estava conversando com
Destiny.

-Ele ainda não chegou.- ela pressiona o fone em seu ouvido por um
tempo e vira-se de volta para mim novamente.- Preciso que vocês me
acompanhem. É um assunto extremamente urgente.

Franzo o cenho para Destiny que me olha com uma interrogação nos
olhos. Seguimos para o escritório de Velisk e adentramos sua sala
dando de cara com uma garotinha ruiva de uns seis anos. Apesar de
sua aparência, não há traços infantis ou angelicais em sua voz quando
se dirige a nós.

-Precisamos conversar.- sinto um breve arrepio.

Ok, isso não é bom.

Capitulo 16

Noelany
-O que houve?- minha voz está trêmula.

-Houve uma revolta em Abaddon, a antiga Cidade Sombria, a pouco


mais de dois meses. Há uma semana atrás mais uma revolta aconteceu,
agora foi em Lunaet a capital de meu reino, Lynphea. Os revoltosos
estão se matando, como se seu único propósito fosse trazer umas tais
princesas de volta, estão falando que a princesa perdida está em
perigo, e que eles tem que matá-la antes que o rei a ache.

-O rei...? Qual rei?

-E eu tenho que saber? Só preciso que os problemas de seu mundo não


afete o meu, que é o que está acontecendo. Eu estou desgostosa desta
situação minha jovem, estou quase irritada. E acredite criança, você
não deseja me ver realmente brava.- aquela pequena garotinha diz
com a voz alterada.

-Eu...- paro ao me lembrar da primeira vez que houve uma aparição de


Troy. "Avise a Odin que houve uma rebelião em Abaddon. Eles quem a
princesa."- Puta merda... Circe ou Amaya...?

-Você sabe quem é a princesa perdida?- indaga Velisk.

-Não, nenhum de nós sabemos, mas... Acho que sei o que os revoltosos
de Abaddon querem.- respondo.

-Papai se comunicou comigo a um mês, me disse sobre essas rebeliões,


porém falou que poderíamos ficar em paz, disse que não era nada
demais, e pediu para eu não contar a você ou a Circe.- olho para
Destiny com um olhar matador.- Eu só... Fiz o que ele mandou.

-Ele sabe que Odin, Deimos e Mariel estão conosco?- um aceno


positivo.- Ele... Falou algo sobre meus poderes?
-Falei disso mas ele disse que te deu esses poderes temporariamente,
enquanto estiver na Terra.

-Ele... Me deu?- minha confusão estava estampada em meu rosto


aparentemente.

Não me culpe, é um milagre o pai me dar algo como isso.

-Você é a protegida do pai, ele te ama e tudo o que faz é para seu
bem.- seus olhos brilham com um pequeno pontinho roxo. Balanço a
cabeça, como se para esquecer meu estranhamento com aquele brilho
o qual nunca havia visto.

-Tenho que avisar os outros. Odin, Circe e Deimos tem que saber disso
o mais rápido possível.- digo puxando Destiny.

-É sempre um prazer vê-la, senhorita...

-Noelany, meu nome é Noelany.

-Seu nome é sussurrado por muitas águas e...

-Escutem, os ventos me trouxeram um recado. Para você, pequena


criança. Cuidado com aquele fogo gêmeo que te rodeia, ele não é
idêntico ao seu. Cuidado com aquele que está próximo demais, nem
tudo que reluz é ouro.- seu corpo para de levitar e seus olhos voltam a
órbita normal, Velisk desaba no chão.

-Vá, criança. Eu cuido dele, meu amigo pode ser meio... Afoito com
seus poderes. A propósito, sou Loreley. Rainha de Lynphea. É um
prazer te conhecer garota, a resposta para seus recentes
questionamentos, é: Não é chegada a hora, porém o botão da pequena
flor já está desabrochando. Mas tome cuidado.
-Como...

-Tchau, Noelany.

Nós saímos após a porta ser fechada. O que posso fazer quanto a isso?

×××

Chegamos em casa pouco depois do sol se pôr. Angel havia saído com
Odin para a casa da família Lexis. Deimos e Circe estavam jogando, era
incrível como eles não sabia o que fazer.

-Onde está Mariel?- pergunto para Circe.

-Ela saiu. Eu acho. Mari tá sempr fora, sempre some do nada, será que
ela arrumou um namorado?- a loira ri.- Seria engraçado se ela
arrumasse alguém.

-Pra onde ela pode ter ido?- pego meu celular em minha mochila.- Vou
ligar pra ela.

Paro ao sentir a mão de Destiny em meu pulso, a palma de sua mão


está suada, um sinal claro de nervosismo.

-Mari precisa de espaço, Lany. Ela só precisa achar um.. Caminho.-


estranho sua frase, um "caminho"?- Vamos jogar xadrez, eu sei que
você ama. 

Ele me puxa para meu quarto onde tem um tabuleiro. e sim, sou
apaixonada em xadrez. Desde o dia em que saimos e fomos parar em
Las Vegas. Pegamos o jatinho de Jayson e voamos para lá em uma
tarde.
*Flashback on*

-O que é um motel?- Deimos pergunta do banco de trás do carro.

-É um lugar onde brincamos e fabricamos uma coisa.- responde Angel


mexendo no celular vendo videos do tik tok.

-Que legal, meu hamster. Oque se fabrica la'?- pergunta Odin. Meu
rosto enrubrece ao notar o olhar de Destiny que está ao volante. 

Seus cabelos castanhos estão levemente molhados, o mesmo usa uma


camisa de gola alta da cor preta, junto a um Blazer da cor preta
também e uma calça da mesma coloração. Em seus pés porta um
sapato social, e sim, é preto também.

-Vai tia Gel, o que se fabrica em um motel?- a voz de Circe sobresai as


outras. Seu gracejo para com Angel não passou despercebido. 

-SE FAZ FILHOS, SEUS PROSTITUTOS! POR QUE ESTÃO AFIM DE FAZER
UMA CRIANÇA?- sua voz estridente enche cada ponto do carro de sete
lugares que alugamos. 

-Tá repreendido em nome de meu pai!- exclama a loira provocando


risadas em todos nós.

Em meio a todos os risos percebo queestou sorrindo.. Que estou feliz.. E


percebi que na questão de familia, tenho tudo, em questão dos amigos
eles são a familia que eu consegui.

Mas sinceramente eu... Quero um amor, quero viver, tudo.


Absolutamente tudo. Quero um final feliz, apesra dele ser incrivelmente
raro.
Antes ouvia histórias de amor onde tinha os felizes para sempre. Hoje o
amor se tornou idiota, beijo e sexo é puramente fisico, dizer eu te amo
é o golpe, dar flores é clishe e sem graça. Virou moda você pegar todo
mundo e nunca entregar seu coração. Eu quero isso, o Clishê,as flores,
os 'eu te amo'. Só quero um amor que dure, isso é pedir demais? Há
algo de errado comigo?

Hoje em dia o felizes para sempre não vem tão facilmente. Ou será que
minhas expectativas são altas demais? Tenho mesmo que fidar o dia
sonhando comigo mesma e aceitar o minimo como suficiente?

-Aquilo é uma boate?- perguntou Circe apontando para uma casa


noturna Marquee Nightclubno Hotel Cosmopolitan.- Podemos entrar?
Podemos? Podemos!? Sempre quis conhecer uma boate, por
favorzinho?- a loira faz uma carinha tão fofa que melembra o
personagem de um desenho que eu via quando era pequena, o gato de
botas.

-Gente o unico que tem dinheiro aqui é o Odin.

-Eu também tenho dinheiro!- excla o burro do Deimos.

-Então paquenossa entrada para lá.- fala Circe animada.- Vai maninho,
por favor.

-Pensando bem, acho que esqueci minha carteira em casa.

-Sua carteira tá na sua mochila, fui eu que coloquei, seu sonso.- Angel
diz dando risada, imitando o som de algum animal desconhecido.

-Cala a boca coisa pequena.

-Cala você coisa fosca.


-Cala.. O que é algo fosco?- pergunta em confusão.

-Algo sem brilho, entendeu?

-A unica coisa que eu entendi foi que você é uma invejosa.

-Corno.

-Recacalcada.

-Ok! Vamos parar crianças.- digo rindo.- Vamos?

-Uma coisa antes.- Angel chama nossa atenção antes de sairmos do


veículo.- Eu prometo que não vou beber nada com alcool, e não vou
pegar ninguém.- ela dramaticamente coloca a mão direita em seu
coração como se realmnente fizesse um juramento verídico.

-Tá bom então ne', Vamos ver.- diz Odin e todos saimos rindo da
pequena que agora ostentava em sua face um lindo biquinho adornado
de um batom extremamente brilhante e vermelho.

Fomos até a entrada e eu paquei nossos ingressos, o lugar era lindo,


escuro e com luzes fuorecentes. Fui até o bar e comprei uma bebida
chamada Lagoa azul, porém sem alcool, estou sempre alerta.

Olho para minha roupa que tanto se difere do vestidinho branco


rodadinho estilo princesa e jaqueta jeans com tulipas bordadas de Circe
ou da saia preta colada com o cropped branco e o blazer branco de
Angel. Eu estva usando uma calça preta com um body rendado preto e
uma jaqueta de couro preta, nos pés apenas uma bota cano curto
preta com  o bico abeto mostrando minhas unhas perfeitamente feitas.
Circe com seu cabelo em uma trança, Angel com o seu solto e
ondulado, e o meu em um rabo de cavalo bem alto e apertado. que já
estva me dando dor de cabeça.

-Oi gracinha.- a voz de um homem invade meus ouvidos. O mesmo é


alto e loiro e parece ter por volta de seus 45 anos. Só de pensar que
realmente eu pareço uma menina de 17 anos e ele está dando em cima
de mi, á me dá nojo dele.- Qual seu nome?

-Não é da sua conta?- digo com um sorriso.

-Ah bebê, não seja malcriada. Ser desobediente é bom só na


cama.Deixa eu te pagar uma bebida.- diz chamando o barmen.- Por
favor um whisk do melhor para esta linda mulher.

-Não, muito obrigada.- tento sair mas ele pega meu braço.- Sugiro que
tire sua mão de mim, isso pode não acabar muito bem.

-Olha, a gatinha tem garras.- diz uma outra voz de um outro homem
aparententemente mais velho que esse que me importuna.- Sua nova
conquista, Tierry? Pelo menos tem idade para beber?

-Ela é brava meu amigo, se recusa a me dizer seu nome e idade. Será
que ela é malcriada na cama, George?

-As bravas são as piores.- reviro os olhhos e tento sair, mas o tal
George segura meu braço com força.- Voê acha que poderia jogar um
partida de xadrez? Acredite, é uma alta quantia em jogo.

Olho para seus olhos que percorrem meu corpo.

-Se eu vencer, você me dá 500 mil dólares por ter me pertubado desde
que eu cheguei aqui.- digo para o Tal Tierry. Me viro para seu amigo.- E
você vai me dar um carro de minha preferencência, de qualquer custo.-
seu sorriso é de descrença quando o mesmo concorda.

-E se você perder, vai para meu apartamento hoje.- meu corpo treme
levemente, será que consigo?

***

-Xeque-mate sernhores.- digo vencendo pela quarta vez seguida. Me


levanto da mesa onde temos muitos espectadores me olhando
boquiabertos por causa de minha performance, ou por minha incrível
bunda.- Te passoa minha conta pessoal, senhor Tyerre. E para o Senhor
George, eu mando atravéz de meu assistente o modelo e cor do carro,
e também onde ele poderá ser entregue.

Um braço me impede de seguir porta afora.

-Sua Puta! Você trapaceou!- grita George em meu rosto. Dou um


sorriso diabético para o mesmo.

-Vai me culpar pela sua falta de prática?- seus amigos riem. Meu
sorriso doce fica maior.- Ou talvez seja sua memória meu senhor, afinal
a idade chegou. E suas plásticas não escomdem sua velhice evidente,
assim como sua falta de respeito e ética não serão relevadas por causa
de seu dinheiro.

Ele levantou sua mão para me dar um tapa, porém seu pulso fica
suapenso por uma pequena mão.

-Lany? Oi meu bem.- Angel tira o homem de sua frente como se fosse
nada.- Obrigada seu porco nojento, por achar minha garota.
A pequena garota vem até mim pegando em minha cintura, seu sorriso
é visperino. Ela pega minhas mãos e coloca em sua cintura, leva sua
mão direita até minha nuca soltando meu cabelo e entrelaçando seus
dedos em meu coro cabeludo.

-Relaxa Baby, só... Segue o baile.

Surpresa me invade quando a mesma bate seus lábios contra os meus.


No começo é apenas um selinho demorado, quando ela começa a se
mexer como se tentando entrar em minha boca, abro levemente meus
lábios e sinto sua lingua penetrando minha boca e brigando por espaço
com minha própria lingua. Sua mão cesce para minha bunda a
apertando. Arfo em surpresa quando a mesma puxa meu lábio inferios
entre seus dentes e o solta com um estalo alto.

Vou dando passos para trás enquanto suas mãos passeiam por meu
corpo, passo minhas mãos por sua pequena estrutura. A viro
rapidamente, trocando de lugar e a colocando em cima de uma das
cômodas da sala Vip que nos encontráva-mos. Fico entre suas pernas
ainda a beijando ferozmente agora, aperto sua coxa a fazendo sorrir
entre o beijo, subo meus dedos pela lateral de suas perna.

Ela separa sossas bocas para beijar meu pescoço.

-O que estão fazendo aqui ainda? Não estão vendo que estão nos
atrapalhando?- diz contra minha pele. a mesma chega perto de meu
ouvido e sussurra- Baby, toma cuidado, você está quase em chamas, e
pegar fogo na frente de humanos não está nos planos.

Dou um sorriso sem graça quando me afsto prendendo meu cabelo e


indo até o vidro de vinho.

-Senhor Gerge, E senhor Tierry. Meu pai ficará decepcionado com vosso
comportamento.- a garota limpa o canto da boca com o dedão. Seu
batom borrou levemente.- Oh, vocês não me reconhecem?- pergunta
dando uma risada.- Sou Angel, filha de Jayson Lexis. Se rá que terei que
ter uma conver sinha com meus pais sobre seus comportamentos nada
decorosos?

-Mil perdões senhorita Angel, não foi nossa intensão causar


problemas.- diz george com a face branca de medo.

-Tsc, tsc,tsc senhor George Wills, perdeu a chance de ficar calado


quando chamou minha garota de puta.- Espere ser retirado dos amigos
intimos de minha familia. - ela pega minha mão e nos dirigimos até a
porta.- Foi um prazer revelo senores, pena que tive que dar a noticia de
que infelizmente vocês perderão um investidor.- seu sorriso escorre
veneno.- Espero a notificação do fechamento de vossas empresas,
senhores. Até mais.

Saimos da sala e finalmente respiro aliviada. Olho para Angel que está
com um espelho e um batom vermelho na mão, retocando a
maquiagem. Ela me olha de volta e sorri.

-Você gosta do meu irmão, mas a gente tava se pegando ali, se não
fosse a presença deles a gente teria...- meu rosto enrubrece.- Você
sabe o que a gente teria feito. 

-Ai amiga, não fica com vergonha não. E para com essa que eu gosto
do seu irmão. - ela ajeita o cabelo e guarda o batom e o espelhinho na
bolsa.- Vamos descer pra pista de dança, tô doida pra dançar. Apesar
de que as baladinhas daquinão chegam nem perto da animação das
festinhas do Brasil.

-Vamos viajar junto com vocês, minha mãe convidou-nos para irmos
junto. Parece ser bem legal lá.
-É incrivel Lany, apesar de todo mundo que vive lá ser um monte de
sem futuro. Vou te apresentar uma galerinha lá.- ela puxa minha mão
em direção a pista de dança.

Dançamos juntas e com outras pessoas, porém me cansei rápido e fui


até o bar pedir uma agua. Acabou que fiquei no bar conversando com
Destiny, enquanto isso a pequena beijou 17 garotas e 15 garotos.

-Bixinho, eu quero um patatá roxo.- a voz embolada de Angel é ouvida


por mim e por destiny enquanto conversamos com o barman.

-Desculpe senhorita, como assim?

-O patati, no copo com o patatá roxo.- ela fala e sua voz evidencia seu
estado nada sóbrio.

-É bonita, já chega por hoje. Vamos pra casa. - pego seu braço e coloco
em meu ombro.

-Naum, eu quero comer um pneu recheado de mostarda.- franzo o


cenho para Destiny que se segurava para não rir.

-Que porcaria é essa?

-Mamãe é uma vaca.- murmura em português algo que não entendo.-


Ela viu, ela sempre via. E deixou acontecer.

Levamos ela até a entrada, onde Odin e Circe já esperavam junto a


Deimos que estva beijando um garoto moreno e revesando com uma
garota ruiva.

-Vamos embora.- chamo e todos nos dirigimos ao carro. Deimose Angel


estavam deploráveis de tão bebados.
Sento no banco de trás com Angel apoiada a cabeça em meu colo. 

-Pai... Eu quero um pai...- sussurra em ingles. Sei que ela nunca


conheceu o pai, mas nunca vi que isso a afetava.

-Shiii... Dorme.

-Lany? - pergunta meio dormindo e meio acordada.

-Oi?

-Eu amo seu irmão... Mas amo mais a minha irmã. Ela é tipo, o meu
mundo. E eu nunca quero magoa-la.

-Mas isso te machuca? Tipo, ver eles juntos?

-Doia, mas saber que ela está feliz com ele, me deixa menos triste.

-Isso... Isso é muito nobre Angel.- passo a mão em seu cabelo em forma
de carinho. 

-No dia que eu chorei por causa disso, choveu. Acho que até o céu
chorou comigo, por causa dessa situação patética.

*Flashback off*

Foi um dia legal. 

-Preciso falar com Odin.- digo para Destiny.

-Vou ligar para ele. Pedir para ele vir para conversarmos, isso é muito
importante.
De repente a porta é aberta abrupdamente. Mariel entra pela porta
com se estivesse assustada.

-Mari?- corremos até ela para ajuda-la.

-Ele... Ele está vivo...- sussurra com as mãos na cabeça.

-Ele? Ele quem?- pergunta Deimos enquanto Circe corre para pegar um
copo de agua para ela.

-O rei Abner está vivo.

Capítulo 17

Angel

Marvin me ligou as seis da tarde falando que iriam fazer um jantar na


minha casa em comemoração as minhas bodas eminentes. Que era
para eu e Odin irmos até lá.

Uma putaria? Sim, muita idiotisse. Eu tava de boa vendo um jogo de


basquete com meu idolo. O único brasileiro atualmente na NBA, sim
meus amigos eu estou falando do Rauzinho, ou Raul Neto, como é
conhecido Estados Unidos. O armador mineiro fez o caminho da
Espanha para a NBA. Antes de ser selecionado pelo Utah Jazz, ele jogou
a alguns anos atrás pelo UCAM Murcia. Na liga norte-americana, o
jogador atuou pelo Utah Jazz, Philadelphia 76ers e está no Washington
Wizards, vivendo o grande momento da carreira.

Ou seja, ele é fodástico.

Estava deitada na cama no quarto de Odin.


-Hein, cosplay de Michael Jackson.- chamo a atenção do moreno que
estava conversando com Amaya sobre a mãe deles.- Você também
princesa da porra toda, só uma coisa sua mãe sabe que tú tá aqui?

-Sabe, quero dizer, mais o menos. Não falei que vim ficar com meu
irmão, que por acaso é o rei do inferno. Apesar de que acho que é mais
capaz dela deixar de boa eu perto dele e se recusar a me deixar com
você.- ela diz parecendo pensar.

-Parece até que ela me odeia.- digo e a filhote de capeta sorri


levantando as sombrancelhas.- Ok, chega coisinha. Precisamos ir para
um jantar na minha casa.

-E é nessa hoje que eu fujo, detesto lidar com Karen.- diz tentando sair
do quarto. Fecho a porta com uma rajada de vento.

Não tenho poderes, mas consigo pegar o poder de qualquer pessoa.

-Como você fez isso?- pergunta espantada.- Puta que pariu!

-Epa! Nada de palavrão, mocinha!- diz Odin.

-É caralho, para de falar essas porra. No amor de Cristo.- dou


gargalhada de suas expressões de choque.- Bora, vou te emprestar
uma roupa coisinha.- digo e a mesma estala os dedos fazendo aparecer
em seu corpo uma saia jeans BEM CURTA, meio rodadinha com uma
espécie de colar dourado em seu quadrio, e uma blusinha branco
quente até o umbigo, de botão e manga longa. A saia mostra pouco de
seu umbigo e desce até o inicio de suas coxas uma meia branca com
renda que vai até quatro dedos antes de encontrar com o tecido da
saia.

-De jeito nenhum!- exclama Odin.- Você tem quase 15, é uma criança!
Apesar de sua aparencia ser mais velha.
-Com todo o amor, irmãozinho. Vai se foder.- ela vira para mim.- Tenho
mais de 50 anos celestiais, mas terrenos tenho 14, porém essa é minha
aparencia eterna. Escolhi parecer ter 18 anos, que aparentemente é
uma idade supervalorizada aqui.- seu sorriso escorre doce.- Preciso de
um tenis, me empreta?

-É...- pigarreio tentando não olhar para seu lindo corpo.- Hum... É...
Como?- a encaro de cima a baixo.

Ela dá uma breve risadinha como se soubesse exatamente todas as


pervesidades que eu penso que poderia fazer com ela. Passo a lingua
por meus lábios para umidece-los já que de repente ficaram secos.

-Me empresta um tenis?- ela faz surgir em sua mão um gloss rosinha
bem fraco. A mesma passa em seus lábios. Puta que pariu, ela nem
sabe onde eu imaginei essa boca.

-Hum... Sim, vamos lá no meu quarto.- digo e a mesma sorri safada.

-É em momentos assim que eu agradeço por ter um relacionamento


aberto.- diz segurando minha mão.

-Relacionamento?! Como assim? Relacionamento com quem?- indaga


Odin puxando a irmã mais nova para longe de mim ao mesmo tempo
que damos risadas.- E você.- aponta para mim com um sorriso.- Você é
má influência.

-Wonder só não pode ficar sabendo que você é uma jogadora.- deixa
escapar nos fazendo encara-la.

-WONDER?- exclamamos ao mesmo tempo.

-Ela é uma delicia. Alias, Deimos também.

-VOCÊ FICOU COM O TRASTE DO DEIMOS?- pergunto pocando na


risada da cara de Odin.
-Como?- pergunta seu irmão pedrificado com sua afirmação.

-Quer mesmo que eu detalhe? Bom, primeiro nos beijamos...

-NÃO! Pelo amor dos Deuses, eu não preciso saber de transa de


ninguem.

-Só da sua quase transa com a Angel né?- arregalei os olhos com suas
palavras.- Não fique tão surpresa, eu leio mentes. A sua eu não consigo
ler, mas a do meu irmão sim.

-Ok, vamos logo!- digo saindo.

Entro no quarto onde estou ficando e vou até o closet, pegando


algumas opçoes de roupas. Mas sou interrompida por meu celular
tocando.

-Alo?

-Ei Angel.

-Ah, oi Marvin.

-Só ligando pra avisar que vai ser uma festa bem formal e elegante.
Vários socios do Sr. Lexis virão.- reviro os olhos, Jayson como sempre
tentando aparecer.- E como teremos um anúncio completamente
inesperado, segundo sua mãe, Karen convidou a maioria dos nossos
colegas de faculdade.Então, roupas elegantes, por favor.

-Não sei se vou, não tenho roupa chique.- digo me deitando em minha
cama que tinha uns 50 livros em cima.

-Você tem sim. E aquele vestido rosinha? Ele é tão fofo em você.- eele
está falando de um vestido midi, rosa de manga princesa todo fechado
que Jayson me deu. Eu já expressei meu total desgosto por roupas que
Jayson me dá?
-Eu pareço uma mãe com ele. Deixa, eu já sei o que vou usar. Valeu por
avisar.

-Por nada, e Angel... Antes de desligar, eu te amo, tá?- diz e meu


coração aperta com suas palavras.

Não faz assim comigo, Marvin.

-Eu... Também te amo, Marvin.- desligo o celular e afundo o rosto no


travesseiro.- Su idiota, levanta essa raba linda que você tem e vai fazer
um vestido pra tu.

Levanto e vou até Circe.

-Oi loirinha.

-Oi filhote de rato.

-É hamster.

-Mesma coisa.- diz dando de ombros.- Posso te ajudar?

-Vou absorver seu poder rapidinho.- me concentro e em cima do sofá


surge uma roupa.

-Você o que?

-Valeu sua loira oxigenada!- dou um beijinho em sua cabeça e sigo


rumo a cima.

Passo no quarto de Odin e falo para os dois que é uma festa de gala.

Vou ao meu próprio quarto e tomo um banho bem gelado, nunca


gostei de banho quente. Meu vestido era preto, longo, colado, com
uma imensa fenda na perna direita que destacava minha coxa. Tinha
apenas uma manga longa, deixando o outro ombro nu. Ele se apegava
perfeitamente ao meu corpo.

Ouço um estalo e meu cabelo magicamente fica bem ondulado com


algumas partes brilhantes com pequenas borboletas prateadas.

-Você tá linda.- diz Amaya me olhando de cima a baixo. A mesma havia


trocado de roupa e agora estava usando um vestido azul claro curto,
rodadinho com manga curta, com uma jaqueta de couro branco off, em
seus pés tinha uma sandália de salto branca também com tiras que
subiam por sua panturilha e uma linda flor bem discreta que adornava
a frente do salto baixo.

-E você está comestível demais.- digo pegando um salto preto bem


discreto.

-Odin já está nos esperando.

Descemos as escadas como se estivesse em camera lenta, enquanto


Odin se vira lentamente exibindo seu belissimo terno azul escuro quase
preto com uma camisa gola alta preta, em seu pescoço exibe uma
pequena corrente prata. Em sua mão com veias saltadas tinha alguns
anéis prateados e um relódio prata também prata. Todos os seus
acessórios eram discretos, ele não precisa mostrar que é rico.

-Vocês estão lindas, nunca vi tanta beleza em duas pessoas.- diz me


fazendo corar.

Que porra é essa? Eu tô corando?

Paro de sorrir institamente, isso é muito idiota. Vou passar pelo


moreno quando sua mão me puxa para si, colando nossos corpos.

-Você tá linda demais, meu hamster.- respiro fundo e dou um sorriso


contido.
-Você também tá muito lindo, meu capeta.- ele dá uma risadinha me
soltando e seguimos para o carro depois de nos despedirmos de Circe e
Deimos. Mariel saiu conosco, mas por outro caminho.

***

O salão de minha casa estava cheio, uma musica leve de fundo era
ouvida em cada canto do lugar. Apenas membros da alta sociedade
conversavam pelo espaço.

Deixamos Amaya perto de uma mesa onde tinha alguns de seus


"mortais de estimação" como a mesma relatou.

-Angel, minha filha!- minha mãe corre ao meu encontro quando


encontro a mesma junto com Jayson, Karen, Marvin e mais alguns
empresários.

-Oi mãe.- digo a ela a abraçando de volta.- Olá, boa noite senhores.
Quero vos apresentar meu noivo o sr. Odin. Meu amor, esses são os
Ceo's de empresas das quais sr. Lexis é investidor.

-Oh, prazer em conhecê-los.- Odin estende a mão em cumprimento aos


homens que ficam admirados com a beleza del com certeza.

Quem te vê, nem pensa que á uma horinha atrás tava quarendo
transar com minha irmã.- sua voz soa em minha mente me fazendo rir
e olha-lo.

Seu sem futuro, vamos fingir que você não queria transar comigo
também.- seu sorriso pra mim aumenta.

Eu até queria, mas depois de saber que tú é apaixonada pelo Marvin,


me fez desanimar. Não quero atrapalhar o amor, quero que você seja
feliz.- suas palavras me fazem querer chorar.
É.. Eu gosto dele, obrigada mesmo por isso... Sabe? Isso de fletar
comigo, me salva de mim mesma as vezes.

É isso que amigos fazem. Tô com você, meu hamster.- diz.

-Olhe como estão apaixonados! Até o modo que se olham é diferente!-


diz minha mãe feiz da vida.- Acho que logo teremos um casamento
nesta familia, senhores.

-Diana, quem irá se casar?- pergunta uma voz atrás de mim. Todos se
viram dando de cara com um homem branco e alto, seu cabelo é
castanho escuro com mexas brancas na parte frontal, seus olhos são de
um preto impressionante e seu sorriso é brilhante. Pelo seu sotaque
posso dizer que ele é francês. Seu terno azul claro destaca o brilho de
sua aura.

-Quem é você?- pergunta Karen tirando as palavras da boca de todo


mundo.

-Você deve ser Karen Lexis. Prazer em conhecê-la.- ele estende a mão
para cumprimenta-la.- Vocês são Marvin Lewis, Jayson Lexis, Teylor
Jeckins, Ananda Ylet, Edda Correy, Jackson Fuller...- ele continua
falando todos s nomes dos presentes até chegar em minha mãe.- E
você, Dianna Stella Andrade. Quanto tempo.

-Eu...

-Ela se chama Dianna Lexis, minha esposa.- diz o maldito do Jayson.

-Eu sei Sr. Lexis, somos... Como gerente e funcionário.-Sim, eu sei que
você é dono da Interprises Correy.

-Sou dono de todas as empresas que você imaginar. E dono tambem de


50% da bolsa.
-Impossível, o homem que tem tal patrimônio é brasileiro.- rebate
Karen.

-Sim, exatamente senhorita Karen Lexis. Eu tenho dupla cidadania, sou


francês mas tenho cidadania brasileira porque minha esposa é do
Brasil. Infelizmente não pôde me acompanhar, as crianças tomam seu
tempo.

-Desculpe senhor.- chamo sua atenção e seu olhar se volta para mim
junto a Odin.-Posso perguntar o seu nome?

-Você é... Filha de Dianna?- pergunta me olhando estranho.

-Hã... Sou...

Ele para por um momento e entendimento passa por seus olhos


quando ele se vira para mamãe.

-Senhora Lexis, podemos ter um momento?

-Claro que não!- exclama Jayson segurando minha mãe que se solta e
vai em direção ao estranho.

Olho para Odin preocupada, quem será este homem?

Calma, meu hamster.- diz em minha mente e pega em minha mão.

Me viro para Jayson o puxando de lado.

-Jayson você sabe quem é ele?- o mesmo me encara como se eu fosse


uma doença contagiosa.

-Não tenho a obrigação de te falar nada, apenas dizer que se for quem
eu imagino, teremos problemas.- diz e se solta de meu aperto.
Odin chega perto de mim e me abraça. Seu coração bate
descompassado em seu peito.

-Por que você está tão nervosa, meu Hamster? Consigo sentir seu
nervosismo.

-Eu... Não sei.- suspiro.- Sinceramente não tenho idéia...

-Respira, tá? Eu tô aqui, não vou te deixar sozinha.- ele apoia seu
queixo em minha cabeça ao mesmo tempo em que coloco minha face
em seu peitoral.

-Gente, eu...- Amaya chega abruptamente chamando nossa atenção.-


Eu estou sentindo um rastro de magia muito forte.

-Eu também senti. É... Antigo, porém bom, como se o portador fosse
alguém bondoso.

-Como achamos a fonte desse rastro.- pergunto curiosa.

-Vou tentar me comunicar.- diz Amaya ao seguirmos para uma parte


mais afastada do jardim, perto de onde fica o hall da piscina.

Não posso mentir, o gosto de Jayson é muito bom, e temos isso em


comum. A piscina é grande e de borda infinita com vista para a cidade,
tem um pequeno jardim gesto especialmente a pedido de mamãe
pouco afastado do lugar, tem área gourmet e tudo mais. É muito lindo,
mas isso não oculta a hediondidade do dono deste lugar.

A garota chega la e logo conjuram um livro dourado onde ler algo


porém logo o mesmo some de suas mãos, sua boca sai algumas
palavras em uma língua estranha. Seus olhos ficam brancos por um
segundo, seu corpo levita momentaneamente, com um brilho surgindo
de dentro para fora.
-O que está acontecendo?- pergunto meio desesperada. Uma criança
de 14 anos está levitando para cima e brilhando igual um pisca-pisca
mágico, está falando coisas estranhas e o olhos devem estar atrás do
cérebro. Vocês querem mesmo que eu fique calma?

-Ela... Ela está se conectando com o outro ser mágico. E...- seus olhos
vidram em sua irmã por meio segundo quando a mesma aponta para o
sentido da piscina.- É um Theod.

-Que porra é Theod?- pergunto exasperada correndo até Amaya que


desaba em meus braços.

-São uma espécie de bruxos, bruxos bons que protegem crianças tanto
mágicas quanto normais, eles são seres de imensa compaixão e
bondade. Sua aura é branca, límpida e reluzente. São curandeiros e
tem imenso poder de cura e capacidade de perdão.- explica o moreno
que pega um algodão com álcool e aproxima do nariz de Amaya
fazendo-a acordar de rompete.- Não sei como conseguiu se conectar,
sua barreira está baixa assim como as nossas. Algo está nos
enfraquecendo.

-Temos que falar com ele, é um homem. Me conectei com ele, e senti a
paz que habita sua mente, aparentemente está chateado com alguém
alguém.- diz se levantando lentamente.- Precisamos descobrir quem é.
Talvez possa nos ajudar a encontrar a outra princesa perdida.

Ajudo ela a se levantar e andamos até a piscina dando de cara com


mamãe e o estranho conversando.

-Por que me chamou aqui?- pergunta o homem.

-Eu queria te ver, não era pra você chegar no meio da festa. Eu só te
chamei porque estava com muita saudade.

-Depois de tudo o que aconteceu, você tem a cara de pau de falar que
me chamou pra casa do seu marido, das filhas dele, me chamou para o
covil dele, e me diz que fez isso porque estava com saudade? Você
claramente não o respeita.- sua voz mostra que está magoado com
minha mãe, mas não entendo porque.

-Eu fui muito boba, você sabe que naquela época eu era jovem e
imatura demais, deixei você passar entre meus dedos. Seu amor, nossa
vida, nosso futuro perfeito. Se eu pudesse voltaria atrás só pra te ter
comigo.

-Eu te procurei, por quatro anos, fui ao Brasil, vim a Londres, andei
cada continente a sua procura. Até que um dia quando estava na Time
Square, junto com Helena, uma brasileira que me ajudou te procurar,
passamos por uma banca de jornais e te vi na capa da revista, com um
vestido de noiva estranho em você, duas menininhas vestidas de
noivinhas e o Jayson te beijando.

-Você viu... Mas depois se casou de novo, eu sei.

-Sim, casei com Helena dois anos depois de voltarmos ao Brasil.

-Só quero pedir desculpas, lembro que eu disse que era para sempre, e
acabei com tudo. O nosso pra sempre, acabou e os novos "amores"
vieram com tudo.- ela se aproxima do homem.- Quero aquilo de volta,
quero a gente de volta.- sua mão vai para bochecha do homem, porém
o mesmo a intercepta e se afasta.

-E agora de repente está pedindo para ter isso de volta?- aponta para o
espaço entre eles.- Pode me dizer de onde tirou tanta coragem?

-Eu sinto falta do que tínhamos, era amor de verdade. E me dói saber
que te perdi.

-Sim, você diz que sente falta do que tínhamos. Mas eu realmente não
me importo o quanto isso dói.

-Mas...
-Não quando você me quebrou primeiro.- ele olha para ela.- Eu te
amei... Com tudo que eu tinha, mas... Posso dizer hoje depois de tanto
tempo, que não te amo mais.

-Mas eu te amo...

-E eu amo a minha esposa, e sou muito feliz com ela e meus filhos.

-Você tem filhos, então tem que me entender. Era você, ou minhas
filhas. E eu nunca vou deixar de escolhe-las em primeiro lugar.

-Eu te entendo perfeitamente, meus filhos são as coisas mais


importantes da minha vida. E minha esposa também. Ela quis o amor
que um dia você jogou fora. Foi ela que pegou na minha mão quando
você soltou, foi ela que me aceitou do jeito que eu sou, cuidou de mim
do jeito que você me deixou. Foi ela quem me ajudou a levantar
quando eu caí, foi ela quem enxugou as minhas lágrimas, me fez dar
risadas, ela me aceitou do jeito que eu sou. E é com ela que eu sempre
vou estar.

-Eu... Adam, eu...

Paraliso ao ouvir seu nome, me aproximo fazendo com que os dois me


vejam, mamãe tem lágrimas nos olhos assim como o tal Adam.

-Qual é o seu nome?- pergunto com a voz falha, já sabendo o que vou
ouvir.

-Você é a mais nova. Tem piebaldismo também?- ele franse o cenho e


olha minha mãe.

-Mãe quem é ele?- meus olhos se enchem de lágrimas e minha mãe


abaixa a cabeça.

-Garota, qual seu nome?- pergunta Adam me olhado nos olhos.


-Angel...

-Angel Andrade Lexis?- ele indaga desconfiado.

-Não.- olho em seus olhos.- Angel Andrade LeBlanc...

-Quantos anos tem?

-Vou fazer 22.

-Dianna...- seus olhos brilham com lágrimas não vertidas ao se virar


para minha mãe e olhar entre mim e ela.- Por que ela se chama Angel
LeBlanc? Por que ela tem quase 22 anos?

Olho para mamãe que levanta a cabeça, rastros de choro por sua face.

-Porque ela é sua filha.- a mesma se vira para mim.- Angel, ele é Adam
LeBlanc, seu pai.

Capítulo 18

Angel

Olho para minha mãe, um pouco paralisada. Aquela palavras que


sairam de sua boca...

Palavras que tanto quis ouvir, agora pareciam facas no meu peito. É
Paloma Faith, só o amor pode machucar assim.
Por que depois de tanto tempo? Por que agora? Seria o meu "pai" um
bruxo?

-Dianna... O que está falando?

-É isso Adam. Angel é sua filha, descobri que estava grávida poucos dias
depois de ter voltado para o Brasil. Eu queria te procurar, mas... Eu
preferi não correr o risco quando vi o quão bem ia sua vida.- diz
mamãe.

-Você deveria ter me falado...- suas mãos vão para sua cabeça como se
estivesse doendo e sua face se volta para Amaya e Odin, a menor
também tinha as mãos na cabeça.- Dianna entre.

-Adam, filha, eu...

-Amor?- ouço a voz de Jayson. Mas continuo no mesmo lugar, estática,


parada, receio que se eu me mexer a Inglaterra vá se chocar com a
França ou o mundo será governado por nazistas. É a impressão que
tenho agora, só sei que este não é o mesmo mundo que eu vivia hoje
pela manhã.

-Oi Jayson...- encontro minha voz para pedir um favor, todos os rostos
se voltam pra mim.- Leve mamãe para dentro por favor.- não sei de
que porra eu tirei tanta calma para olhar nos olhos de meu padrasto e
sorrir amistosamente.

Seu gesto afirmativo é o único indicativo de que vai me ajudar.

-George tem uma proposta para nossa empresa, venha Dianna.- minha
mãe se volta para o meu aparente progenitor enquanto segue Jayson
submissamente.

Adam olha em meus olhos como se estivesse procurando provas de


que o que mamãe diz é verdade.

-Você é minha filha...

-O que foi isso?- pergunta Amaya.- Você também sentiu! Sua barreira
ficou baixa demais como foi tão descuidado?

-Eu... Algo mexeu em minha magia. Aliás como sabem que sou um
bruxo?

-Talvez porque eles também tenham magia.- digo com a cabeça baixa.
Por que isso logo agora?
-O que são vocês?

-O que é você?- pergunto tomado as rédias da conversa.- Por que


aparecer do nada? Como assim tem magia?

-Eu sou um Theod, bruxo das crianças e da maternidade.- quase dou


risada disso, isso é sério?

Coloco as mãos na cintura e olho para o céu. Marvin sempre disse que
tudo que desejamos ás estrelas elas nos dão, será que elas vão me
salvar agora?

-Bruxo da Maternidade?- minha risada é amarga e sem vida. Sei que


ele não tem culpa, nem sabia da minha existência, mas porra, não dá
pra digerir isso de boa.- Eu... Tenho que entrar.

-Angel! Noelany acaba de me ligar.- a voz de Odin é ouvida e meus


olhos se direcionam para ele. Seu olhar está perdido.- É Abner. Ele está
vivo.

Abner, o rei que matou o pai deles e declarou a mãe como assassina
fugitiva? Isso é muita merda!
-Eu...- meus olhos querem se inundar, mas não permito.- Vão, levem
ele com vocês. Vou falar com os convidados e vou.

Não quero te deixar sozinha, meu hamster.- encaro seus olhos


enigmáticos.

Eu tô bem.- digo esperando que se torne verdade.

Não, você não tá. E não adianta mentir pra você mesma.- como sempre
sabendo mas de mim do que eu mesma.

Odin, vai logo, eu... Vou FICAR bem.- seus olhos tem um brilho o qual
não consigo identificar, mas sei que não estava lá antes.

Tem certeza?- reviro os olhos com sua insistência.

Vai logo filho da puta.- uma risada mental é ouvida em minha mente.
Ensaio um sorriso que não sai muito bem.

-Vamos.- diz Odin e os três se dirigem para o estacionamento.


Meus olhos acompanham os meus amigos, e se enchem de lágrimas
assim que vejo-os dar partida no carro.

Me abraço com meus próprios braços, por que está tão silencioso aqui
fora e minha mente faz tanto barulho?

Ando até o banco já não enxergando mais nada por causa das lágrimas
que insistiam em cair. Não consigo respirar direito, meus pulmões
parecem estar em chamas e o mundo parece pequeno demais, minha
respiração fica acelerada demais, minha mãos estão tremendo
enquanto tento não fazer barulho, não posso deixar outra pessoa me
ouvir. Hoje é um dia feliz, eu deveria estar feliz, por que parece que
algo ruim aconteceu?

As lágrimas silenciosa não paravam de cair enquanto eu tentava


entender o porquê delas. Eu tinha que estar feliz por finalmente
conhecer meu pai, eu sempre sonhei com isso. Mas por que essa dor?
Essas lágrimas não são de alegria, dói tanto que eu não consigo
respirar.

-Angel?- ouço a voz de Marvin já correndo ao meu encontro.- Por que


está chorando?
Tento lhe dizer que não é nada, que está tudo bem, que eu estou bem.
Mas minha voz fica entalada em minha garganta e a única coisa que sai
é um soluço que dói de verdade no meu coração. Se é que eu tenho
um.

-Ei, shiii... Tudo bem.- seu braço rodeia meus ombros enquanto minha
cabeça vai para seu peito.

-Ta- tá do-do-en-do.- digo entre as lágrimas.

-O quê? Onde?- pego sua mão e levo ao meu coração. Seus olhos se
enchem de água.- Não fala isso. Essa é a dor que eu não consigo curar.

Ele me abraça e segura minha mão que está tremendo muito.

-Não precisa de exagero Angel, estou aqui. Calma, respira.- diz me


fazendo cerrar os olhos fortemente.

Angel, sua vagabunda. Para com isso, você não precisa de ninguém pra
te levantar, ou pra te ajudar. Você é uma filha da puta, uma vadia
perigosa e poderosa! Nada pode te abater, porque, como dizia a vadia
da Nestha Archeron, "Sou a rocha contra as ondas se quebram."
-Você precisa dormir Angel.- olho em seus olhos e percebo o quanto o
amo, sempre é assim, ele que me salva. Ele é tão bom comigo, é gentil
e amável, sempre me dá atenção desde pequena.

Você deveria comprar um cachorro, meu hamster. Ouvi dizer que eles
tem as mesmas qualidades que o amor da sua vida.- diz a voz em
minha mente. Isso me provoca um pequeno sorriso.

Seu idiota! Me deixou aqui sozinha, que noivo ruim.- digo meio
brincando mas minha voz denuncia meu choro.

Ei, porque está chorando?- sua voz demonstra um pouco de


arrependimento.

Eu... Não sei... Só me deu vontade. E eu...

Não conseguiu segurar? Eu entendo, você é sempre tão forte e foda-se


pra todo mundo, é como um computador sempre pronto pra tudo.
Mas até computadores tem que descansar.- sei que meu amigo tem
razão. Mas...

Eu sei. Só doeu tanto que eu não aguentei.- digo, meu choro já não é
presente e a mão de Marvin acaricia meus cabelos enquanto minha
cabeça repousa em seu colo.
É, já senti algo parecido. Levanta essa cabeça, enxuga essas lágrimas,
porque essa confusão chorosa não é você. Tu é a rocha de muita gente
Angel, não pode cair.- suas palavras me dão uma clareza súbita do que
devo fazer. Um sorriso grande se abre quando não há sinais de
lágrimas.

Obrigada, Odin.- digo olhando as estrelas.

Não é nada, meu hamster. Fique ai esta noite, teremos um pequeno


problema para resolver amanhã.- sua voz não me revela nada do que
seria este problema.- Sonhe comigo.

Não seria mais correto falar "sonhe com os anjos"?- pergunto rindo
mentalmente.

Quer sonhar com o "papai"? Meu Deus, Angel. Nunca pensei que
gostasse dos certinhos, apesar de gostar de Marvin.- olho para o céu e
parece que as estrelas brilham mais quando ouço sua gargalhada em
minha mente.- Tchau, meu hamster.

Tchau, meu capiroto.


Me remexo no colo de meu melhor amigo. Nossa, como essa calça é
macia.

-Vejo que consegui colocar um sorriso em sua boca.- diz.

-Obrigada por... Tudo.

- Você não precisa me agradecer. Quem ama cuida.

Me levanto de seu colo e imagino que eu esteja tão linda como um cu


com cãibra. Ou um bode com mal de parkinson.

Saio de seus abraço ao ver Karen chegando, puta merda será que
vamos ter que lidar com um show da minha irmã de novo? Tomara que
ela não tenha entendido errado, será que vou ter que me explicar?

-Vocês estão aqui fora a muito tempo, vão acabar adoecendo.- diz com
uma voz chorosa.

-Karen tá tudo bem?- pergunta Marvin. Minha irmã olha para ele com
os olhos cheios de lágrimas.
-Está sim, vou dormir na casa de uma amiga hoje. É que ela está me
cobrando uma noite das garotas faz tempos.- ela enxuga uma pequena
lágrimas que insiste em escapar.

-Tem certeza que está bem?- pergunto e seu rosto se volta para mim.

-Tenho sim. Vocês deveriam entrar, mas entrem pela porta dos fundos,
e acessem a escada sem ninguém vê-los.- suas instruções ficam no ar,
como um mistério.

Como assim Karen Lexis não está fazendo showzinho por eu está perto
de Marvin?

Nossos olhos seguem minha irmã até a mesma entrar no carro.

-Acho melhor entrarmos.- assinto pegando sua mão que estava


extendida para mim.

Entramos na casa de ponta de pé, e assim como Karen disse


conseguimos chegar até o terceiro andar sem sermos vistos. Jayson e
minha mãe estavam comunicando a todos que a noiva tinha passado
mal e a festa seria remarcada.
Entro no meu quarto e vou direto tirar esses sapatos, são uma tortura.
Meus dois metros de vão assim que os retiro, agora nada mais sou do
que um banquinho daqueles que ajudam os altos a pegar vasilhas.

-Vou procurar uma camisa para mim, tem no seu guarda-roupa, né?

-Tem umas dez, mas não são suas. Roubei todas elas.- digo tirando
minha roupa no closet. Fico apenas com minha lingerie vinho rendada
que tanto amo, usei ela pois não tem alça de um dos lados e ajudou
com o vestido. Coloco meu roupão rosinha de panda e vou tomar
banho no banheiro de Karen.

Saio de lá com uma blusa azul escuro e uma calça moletom cinza e
volto ao meu quarto.

-Ok, mas onde elas estão?- pergunta de dentro do banheiro. Pego uma
camisa e uma calça moletom pra ele e deixo em cima do sofá que fica
no banheiro.

Vou até o closet e visto um moletom cinza aberto que compõe um look
junto com minha calça. E sim, eu tô gata demais.
Pego minhas pantufas de morango e calço em meus pés, mas antes
coloquei um par de meias pretas de gatinho.

×××

Marvin sai do banheiro quase meia hora depois, a princesa tinha que
secar o cabelo com secador. Meu amigo por essa parte é gato demais,
tem o corpo esculpido por um demônio, porque isso leva qualquer
uma ao inferno.

-Tá lendo o que?- pergunta apontando para o livro em minha mão.- A


Virtude Da Indecência?

Fecho o livro com força logo na melhor parte, se é que vocês me


entendem.

-Tava lendo putaria, né?- arrega-lo os olhos desviando o olhar


constrangida. Uma coisa é falar de putaria, outra coisa é falar de
putaria com meu melhor amigo, que por acaso eu tenho uma pequena
quedinha.- O que é isso na sua bochecha? Você tá corada?

Puta que pariu que vergonha!


Cubro meu rosto com o edredom de minha cama. Me enfio entre as
cobertas procurando me esconder do olhar de meu amigo.

-Eu vivi até hoje para ver Angel LeBlanc corada na minha frente.- diz
como se nunca tivesse me visto vermelha.

***Vocês entenderam seus monte de prostitutas e prostitutos deste


infame aplicativo.***- com amor, autora.

Ele se remexe na cama por um momento e logo fica quieto demais


para meu gosto. Abaixo um pouquinho o cobertor tendo visão dele
com MEU livro na mão, lendo a parte em que EU parei.

-"Tem certeza disto, Jane? Uma vez que diga sim a famiglia,nunca mais
poderá sair!"- ele ler aquela fala fazendo com que eu vire um pepino.
Acho que vou vomitar.- "Sim, Jonh! Contanto que eu esteja com você,
não me importo com o perigo. O capo Teylor também quer minha mão
em casamento, mas não posso dizer sim. Porque meu coração te
pertence."- ele dá uma risada gostosa demais.- Vamos pular para
baixo. "Sinto sua língua em minha entrada, arqueio ao toque quente de
Jonh. Suas mãos passeiam pelo meu corpo apertando meus seios com
força o que me causa imenso prazer."- ele puxa a coberta de meu rosto
com um sorrisinho.- Você quer que eu continue pra você?
Puta merda, sua voz estava rouca e grave. Puta que caralho. Puta que
cú. Mais que filho da foda! Ele quer dizer continuar o que está escrito...
Tipo fazer o que está lá? COMIGO?

Meus olhos arregalados denunciaram meus pensamentos.

-O que você tá pensando? O QUE?- ele começa rir


descontroladamente.- Eu quis dizer, continuar lendo pra você.

-De jeito nenhum, isso é muito constrangedor.- pego o livro de sua


mão e coloco na cômoda ao lado de minha cama.

-Esse é o seu livro mais leve. Melhor do que o do padre.

-Você leu?- pergunto abismada. Ele não pode ter lido o do padre.

-Aqueles que você levou pra minha casa no feriado, quando tinha 14
anos? Os mesmos que sumiram e você teve que comprar outros?- o
olho com tédio.

-Você roubou meus três livros?- me sento na cama o olhando com


ódio.
-Priest, Sinner e Saint. São esses?- ele se afasta de meu olhar vingativo
ao sair da cama.- Eu lembro de maratonar a madrugada lendo Priest. A
cena do altar é a porra do auge. Mas a cena do óleo de cozinha em
Sinner acabou comigo. Toda sua imagem de santa foi por água abaixo.-
sua sombrancelha se arqueia quando vou em direção a porta e a
tranco.

-Seu... PIRANHO! TU ROUBOU MEUS LIVROS FOI? TIVESSE ROUBADO A


COROA DA RAINHA MAS NÃO MEUS BEBÊS! SEU FILHO DA CHIBATA!

Vou em sua direção com uma chinela e bato nele, o mesmo ri


descontroladamente enquanto tenta desviar da minha sandália que
comprei no Brasil. O solado tem dois dedos de expessura.

-Isso dói.- paro um pouquinho pra respirar mas não consigo, Marvin
está um pouco suado, suas cabelos estão grudando na testa, fazendo
as ondas das mexas se desfazerem. Ele tira o moletom já que está com
calor e no processo flexiona o braço fazendo com que eu direcione
meu olhar para aquele único ponto.

Meus olhos vão indo para baixo até sua calça, que apesar de folgada
não esconde nada do que há ali. Seu volume me assusta, ele está...?
-Angel?- sua voz me tira destes pensamentos impuros, fazendo com
que eu me assute.- Por que está olhando tanto pra minha calça?

Meu rosto fica vermelho como se eu fosse aquelas mocinhas do século


XVI, que nunca viu um membro masculino ou até mesmo o feminino.
Que porra tá acontecendo comigo?

Baixo meu olhar ao desfazer meu sorriso quando minha irmã vem a
minha mente.

-Vou destrancar a porta. Se alguém nos procurar, não vão ter uma idéia
muito boa.- destranco a porta e sigo para minha cama, me deitando do
lado esquerdo. Viro em direção ao vitral do meu quarto que fica antes
da varanda. Me cubro com o edredom cinza e azul esperando que isso
seja como uma barreira contra todos os problemas. Tenho que pensar
em Karen.

Minha irmã. Aquela que estará ao meu lado mesmo sendo ruim
comigo.

-To com fome.- solto de repente quando as luzes já estão apagadas e


estamos aconchegados debaixo dos lençóis.

-Quer que eu...


-NÃO! Quero dizer, não. Deixa que eu vou preparar algo pra mim
comer.- me levanto rapidamente e desço para a cozinha que ficava no
primeiro andar.

Pego água, açúcar e café. Despejo o líquido na caneca e ligo o fogo.


Quando estava fervendo adicionei o açúcar, para logo depois colocar o
pó de café e desligar o fogo para mexer bem. Depois retorno a ligar o
fogo e espero o café subir me indicando que ele está pronto.

E sim, como toda boa família inglesa, temos uma cafeteira de última
geração, mas o café de máquina é uma lixo.

Sirvo uma xícara de café bem quente e pego uma pequena colher de
óleo de côco e adiciono dentro.

Pego um pacote de biscoitos amanteigados sabor leite e me levanto


para poder alcançar altura e me sentar na bancada.

-Angel.
-Sangue de meu pai tem poder! Quer me matar do coração, porra?-
grito sussurrando quando meu amigo chega perto, MUITO perto de
mim.

Desço da bancada procurando me afastar dele. Porém seus braços me


interceptaram, agarrando a superfície de cada lado fazendo com que
eu ficasse encurralada.

-Angel...- ele pega meu café e coloca de lado, assim como faz com
meus biscoitos. Filho de uma quenga.

-Marvin, meu café vai esfriar...- ele dá um passo a frente quase colando
nossos corpos.

-Angel...

-Querido, tu tá quase entrando dentro de mim, nunca ouviu falar


daquela lei de Newton? Dois corpos não ocupam o mesmo espaço!-
coloco minha mão em seu peito, não sabendo se é para afastar ou para
puxar pra mim. Suas mãos vão de súbito para minha cintura me
levantando e colocando-me sentada de volta na bancada.

Seu rosto agora está pareado com o meu, nossas respirações se


mesclam em algum momento quando sua proximidade aumenta a
ponto dele ficar entre minhas pernas, que o mesmo abre devagar e
vagarosamente.

-Angel...

-Eu...- sua boca está muito próxima da minha, quase se encostando.


Não consigo pensar direito com ele perto de mim desse jeito.

-Angel...- seus lábios pousam levemente como uma pluma em meu


maxilar. Tal ação envia sensações que nunca senti. Minhas mãos que
antes estavam em seus braços, se movem para cima, por seus ombros
fortes, por seu peito definido e para cima, em seu pescoço tonificado e
maxilar marcado.

Seus lábios trilham caminho por meu pescoço fazendo com que eu o
estenda como algo a ser servido. Meus olhos se fecham em prazer ao
sentir seu hálito contra a pele sensível de minha clavícula enquanto o
mesmo repetia meu nome, como uma prece, como uma oração.

-Acredito que você goste muito do meu nome.- digo roucamente.

-Você não tem idéia do quanto eu amo o seu nome. Angel... - ele
levanta o olhar e a boca para meu rosto, e seus lábios batem contra os
meus em um beijo avaliador, cru e cheio de provocações. Mas mesmo
assim, como se estivesse testando.

Quase choro ali mesmo. Eu fantasiei esse beijo, por toda a minha vida,
todos os dias que eu o via crescer, arrumar várias namoradas... Eu
imaginava como seria comigo.

Marvin recua um pouco, e abri os olhos. Ele ainda me encarava,


quando, eu o encarei de volta e o beijei novamente. Desta vez mais
forte, mas nada tão quente como eu imaginei, era melhor.

Ele recuou mais ainda desta vez procurando meus olhos.

-Isso é real? Tá mesmo acontecendo?- sua pergunta me pega de


surpresa fazendo com que eu fique rígida.- Ei... Não pensa demais.- ele
riu e voltou a me beijar.

TRAIDORA...

Minha mente grita, mas eu a ignoro


Minhas mãos envolvem seu pescoço o puxando para mais perto, como
se fosse possível. Suas mãos percorrem minhas costas, brinca com
algumas mexas do meu cabelo que se soltaram do coque, que eu havia
feito, com os movimentos bruscos. Enquanto segurava minha cintura
me puxando ainda mais, se esfregando em mim, como se não
conseguisse tocar o suficiente do meu corpo de uma só vez.

Suas mãos agarram minhas coxas, as rodeando em seu quadril. O


mesmo nos guia para o andar de cima, mas acaba errando o quarto e
entra no de minha irmã.

TRAIDORA.

Minha mente grita meu nome quando abro os olhos e vejo o azul ciano
das cortinas de Karen, ou seu vestido preferido em cima da cama, ou
até mesmo aquele livro que lhe dei de presente de aniversário de 17
anos.

TRAIDORA!

Desperto de meu desvaneio e percebo a idiotice que eu estava


fazendo.
-Me coloca no chão, por favor.- peço educadamente e o mesmo
obedece.

-Angel, eu...

-Pode dormir no meu quarto, eu...

-Angel, por favor, vamos continuar, você quer e eu também!- exclama


como se estivesse bravo.- Para de ser assim, ninguém vai saber!- Meus
olhos lacrimejam novamente.

-Essa não é a questão!

-Você quer isso, Angel! Assume!

Falei tanto que amava minha irmã para no final fazer isso com ela. A
amo tanto, que a trai.

-Esse é o problema, Marvin! Eu quero isso, eu quero os beijos e tudo


que vem depois. E esse é o meu erro. Querer algo que não posso ter!-
digo já saindo para fora do quarto de minha irmã e seguindo para o
meu. Pego meu Jordan branco e calço no pé.
-Mas pode acontecer! Angel você gosta de mim, e eu também...

-Não ouse falar isso! Você é o namorado da minha irmã, ela é minha
irmã, Marvin! Minha família! Não posso fazer isso com ela! Não
acredito que fiz isso. - pego meu celular e sigo descendo as escadas
dando graças a Deus que mamãe e Jayson dormem no quarto andar
então não podem ouvir nada.

-Angel!- ele segura o meu braço e me puxa para um abraço.- Eu te


amo, desde sempre e sei que me ama também. Fica comigo, por favor.

-Marvin, nunca volte a repetir isso. Respeita a minha irmã, se não a


ama como ela merece, termine que Karen terá algo melhor. Mas não
fale assim. E pode ser que eu te ame, posso ter te amado a vida inteira.
Mas Karen te ama, ela te merece e faça por onde merece-la, porque
minha irmã é incrível. Então nunca volte a dizer que me ama como algo
mais que uma simples amiga, porque uma amizade é a única coisa que
terá de mim.

Saio pela porta da mansão e vou direto para a estrada, chamo um uber
e vou para a casa da trupe. Pelo menos lá posso abafar a voz que
insiste em dizer a verdade sobre o que acaba de ocorrer.

Traidora...
Capítulo 19

Noelany

-Tá deixa eu ver se eu entendi, o rei que deveria estar morto, o cara
que matou o meu pai, colocou um alvo nas costas da minha mãe e da
minha irmã. O imbecil que causou diversas guerras entre as cortes,
esse homem está vivo?- acho que Odin está meio cético, assim como o
resto de nós.

-Abner está vivo...- ouvimos a voz do tal Adam.

Ainda não consigo acreditar nisso, Angel tem um pai que por acaso é
um bruxo de sei lá o que.

-Meu Deus, é muito para processar. A pergunta que não quer calar.
Como? Como aquele monstro está vivo?- indaga Circe.

-Seus pais sumiram junto com Abner, será que tem a possibilidade
deles...- Odin deixa a questão no ar, ao mesmo tempo que me provoca
certa dúvida.

Poderia os pais de Deimos e Circe serem cúmplices, de alguma forma,


de Abner?
A porta é aberta abruptamente e Angel entra por ela, ao mesmo
tempo que Destiny dá a Mariel um copo de água com açúcar, que
aparentemente faz a pessoa se acalmar.

-Eu vi pra cá esquecer as minhas merdas, mas já vou me meter em


mais.- diz se aproximando de nós.

-Você não ia dormir lá na sua casa?- pergunto.

-Que foi tá me expulsando?- ela dá uma risadinha falsa, como se


estivesse se forçando a rir.- Tô brincando, vai me passa o relatório
completo do que houve. Além é claro o aparecimento repentino do
meu progenitor, e minha recém descoberta de que o mesmo é alguma
porcaria materna.

-Bom, basicamente Mariel descobriu que o rei Abner está vivo.

-O rei malvado?- pergunta se sentando no sofá ao lado de Amaya que


dormia. Quando eles chegaram todos os três, Adam, Amaya e Mariel
estavam com uma dor muito grande na cabeça. Alguém estava
tentando invadir suas mentes aparentemente. Agora a garota dormia
serenamente, como anjo.
Falando em anjo.

-Que filho da chibata! Como ele pode estar vivo?

-Nós ainda não sabemos.- diz Adam a sua filha que o encara mas logo
devia os olhos.

-Odin, quando eu e Destiny fomos ver Velisk, Loreley falou algo


importante, que eu havia me esquecido de te contar. Está acontecendo
rebeliões em diversos lugares. Pessoas se suicidando e se machucando
falando que tem que matar as princesas antes que o rei as encontre...-
clareza me encontra e encaro Destiny que divide o mesmo
pensamento.

-Era o rei Abner!- exclamamos juntos fazendo com que Amaya se


remexa mandando todo mundo tomar naquele lugar.

Coitada, está se contaminando com a Angel.

-Tá, mas como todas aquelas pessoas sabiam disso antes de nós?-
indaga Circe.
-Quer dizer que Amaya corre perigo?- pergunto.

-Para que o Rei Abner quer as princesas?- Deimos se manifesta.

-Como vamos achar a segunda princesa?- Angel fala.

-Por que os habitantes de outros reinos querem tanto impedir que o


rei ache as princesas?- Odin pergunta.

-O mais importante, o que ele pode fazer se conseguir acha-la antes de


nós?- pergunta Destiny.

-To com fome.- diz Adam fazendo todos olharem para ele.- Que foi?
Vocês estão tão preocupados em achar a segunda princesa e nem
imaginam que eu sei como fazer isso. Helena, minha esposa é uma
bruxa mestiça.

-Desculpa, o que seria uma bruxa mestiça?- pergunto. Odin me olha.

-Exiatem vários tipos de bruxos, desde bruxos da maternidade como


bruxos da morte. E essas diversas "categorias" são divididas em duas
classes, bruxos brancos e bruxos negros.- ele olha para Angel.- E não,
meu hamster. Não é racismo, é como magia limpa, ou seja na natureza
e magia negra que é mais sombria. Mariel é uma bruxa negra, ela tem
vários poderes relacionados a mortes e fogo. Já Troy é um bruxo
branco que usa as forças da natureza pra fazer magia. Então Helena é
filha de dois bruxos, um que usa magia branca e outro que usa magia
negra.- explica.

-Helena sabe o encantamento para rastrear o sangue. Mas quem


realmente consegue fazer isso é minha filha, Yaskara. Ela tem o poder
de pegar qualquer poder de qualquer um, sem precisar pedir. E
consegue intensificar a potência.- diz.

-É a mesma coisa que Angel faz!- exclama Deimos.

-Angel tem poderes? - pergunta surpreso.- Eu tenho uma filha de 21


anos...

Olha para minha amiga percebendo que a mesma precisa de um


tempinho para digerir tudo.

-Victtório acaba de perder o posto de mais velho.- diz, e Angel se mexe


no sofá desconfortável.
-Temos uma princesa, sabemos como achar a outra. Ótimo e depois? O
que fazemos? Como achamos Akemi e Lucina?- pergunta a mesma.

-Tendo as filhas delas, as duas por serem ligadas de sangue desde o


nascimento, podem se conectar com suas mães em um plano superior
e acha-las.- diz Mariel.- Vocês precisam ir até a bruxa mestiça. Eu cuido
de Amaya.

-Eu tenho que ir a Abaddon, preciso que Circe venha comigo.- fala
Odin.

-Eu vou comunicar, papai. Preciso conversar com ele sobre tudo,
contar tudo que descobrimos.- diz Destiny.

-Eu sempre tenho que estar perto de Amaya, Cristal já está sabendo e
nos dá total apoio apesar de não gostar da idéia e achar perigoso.- fala
Wonder.

-Gente, tem alguma chance de Abner ter estado debaixo de nossos


olhos o tempo todo e nós não termos percebido?- pergunto
aleatoriamente.- É muito suspeito, as peças desse quebra cabeça
doentio está se encaixando com tanta perfeição.

Todos me olham com atenção. Mariel chega a não respirar.


-Nossa transição foi muito tranquila, acabamos parando na MINHA
casa, no quarto do MEU irmão, justamente onde estaria Angel, que por
acaso é alguma espécie distorcida de bruxa. Meus pais consideram
como neta uma das princesas perdidas a qual foi criada pela minha
antiga melhor amiga. O pai da Angel surge do nada e descobrimos que
ele é um bruxo que tem conhecimento para achar a outra princesa
perdida.

-Demos sorte em tudo isso, Lanylany. Temos que agradecer.- diz o rei
infernal.

-É, eu sei. Só que... É bom demais para ser verdade.- digo.

-Acho que temos muita sorte de ter dado tudo tão certo.- diz Angel.-
Agora, vamos dormir, amanhã Odin e Circe vão para o reino infernal.
Deimos e Mariel vão ficar com Amaya. E eu, Lany e ... Ele. Vamos para
o Brasil encontrar a tal Helena e Yaskara.

-Eu vou me reunir com Cristal, Loreley e Velisk para dar as notícias.-
fala Wonder.

-Vou com você, Destiny. Falar com o pai. Ele pode me ajudar com uma
questão.- fala Mariel.
-Você pode...

-Sim, eu posso entrar no Meio.

Nos levantamos todos, cada um pega o próprio rumo.

-Pode dormir aqui hoje, se quiser é claro.- digo. Ao pai de minha


amiga. O clima entre os dois está tão desconfortável que não deixa a
vontade até as pessoas que observam.

-Não será necessário. Vou para o Hotel. Eu vou voltar ao Brasil amanhã,
no meu jatinho às 10 horas da manhã.- fala olhando Angel que está
com a cabeça baixa. Dou um sorriso ensaiado para ele.

-Vamos com você. Poderia levar Angel e a deixar em casa?- a mesma


olha para mim de olhos arregalados.- Sua mala, Angel. Não tem roupas
aqui.- ela baixa a cabeça e assente resmungando sobre eu querer
mandar na vida dela.

-Posso sim, vamos?- indaga o pai de minha amiga. Ela assente e me dá


um abraço seguido de um beliscão, bem forte, no meu braço.
Os dois vão embora me deixando sozinha com meus pensamentos.
Angel não está bem, está claro que a recém descoberta mexeu com
ela.

Pego alguns papéis que eu havia deixado em cima da mesa de centro.

Eram algumas provas, daquelas de escola. Só que essas são da


faculdade, para o curso de medicina, meu sonho desde pequena era
ser uma médica.

Ter o poder de descobrir qual a doença de uma pessoas, salvar


pessoas. Era isso que eu queria, ajudar as pessoas, fosse como fosse.

Minha avó morreu de câncer no cérebro, quando eu tinha 4 anos.


Desde pequena eu tinha o sonho de salvar as pessoas de doenças
incuráveis, como o câncer. Estudei muito durante a minha curta vida,
era a melhor aluna em anatomia até... Vocês sabem.

Depois daquilo eu meio que perdi o rumo, sabe?

A garota brilhante, amada por todos entrou em ascensão. Comecei a


matar aula, a não falar com meus amigos e etc.
Me tornei outra pessoas depois do que aconteceu, mas acho que a
gente nunca sabe o que fazer depois de um abuso. Seja ele físico ou
moral.

Conheci uma mulher que vivia a tão falada violência doméstica, o


marido dela deu um tapa da primeira vez, e ficou arrependido, na
segunda vez ele ficou mais arrependido ainda, na terceira vez não foi
um tapa, foi uma surra. Lembro que depois desse incidente, dias
depois, ele lhe deu um tapa, e ela comentou comigo, que estava feliz,
porque desta vez, ele não estava tão bravo.

Essa é uma das inúmeras coisas com as quais nós ficamos


acostumados, com o desprezo e a desvalorização vinda de quem
amamos mesmo sabendo que valemos muito mais.

Eu nunca mais quero viver isso, de se sentir impotente, de sempre


precisar de ajuda e de amparo. Sempre estar precisando de outra
pessoa, sempre precisar de um príncipe.

Mas não posso ser assim, aliás, nenhuma garota deveria ser assim, não
precisamos de príncipe encantado para nos tirar da torre ou do sono
profundo.
Como a Angel sempre me fala: "Evite decepções, seja você o filho da
puta."

Meus pensamentos são interrompidos pela proximidade de alguém.

-Lany? Vamos dormir, amanhã será um dia cheio.- me viro para ele e
me aconchego em seus braços.

-Eu gosto disso sabe, da nossa cumplicidade. Nosso entendimento.

-Eu também gosto muito, é incrível demais que mesmo morto eu me


sentir tão vivo.- ele me afasta um pouco e me encara, aquela
manchinha em seu olho está intensa, realmente roxa.- Você me fez
viver, Lany.

-Você me fez viver também, Destiny.- olho em seus olhos, aqueles


olhos fazem muita gente se perder.

Os mesmo olhos que tinham aquele mar enfreavel de fúria, mágoa e


paixão. Os olhos pelos quais me apaixonei.

-Noelany, eu... Quero te beijar... Quero fazer muitas coisas com você.-
seus hálito acaricia meu rosto. Suas mãos tateiam minhas costas a
encostando na pia da cozinha.
Nós pairamos no precipício o tempo suficiente para ter certeza de que
cada um de nós estava tão comprometido com isso quanto o outro.
Então, juntos, mergulhamos no desconhecido. Meus lábios derreteram
nos dele. Línguas quentes e molhadas deslizaram uma sobre a outra. A
excitação pinicava cada centímetro de nossas peles. Onde nossos
corpos roçavam fogos se acendiam. Destiny gemeu na minha boca
aberta ao mesmo tempo que sua mão encontrava a parte interna de
minha coxa.

Ele segurou meu pescoço e bateu a boca contra a minha.

Eu ofeguei com surpresa e sua língua deslizou. Ele usou seu corpo para
me empurrar até minhas pernas estarem quase completas em cima da
bancada. Ele agarrou meus quadris e me ergueu em cima da superfície
fria, se colocando entre minhas pernas, me possuindo ainda com a
boca e língua, fazendo minhas pernas ficarem dormentes e meu
coração bater acelerado no peito.

Deus, Destiny sabia beijar.

Eu queria que ele fizesse isso com mais frequência.

Ele agarrou meus ombros, parou de me beijar e me empurrou para


baixo até que eu deitar sobre a bancada. Olhei para ele, me obrigando
a ficar deitada imóvel e deixar que ele me admirasse quando tudo que
eu queria fazer era arrancar os botões da sua camisa e sentir ele dentro
de mim. Destiny parecia saber o que eu queria.

O sorriso escuro estava de volta e a sofisticação tinha sido substituída


por algo feroz e quente.

Mordi o lábio e espalhei minhas pernas ainda mais, deixando minha


camisola subir.

Eu sabia que Destiny podia ver o que eu estava usando por baixo: nada.
Eu não estava usando calcinha.

Ele deu mais um passo para trás.

-Abra mais as pernas.

Eu não hesitei.

O ar estava frio naquela noite, ele batia contra minha carne aquecida,
mas não fez nada para aliviar a necessidade me queimando. Destiny
desatou a liga das taxas de minha coxa sem pressa, sem tirar os olhos
dos meus.

- Se toque.

Meus olhos se arregalaram.

Apesar de ter "idade", fiz isso poucas vezes. Circe sempre me


atrapalhava.

Mesmo receosa, mais uma vez eu obedeci.

Quando ele usava aquela voz eu tinha dificuldade em resistir. Passei a


mão pelo meu corpo até chegar entre minhas pernas. Parte de mim
estava envergonhada. Isso definitivamente não era algo que uma
garota que busca redenção deveria fazer, de acordo com a menor
parte consciente do meu subconsciente.

Mas uma parte maior gostou do jeito que os olhos de Destiny


escureceram enquanto ele observava meus dedos deslizarem pelas
minhas pregas e separarem meus lábios.
Ele deixou o coldre e as facas caírem em cima da pia com um pequeno
baque. Eu podia ver sua protuberância, enquanto observada meus
dedos desenharem pequenos círculos sobre o meu clitóris.

-Coloque um dedo dentro de você.- o encarei. Não havia nada daquele


homem bondoso pelo qual me apaixonei.- Agora.

Eu tremia de excitação enquanto cumpria a sua ordem.

Enfiei o dedo indicador no meu núcleo quente. Um músculo no rosto


de Destiny flexionou e seu membro lutou contra sua prisão
novamente. Eu podia ver o quanto ele queria me foder, queria se
aliviar, mas sobre tudo que desejava, ele queria também, me mostrar,
que isso, o sexo com alguém que a gente gosta pode ser bom. Mesmo
que comigo não tenha sido.

Ele se colocou entre minhas pernas, segurou meus pulsos, e eu deslizei


meu dedo para fora do meu canal apertado, esperando que ele fizesse
isso por mim agora.

-Não, -ele rosnou. -Continue se fodendo com o dedo.


Como ele poderia soar tão perigoso e sexy ao mesmo tempo? Como
poderia aquele homem que deveria ser um anjo dizer essas coisas
safadas com a máxima autoridade?

Eu empurrei meu dedo de volta para dentro, embora meu clitóris


praticamente gritasse por atenção. Destiny olhou para mim, sua
mandíbula tensa. Ele puxou o topo da minha camisola para baixo,
revelando meus seios. Meus mamilos endureceram devido ao ar frio e
ao olhar penetrante de meu amante.

Ele pegou meus mamilos entre seus dedos indicadores e polegares, e


começou a rolar de um lado para o outro. Eu arqueei minhas costas,
mas não parei de me foder com o dedo.

Estendi a mão para a camisa de Destiny, mas ele beliscou meus


mamilos em advertência.

-Não.-ele murmurou.

Empurrei meus quadris para cima com as sensações de balanço através


do meu corpo, a dor sensual que eu comecei a gostar mais do que eu
jamais pensei que poderia. Os dedos de Destiny torciam e rolavam
meus mamilos implacavelmente.
Meu núcleo tremeu com a necessidade de me libertar. Algo parecia
querer explodir dentro de mim.

-Destiny, por favor.

Ele me encarou com um olhar fixo, então soltou um dos meus seios e
agarrou meu braço, me impedindo de me tocar mais. Ele puxou minha
mão, fazendo com que eu descesse da bancada, me guiando até o
escritório.

Ele joga todos os papéis e livros no chão. Acho que sentimos a mesma
urgência de toque. Ele me colocou na mesa, na mesma posição que
estava antes.

Destiny empurrou minha camisola para que minha intimidade estivesse


visível.

-Não goze. - alertou.

-O quê? -Eu engasguei, mas o som se transformou em um gemido


quando ele deslizou seus dois dedos do meio dentro de mim. Meus
músculos se apertaram em torno deles, agarrando os dedos em um
punho de ferro. Ele começou a me foder lentamente, mas ele me
advertiu novamente com o olhar.
-Não, Noelany.

Cavei minhas unhas em minhas mãos, tentando lutar contra o clímax.


Destiny empurrou seus dedos profundamente em mim e os manteve
no lugar enquanto seu polegar roçava meu clitóris. Eu cerrei os dentes,
meu corpo começando a ter espasmos.

-Não goze.-disse Dante com a voz rouca.

- Destiny… -eu balancei a cabeça de um lado para o outro, com certeza


eu iria explodir a qualquer momento. Ele fechou os dedos em mim e
apertou com força o meu clitóris.

-Agora.- ele ordenou severamente, e meu orgasmo caiu em cima de


mim com força assombrosa. Minha bunda arqueou fora da mesa
enquanto eu gritava a minha libertação. Minhas mãos deslizaram sobre
a superfície lisa da mesa, à procura de algo para agarrar.

-Isso mesmo.-disse Destiny, com os olhos em mim.

Eu me acalmei, me sentindo saciada. Destiny lentamente tirou os


dedos de dentro de mim, o que enviou outro pico de prazer pelo meu
corpo. Ele soltou o cinto, a única coisa que mantinha suas calças já
abertas no lugar, e as deixou cair no chão. Seu membro estava duro,
vermelho e brilhante.

-Vire-se. -Eu deslizei para fora da mesa, e fiquei com as pernas bambas
por um momento antes de enfrentar o outro lado e inclinar para
frente. Eu me apoiei em meus cotovelos e projetei minha bunda para
fora.

Arriscando uma espiada por cima do ombro, encontrei Destiny com os


olhos em mim. Ele amassou as bochechas da minha bunda antes de
agarrar seu membro e guiá-lo para a minha entrada. Em um
movimento contido, ele se enterrou profundamente em mim.

Exalei e enrolei os dedos ao redor da borda da mesa, tentando me


firmar quando Destiny começou a me foder duro. Engoli em seco
quando ele bateu mais e mais em mim, fazendo meus mamilos
esfregarem contra a mesa fria.

-Eu te amo, Destiny.-eu disse ofegante.

Destiny rosnou. Ele se inclinou sobre mim, com seus dedos


encontrando a minha protuberância.
-Eu não deveria considerar essa declaração, principalmente agora que
estamos quase acordando a casa toda.- disse ele entre grunhidos,
acentuando cada palavra com um golpe duro. -Mas, por alguma razão,
eu não posso ignorar isso. É revigorante saber de algo assim enquanto
está transando.- ele gruniu novamente.- sabe quanto tempo esperei
para ter isso? É melhor do que eu me lembrava.

Um sorriso puxou meus lábios, mas caiu do meu rosto quando Destiny
acertou meu ponto G e me fez quebrar sob a força do meu clímax. Ele
ficou tenso atrás de mim quando seu próprio orgasmo o venceu.

Minhas pernas estavam a segundos de entrar em colapso e meus seios


estavam provavelmente vermelhos da fricção sobre a mesa. Destiny
passou o braço em volta do meu peito, puxando nossos corpos juntos e
ainda bombeando em mim enquanto deixava um rastro de beijos até
meu ombro.

Ele estremeceu novamente e lambeu minha orelha. Ficamos assim por


um tempo antes dele dar um passo para trás. Eu me empurrei para
levantar.

-Você vai vir pra cima comigo? -perguntou enquanto eu juntava minhas
roupas. Ainda com os meus pensamentos a mil.
Eu hesitei, mas depois concordei. Eu andei na frente para esconder
dele a minha expressão plena. Isto era perfeito. Fomos para o quarto
dele.

Depois que tinha tomado banho, escorreguei na cama.

Eu me aconcheguei em volta de Destiny e pousei meu braço sobre seu


estômago.

Quando eu tinha quase adormecido, sua voz se fez ouvida.

-Eu também te amo, Lanylany. Acho que sou apaixonado por você,
desde o dia em que te conheci.

Dou um sorriso e adormeço extasiada de uma forma indizível.

Capítulo 20

-Bom dia.- acordo com a voz rouca de alguém, e algo quente em


minhas costas.

Seus lábios descem pelo meu maxilar em direção ao meu pescoço


dando beijos suaves ao me acordar.
-Uhum... Bom dia, estranho.- sua risada reverberou através da fina
camada de pele de meu maxilar.

-Estranho?- ele rola para cima de mim e dou um sorriso com sua
gargalhada ruidosa.

Ele olhou meus olhos e aos poucos foi parando de sorrir.

Os raios de sol entravam pela janela, acabei esquecendo de fechar as


cortinas ontem a noite. É ai que me lembro que as cortinas do meu
quarto são creme, essas são cinzas.

Nem me lembrava de ter ido para seu quarto ao invés do meu.

Sua cama é linda, macia e aconchegante. Os lençóis de seda são pretos


com bordados prateados. Quase em contraste com o de Circe, que é
um tom de off white com bordados em forma de flores douradas.

Em cima do sofá no canto mais estremo do quarto tem diversos livros


antigos, com símbolos que eu não consigo indentificar. Papéis da
faculdade também estavam lá.

Passo minhas mãos pelos pelos de sua barba de uns três dias por fazer,
eles pinicam minha mão e dá uma sensação gostosa. Meu peito se
enche de algo que queima, acho que é felicidade...

Encaro seus olhos enigmáticos, nunca consigo lê-lo, parece que está
sempre um passo a frente. Aquele sentimento cresce em meu peito,
estou a ponto de dizer aquelas palavras de novo, quando algo em seu
rosto me faz mudar de idéia, algo mudou ali, de uma hora para outra.

-Acho melhor eu ir, já são...- tateio a mesinha de canto da cama a


procura de meu celular que ganhei de Angel. Olho com alarme para o
garoto a minha frente.- Onde meu celular está? A Angel deve estar
doida me ligando!

Empurro ele para o lado e saio correndo pegando minhas roupas.

-Já vai?- sua voz denuncia que há ironia em suas palavras.- Poxa, pensei
que você ficaria mais um pouco comigo.

-Eu ia viajar hoje para fazer o feitiço com a tal mulher. O pai da Angel
que ia levar a gente no jatinho particular.- coloco minha roupa muito
rapidamente. Olho pra ele e lhe jogo um beijinho que o mesmo pega
no ar e leva ao coração.

Entreabro a porta lentamente, deixando poucos centímetros apenas


para eu espiar o corredor. Só para garantir que ninguém me veja
saindo do quarto do garoto que estava quase virando um anjo.

Vendo que não tem ninguém pego minhas pantufas na mão e me


direciono para o meu quarto, ao mesmo tempo que a porta de Deimos
é aberta, seu olhar encontra meu rosto o qual eu desvio ao ver Amaya
ao seu lado.

-Lany?- indaga confuso.- Eu te procurei na casa toda. Angel está igual


uma louca te procurando.- meu rosto denuncia minha vergonha ao
ruborizar levemente.

-Onde você estava?- pergunta Amaya.- Por que não atendeu o celular?

-Meu celular descarregou. Foi mal gente, eu tava dando uma volta na
floresta.- nem eu acredito na minha mentira, muito menos a garota.
Mas Deimos parece aceitar tudo o que digo.
-Circe e Odin já foram para Abaddon. Wonder está em uma reunião
com Loreley, Velisk e Cristal. Vão ver como podem ajudar.- detalha a
menina me olhando de cima a baixo.- Mariel está só esperando Destiny
para eles irem falar com o "pai". Você sabe algo sobre Destiny,Lany?-
pergunta travessa.

Demoro meio minuto para responder.

-Eu? Por que eu saberia?- quando ele ia responder eu fecho os olhos e


massageio as têmporas.- Por favor, não responda.

- Agora, se apressa que a hamster tá igual uma fera, ela quase mordeu
minha canela.- diz Deimos.- Era para você estar lá em...- ele olha o
relógio.- Meia hora. São nove e meia.

Corro para meu quarto no qual entro já me despindo e indo para o


banheiro. Tomo um banho rápido de cinco minutos e gasto mais cinco
para colocar a roupa e pegar a bolsa que eu fiz com um estalo.

Minha roupa é o de sempre, um coturno preto bem confortável e sem


salto, com um short de couro cintura alta, uma blusa verde exército de
seda com alça cravejada em pedras cinzas. E por cima um sobre-tudo
preto grande o bastante para cobrir meu look caso eu quisesse um
"vestido".

Prendo meu cabelo me um rabo de cavalo bem alto, porém deixo a


frontal bagunçada, algumas mexas rebeldes se fazem presente ao
moldarem meu rosto.

Pego a pequena mala e minha bolsa.

Desço as escadas e ia saindo quando ouço Amaya me chamar.


-Lany. Aqui, isso é meu sangue, vocês vão precisar.- diz o óbvio que eu
não imagino o porque de não ter pensado nisso antes. Ela pega um
celular do bolso de trás de seu short. O MEU celular.- Encontrei ele
dentro da pia da cozinha hoje quando cheguei.- ela dá uma piscadela e
fecha a porta na minha cara.

Demoro meio segundo antes de começar a me xingar enquanto andava


até a estrada chamando um táxi.

×××

-Eu juro que ainda mato você!- esbraveja aquela pequena... Mulher?-
Está atrasada, Noelany Lewis!

-O horário era 10 horas, agora são 10 e 4. São quatro minutos, Angel!-


falo rindo. Ela me encara como se eu fosse a louca da relação.

-Foram quatro minutos de pura tortura pode acreditar. Mamãe me


ligou tantas vezes que me surpreende que ela não tenha aparecido
aqui com Jayson, Karen e seu irmão.

Ao citar meu irmão e sua irmã, observo que a voz de Angel abaixa uma
oitava.

-Por que eu sinto que você precisa conversar?- ela olha para mim com
aqueles olhos que estão sempre alegres, hoje eles estavam nublados
com uma nuvem de dúvidas e incertezas.

-É... Eu tenho que te contar umas coisas.

Vou até a cafeteria do aeroporto, e pego croissant's, suco para mim,


café para Angel e um capuccino para o pai de minha amiga.
Embarcamos no jatinho pouco depois.

-Vamos, pode me contar tudo!- ela me puxa até o quarto separado


para ela no jato. Lá tem livros dentro de uma mala e duas trocas de
roupas. Olho pra ela perplexa, ela vai usar só isso de roupa? É a Angel,
cara!

-Calma, eu tenho roupa no Brasil, na casa de uma amiga.- nos


sentamos e ela começa me contar tudo.- Pra começar tudo, eu tô me
sentindo um lixo por ter traído minha irmã.

-Como assim?

-Eu beijei o seu irmão. E meu Deus, quase que não paramos. Ele tava
me carregando e se não fosse por um descuido dele de acabar
entrando no quarto de Karen, eu teria ido até o fim. E agora eu tô me
sentindo muito mal por isso.

-Meu Deus... Olha é muito estranho pra mim falar disso com você, já
que é do meu irmão que estamos falando.

-Eu sei, Lany. Me desculpa, deixa isso pra lá.- ela abaixa a cabeça e o
olhar para suas mãos.

-Ei.- agarro sua mão.- Você não abaixa a cabeça pra ninguém, essa não
é a Angel que eu conheço e tanto amo. Sua irmã nunca foi boa com
você, por que a protege tanto?

-Porque eu sei que mesmo que ela não me trate muito bem, Karen
daria a vida por mim. E esse tipo de certeza não vem de palavras ou de
ações, vem daqui.- ela coloca a mão sobre o coração.

-Você já conversou com Marvin sobre isso?


-Não exatamente, mas acho que ele estaria disposto a terminar com
ela pra ficar comigo. Ele disse que me amava, que era eu. E só pra você
ver como sou idiota, agora estou triste com ele e preocupada com
minha irmã. Não quero que ele a magoe.

-Mas Angel, alguém tem que sair magoado da história, ou é você e


Marvin. Ou só a Karen. E é melhor sacrificar um, do que os dois.

-Eu escolho minha irmã acima de tudo, de mim ou de Marvin. Você


deve me entender, ela é minha irmã. Eu daria a minha vida por ela, e
nem iria piscar ao tomar essa decisão. É como se fossemos...

-Ligadas de sangue...- completo seu pensamento.- Sabe, eu nunca


entendi essa ligação.

-É algo que te liga a uma pessoa pelo resto da sua vida, seja ela imortal
ou mortal. Ser ligado pelo sangue é uma decisão muito pessoal.
Nenhuma briga pode separar duas pessoas ligadas. Nem a morte, nem
a vida. Nem que exista milhares de quilômetros entre elas, seus
corações batem no mesmo ritmo.

Nossa, quanto sentimento envolvido em sua declaração.

-Como sabe tanto sobre isso?

-Por mais absurdo que pareça, achei um livro na minha casa que falava
sobre laços, ligações, vínculos e conexões que era possível ter entre
duas pessoas.- ela diz enquanto brinca com uma mexinha branca de
seu cabelo.- Falaram que existe também o laço de Agápi. Era uma
garota de pouca idade, ela vivia em cativeiro após ter sido abandonada
na porta de um velho feiticeiro. Agápi era apaixonada por rosas
brancas, que eram cultivadas apenas em propriedades exclusivas. A
mesma roubava rosas no dia em que encontrou um homem, diz a
lenda que sua beleza era tamanha que nunca houve ou haverá na terra
alguém tão belo. Porém ao mesmo ritmo que ele era bonito, era
perigoso também. O jovem Kíndynos era herdeiro da grande herança
do feiticeiro que criou Agápi. Porém o mal velhinho tinha refeito o
encantamento, fazendo da garota, a verdadeira herdeira. No meio a
um jardim de rosas brancas, Agápi e Kíndynos se apaixonaram, existia
entre eles um laço tão forte que não poderia ser quebrado. E eles logo
decidiram que não podiam viver separados. O mal velhinho foi
fortemente contra a decisão de Agápi, porém a garota persistiu que o
jovem era o amor de sua vida. Eles se casaram dois dias depois de se
conhecerem, e na noite de núpcias Kíndynos chamou ela para colher
flores antes de irem para a cama. E no meio daquele campo de rosas
brancas, ele a esfaqueou, fincou uma adaga em seu coração, fazendo
seu sangue salpicar nas rosas brancas as vertendo em vermelho.- ela
suspira.- Eles eram ligados pelo laço e por isso acharam que deviam
ficar juntos. Mas não eram certos um para o outro. Essa é uma das
conexões que você não escolhe. O Laço de Agápi é único, dizem que
acontece apenas uma vez durante a vida.

Ela passa um certo tempo pensando.

-Nunca conheci alguém que se ligou a outra pessoa além de Odin e


Amaya.- diz.

-Eles não são ligados de sangue. São irmãos e nos reinos celestiais isso
é o tão conhecido como vínculo quebrável Sanguinis Fratris. Por
incrível que pareça, é o laço mais fraco entre as outras conexões.-
explico.

-É muita loucura.- ela começa a rir, logo a risada passa a ser uma
gargalhada, depois ela chora de rir. E logo, ela só chora.

A abraço e sua cabeça repousa em meu colo.


-Shiiii... Calma, pode chorar, meu amor. Eu vou te ajudar a secar as
lágrimas. Mas você sabe que tem que enfrentar seus próprios
problemas, porque você é forte e vai resolver tudo isso com a cabeça
erguida. Angel, você tem o que sempre sonhou, um pai. O seu pai
voltou pra você

Ela me aperta em um abraço mal ajustado, suas lágrimas mancham


minha blusa verde de seda.

×××

-Meninas! O avião vai pousar agora, precisamos pousar.- avisa Adam


batendo na porta.

Angel dorme serenamente na cama, depois de chorar bastante e dizer


coisas como "Aquele filho da puta egoísta, tinha que dizer que me
amava logo agora que eu já havia aceitado que não teria mais nada
entre nós?".

-Oi, Sr. LeBlanc.- digo abrindo a porta do quarto e passando por ela.-
Angel está dormindo, ela não conseguiu descansar direito.

-Oh, sim. Eu imagino, venha se sente aqui.- ele aponta para a poltrona
vazia em sua frente.

Me ajusto na poltrona e ponho o cinto como diz o piloto.

-Senhorita...

-Me chame de Noelany, não é necessário formalidades.- digo.

-Certo, Noelany. Posso te pedir um favor?


-Pode.- respondo piscando com seu pedido repentino.

-Pode me dizer algo sobre minha filha, todos a conhecem mais que eu.-
olha para ele.- Olhe, não ache que quero achar uma forma de me
aproximar dela, apesar de realmente querer estar perto dela. É a
minha filha, uma filha que eu nunca gritei, que eu nunca surtei por
causa de um namoradinho ou amiguinho, uma filha que eu não vi os
primeiros passinhos nem o primeiro dentinho. E nunca a ouvi dizer,
papai.- Adam se recosta na poltrona.- Quero fazer parte da vida dela.

Penso por meio minuto para então decidi falar.

-Angel é a pessoa mais maluca que você vai conhecer, ela é doida,
pirada na batata, mas também é a pessoa mais amiga e companheira
existente. Angel deixaria de respirar para dar fôlego a alguém que ama.
Seu coração é tão grande como seu ego, sua bondade é vista nas coisas
mais simples. A conheço a apenas sete meses, mas posso dizer sem
dúvida que sua filha é uma das melhores pessoas que já conheci, se
não a melhor.

Os olhos do mais velho estão cheios de lágrimas, o mesmo as seca


disfarçadamente.

-Eu queria ter feito parte disso, da criação dela. Mas mesmo sendo
egoísta, eu entendo a decisão de Dianna. Mesmo com todas as
consequências, eu consigo entende-la. Porque eu sou pai, e sei o
quanto dói ficar longe de um filho, seja física ou emocionalmente. Eu
queria poder culpa-la por isso, mas não posso. Eu faria a mesma coisa,
qualquer pai faria.

-Adam, você pode se aproximar dela. Angel estava planejando ir atrás


de você ainda este mês. Quando cessasse as aulas ela viajaria para a
França só para te procurar. Mesmo sem te conhecer, sua filha lutou
por você, por vocês.
-Obrigada pelas palavras minha jovem. As vezes acho que estou velho
demais para ser pai, foi o que falei da última vez. E então veio os
gêmeos.- seus olhos brilham ao falar dos filhos e da esposa.

Dez minutos depois estávamos pousando. Angel acordou com nossa


conversa, já que estávamos rindo de suas memórias com os filhos.

Acho que iria gostar do tal Victtório. Seu filho até então, mais velho.

Pousamos sem nenhum tipo de problema, e logo descemos e pegamos


nossas malas.

Um grupo de pessoas esperavam a gente.

Entre eles há uma mulher, aparentemente bem jovem, um garoto, uma


garotinha que está de braços cruzados balançando o pescoço para
outro garotinho. Na frente da mulher tem outra jovem que leva um
carrinho de bebê com gêmeos dentro.

Todos eles portavam em seus rostos, sorrisos imensos emanando


felicidade.

-Papai!- grita em uma língua que não entendo o garotinho moreno que
estava ao lado da menina menor, enquanto corre em direção a Adam.

O pai de Angel entra no campo de visão do resto dos jovens, e seus


sorrisos aumentam. É nesse momento que todos vão ao nosso
encontro.

-Ei campeão, quanta saudade de você!- ele agarra o menino e o levanta


em um abraço apertado.
-Ei, pai. Nem acredito que o senhor já chegou, senti muito a sua falta!-
fala o garoto maior quando o pai e o menino se separam, o puxando
para um abração que termina com um bate aqui bem desenvolvido
entre eles.

-Fala aí, soldada!- ele faz menção para a mulher mais velha entre eles.-
Que saudade, meu amor.

-Também sentimos sua falta, Dante e Donattilla ficam chamando por


você o tempo todo.- eles se abraçam e se olham, percebe-se que há
grande amor envolvido, seus olhos dizem o quanto se amam. Adam
ganha um brilho quando está perto dela.- Que bom que voltou...-
sussurra a mulher e os dois se beijam brevemente.

Angel está ao meu lado encarando a cena, como se algo importante


tivesse acontecido.

-Angel, tá tudo bem?

-É lindo... Eles se amam...- ela olhou pra mim com um sorrisinho


pequeno.- Acho que vou ter uma família... Acho que finalmente as
estrelas atenderam meus pedidos.- a garota volta a olhar para Adam
que agora está falando com os bebês dentro do carrinho.- Elas me
deram uma família completa.

Meus olhos lacrimejam um pouco ao ouvir isso. Meu coração se


aperta, mas é um aperto bom.

Eu vi meus pais, eles estão felizes, nenhum deles se ressente de mim,


por ter tomado aquela decisão. Cristal e Dylan encontraram o amor de
suas vidas, Marvin está perto de ter o que quer. Percebi o quanto era
amada após a minha morte.
Um dia depois de morrer vi o quanto meu pai me amava ao ficar
olhando meu caderninho de músicas e chorar com ele. Vi o quanto
minha mãe era especial quando a vi arrumar o meu quarto e minhas
coisas todos os dias, mesmo depois de morrer.

Vi o quanto eu era querida por meus amigos da escola que sempre que
olhavam para a noite estralada lembravam de mim, e repetiam o que
eu dizia.

Percebi o quanto o velhinho que sempre se sentava ao meu lado para


me contar histórias no parque gostava de mim, ele ficou muito triste
quando não fui mais.

Hoje eu aceito o que fiz, e também aceito que não posso mais viver na
terra, com minha família, com os mundanos.

Mas não é porque estou morta, que não posso viver.

A vida não deveria ser algo especificamente para pessoas que respiram
e são humanas.

A vida é algo que tem que ter dentro de você.

-Angel, Noelany! Venham aqui.- chama Adam em inglês abraçado com


a esposa.

Nós aproximamos devagarinho, Angel mais ainda, parecia que a


mesma tinha medo de ser apresentada a sua nova família.

Mas a esposa do mais velho não deixou a filha pensar muito, apenas a
puxou para um abraço forte e cheio de carinho.
-Que felicidade em te conhecer, Angel! Estávamos ansiosos para te
receber.- fala em inglês.- Sou Helena, prazer. Esse são meus filhos, e...
Seus irmãos.

-Obrigada, Helena. Eu ainda estou digerindo tudo, foi muito rápido.- diz
a pequena ao se separar de Helena.

-Sei que tem esse negócio todo muito importante e tudo mais. Mas
ninguém me apresentou, meu próprio pai esqueceu de mim. É difícil
ser a patriarca da família.- diz a garotinha morena que até então não
tinha se pronunciado.- Oi nova irmã mais velha, não liga para nossos
outros irmãos, eles são meio defeituosos.

-Oi, quem é você, tú é tão pequena.- diz Angel abaixando na altura da


menina.

-Não sou pequena, tenho só 5 anos, não sou velha igual vocês. E é
Yaskara, filhote de cruz credo.- responde com tédio ao estender a
mão.- Prazer em te conhecer, nova irmã mais velha que se chama...

Minha amiga ri de sua resposta. Acho que realmente as duas são irmãs.

-Prazer Yaskara, sou Angel.- ela aperta a mão da menina.

-Bom... Agora solta minha mão, quero abraçar meu pai.- ela logo vai
até o pai e lhe dá um grande abraço.

-Essa é a babá das crianças, Dinnah.- a garota asiática que parece ser
jovem, acena para nós.- Dinnah, essas são Angel filha de Adam e
Noelany sua amiga.

-Prazer em conhecê-las, senhoritas.- ela se vira para Helena.- Se a


senhora não precisar de mais nada, preciso ir para casa.
-Claro, pode ir Dinnah, e obrigada por me ajudar hoje.- a menina se
despede de todos, dando boas vindas para Adam, Angel e eu.

O garoto mais velho se aproxima de nós com um dos gêmeos nas


mãos.

-Oi, Angel. Eu sou o Victtório, prazer em te conhecer. Eu fiquei muito


feliz em saber que tinha uma irmã mais velha.- ele balança o menino
em seus braços e mostra seu rostinho para nós.- Esse é o Dante, nosso
caçulinha.

-Ownn que coisa mais fofinha.- repara minha amiga.- Eu... Posso pegar
no colo?- pergunta para Helena.

-É claro que pode! É seu irmão! - responde olhando a cena.

-E você? Quem é?- pergunta o garotinho, que eu ainda não sei o nome,
para mim.

-Oh, oi rapazinho! Qual seu nome?

-Meu nome é Oliver, mas pode me chamar de Olli. É verdade que você
tá mortinha?- me surpreendo com sua pergunta mas dou uma risada
mesmo assim.

-Olli! Não pode perguntar uma coisa dessa para Noelany!- repreende
Adam.

-Olli, é um prazer te conhecer, meu nome é Noelany, mas pode me


chamar só de Lany. E sim eu estou mortinha, apesar de estar aqui.-
respondo e o mesmo me dá um abraço apertado.
Todos vamos para os carros que nos esperam, Angel ficou perto das
crianças o tempo todo, enquanto segurava Dante.

Helena que segurava a bebê em seus braços, Adam e eu, fomos em um


carro separado, acabamos discutindo sobre quando iríamos fazer o
rastreamento com o sangue de Amaya.

-Chegamos!- diz o motorista. Penso apenas uma coisa, Adam LeBlanc


deve ser um chutador de pobres, Jayson Lexis é como um mendigo
perto dele.

Capítulo 21

-Puta que pariu...- sussurra Angel recebendo de seu pai um olhar


arregalado.- Foi mal, ops.

-Os senhores são donos de bastante coisa, né?- indago abismada com o
tamanho daquela casa.

Adam dá uma risadinha junto a Helena.

-Isso não é nosso.- diz o mais velho atraindo nossa atenção.- É apenas
de Helena.

Ele anda a frente com seus outros filhos, nos deixando de boca aberta
para a mais velha.

-Eu quis ser o que ninguém pensou em querer ser. Herdeira.

Todos seguimos para dentro da enorme casa, com artes diferentes em


uma ou outra parede, o lugar se destacava por sua modernidade e
conforto. Cores vivas eram escassas além de aparecer de vez em
quando em uma parede cinza ou branca dos cômodos do andar de
baixo.

Sinto meus dedos formigarem com fogo, meu coração acelera, minha
respiração fica em um ritmo muito rápido de repente. Ouço meus
próprios batimentos, e então uma melodia, antiga como águas
passadas e novo como o renascimento. Minha garganta seca quando
sou levada por essa brisa que me arrasta até uma parede da sala onde
tem uma pintura.

Nela eu pude ver que tinha duas grandes chamas em tons de laranja,
vermelho e amarelo, e um sol diante delas grande, poderoso, mas
estava curvado, como se estivesse em reverência. E então chovia,
pingos em formato de corações de cristal se chocavam contra o chão
se partindo em milhares de pedacinhos, como se a água tentasse
apagar o brilho e o calor das chamas, que eram mais fortes que o sol. E
por isso ele se curvava aquela pequenas chamas, que nada podia as
impedir.

-Fui eu que fiz.- diz Victtório com um sorrisinho, me assustando e


fazendo as chamas sumirem de meus dedos.- Esse é meu dom, sabe,
visões. Que podem, ou não, ser o futuro.

-Nossa, isso que é talento. Você pinta muito bem... Mas... O que quer
dizer isso?

-Eu não sei, a alguns dias atrás senti uma dor de cabeça muito grande
na escola, então vim pra casa imediatamente e então veio a visão,
como um raio que partiu minha sanidade em duas. Eu sentia o calor e o
poder que vinha daquelas chamas, o sol era quente mas não tanto
como aquelas chamas. E a chuva... Bom, eu não sei o que significa mas
eu via claramente, chovia, mas na hora de cair água contra o chão,
apenas chocaram-se corações de cristal.- ele respira fundo.- Quando
acordei, a pintura estava feita. Normalmente essas visões me mandam
para o meu estúdio. Mas foi a primeira vez que me enviaram para cá.

Olho para o garoto de cabelos castanhos, rosto jovem e olhar alegre,


sua aura é branca e meio azulada, sua paz de espírito é abundante. Sua
pele é branca porém um pouco bronzeada por causa do sol do Brasil.
Seus olhos são castanho médio, sua boca é vermelha como uma maçã
madura, suculenta e cheia. Seu rosto foi esculpido para fazer qualquer
um se apaixonar.

-Isso é incrível.

-Nem tanto.- responde.- Posso fazer coisas bem mais incríveis.- pisca o
olho para mim ao me guiar para conhecer o quarto.

×××

Haviam se passado quase um mês de nossa estadia ali. Mas não


tivemos progresso. Angel não conversou com Adam e Helena, nós
ainda não fizemos o rastreamento pois o livro que contém o feitiço
está com uma outra bruxa que nós nem conhecemos.

-Eu vou ficar aqui no quarto, Angel. Estou com muito sono!- digo
deitada na cama.

-Vamos logo, se levante, porque você vai jantar comida brasileira!-


exclama me levantando.

A mesma colocou um vestido soltinho da cor preta, com uma


rasteirinha branca e um fino casaquinho transparente por cima.
Prendeu seu cabelo em um coque e colocou o óculos em seus olhos.
Eu coloco uma calça larguinha na cor cinza,  uma blusa de alça preta de
seda e uma rasteirinha rosinha toda peluda. Prendi meu cabelo em um
coque também e como está uma noite quente, porém fresca, coloquei
um casaco levemente acinzentado.

-Que bom que vocês desceram!- exclama Helena colocando alguns


pratos na mesa, Victtório e Yaskara estão a ajudando.- Filho, não
precisa trazer a sobremesa ainda. Yaskara pegue o suco de cajá,
Victtório ajude sua irmã a trazer a panqueca.

Panqueca no jantar? Como assim eles comiam panquecas no jantar?

-Amor, Donna está com a frauda cheia, vou dar um banho nela
rapidinho.- avisa Adam do topo da escada.

-Tá bom, amor!- ela para por um segundo pensando no que fazer
enquanto, ajeita os talheres na mesa.- Olli, você faz um favor pra
mamãe e olha seu irmãozinho Dante?

-Sim, mamãe!- o pequeno corre rumo para a parte de cima para olhar
o menor.

Paro em sua frente junto com Angel, vejo que ainda falta os lugares
americanos e os guardanapos.

-Podemos ajudar?- pergunto ajudando Victtório  a colocar uma panela


de... Barro? Com algo bem cheiroso, em cima da mesa.

-Se vocês quiserem, falta só o arroz que está em cima do fogão, os


guardanapos e os lugares americanos.

-Eu pego os guardanapos e os lugares americanos.- diz Angel correndo


para a cozinha.
-Bom, eu pego o arroz, não é mesmo?- digo sorrindo e vou pegar o que
me pediram.

Dez minutos depois todos estávamos prontos para comer. Faltava duas
pessoas, ou melhor, uma pessoa e o pedaço de outra.

-Amor, deixa os gêmeos com a babá eletrônica!- grita Helena.

-Vou ter que levar eles, Donna não dormiu e Dante está a todo vapor!

Ele desce com os bebês e os coloca em uma espécie de casinha ou sei


lá o quê.

Adam se senta conosco e logo começamos a comer. Olho para um


grande rolhinho que está em meu prato, chamam isso de panqueca.

Corto um pedacinho bem pequeno e levo a boca, minha alma desperta


com tamanho sabor e tempero. A massa quentinha chama a sua
atenção pelas berolas crocantes, e seu gosto agridoce, o recheio era
queijo muçarela com frango desfiado, temperado com açafrão,  cebola,
creme da mesma, um pouco de molho de tomate feito em casa,
coentro, cominho, cebolinha e alho poró, que dá um gosto único a
qualquer alimento, segundo Victtório. Esse recheio é espalhado pela
fatia de queijo acima da massa e depois enrolado em um rolinho. Por
cima das panquecas eles colocaram cheddar, muçarela e rodelas de
tomate com orégano por cima. Helena levou ao forno por cinco
minutos depois de ter deixado ele pré-aquecer por 15 minutos com
240° graus. Fazendo com que todo o queijo por cima das panquecas
derretessem causando uma mistura de sabores digna de conhecimento
do mundo. O sabor do queijo cheddar com o muçarela, se mistura com
o agridoce da massa e com o sabor do frango e do tomate. O arroz
soltinho, leve e quentinho, fez a experiência ficar ainda mais saborosa.
Solto um gemido involuntário de prazer, meu paladar fica tão alegre de
comer algo tão gostoso.

-O que acharam meninas?- pergunta Helena.

-Foi você que cozinhou?- Angel indaga perplexa.

-Foi eu, mas Oliver era o responsável pela massa quentinha da


panqueca . Ele está de parabéns.- todos batemos palmas.

-Menino isso está perfeito!- exclama minha amiga comendo mais um


pedaço.

-Que bom que você gostou, a gente queria que você se sentisse bem
vinda, e já que desde que chegaram eu não cozinhei... Então fizemos
um prato em família, para cada um ajudar de uma forma.- ele cruza os
braços e revira os olhos.- Donna e Dante não ajudaram em nada, que
decepção hein gente.- diz para os bebês fazendo todos rirem.

-Oh, obrigada Olli! Você me lembra demais o meu melhor amigo. O


nome dele é Marvin, e ele gosta bastante de cozinhar, apesar de não
ter tempo, porque trabalha e estuda.

-Ele é o quê?

-É um perito criminal. Tem 25 anos, é o irmão da Lanylany.

-Mas não pode contar isso pra ninguém.- digo fazendo suspense e
olhando de um lado pro outro, antes de sussurrar.- Eles não podem
saber que eu voltei, que não estou mais mortinha, é o nosso segredo,
ok?

Ele assente e fecha a boca como se fechasse um zíper.


Todos rimos e voltamos a comer. Olli jogou arroz em Yaskara que foi
até ele, o fez levantar para dar um chute no meio de suas pernas. E
então, quando o mesmo está recolhendo os pratos para levar à pia, a
menina derramou um copo de suco no chão.

-Limpe. Agora, e aprenda que comigo você não mexe sem sair ferrado
da história.- ela olha em seus olhos.- Se eu cair, você cai junto. Ok,
irmãozinho?- a inegavelmente irmã de minha amiga sorri para Oliver
com o semblante inocente e bondoso.

-Yaskara! Você não pode fazer isso!- fala Adam, recebendo um olhar de
deboche da garotinha.

-Desculpa papai, eu realmente não queria fazer isso.- ele estreita os


olhos para a filha.- Tá bom, eu queria fazer isso, mas!! Não deveria, de
forma nenhuma, humilhar o cachorro do Olli.

-Kara! Peça desculpas!

-Desculpa Olli.

-Diga que sente muito, minha filha.- fala Helena.

-Eu posso mentir?- indaga a garotinha.- Não posso mentir, esqueceu?

-Meu Deus...- sussurro atraindo o olhar de todos.- Angel...- minha


amiga olha pra mim na mesma hora.- Ela é igual você.

Todos caem na gargalhada.

-Vou te ajudar Ollie.- diz Yaskara fazendo todo mundo calar a boca para
vê-la pegando um dos copos e derramando o resto de suco na cabeça
dele.
-YASKARA, PEDE DESCULPA!- grita o menino.

-Não gostou? Poxa, pensei que você amasse cajá.- faz uma carinha
triste.

-Você não pode fazer o que quiser!

-Me processa então. Qualquer coisa é só me jogar no paredão.- diz


indo para a cozinha com seu vestido rodado azul clarinho afalhando em
suas pernas.

-Yaskara nunca vai mudar.- retruca o pequeno Olli.- Mamãe, vou deitar
agora, tenho que tomar um banho bem tomado.

-Tá bom filho. Eu lavo as vasilhas.

Olho para eles, o garotinho vai até seu irmão e faz um "bate ai", assim
como faz com seu pai que lhe dá um beijo na testa e murmura um boa
noite como sua mãe, que o aperta em seus braços dizendo que o ama.

Dante e Donattilla acabaram dormindo no pequeno cercadinho onde


foram colocados. Os gêmeos são de uma beleza indescritível, com os
cabelos cheios em um preto-azulado, os olhos de Donna são pretos
como o ébano, já os de Dante eram de um castanho mel quase
dourado, tanto os olhos do menininho como os de sua irmã, brilhavam.
E dava pra sentir todo o poder que emanava deles.

-Posso levar o gêmeos lá pra cima?- pergunto.- Posso colocar eles nos
berços.

-Claro que pode, Lany. A casa é sua. Victtório, filho, você se incomoda
de ajudar nossa amiga?- pergunta Adam ao filho que sorri para a irmã
menor.
-De maneira nenhuma, pai. Vamos Lany?

No último mês, Victtório tem sido um amigo maravilhoso. Destiny me


esqueceu, aparentemente, as vezes que liguei ele não atendeu ou
então apenas falava algumas palavras.

Fiquei chateada com isso, eu disse que o amava, e agora ele está bem
diferente.

Nos levantamos de nossas cadeiras, e as empurrando para de baixo da


mesa.

Vou até o cercadinho e pego Donna no colo, esperando Victtório pegar


Dante. Seguimos escada a cima quando estamos prontos.

Chegando lá, há um imenso corredor, com várias portas. O garoto me


conduz a terceira porta, onde é um grande berçário, com quatro
berços além de vários bebês-confortos.

Ursos de pelúcia enfeitam as paredes da cor creme, em prateleiras de


vidro com detalhes prateados. O chão é todo no carpete cinza, ao
canto existem duas poltronas brancas leitosas, para amamentar, com
banquinhos estofados a frente delas.

Vou até um dos berços, onde tem o nome "Donna", e a coloco deitada
de ladinho.

-Shii...- sussurra Victtório dando batidinhas na bunda de Dante que se


agitou mas logo voltou a dormir serenamente.

-Eles são tão lindos, mas dar pra sentir...


-O poder? É, nós já percebemos isso. Os gêmeos tem a mesma aura
que Yaskara quando pequena.- responde o garoto.

-É muito forte, mas é bom.

-Eles são lindos mesmo. Mamãe é uma bruxa mestiça estão seus dons
são variados. E um deles é a beleza e a juventude.

-Isso explica porque ela parece ser tão jovem e tão bela... Sua mãe tem
quantos anos?

-Ela se sentiria lisonjeada.- ele aponta para a poltrona a frente da que


está sentado. Eu me sento frente a ele quando o mesmo retorna a
falar.- Acho que você não acreditaria mas, ela tem 60 anos  e meu pai
tem 200 anos, apesar de que quando ele conheceu Dianna, tinha seus
176 anos, sua maturidade era de um jovem de 20 anos.

-Nossa, a imortalidade cai muito bem neles.

-Não é exatamente imortalidade, eles vão morrer um dia, só vai


demorar mais. Ao contrário de nós.- ele me olha.- Posso te contar a
história depois, mas vou ajudar meus irmãos menores, colocá-los na
cama.

-Vou descer para ajudar a limpar a cozinha.

Ele segue pelo corredor e entra em um dos quartos enquanto eu sigo


descendo as escadas da casa.

-Angel está na cozinha, tentei convence-la, mas ela é bem forte com
suas próprias ideias.- fala Helena. Ela vira para Adam o olhando com
amor.- Ela parece muito com você, no jeito, na aparência. Até o
jeitinho de quando está nervosa de olhar para os lados enquanto está
de cabeça baixa.

-Eu tô tão feliz com isso, amor.- sua voz embarga suavemente.- Meu
coração transborda com seu apoio.

-Angel é um pedacinho de você, então é um pedacinho de mim


também.

Nesse momento saio e vou para a cozinha. Aquilo é muito pessoal, eles
precisam conversar. Os três.

-Hamster?- a chamo.

-Oi, mortinha.- diz com ironia, o apelido vai acabar pegando.

-Deixa que eu lavo as vasilhas, você precisa conversar com eles.- falo
pegando a buxa de sua mão.

-Não sei que quero ter essa conversa agora...

-Por que esperar mais tempo? Se passaram mais de vinte anos.

-Eu não tenho força para encara-lo, e se ele me perguntar como foi
minha infância. Como vou contar a verdade? Como vou falar-lhe da
realidade desde que fui morar com Jayson e Karen?

-Que verdade?- ela desvia o olhar.- Angel, que realidade?

-Não vem ao caso.

-Angel...
-O problema é que não sei se estou pronta...

-É muito recente, eu te entendo. Mas olha, você nunca teme a nada.


Repita isso pra si mesma, verá como conseguirá enfrentar qualquer
coisa.- ela me olha e vejo novamente o porque dela estar de pé, sua
força se faz presente em seus olhos, onde uma muralha imensa de
obsidiana sobe, tijolo por tijolo ela se ergue. Porque Angel não é
alguém que possa ser derrubada. É isso que ela é, imbatível, forte,
indestrutível.

-Eu sou Angel, e não terei medo.- a pequena sorri brevemente e parte
para a sala.

Comecei a lavar as vasilhas e admito, que coisa mais chatinha. Estava


tão entediada que comecei a conversar com os pratos.

-Destiny até agora não me ligou, ou me mandou uma mensagem, além


é claro, daquela em que ele me avisava que Circe assumiu seu lugar
como governante de Abaddon, como princesa.

Olho para o garfo prateado que tinha um coração no meio.

-Acredita que ele nem perguntou como eu tava?- olho para o copo.-
Pois é, eu também fiquei indignada com isso.

-Não acho que lavar essa faca com tanta força te fará bem.- diz uma
voz me assustando a ponto de quase derrubar o objeto cortante.

Sinto um caminho ardente percorrer o peito de minha mão, e logo a


água que escorre é tingida de vermelho.

-Ai...- sussurro.
-Deixa eu ver.- seus dedos tocam meu pulso. As pontas de seus dedos
estão quentes quando tocam minha pele. Seus olhos escrutíniam o
corte que vai da base do indicador até o início do pulso. Um corte de
17 centímetros, de onde saía bastante sangue.- Foi um corte profundo,
hein. Se assusta tão fácil assim?- ele dá um sorrisinho.

-Bom, na maioria das vezes, não aparece alguém do nada para me


assustar.- ele toca no machucado e dói. Solto um grunido de dor
quando ele leva minha mão para debaixo da água, lavando devagar
com sabão para limpar as impurezas, para não correr o risco de
infecção. Logo depois pressiona um pano em cima, apertando
constantemente com força, mas sem machucar.

-Precisamos dos primeiros socorros. Com licença.- diz um segundo


antes de agarrar minha cintura me suspendendo para colocar-me
sentada na bancada.

-Ok, né. Eu podia ter subido sozinha.- digo me lembrando da última vez
que alguém me colocou sentada em uma bancada. O final de tudo,
todos sabemos.

-Com a mão machucada? Acho que não.- ele aparentemente acha o


que estava procurando, trazendo uma caixinha com materiais de
primeiros socorros.- Vou aplicar o antisséptico e secar com uma gaze
em torno da ferida.

-Tá bom, mas...- seguro sua mão com a minha, olhando em seus olhos
que estão sempre brilhando.- Vai doer?

-Não posso prometer que o processo não vai doer, mas te prometo que
vai sarar.- fala me encarando. Engulo em seco desviando o olhar e ele
coloca um líquido gelado no corte provocando uma ardência bem leve.
Victtório dá batidinhas bem leves ao redor do machucado, secando o
excesso de antisséptico.
Ele volta para a caixinha, fuçando a procura de algo. E logo traz nas
mãos mais gazes com as quais cobre o corte e começa a guardar as
coisas.

-Não vai colocar algodão?- pergunto.

-Nunca é indicado o uso de algodão, pois as fibras do material podem


colar na ferida, provocando novamente um sangramento ao retirar o
curativo.- explica. Ele termina o curativo e leva minha mão próxima ao
seu rosto, dando um beijinho em cima do curativo.- Agora é só manter
o corte limpo e seco. Isso vai facilitar a cicatrização

-Muito obrigado.- digo com a voz uma oitava abaixo.

-Você não precisa me agradecer.- ele diz me encarando.

Sustento seu olhar por o que deve ser uma vida até que nossa troca de
olhares é interrompida por uma vozinha doce mas firme.

-Vic, eu quero água.- Dante fala com a voz de sono.

Quebramos o contato visual. Quando ele vai até a geladeira e pega


uma garrafinha azul com tons roxos e verdes água, com o nome Dante
e lhe entrega.

-Vou dormir, aproveitar que Yaskara já dormiu, e não vai mais me


perturbar hoje.

Damos risadinhas ao ver o pequeno saindo pela cozinha.

-Quem foi que te deixou tristinha?- pergunta Victtório me acordando


de meus pensamentos bem conflituosos.
-Não é nada. Preciso terminar de lavar as vasilhas.- digo tentando
descer, mas sou impedida por sua proximidade.

Ele pegas as louças que sobraram sujas e coloca na lavadora, que a


propósito, eu não havia visto.

-Oh.- digo sentindo minhas bochechas ficarem rosadas.- Por que não
avisou antes?

-Você é rosinha.- diz sorrindo igual um idiota.- Que fofo.

Cubro meu rosto com minhas mãos sorrindo igualmente uma mongol.

-Para, Victtório!- ele segura meus pulsos, os puxando para baixo,


revelando meu rosto.

-Você é linda, Lany. Não deveria deixar nada, nem ninguém deixá-la pra
baixo.- diz.- Quem foi que te deixou assim pra baixo?

-Foi um cara por quem eu...- ele fica sério.

-Por quem está apaixonada?- assinto.

-Ele... Nós tivemos uma noite, e depois tive que vir para cá. E desde
então ele nunca mais me mandou mensagem ou me ligou. Só... Acho
que ele mudou um pouquinho depois de ouvir aquelas três palavras
saindo da minha boca.

-Que palavras?

-Eu te amo. Essa foram as palavrinhas que o fez mudar comigo.


-Que cara idiota, deveria se considerar muito sortudo por ter o amor
de alguém como você.

-É, ele é muito idiota as vezes.- concordo.

Capítulo 22- BONÛS

Karen

Eu entro no laboratório onde Marvin esta. Seu sorriso e suas


gargalhadas me causam uma certa dor no peito. Tenho que fazer isso.

-Oi Marvin.- aquele que chamo de namorado, o cara que tanto me


ajudou, o meu amigo mais fiel, vem me dar um abraço o qual eu não
retribuo.- Preciso falar com você, Marvin.

Não me entenda mal, todos acham que eu odeio Angel, mas a verdade
é que não mereço um terço do afeto que ela tem por mim. Não
mereço ter Angel em minha vida, assim como não posso ficar com
Marvin. Minha irmã... Minha irmãzinha mais nova, era como uma
boneca que andava quando éramos pequenas, as duas mechinhas
frontais adornavam aquele rostinho bochechudo, aqueles olhinhos
negros... Ela é tão linda, tanto por dentro como por fora. Apesar
daquele jeito marrento e louco dela, minha irmã tem um coração que
não cabe dentro do peito, sempre pronta a ajudar.

-Oi amor, sobre o que quer falar?- o moreno vem em minha direção
para me dar um beijo. Desvio de seu contato. Seu cenho se franse.

-Marvin, temos que terminar.

-O que? Por que diz isso Karen?- ele balança a cabeça como se não
estivesse acreditando.- É aquele assunto novamente? Eu já falei para
você parar de implicar com a Angel, ela é minha melhor amiga Karen!
Não vou deixar ela de lado.

-Esse é um dos problemas Marvin! Só você não percebeu ainda que


isso é como um dos livros de Angel, eu e você não vamos terminar
juntos, eu sou a namorada má, sou a irmã má e sou a amiga má, esse é
meu papel na história, é por causa de mim que a vocês não estão
juntos, ela é a protagonista, não eu. Eu sou a vilã, aquela que termina
com o destino terrível, aquela que quando se ferra o leitor diz
"Mereceu, bem feito!". A que não importa o que faça, sempre vai ser
condenada.- respiro fundo.- Mas hoje eu resolvi bancar a heroína.

-Karen que loucura é essa? Para com isso! Não existe nada entre eu e a
Angel.

-Eu vi vocês, Marvin!- lágrimas embaçam minha visão.- Naquela noite


eu vi! Você não vai entender o que estou falando, mas eu senti a
conexão de vocês naquele exato momento! Eu voltei naquele dia, para
pegar meu celular. Eu vi vocês na cozinha...- respiro fundo.- Não que eu
ache que tenho algum direito de falar algo. Mas não brinque com
minha irmã, ela é perfeita demais pra você fazer isso.

-O que...? Você viu?

-Pode se enganar, mas não a mim. Você não me ama Marvin, eu sei
disso, você sabe, toda a porra do mundo sabe. Então para de mentir
caramba! A gente só tá junto porque éramos todos e idiotas. E sim foi
por amor, amor de amigos! Confundimos as coisas, Marvin! Vivemos
tantos anos em aliança contra meu pai, que acabamos criando uma
amizade, e confundimos esse sentimento maravilhoso e indescritível
que a amizade traz, com amor.

-Ka, eu gosto de você...


Me afasto quando ele tenta encostar em meu braço.

-Esse é outro problema, você gosta de mim, eu te amo. Pode não ser
no sentido romântico, mas te amo. Te amo por tudo o que você
representa, por tudo que fez por mim, por minha irmã, e por minha
mãe. Mas não posso continuar com isso! Não posso te prender mais!
Percebi hoje o quanto te amava quando me peguei pensando na gente,
e decidi que não poderia continuar te prendendo a mim. Então, é
porque te amo do fundo do meu coração que te deixo ir.- nesta altura
meus olhos transbordam lágrimas. Viro e vou em direção a porta.-
Acabou, Marvin. Faça minha irmã feliz.

Sigo ando pelo corredor vazio que tinha sido um dos cenários da nossa
curta história. Apesar de saber que ele não me ama e quer ficar com
Angel, ainda assim dói quando vejo que não vai vir atrás de mim.

Já estou até acostumada, nunca tive ninguém par lutar por mim.

Mas acho que isso é o que faz de mim uma boa vilã, eu machuquei a
protagonista, magoei os mocinhos e não tenho ninguém.

Acho que os vilões são isso, são apenas heróis que não lutam por
causas comuns, mas sim por aquilo que ninguém dá importância. E por
serem diferentes são visto como maus.

Passo pela cafeteria da faculdade e vejo um retrato de Angel como


aluna do semestre. Seu sorriso é bem capaz de ser mais brilhantes que
o próprio flash.

Sempre tão alegre meu pequeno anjo. Lembro de quando éramos


pequenas...

*Flashback on*
18 anos atrás...

Olho para aquela menina bonita, parece uma bonequinha. Quero


apresentar minha casinha e convidá-la para um chá com suas bonecas
e as minhas.

Era tão bom ter uma irmãzinha, ela era linda, tinha duas partes do
cabelo dela que era branco, que incrível! Ela disse que nunca quer
colorir, que é a marca dela. Sua voz é tão fofa, e apesar de sermos
opostas na aparência, somos parecidas com a mamãe.

Mas mamãe nunca fica com a gente, ela e papai vivem fora. E mesmo
quando estão em casa, ficamos com Luzia, uma babá velhinha já.

Mamãe nunca me abraçou, e desde que chegou aqui com minha


irmãzinha, nunca mais a abraçou. Nunca comeu conosco, ou brincou
com a gente.

É igual o papai, as vezes parece que eles nem gostam da gente.

Balanço minha cabecinha, expulsando meu pensamentos.

-Angel, vamos brincar de casinha? Essa é minha filha.- falo pegando


minha boneca favorita.

-Eu quelia essa aí, ela é palecida comigo.- diz para mim e pega uma de


suas bonecas que é loira.- Essa palece com vucê. Apesar
dessa pocalia tá gudada nela.- ela aponta para um adesivo que não
consegue tirar da perna da boneca.

-Ok, mas só porque você é minha irmã, toma. Deixa que eu tiro.-dou a
boneca para ela e pego a sua.- Vou rapidinho pegar as mamadeiras e
as colheres de brincar. Estão na minha gaveta. Arruma nossas filhas
nos berços.

Saio do quarto e vou pegar minhas colherzinhas, aproveito e passo na


cozinha para pegar um pacotinho de biscoitos de morango com
chocolate branco, os preferidos da Angel, e uma mamadeira para ela
também. Coloco tudo na bancada quando me deparo com meu pai.

-O que você está fazendo?- sua voz me dá medo.

-Calma papai, eu só estou pegando um lanchinho.- papai nunca foi


bonzinho. Sempre me disse que mamãe me abandonou, e que preferia
mais a Angel do que eu.

-Para a bastarda?- não gosto quando ele chama minha irmãzinha


assim.

Ele agarra meu bracinho e aperta até doer muito e eu começo a chorar.

-Papai, p-pala p-pufavo !- acabo trocando as palavras, ele detesta


isso.

-Olha aqui, a pirralha vai embora assim como sua mãe. Ela não vai
ficar com ou para você, porque ninguém gosta de você!- ele sussurra
no meu ouvido.

- MENTILA!- exclamou me soltando.- Minha irmãzinha me ama! E eu


amo ela também!

-Fala direito sua imbecil! Eu vou matar a sua irmãzinha, porque ela não
é minha filha, e nunca vai ser.
-NÃO! ANGEL É MINHA IRMÃ! O SENHOR NÃO VAI MACHUCAR ELA! EU
NÃO VOU DEIXAR!

-Pensando bem, eu não vou machucar ela, você vai. - o que ele está
falando? Eu nunca vou machucar minha irmãzinha!

-Não! Deixa Angel em paz!

-Vai até o quarto e a faça chorar, faça isso todos os dias, se não fizer...
Eu vou matar ela, e sua mamãe nunca mais vai voltar.

Não posso perder a mamãe e a Angel, não posso deixar esse monstro
que é o meu pai machucar minha irmãzinha.

Vou até o quarto e entro, meu anjinho tá brincando de dar comidinha


para nossas filhas. Meus olhinhos se enchem de lágrimas, acho que um
beliscão na mãozinha dela é o suficiente para fazê-la chorar.

-Kalen! Seu olho tá vemelinho, que foi irmã?- suas mãozinhas pegam


as minhas.

-Não me chame de irmã! Você é uma...- eu não sabia como tive força
para fazer isso.- Uma bastarda, eu não gosto de você!- belisco suas
mãozinhas. E dói mais em mim do que nela. Seus olhinhos transbordam
lágrimas e ela se põe a chorar.

-Puque vucê tá malvada Kalen?- diz entre choros.

-Não importa! Vai embora!- meu anjinho sai correndo para seu quarto.

Desabo no chão chorando e meu pai aparece na porta com um sorriso


que não tem brilho nenhum.
-Ela vai te odiar agora.- diz e sai do quarto.

Sempre que ele me falava para machucar ela e eu não fazia, ele me
batia, além das surras que passei a ganhar em todos os meus
aniversários. Sempre que não cumpria uma tarefa, Angel acabava
"acidentalmente" caindo na piscina e quase se afogando, vomitando a
noite e quase se asfixiando, suas mãozinhas eram cheias de marcas, e
não era dos meus beliscões, ela achava que era, mas eu sabia a
verdade. Era o meu pai.

*Flashback off*

Eu a amo, tanto que chega a doer. Mas não posso intervir na vida dela.
Amo Marvin também, ele sem nem perceber me tirou de uma
tempestade de escuridão.

Detesto meus pais. Minha mãe via o que meu pai fazia, tanto comigo,
como com Angel, e nunca fez nada. Eu a detesto de uma forma que
ninguém pode imaginar.

E meu pai... Nem sei se posso chamar aquele monstro de pai. Jayson é
a materialização dos meus piores pesadelos, é como o bicho-papão
que se esconde embaixo da cama, e só sai a noite para puxar o pé das
crianças malcriadas.

Conforme cresci, aprendi que os monstros não ficavam debaixo de


nossas cama ou saiam só a noite, pelo contrário, eles andavam durante
o dia, dentro de nossas casas. E nos faziam sentar a mesa com eles e
lhes distribuir sorrisos forçados.

Eu odeio o meu pai, e tudo que ele representa. Odeio o seu controle
sobre minha vida, odeio o jeito que ele manda em mim e na minha
mãe, odeio como ele bate na minha mãe, odeio como ele batia em
mim, odeio tudo nele, odeio sua aparência, odeio sua voz, odeio me
parecer com ele. Simplesmente odeio o fato dele fazer parte de minha
vida, não por escolha minha, mas porque ele é como uma infecção que
se espalha pelo corpo, penetra suas proteções e te mata aos poucos.

Eu só queria viver, ser quem eu quero. Morar em uma casa ou um


apartamento, simples e aconchegante, onde tudo lá dentro fosse meu,
onde eu pudesse impedir o mal de entrar.

Lembro-me bem de uma das diversas vezes que fiquei de frente com o
mal.

Flashback on

7 anos atrás...

Adentro os portões de nossa nova casa, é muito bonita, bela até


demais para esconder as perversidades que acontecem detrás destas
paredes.

Acabava de entrar na sala de televisão, tinha tido um dia cheio, as


aulas exigiam muito de mim. Ainda mais agora que eu fiz uma prova
para um intercâmbio na Suiça.

Hoje novamente, fiquei olhando para Marvin. Meu colega de escola,


tão lindo e... Inalcançável.

Eu o amo, por que ele protege Angel. E isso é tudo o que eu poderia
querer.

-Senhorita Lexis?- chama o mordomo.- Seu pai a espera em seu


escritório.
Estremeço apenas de ouvir. Meu pai é um dos seres mais sádicos que já
conheci, ele é a pior pessoa que eu conheço, nenhum pai deveria fazer
o que ele faz com a própria filha.

-Pode deixar, Sr. Jones. Pode guardar minha mochila?- pergunto e o


mesmo assente.- Jones. Minha irmã está em casa?

-Não, senhorita. Ela está na casa do senhor Marvin.

Respiro aliviada por ela não estar em casa, e também por estar com
Marvin. Ele é um escudo, a protegeria que qualquer coisa que fizesse
mal a ela.

Ele sabe de tudo o que eu passo, de tudo que acontece dentro da


minha casa. Prometeu sempre proteger Angel, mas não éramos burros,
não podíamos contra meu pai.

Lhe entrego minha mochila e subo para o último andar da casa, para o
ponto mais distante. O escritório do meu pai.

Bato na porta, antes de entreabri-la.

-Papai?- visualizo ele e um amigo, um cara alto, barbudo, com a pele


morena, mas nada nele relizia. Não existia brilho nele.- Mandou me
chamar?

-Oi, filhinha.- detesto o som de sua voz, detesto quando ele me chama
assim.- Preciso que dê atenção ao nosso convidado, o Sr. George é um
dos nossos sócios mais importantes.

-Olá, garotinha.- sua voz me dá nojo, sempre que papai pede isso para
mim, tenho que fazer tudo o que seus amigos porcos querem.
-Oi Sr. George.- cumprimento com um sorriso estranho em meus lábios.

-Tenho que pegar algo nas fazendas a 5 km daqui.- fala meu pai, ele se
levanta saindo da sala e fechando a porta.

Não acredito que isso vai acontecer novamente, não consigo aguentar
de novo.

Continuo parada lá, como se fosse uma estátua.

-Karen, minha menina. Pode colocar uma música para nós?- assinto
com a cabeça e corro para o computador que fica no outro lado da
sala.

Estava procurando algo quando sinto um corpo quente as minhas


costas, um braço de cada lado é estendido me encurralando.

-Minha menina, como você cresceu... Está tão linda...- seus dedos
passam por meus ombros.

A bile sobe a minha garganta, quero vomitar, quero lutar. Mas mamãe
e Angel vão sofrer se eu não fazer o que ele quer.

-Obrigada, Sr. George.- digo colocando a música.

Sua mão espalmada em minha cintura vai para meu quadril me


esfregando nele, esfregando minha bunda contra sua calça.

Quero tanto bater nele, soca-lo até ele parar de respirar.

-Venha cá, você viu a nova parte do escritório? - papai tinha começado
uma reforma fazia pouco tempo. Ele nunca me deixou ver do que se
trata.
-Ainda não, senhor.- ele me puxa para uma porta a qual eu não tinha
conhecimento.

George a abre revelando um quarto preto e vermelho, como uma cama


grande com lençóis pretos e luzes neon.

-Olha só, o tio vai te apresentar o quarto. Porque o seu pai me


emprestou você por um tempinho, e troca disso, vou financiar um
grande projeto para ele.

-Como assim...?- franzo o cenho. Me emprestou?

Suas mãos me agarram rapidamente me puxando para dentro do


quarto.

Meu corpo, mente e coração gritam para eu me mexer para lutar. Mas
a única coisa que fico em minha mente é mamãe e meu pequeno anjo
de mechinhas brancas com seu sorriso contagiante.

Nem sei o que acontece, como muitas das vezes, apenas me forço a
lembrar dos momentos com minha irmã. E também os raros
momentos.

Ele estava nu, de pé bem atrás dela. Antes que ela pudesse reagir, ele
agarrou seus pulsos e os torceu com força.

-Ai! Sr. George o que você está fazendo?- ofego.

-Sshhh, não lute. Aproveite.- ele sussurrou.

Eu até tentei empurrar aquele homem de cima de mim, mas ele era
muito mais forte do que eu. Ele simplesmente me empurrou para a
imensa cama, segurando-mr com seu corpo e prendendo meus braços
acima de minha cabeça. Com sua mão livre, ele começou a apalpar
meus seios. Eu estava atordoada demais para dizer qualquer coisa. Eu
não podia acreditar que isso estava acontecendo de novo. Sinto
vontade de gritar quando aquele monstro abriu minhas pernas e
pressionou seu membro duro contra minha intimidade.

-Por favor! Para!- sussurro já sabendo que pouco posso falar.

Com um empurrão áspero, ele se jogou profundamente dentro de mim.


E mesmo depois de já ter passado por isso outras vezes. De ter feito
isso com outros sócios, ainda doía demais.

Ofeguei com a pontada desconfortável.

Ele tinha feito isso. Ele estava dentro de mim. Ele começou a balançar
dentro e fora, provocando mais dor e desconforto. Eu pensava em
minha mãe sorrindo, e claro, nas raras vezes que ela fez isso, e no meu
anjinho de 11 anos, enquanto meus olhos se enchiam de lágrimas.
Implacável, George pegou um de meus seios e amassou-o
grosseiramente. Ele teve o cuidado de não deixar uma marca.

Essa era a regra, nada de marcas.

Eu detestava morar ali, queria ir embora assim que terminar a escola.


Não precisava da droga do dinheiro de meu pai, ou de sua incrível
herança.

Só queria paz, apesar de pensar que só iria consegui-la, se eu


cometesse suicídio.

Que era algo que não tinha chance de acontecer, não posso pensar só
em mim, eu sou a única garantia de que Angel e mamãe estarão
seguras. Desde que eu consiga os sócios para meu pai, ele não vai as
machucar.

E é isso que me mantém viva. A certeza de que elas estão bem, que
estão seguras, que estão vivas.

Flashback off

Sinto um aperto forte em meu braço, que me para


abruptamente. Velisk.

-Senhorita Lexis, precisamos conversar sobre aquilo que combinamos.

Ele se refere a um trabalho que fez para mim. Me fez umas porções
onde posso sentir conexões, as quais eu aprendi em um livro que achei
em casa.

-Temos um problema, o qual é bem sério.- diz me puxando para um


canto mais reservado.

-Que problema, Velisk?

-Lembra-se do que contei? Da história sobre as rainhas e as princesas


perdidas?- cita a história sobre os reinos celestiais.- Uma das princesas
foi achada.

-Quem era?- pergunto curiosa.

-Amaya Cooler. Sua humana Stgre é Cristal Cooler.- como uma


garotinha daquela poderia ter uma idade tão alta? A pergunta devia
estar estampada em minha fronte.- Envelhecimento... "Especial". É
muita coisa para explicar quando temos algo muito mais importante e
urgente para resolvermos.
-Pare de enrolar! Fale logo.

-Angel sabe.

-Minha irmã sabe de quê?- não quero que ela se envolva nisso, sua
vida pode estar em risco caso ela esteja envolvida.

-De tudo. Ela é metade bruxa, tem o dom de escudo e de refletir o


poder de qualquer um, seu pai é um dos bruxos mais poderosos da
história. Ela conhece o rei, as princesas e o filho dos generais infernais.
Conhece a protegida do pai e o rescindido. E uma bruxa negra, a alta
feiticeira.

-Como minha irmã sabe de tudo isso?- a porção que tomei a meia hora
atrás faz efeito. As pontas de meus dedos se congelam brevemente,
resultado da furia crescente dentro de mim. Algum dia vou congelar
meu pai vivo.

-Ela os encontrou na casa do senhor Marvin. Não sei da história


completa. A protegida do pai é a irmã do senhor Marvin.

Oh meu Deus, eu sabia que aqueles amigos estranhos de Angel não


eram amigos, a loirinha que ficou conversando comigo. Com certeza
era do bando deles.

-E tem mais um problema, a real questão.- cesso o gelo das pontas de


meus dedos. O olho com raiva.

-O quê?

-A Angel pode estar em sério perigo.

Capítulo 23
Olho atentamente para a pequena faixa de luz solar que atravessa o
quarto no qual eu durmo. Estou acordada desde muito cedo, sendo
sincera, nem sei se dormi.

A conversa com Victtório a três noites atrás me deixou pensativa


demais.

Por que Destiny tinha mudado tanto comigo? Só por causa daquelas
palavras? Ele disse de volta também, quando eu estava quase
dormindo, mas... As vezes me questiono se não foi apenas algo de
minha cabeça.

Meu celular vibra na cômoda ao lado da cama, atraindo minha


atenção. Pego o celular vendo uma mensagem do dono dos meus
pensamentos.

D:"Vamos falar com papai de novo hoje."

Respondi.

N:"Não deu certo da primeira vez? Bom dia =)"

D:"Não."

N:"Quero muito conversar com você."

D:"Agora não posso. Tchau."

Respiro fundo guardando meu celular e engolindo a frustração dentro


de minha garganta.
Os raios dourados e quentes alcançam minha cama no mesmo
momento em que ouço o som de passos rápidos, uma risadinha
seguida de um baque e depois um choro.

Salto da cama e corro para o corredor sem pensar duas vezes. E vou
em direção a escada. Me deparando com Yaskara deitada no chão do
segundo andar, ao fim da escada, de olhos fechados, como se estivesse
desacordada, seu pé em um ângulo completamente errado, e Oliver ao
seu lado, com a mão na boca chorando.

-Tia Mortinha, a gente tava brincando, a gente só tava apostando


corrida pra ver quem pegaria a garrafinha do Mickey. - grita o garoto
aos prantos.

-Calma, Olli. Respira meu amor.

Corro para o lado de Yaskara tirando o cabelo de seu rosto. A mesma


se mexe um pouco e noto o galo roxo se formando em sua testa, de
onde saía muito sangue. Seus lábios também pareciam machucados.

-Meu Deus... ALGUÉM ME AJUDA! ALGUÉM!- grito desesperada. Ouço


passos rápidos vindo da escada.

-Lany?- chama Victtório.- Oh meu Deus, Oliver o que aconteceu aqui?-


ele corre ao meu lado.- Lany precisamos levá-la para o hospital!

-Mas ela não é tipo, uma bruxa? Não se cura em casa, não?

-Ela é como uma mortal até os dezesseis, depois explico, vamos logo.
Pega uma bolsa com roupa para ela, e coloque uma roupa. Meus pais
avisaram a pouco que já estão de malas prontas para voltar de lá.
Provavelmente chegam esta noite.- o resto das crianças vem a minha
mente.
-E os gêmeos? Oliver?- pergunto correndo para o quarto de Yaskara.

-Terão de vir conosco.

Pego um vestidinho da pequena rapidamente, procuro uma bolsa mas


não acho. Vou até o quarto de Oliver e pego uma roupa pra ele
também. Depois, com várias roupas nas mãos eu vou até o quarto dos
gêmeos, encontrando eles em pé dentro de seus berços.

-Limpei um pouco do rosto de Kara e a coloquei dentro do carro, Oliver


já está lá. Liguei para papai, deu em caixa postal.- fala tudo isso
pegando dois bebês-conforto.

-Vamos sair com tantas crianças?- pergunto meio em desespero. Ele


aponta para o closet de Donna, pedindo para pegar a bolsa de hospital
dela. Entro no cômodo, GIGANTESCO, e vejo várias bolsas pronta com
post-its colados. "Hospital". Pego e saio vendo que ele já colocou os
dois nos assentos.

-Pegue o de Dante.- meu Deus, porque dois bebês tem dois closets que
são do tamanho do meu quarto? Pego a bolsa e saio para o corredor.

Corro no meu quarto e apenas tiro a blusa de dormir, ficando com o


shorts e meu sutiã-cropped colocando por cima um sobre-tudo cinza
claro. Agarro minha sandália dourada de salto casual e um amarrador
de cabelo saindo com as bolsas e meu celular, pelo corredor.

Corro para fora da casa e encontro Victtório já dentro do carro. Abro a


porta, entrando. Vejo Kara pelo retrovisor, a mesma está mais limpa, e
agora Oliver aperta um pano em sua cabeça, que não parava de sair
sangue.

Os gêmeos estão brincando com seus pés.


Disparamos para o hospital mais próximo.

×××

Eu estava sentada naquela cadeira fria enquanto Donna estava no meu


colo brincando com o irmão que estava no colo de Victtório ao meu
lado.

Já eram 16 horas da tarde, faziam 4 horas que tínhamos dado entrada


nesse hospital público. Demoraram demais para nós atender, a sala de
espera estava cheia demais, e os atendentes são extremamente mal
educados.

Eles haviam levado Kara para a emergência á horas atrás, e até agora
não haviam dado notícias.

-Tentou ligar para Angel?- pergunto.

-Tentei, mas eles estão em um lugar que não tem área. Foram pegar o
livro branco com vovó.- responde.- Ela mora nas florestas da Amazônia.
Uma bruxinha da natureza.

-Poxa, e precisamos da babá. Você tem o número dela?

-Ela viajou para a Espanha, seus trabalhos de babá estão suspensos por
três semanas, então somos só nós mesmo. Principalmente por não
termos a chamado quando eles viajaram.

O médico sai da ala de emergência e procura com os olhos até que nos
avista.

Levantando rapidamente de nossos assentos, o médico vem até nós.


-São os responsáveis por Yaskara LeBlanc?- pergunta olhando o
prontuário.

-Sim, somos nós.- responde Victtório balançando Dante que se remexia


em seus braços.

-Como ela está doutor?- pergunto preocupada.

-Ela está fora de perigo, além das escoriações, houve apenas um


rompimento de dois vasos na cabeça dela, mas conseguimos conter a
hemorragia e fechamos o corte. Uma leve torção em seu calcanhar já
foi resolvida, e engeçamos seu pé, mas não deve permanecer por mais
de dois dias. Agora a paciente dorme, e gostaríamos de deixá-la em
observação por pelo menos duas noites. - diz e sinto meu coração se
acalmar.

-Podemos vê-la?- a voz rouca de Victtório é ouvida.

-As enfermeiras estão preparando-a para a transferência direto para o


hospital da família LeBlanc.- o médico se despede de nós.- Com licença.

Me viro para o garoto e o vejo respirando fundo.

-Ei, ela tá bem. Fica tranquilo.- digo tentando acalma-lo.

-Eu sei, é só... Foi desesperador ver minha irmã daquele jeito.- Dante e
Donna começam a chorar.- Shiii... Eles estão com fome. E acho que Olli
também.- diz tentando acalmar o pequeno.

-Podemos ir direto para o hospital para o qual Yaskara vai ser


transferida.- digo.

-Tem razão, é a maneira mais lógica.


-Vou comprar algo para Olli comer. E fazer mamadeira para os
gêmeos.- falo colocando Donna no bebê conforto e lhe dando sua
chupeta.

-Vou te ajudar.- ele pega dentro da bolsa de Dante uma mamadeira


cinza enquanto eu também pego a de Donna.

Nós misturamos todo o pozinho que está dentro de uma outras


vasilhinhas que eram divididas em três compartimentos, leite em pó,
farinha láctea e pó de papinha, eu acho.

Misturamos com água natural do bebedouro mesmo e damos para os


bebês, que bebem toda a mamadeira de 500 ml, com gosto.

-Nossa, vocês estavam com fome, né?- pergunto e vejo os olhos da


princesinha em meu colo, se fecharem com sono. Parece um anjo, os
olhinhos brilhantes transmitem todo o poder que abrigam em seus
pequenos corpos.

-Esse meninão já dormiu.- ele o coloca devagar em seus bebê-


conforto.- Podemos ir.

-Faz o seguinte, eu levo as crianças para casa. Vou procurar uma babá.-
digo.

-Tem certeza? Não precisa...

-Tenho certeza, quero esses anjinhos bem. Assim que eu achar, vou
direto para o hospital.- digo.

Nos levantamos carregando os gêmeos que estão em seus bebês-


conforto.
Os colocamos no carro. Fecho a porta do lado esquerdo com um
baque, torcendo para que a pequena garotinha não acorde com o
barulho.

Sou surpreendida quando braços fortes me rodeiam em um abraço.

-Obrigado, é sério. Muito obrigado, Lany. Eu... Não sei o que faria se
não fosse por você.- passo meu braço por sua cintura e o aperto
pousando minha cabeça em seu peito. Seu coração batia ferozmente
rápido.

-Ela vai ficar bem, você ouviu o que ele disse. Ela não está mais em
perigo.- digo alisando suas costas. Vick se afasta um pouco até
emoldurar meu rosto em suas mãos.

-Obrigado. Você é uma ótima amiga. A melhor que eu já tive.- diz me


fazendo sorrir.

Nós separamos e eu entro no carro. Dou tchau a ele e o mesmo manda


um beijo no ar.

Disparo com o carro para casa.

×××

-Só preciso que você fique com eles por hoje e amanhã a noite já pode
ir, ou até mesmo antes, provavelmente vou voltar em casa, mas
preciso que cuide deles bem.- digo olhando para a mulher que
contratei, ela provavelmente não está entendendo nada, mas o
tradutor me ajuda. Consigo falar português, mas falo bem embolado.

-Sim, senhora. Pode deixar, vou cuidar bem deles.- responde com um
sorriso.
Subo para o terceiro andar, tenho que tomar um banho, escovar os
dentes, trocar de roupa, preparar uma bolsa para a pequena e talvez
pra mim e Victtório.

Entro no meu quarto com a cabeça a mil, minhas têmporas latejam de


tanta dor.

Tiro minhas roupas devagar entrando debaixo da água morna do


chuveiro.

Todos os pensamentos se esvaem de minha mente no momento em


que o primeiro jato quente toca minha pele.

Fico vários minutos no banho, meu dedos se enrugam por causa da


água e tremo de frio.

Saio do banheiro depois de lavar bem meu cabelo. Fazia décadas que
eu não tomava um banho tão bom.

Escolho uma saia curta e justa porém de cintura alta, com uma fenda
no lado direito de 10 cm na cor vinho. Selecionei um crooped preto de
renda com um decote discreto com bojo, e por cima joguei minha fiel
jaqueta de coro preta. Coloco uma meia calça preta bem grossa com
uma bota preta sem salto bem confortável.

Coloco uma troca de roupa com uma sandália simples dentro, adiciono
um blazer azul escuro a uma calça preta e uma camisa cinza, para
Victtório, junto um conjunto moletom preto, uma sandália e um tênis
branco confortável.

Deixo meus cabelos secarem naturalmente, e percebo o quanto eles


cresceram, agora já passavam da minha lombar. Gosto de meus
cabelos alourados em algumas mexas e escuro em outras.
Vejo que meu celular está descarregando e penso se Vick levou o dele.

Saio do meu quarto andando até a porta que fica quase em frente a
minha. Vejo a plaquinha na porta, assim como tem em todos os outros
quartos e cômodos da casa.

"Só se vê bem com o coração, o essencial é invisível aos olhos."- Oliver.

"Às vezes, se apaixonar é a atitude mais corajosa que alguém pode


ter."- Victtório.

"Há amores que só podem viver em seu coração, não em sua vida."-
Yaskara.

"Esse é o problema da dor. Ela precisa ser sentida."- meu quarto.

"Há coisas que são preciosas por não durarem."- quarto da Angel.

São apenas frases que mexem imensamente com você.

Entro no quarto de meu amigo, rodeado de paredes da cor creme com


pequenas artes nos cantos. Há quadros empilhados em uma mesa
onde há vários potinhos e bisnagas de tinta. Haviam tripés, pequeno,
médio e grande naquele quarto que apoia quadros não terminados.

Ando até a cômoda que tinha um caderno com uma frase que chamou
minha atenção.

"Nós aceitamos o amor que achamos que merecemos."

Seria aquela afirmação, verdadeira?


O caderno era azul escuro quase preto, salpicado de estrelas. Do lado
tinha uma pequena bolsinha, onde eu imagino que tenha seu material
de desenho.

Vou levar isso para ele se distrair. Avisto seu celular em cima da cama,
e logo saio de seu quarto.

Desço com aquela mochila me despedindo de Dante, Donna e Oliver.

Estou na entrada quando penso o quanto Victtório deve estar com


fome. Eram quase 11 horas da manhã quando saímos, provavelmente
ele só tenha tomado café da manhã.

Volto até a cozinha e faço dois sanduíches para nós dois, pego dois
sucos de maracujá e de cajá, uma garrafinha de água e um pacote de
biscoito, é claro que são cookies.

Coloco toda a comida, incluindo algumas frutas que cortei e coloquei


em uma vasilha separada, dentro de uma bolsa térmica. Como se fosse
uma lancheira.

Saí da casa iria dar quase nove horas da noite. Parti com o carro rumo
ao hospital.

×××

Entro pelas portas de vidro dentro daquele lugar, agora Yaskara havia
sido transferida para o LeBlanc Salud, um hospital extremamente
renomado e muito chique.

Tudo era diferente lá, essa é a diferença do que nos é dado e o que
temos que pagar pra ter. Ao contrário do público, aquele era privado,
para ser atendido você teria que pagar, e não era barato.
Será que é esse o problema da supremacia da medicina privada? Agora
não trabalham para salvar vidas e fazer o seu melhor no processo, mas
sim para conseguir a maior quantidade de dinheiro para não morrer
em um corredor de hospital público. Ou até mesmo por negligência de
um profissional que jurou salvar a vida das pessoas, mas só o faz de
acordo com o seu crédito no banco.

Eu... Acho que entendo o quanto isso é ridículo em um nível surreal.

Avisto um dos doutores do hospital e vou até ele.

-Oi, boa noite.- saúdo em português assim que me aproximo, seu olhar
se dirige a mim e o mesmo abre um sorrisinho mínimo. Seus cabelos
loiros caem nos olhos incrivelmente verdes.

-Olá, senhorita...

-Noelany Lewis, prazer doutor... Francis.- digo olhando sua plaquinha.-


O senhor sabe qual o quarto de Yaskara LeBlanc?

-Sei sim, venha, vou guia-la até lá.- diz me conduzindo até o elevador e
indo para o 12° andar.

As portas do elevador se abrem permitindo que eu respire


normalmente de novo. Ele me leva até o quarto 913.

-Antes de entrar...- o doutor Francis segura minha mão.- Pode me


passar seu telefone?

Oh, merda. O que eu faço agora?

-Ou você está com Vick?- pergunta me surpreendendo, para chamá-lo


assim, com certeza são próximos.
-É...- respiro fundo e olho em seus olhos brilhantes.- Sou... Hã...
Comprometida.

Não é uma mentira.

-Ah... Ok, entendo.- ele baixa os olhos mas logo os levanta sorrindo da
mesma forma.- Pode ficar vontade, se precisar de algo. Não pense duas
vezes antes de me chamar.

Assinto e entro no quarto extremamente espaçoso.

Victtório estava dormindo sentado na poltrona ao lado da cama da


irmã enquanto segura sua mão.

Levo as bolsas até a cômoda e as coloco lá em cima.

-Achei que não viria me ver.- diz Yaskara sonolenta.

-Oi coisinha.- sussurro me aproximando da cama.- É claro que eu viria


te ver.

- Sabe, eu não sou de ser fofa, ou seja lá o que for ser uma idiota
grudenta.- diz arrumando o cabelo atrás da orelha.- Mas senti saudade,
mesmo que eu tenha te visto ontem.

-Também senti saudades.- seguro sua mão.- Como você está?

-Minha cabeça tá rachada, meu pé tá parecendo que foi abraçado por


um cacto, e eu quero açaí.- diz suspirando no final. Ela sorri.- Eu tô
ótima, só quero sair daqui mesmo.

-Quer que eu compre açaí pra você, meu amor?


-Não, quando eu tiver alta, quero tomar um açaí com você e Vick. Mas
agora... Quero muito suco de alguma coisa que seja uma fruta e não
um pó.

-Isso eu tenho.

Vou até a bolsa e pego o suco de maracujá, coloco em um copo e levo


até sua mão.

-O Vick tá bem cansado.- diz. A garota para um pouco pensando em


silêncio.- Posso te perguntar uma coisa?

-Pode sim, mas primeiro toma esse biscoitinho aqui.- entrego em suas
mãos um pacote de cookies Negresco.- Pode perguntar agora.

-As pessoas muitas vezes me perguntam se realmente tenho apenas 5


anos. Por eu ser uma bruxa meio mestiça, faz com que eu tenha uma
"maturidade" muito grande. Cresço até os dezesseis, e ai serei...
Imortal, eu acho. - ela come um biscoito e bebe um pouco de suco.-
Meus pais não demonstram, mas estão preocupados comigo.

-Por quê?

-Meu poder é de um nível alto demais para minha idade e porte. Eles
se preocupam porque isso pode me matar. Acham que não sei sobre
tudo mas... Eu ouvi quando papai falou com Vick. - ela baixa os olhos.-
De acordo com a alta feiticeira de Gardens disse que... Não tem como
eu sobreviver com tanto poder até completar a maior idade.

-Meu Deus...- ponho a mão na boca.- Os gêmeos exalam o mesmo


poder que você, eles podem morrer também?

-Mas eles são dois, eu sou só uma.


-Eles dividem o peso do poder. Eu sinto muito, Kara.

-Eu tô de boa, tenho tudo que posso querer. Apesar de morrer de


curiosidade sobre como os bebês vão parar na barriga das mamães.-
ela me olha com expectativa.

-Isso eu realmente não posso te responder.

-Além de ser escudo, as vezes sonho com o futuro ou tenho visões.

-Nossa... Eu nem sei o que dizer.

-Tive um sonho, bem longo. E só tenho uma pergunta.- olho para a


garotinha tão forte.- Quem é Destiny?

Me assusto quando ela diz o nome dele, como a menina poderia saber
de algo?

-Como sabe?

-É seu namorado?- pergunta comendo mais um biscoito.- Na maioria


das vezes, qualquer que seja o ser que determina os poderes de nós,
criaturas celestiais, diz em minha mente o que não posso dizer para os
outros.- respira fundo.- Não posso dizer o que vi, mas... - ela larga o
copo já vazio e o pacotinho de cookies.- Seja lá quem for o tal Destiny...
Tome cuidado. Não com ele, mas com aqueles que te cercam.

-Não entendo o que quer dizer...

-Só tome cuidado, não vá com tanta fome ao pote. Pessoas com fome
comem qualquer coisa. Seja no amor ou na amizade.

O que será que aquela garotinha queria dizer com isso?


-Esses remédios me dão muito sono.- diz se acomodando na cama de
novo.-Vick pode abrir os olhos, todo mundo percebeu que você não tá
dormindo.

Olho para o garoto sentado na poltrona de olhos fechados. Ele logo os


abre mostrando aquele castanhos mel que devia ser tão doce quanto
sua personalidade.

- Boa noite senhoritas.- diz se levantando e dando um beijinho no topo


da cabeça de sua irmã, que se encontra quase dormindo.

Ele vem até mim e me dá um abraço surpresa. Me permito o abraçar


de volta com a mesma intensidade.

-Ei.- digo abafado em seu ombro.

-Fiquei preocupado, você demorou demais para chegar.- fala


sussurrando em meu pescoço.

-Eu cheguei, não cheguei?- pergunto ao me separar dele. Sua barriga


ronca.- Trouxe seu celular e uma troca de roupas. E também fiz um
sanduíche pra vocês dois.

-Eu já falei o quanto você é uma amiga maravilhosa?- diz cheirando a


vasilha dos pães.

Nós nos sentamos no chão do quarto mesmo e arrumamos nosso


alimento. Apenas bebo um pouco de suco de cajá, que virou meu
preferido.

-Muito obrigado, Lany.- agradece.- Fiquei tão preocupado com minha


irmã que... Nem consegui comer. Eu sou tão protetor com ela...- o
interrompi.
-Ei, calma. Eu te entendo, também tenho irmãos mais novos, apesar de
que meu irmão mais novo agora tem 25 anos, e minha irmãzinha que
nem vi nascer tem 15 anos. Eu daria minha vida pra poder voltar.

-Posso perguntar algo?

-Pode sim, percebi que as crianças dessa família amam perguntar.

- Por que se matar? Por que acabar com uma obra tão bonita?

- Porque eu quis tanto a ajuda dos outros, quis tanto que meus amigos,
parentes e pessoas próximas, me ajudassem a levantar, a me
recuperar, que não percebi que a única pessoa que eu precisava era eu
mesma.- respiro fundo.- As pessoas quando pensam em suicídio,
sempre falam que as pessoas ao seu redor nunca lutaram por elas. Foi
isso que pensei, que ninguém tinha lutado por mim. Mal sabia eu, que
quem tinha que ter lutado por mim, era eu mesma.

Capítulo 24

- Uma vez Circe me fez a mesma pergunta, e eu não soube responder.


Acho que estou feliz por hoje saber.

- Fico feliz em ter ajudado.- fala Victtório me fazendo rir.- Eu sempre


quis ver o futuro, planejar ele. Talvez seja por ele ser imprevisível que a
vida seja tão maravilhosa.

-Acho que um conselho que posso dar, de acordo com minha


experiência, é... Ame hoje quem você não poderá amar mais um dia, e
antes que venham as lembranças apenas, e não possa mais viver um
segundo sequer ao lado das pessoas, ame hoje. Se puder ame, com
toda a força do seu coração, abrace enquanto você pode abraçar,
porque a saudade não tem braços. Se é que posso falar poeticamente.-
digo e olho para sua mão que segura a minha.- O que eu quero dizer é,
ame, mas ame de verdade sem hipocrisia, sem receio, sem inverdades,
sem critérios, ame pela escolha, cultive até as águas das fontes
acabarem e você não tiver mais uma gota dela pra regar seu amor
cultivado, e quando acabar de vez, use as lágrimas pra regar o cultivo
do seu coração. Ame mais, a vida é como um vento, as vezes fresco e
suave, outras horas devastador e congelante. Mas a vida passa e ela
leva tudo e todos que são e foram importantes para nós, para nossa
formação e essência.
Ame sem forças ou com elas em abundância, use seu amor e faça dele
uma espada pra lutar contra o ódio . Ame mesmo que alguém um dia
não te ame.- meus olhos já estavam cheios de lágrimas.

-Uau... Nossa...- ele se senta atrás de mim e me abraça. Me encolhi em


seus braços como uma garotinha pequena e amedrontada.

Não sei por que comecei a chorar.

As nossas emoções são grandes, pequenas as nossas tristezas, maiores


as felicidades.
As vezes elas são trocadas, mas seus valores nunca mudam, quando
tristes somos marcados por lágrimas, e alegres somos cheios de
sorrisos.

As vezes estamos tristes não por nós, mas por pessoas que
conhecemos e aprendemos a amar, ou então por alguém que a gente
só conhece por ouvir falar, contar uma história dela, mas na vida
andamos de mãos dadas com os dois maiores sentimentos que o ser
humano pode viver em seu momento.

A alegria que nos transmite a paz e a certeza de que tudo vai bem pra
nós é um júbilo, mas também a tristeza que nos faz envelhecer,
desistir, morrer um pouco a cada dia .
Me aconchego em seus braços não ligando em mostrar meu lado mais
fraco, meus olhos se cerram brevemente e me sinto relaxar no seu
calor.

×××

Ouço vozes distantes e então a porta é aberta. Meu rosto está apoiado
em algo quente e duro, movo minhas mãos por cima daquela
superfície ouvindo um gemido baixinho.

Meu crooped desce um pouco dando muita visão para meus seios,
acho que Victtório deve ter tirado minha jaqueta e meus sapatos
quando adormeci.

Gemo ao sentir uma mão me apertando mais ao corpo quente onde


estou deitada.

É então que percebo que meu "travesseiro" se move lentamente,


subindo e descendo. Minha mão direita estava entrelaçada com outra
mão, e dedos apertam minha cintura contra aquele corpo. Minha saia
deve ter subido durante o sono, agora era apenas um amontoado em
minha cintura. Entre minhas pernas tem um joelho, em cima da minha
intimidade coberta por minhas lingerie e meia calça. Por cima desse
emaranhado de pernas e braços tem um fino edredom nos cobrindo.

-Oh, meu Deus!- diz uma voz alegre que conheço muito bem.- Bom
dia?

Olho para Helena parada na entrada da porta me assustando e


levantando, pondo-me sentada de rompete.
-Ai!- exclama Victtório, a "superfície" na qual eu estava deitada era o
meu amigo.- Meu estômago.- o mesmo se senta.- Oi mamãe, que
saudade.

-Hã... Oi filho.

-Bom dia, Helena.- digo.

-Amor, eu falei com o médico e...- Adam para de falar ao ver eu e seu
filho sentados no chão com a cara amassada.- Ok... Eu vou querer
saber?

Balanço a cabeça em negativa ao mesmo tempo que Vick responde um


não bem risonho.

-Enfim, né... Meu menino cresceu.- sussurra a última parte para a


esposa, ao mesmo tempo que enxuga uma lágrima inexistente.- Bom,
voltando. Conversei com o médico e ele liberou nossa princesa para
sair hoje! Estamos muito alegres!

-Que coisa boa!

-Papai? Compra um algodão doce pra mim?- pede Yaskara.- Por favor!!

-Só se você dividir comigo.- fala Angel entrando no quarto e logo


olhando pra meu cabelo assanhado, minha roupa bagunçada, meus
sapatos e os de Vick jogados, nossos casacos estirados no chão e
nossas caras amassadas.- Mas gente... Eu quero saber o que
aconteceu?

Nego balançando a cabeça ao me levantar e arrumar minha roupa


rapidamente. Pego e coloco meus sapatos, vendo Victtório fazendo o
mesmo.
-Bom... Enfim, vamos embora logo maninha. Eu passo na cafeteria para
comprar um montão de coisas gostosas para a gente.- fala Angel
brincando com sua irmã.

-Vamos!!!- gritou Kara jogando os braços para cima.

Pego as coisas que estão no chão as colocando na bolsa térmica,


enquanto Vick pega minha jaqueta e vem até mim me ajudando a
colocar a peça.

-Obrigada.- sussurro passando meus braços pela manga. Suas mãos vão
para meu ombro, me segurando e me fazendo olhar para ele.- Eu
tenho uma dúvida. A Angel é só metade bruxa... Ela vai ficar com o
mesmo tamanho e idade pra sempre já que fez 18 já?

-Isso mesmo, assim como nós, ela tem a imortalidade certa. Não dá
mais para ela crescer.- diz rindo.

-Nossa, então ela vai ficar bem... Pequena.- digo rindo já indo embora.

-Ei, não sei quem é o tal Destiny, mas... Ele tem muita sorte de ter
você.- diz arrumando meu cabelo para parecer ao menos apresentável.
Seguro seus dedos os apertando.- Obrigado por estar ao meu lado.

-Somos amigos lembra?

-Sim, somos amigos.

Dou um abraço nele bem forte. Poxa, como passei tanto tempo sem
Victtório?

-Destiny não vai gostar nada disso.- fala minha amiga rindo.
Tão pouco tempo que conheço ela, quase um ano, dez meses. Sinto
que encontrei mais do que amigos, encontrei uma família. Minha
família, fui eu que fiz.

-Não tem nada haver Angel!- falo rindo ao me afastar de meu amigo.
Ando até o lado Kara e olho em seus olhinhos brilhantes.- Vamos pra
casa, mocinha?

-Vamos!! Yeah!!- exclama sorrindo brilhando e nos contagiando com


sua alegria.

×××

Não dava para levar todo mundo em um carro, então fomos eu e Vick
no carro dele enquanto o resto da família foi no carro de Adam.

A distância da grande casa dos LeBlanc's fica a mais o menos 1 hora do


hospital público mais próximo. E o LeBlanc Salud fica no centro de
Vitória.

Victtório me disse que a cidade em que estamos é Vitória, no estado do


Espírito Santo. Nem imagino o porque de seu nome.

Conversamos a viagem de volta toda, lhe contei sobre Destiny e como


tudo tinha acontecido. Como eu o amava, e que ele me ajudou a sorrir.

-Ele é o motivo da minha alegria e felicidade. O motivo dos meus


sorrisos.- digo quando estamos em frente a porta da entrada. Ele pega
minha mão.

-É lindo isso que você está falando, é esplêndido a maneira como você
fala dele, como o ama. Mas... Me permite fazer uma pequena
observação?- assinto.- Ele não pode ser o motivo de sua felicidade,
Destiny tem que ser feliz com você, o motivo dos seus sorrisos não
pode ser alguém. As pessoas são muito volúveis, um dia elas podem
acordar e decidir que você não faz mais parte dos planos delas. Só...
Tomo cuidado, como você mesma disse, pessoas com fome comem
qualquer coisa.

Ele dá um beijo em minha testa e entra na sala já abraçando Olli e o


girando no ar.

-Lany?- chama Angel.- Temos que fazer o feitiço agora. Alguma notícia
de Destiny?

-Não, nenhuma novidade alem daquilo que você já sabe.- digo.

-Venham meninas, Kara irá nos ajudar.

×××

-Bom, temos o sangue de uma das princesas, temos também os mapas


de três mundos, o mundo de Lynphea, os reinos celestiais e o reino
mundano.- explica Helena.- Ao dizer as palavras junto com Kara, Angel
irá pingar o sangue nos mapas e esse sangue nos indicará a real
localização da segunda princesa perdida.

Estou nervosa, o fogo dentro de mim lambe as pontas dos meus dedos
com suas labaredas que agora estavam mais quentes que nunca.

-Prontas?- pergunta Kara, todas dizemos que sim em uníssono. As


irmãs dão as mãos, proferindo palavras que estavam no livro branco
que Yaskara estava estudando no caminho de volta.

-Sanguis ostenderet, ligatus sanguine revelaret, sanguinem ostenderet


nobis!- elas exclamaram mais alto, seus olhos agora ficaram brancos.
Algo aconteceu quando Angel pingou o sangue nos mapas. O bocado
do mapa de Lynphea foi para o da Terra, assim com o bocado do mapa
dos reinos celestiais, os três tantos se encontram e se misturam,
seguindo caminho até a extremidade ao longe das três feiticeiras que
estavam no extremo oposto de mim, o caminho de sangue vinha na
direção do meu lado da mesa.

-O que está acontecendo?- pergunto com um pequeno traço de


impaciência na voz.- Angel, Kara, Helena? Não está funcionando.

-Calma, minha filha. Deixe... Terminar o percurso de sangue.

O caminho de sangue cai no chão a minha frente.

-Não funcionou, infelizmente só perdemos tempo.

-Eu não entendo, nunca falha. Esse feitiço sempre funciona.- diz
Helena.

Pego um lenço em cima da cômoda e vou em direção ao pingo de


sangue, para limpa-lo antes que manche o tapete cinza daquele
cômodo estranho e... Quente.

Porém, ao encostar com o pano no líquido, tanto o pouco que estava


no chão, como o caminho sanguíneo e os mapas, pegam fogo
veementemente, me repelindo para longe, fazendo com que eu bata
de costas contra a parede dura.

O fogo abaixa até estingui-se, abro os olhos que estão meio pesados
com a força do impacto. Meus dedos tem pequenas chamas
queimando, e sussurrando.
-Eu que fiz isso?- pergunto. Angel me olha assustada e então troca
olhares com Helena e Yaskara.

-Você não fez isso, mas provocou.- fala minha amiga.

-O que quer dizer com isso?

-É você, Lany.- diz Angel em um fôlego curto, como se a mesma não


acreditasse no que diz.- Você é a outra princesa perdida.

-Isso só pode estar errado, não tem como eu ser a princesa. Sou
humana, sempre fui. Eu tenho meus pais, minha mãe me teve. Nasci de
seu ventre.

-Não tem nada errado, Noelany.- diz Helena.- Esse tipo de feitiço não
erra.

-Mas como não percebemos antes?- pergunta a pequena para sua


mãe.- Todo ser com um traço de poder é sentido através da aura, a não
ser que tenha uma proteção erguida em seus poderes.

-Mariel ergueu proteções em todos nós, mas principalmente em


Noelany, para não ser reconhecida e para protege-la dos Gosteds.

-Por que ela fez isso? Pode ser que esse seja o motivo de não termos
descoberto antes. Gosteds não existem, pelo menos não da forma que
todos acreditam.- explica Helena.

-Gosteds são seres celestiais ou não que foram encubidos de levar


mensagens entre os reis, aqueles que são chamados de deuses, mas
apenas são pessoas que tem mais poder do que seu povo. Mas todos
eles sumiram a procura das rainhas a décadas atrás. Principalmente
depois que Abner sumiu.- fala Kara.
-Por que o "pai" mentiria? Ele pode mentir?- Angel balança a cabeça.-
Mas mesmo assim, essa merda toda não explica porque vocês não
conseguiram sentir ela. Nem mesmo Amaya ou Wonder souberam,
como ela é tão protegida por dois encantamentos.

-Porque não são apenas encantamentos. Pensem comigo, a herdeira


do reino das luzes, filha de Akemi com um mundano, a princesa
perdida, aquela que é caçada e também venerada desde o nascimento,
que nasceu em Nair e foi criada na Terra como nada mais que uma
garota mortal.- ouvimos uma voz da porta, Victtório.- Se eu tivesse algo
tão valioso, faria de tudo para não deixar que ninguém soubesse de
sua existência. Porque Noelany é o futuro de Nair, de Lynphea, de
Lunet, de Ninat, de Abaddon... Ela é o futuro dos reinos. Só ela pode
achar os outros reis, ou deuses.

-Até que faz sentido.- fala Helena.- Você é importante e crucial, mas
também perigosa. Você é uma arma, e se estivesse nas mãos erradas...
Pode ser o fim dos povos. Mas também a salvação da escravidão deles.

-O caminho de sangue não tem erro, eu não entendia por que não
sentia você, por que seus poderes surgiram do nada. Essa é a resposta,
eles não podiam se revelar antes do tempo certo, antes que sua
segurança fosse realmente capaz de defende-la, ou até mesmo antes
de você mesma poder se defender.- fala Yaskara.- Não até ter
encontrado as pessoas certas...

-Por isso seu poder apareceu a primeira vez quando encontrou Odin e
Deimos, e nessa altura já estava com Circe e Destiny.- observa Angel.-
Oh, meu Deus. Sua explosão naquele dia, na floresta. Foi quando
encontrou seu diário novamente, quando Marvin foi a casa da trupe
pela primeira vez! Seu irmão também faz parte disso...

Olho para eles como se estivessem loucos, pois é isso que devem ser,
loucos.
Não pode me pedir para acreditar que eu seja a tal princesa perdida.
Seja filha da tal rainha.

Me levanto do lugar onde fui arremessada meio tonta e sigo porta a


fora, ouvindo meus amigos me chamarem mas não consigo mais falar
ou fazer nada.

Minhas pernas doem com o esforço indevido que estou usando para
andar até o lado de fora.

Tem que ser mentira, tem que ser um engano. Não ache que estou
falando isso por que não posso aceitar o fato de que nunca conheci
minha mãe. Mas sim por que não sou... Capaz de ser o que precisam
que eu seja.

Falhei como irmã, falhei como filha, falhei como amiga e não me
surpreenderia se eu falhasse como a princesa salvadora da pátria.

Só... É demais para mim.

Não sei se posso não só me salvar, mas salvar um povo.

O que será que papai acha disso, sou a "protegida do pai", será que
tem algo a ver? É possível que ele saiba?

-Lany?- chama Vick nas minhas costas. Meus olhos estão embaçados,
lágrimas de novo?- Sei que é muita coisa, respira.

Meu amigo coloca o braço sem meus ombros, me puxando para um


abraço, passando a mão por minhas costas em forma de me acalmar.

-Tudo bem. Tudo bem, tudo vai ficar bem Lany. Tudo vai se acertar,
estamos aqui pra você e por você. E mais, eu não conheço, mas o
Destiny te ama, pelo que você me falou. Ele, assim como todos nós, vai
te apoiar. Mas agora você precisa ser forte, por você, e por todo o seu
povo, princesa.

-Eu tô cansada de chorar. Cansada mesmo, estou cansada de não lutar


e esperar que os outros o façam por mim.- digo ao me separar dele.-
Não sei por onde começar.

-Sim, você sabe. Comece a lutar, princesa. Não por eles, comece por si


mesma.

Olho para ele e encontro tudo o que preciso, força e amizade. Tenho
que lutar, tenho que ser merecedora de um povo como as pessoas de
Nair.

Pessoas boas e poderosas, que agora são anjos a serviço do pai, será
que ele também não é um cidadão que está preso por algum feitiço?

Preciso ser a princesa de um povo, preciso achar as rainhas e acima de


tudo, tenho que salvar o MEU povo.

As mãos de Victtório saem dos meus ombros, chamando meu olhar


para ele.

-Acho que já estamos prontos pra batalha.- diz.- Vamos entrar, agora
que está pronta, tenho alguém a lhe apresentar, apesar de vocês já se
conhecerem.

Franzo o cenho diante de sua fala, quem poderia ser alguém que tenho
que conhecer?
Entro na casa não me sentindo como quando entrei a primeira vez,
entro na sala me sentindo diferente, como se finalmente tivesse me
achado.

-Porra, isso é um portal?- exclama Adam com seu sotaque francês.

No centro da sala há um grande portal de elementos, alguém está


vindo. Algo sai de lá, é gelado e frio, seja o que for é perigoso, mas não
é exatamente mágico.

-Que porra é essa?- pergunta Angel chegando na sala no mesmo


momento que alguém sai do portal, provocando grande luminosidade,
fazendo com que fechemos os olhos. Para depois abri-los dando de
cara com um rosto familiar, seus cabelos loiros agora não tem mais
franja, e não se encontram lisos, mas sim de um ondulado quase
cacheado. Seus lábios estão em um vermelho rubro contrastando com
sua pele de pêssego incrivelmente branca.

Suas vestes nada eram além de um crooped preto, bem parecido com
o meu, um sobre-tudo preto, uma calça jooger com cintos segurando
armas brancas, assim como o suporte que sempre está em minha coxa.

Em seus dedos crescem lascas de gelo seco que espalham sua brisa fria
pela casa.

-Karen?- exclama Angel surpresa.- Pera... Que caralho tá acontecendo?

-Oi Angel...- fala baixinho olhando para minha amiga que a encara
como se estivesse vendo um fantasma.

-Vocês conhecem Karen?- pergunta Helena.


-Ela é minha irmã...- diz a pequena garota olhando abismada para a
irmã.

-Oh Deus, eu não reconheci você na festa.- diz Adam a Karen que sorri
com sua confusão.

-Eu não havia tomado nenhuma porção naquele dia.- responde.

-Era ela que eu queria que você conhecesse Lany, ela que pode nos
ajudar, pelo menos com o povo de Lynphea, já que Karen tem ligação
com alguns líderes de lá.- fala Vick.

-Karen como você pode saber disso? Como... Meu Deus, quanto você
sabe? Como conhece esse família?

-Sei de tudo, Angel. Os conheço desde pequena, principalmente Helena


e Victtório. Sei desde sempre quem é seu pai, todas as minhas viagens
que fui, foram com eles. Se tornaram minha segunda família. Mas eu
não podia permitir que eles descobrissem, principalmente Jayson, ele
não pode descobrir.

-Mas... - Angel olha para o resto de sua família.- Lany vem. Nena posso
ter um momento a sós com minha irmã?

-Claro, meu amor. Só... Saiba que tudo que Karen fez, é justificável.-
responde.

-Obrigada.- responde saindo da sala. As acompanho até a parte de


cima. Na outra sala de estar do segundo andar.

Vou até a cômoda de whisky e ponho uma certa quantidade do líquido


âmbar em três copos.
Angel tira da minha mão a garrafa e enche seu próprio copo.

-Vou me tornar uma alcoólatra.- fala bebendo os 200 ml de uma vez.-


Ótimo, Karen. Pode começar a me explicar o porque de do nada você
se tornar alguém tão boazinha.

-Tem primeiro lugar, minhas saudações princesa. E segundo lugar,


quero que me perdoe. É uma longa história, mas conheci Helena e
Adam quando tinha 16 anos, naquele ano, foi diferente, não pedi festa
de aniversário.

-Eu me lembro, você pediu para viajar meses depois, uma viagem solo
para... O Brasil...- diz Angel como se tivesse entendido de repente.

-Era alta temporada social, o maior índice de sociedades de papai,


muitos novos sócios. E... Eu detestava isso. Era sempre no finalzinho do
ano, perto do seu aniversário, do solstício de inverno, ou Natal, como é
comemorado aqui.- Karen balança a cabeça e vejo lágrimas em seus
olhos.- Eu... Me desculpa Angel, por tudo o que te fiz.

-Você fez da minha infância um inferno.- diz minha amiga.

Eu me sento no sofá e me sirvo de um pouco mais de Whisky,


enquanto observo a conversa delas.

-Eu não queria, eu...

-Por que fez isso Karen? Eu te amo, sempre te amei, mas como amar
alguém que dia, após dia, após dia vive me rejeitando?

-Angel, eu também te amo e sinto muito por ter te feito sofrer. Mas
não ache que foi a única que saiu machucada dessa história. Mamãe
nunca ligou pra mim, sempre fui um fardo na vida dela, um erro o qual
impediu ela de ficar com o amor da vida dela.

-Sim, todos sabemos que Dianna Lexis ficaria bem melhor sem filhas.
Ela via o que seu pai fazia comigo, o que você fazia e nunca falou
nada!- minha pequena grita.

-Porque ela não podia!- grita Karen de volta fazendo Angel calar a boca
abismada.- Nossa mãe sofria agressões de Jayson, ele batia nela. Sabe
aquela vez que ela "caiu da escada"? Foi ele que a empurrou. Sabe
aquela vez que você quase morreu afogada? Todos acharam que tinha
sido eu, a irmã mais velha e malvada. Mas não foi. Foi Jayson. E Dianna
sabe disso, mas nunca fez nada porque ele a espancava e se eu não
fizesse o que ele mandava... Era nela e em você que que ele
descontava. Você lembra quando parou?

-Eu devia ter uns 10 anos...

-Eu tinha 13 anos quando ele me fez transar com um de seus possíveis
sócios para conseguir a sociedade. Foi naquele momento que Jayson
percebeu que tinha algo mais que poderia tirar de mim.

-Karen eu... Eu sinto muito...- Angel segura a mão da irmã quando as


duas se sentam na minha frente. Coloco outro tanto de whisky pra
mim, isso tá ficando cada vez mais triste. Se for pra sofrer, vou sofrer
bêbada.

-E tem mais.

Capítulo 25

Estávamos as três olhando umas para as outras. Cada palavra que sai
da boca de Karen provoca uma reação diferente em Angel.
-Marvin que me ajudou, ele sempre esteve ao meu lado. Ele sempre
soube de tudo desde quando éramos crianças, de tudo mesmo. Todas
as vezes que ele te chamou para dormir na casa dele de repente, foi eu
que pedi. Meu único aliado, meu único amigo... Começamos a namorar
a um ano e meio, depois de crescido ficaria estranho demais você
dormir na casa dele. As únicas formas de sair da família Lexis é
casamento ou morte. Ele percebeu isso e me pediu em namoro. E eu
amo o Marvin, demais. Tanto que as vezes olho pra ele e nem consigo
respirar, porque realmente o amo- Angel abaixa os olhos embaçados
para suas mãos os cerrando com força.- Como amigo.- voltamos nossos
olhares para a loira com surpresa.- O amo por tudo que ele fez por
mim, por sua amizade. Não o amo romanticamente, e sabe por que
Angel?

-Eu achei que você...

-Ele te ama, tanto que as vezes me dá diabete ouvindo ele falando de


você. Eu vi vocês naquela noite, precisei voltar para pegar um livro de
porções e vi vocês. Percebi naquele momento que eu não poderia
prender ele, e continuar acabando com o futuro de vocês.

-Karen me perdoa por favor, eu não sei porque fiz aquilo.- Angel a
abraça apertado tendo esta ação retribuída com afinco.

-Você ama ele, por isso fez o que fez. Eu não tenho o que mais perdoar,
só me resta pedir o seu perdão por tudo que te fiz na minha vida.

-Eu te perdôo Karen, você é minha irmã, eu te amo, e você sempre vai
estar em primeiro lugar.

Que coisa linda, realmente revigorante. A não ser pelo fato de minha
pessoa ter o mesmo valor que uma pilastra neste momento.
-Gente, desculpa interromper, a sua... Coisa... Sentimental. Mas
precisamos resolver coisas mais importantes do que assuntos pessoais.

As duas se separam e olham rindo entre lágrimas para mim.

-Ok, ok, Vossa Alteza rabugenta.- fala Angel.- Só uma coisa, como você


tem esses... Poderes?

-Esses?- a loira projeta em seus dedos lascas de gelo seco.- Bom, fui
abençoada por uma governante de Lynphea, acho que ela tinha algo
haver com a Deusa da Lua, Selene. Depois de achar o tryjer de
estimação de sua filha pequena, é um animal encantado que só existe
em Lynphea. O animalzinho tinha fugido por um portal em uma das
dezenas de cavernas encantadas que tem naquele reino. Eu tinha 9
anos quando o achei naquela floresta perto da biblioteca da casa
antiga, e então uma mulher muito bonita apareceu e perguntou se eu
gostaria de conhecer um lugar... Diferente. Ela me levou para Lynphea
pouco antes do meu pai ir atrás de mim para fazer mais maldades com
você e não me achar. E depois disso, sempre fui cuidada por sua amiga
de tempos em tempos. A rainha Lucina. Não sei o nome da outra
mulher, só sei o quanto era bonita, e maravilhosa. Ela me deu o dom
de porções, posso ter qualquer poder pelo tempo que eu quiser, só
preciso fazer uma porção. Esse é meu poder favorito... Gelo, tão frio
que chega a queimar.

-Uau...- exclamo.- É muito incrível e triste e legal tudo isso, mas só uma
pergunta. Por que está aqui, Karen?

-Eu precisava avisar vocês que... Angel corre perigo por ser filha de um
feiticeiro conhecido em todos os mundos, e por coincidência, também
é o cara que Abner mais detestava.- explica.- Vim para conhecer a
princesa perdida número dois, e também para te reconhecer, Noelany
Lewis.
-Como sabe que sou eu?

-Vi o encantamento sobre você, no dia que te conheci. E mana,- atrai a


atenção da pequena.- Eu sempre soube sobre Odin, ele me conhece.
Sempre soube que eu era.

-Aqueles corno!- exclama Angel rindo.

-Fiquei muito feliz por ele ter assumido a Circe, agora os três, Deimos,
Odin e a loirinha são um... Casal, eu acho. Mas pelo que me foi
passado, é exatamente isso. - o semblante de minha amiga cai um
pouco com a menção do novo relacionamento de Odin.

-É sério isso?- pergunta.

-É sim, achei que ele já teria te falado.

-O lugar onde ele está não pega área de telefone, e as ligações em


reinos diferentes é meio fora de contato.- viro para ela de supetão.

-Você se ligou a Odin?

-Ele também é meu melhor amigo, somos como irmãos. Foi na mesma
noite que vim para o Brasil. Nós conversamos e fizemos o juramento de
sangue.- explica ainda me deixando atordoada.- Sabe uma coisa que
parei para pensar agora?

-Ihhh lá vem.- fala uma vozinha da porta. Yaskara entra mancando.-


Fale cópia falsificada.

-Amaya contou pra nós que sempre passeava com sua verdadeira mãe,
a rainha Lucina, por uma floresta terrena, que por acaso é a mesma
que ficava perto da biblioteca onde eu sempre ia com Marvin, foi lá
que Wonder viu Akemi e foi abençoada por ela, foi nessa floresta que
Lany se matou...

-Escondi meu diário lá.- digo percebendo o que Angel quer dizer.

-Foi lá que achei o tryjer.- diz Karen.

-Oh meu Deus... Está tudo ligado...

-E ainda mais, a casa que achei para a trupe ficava do outro lado da
floresta...

-Alias, você achou a casa tão rápido. Era como se estivesse de olho no
terreno.

-É, eu tava. Queria construir uma escola diferenciada.

-Que incrível, Angel. Mas ainda não entendi o rumo desse pensamento.

-Tudo aponta para o mesmo local, isso pode querer dizer que ele tem
algo de especial...

-Akemi... Ela pode estar... Lá?

-Oh Deus, por que sou desta família?- resmunga a garotinha, Kara se
senta ereta de repente, seus olhos se perdem por alguns segundos.
Suas costas ficam completamente eretas, seus olhos ficam brancos,
suas mãos pequenas agarram firmemente os braços da cadeira, os nós
de seus dedos embranquecem com a força que a menina aperta a
madeira.

Vamos para o seu lado tentando a despertar, mas sem sucesso. Ela
pisca rapidamente percebendo a realidade.
-Marvin... Tem que contar toda a verdade para ele. E para a familia
Lewis.- fala a pequena para sua irmã.- Abner irá atrás dele, e de Amaya.
Os pontos fracos da trupe. Você tem que salva-los, princesa.- diz a
mim. Seus olhinhos transbordam preocupação.- O futuro dos reinos
está em suas mãos, tem que salvar Nair da ilusão do rei.

Nair é o nome da cidade onde ficava o castelo de Akemi, onde hoje fica
o pai em seu indescritível castelo. Mas não há reis lá desde o sumiço
das rainhas.

-O que quer dizer? Que rei?- pergunto.

-Eu... Não posso dizer, mas precisamos que você convença Vick. Ele vai
colocar a vida em risco, mesmo que queira ajudar.

-O que...? O que quer dizer?

Helena entra na sala correndo.

-Tarde demais...- a pequena sussurra olhando sua mãe.

-Alguém viu Victtório?- ela pergunta assustada.- Ele sumiu, mas deixou
uma carta.- a mulher olha para mim.- É para você...

Pego o papel de sua mão sentindo o leve relevo do material, está com
um selo, sinto que já vi esse desenho em algum lugar...

Abro a carta que cheira a tinta, letras cursiva que leio rapidamente, me
deixam zonza.

Termino de ler em questão de poucos minutos. Olho abismada para a


carta, e logo faço uma careta de raiva. Olho para sua mãe a minha
frente.
-Victtório fugiu... Ele foi embora!- exclamo exasperada. Balanço a
cabeça tentando entender. Olho para a carta em minha mão e reparo
na folha, viro ao avesso.

-Victtório foi embora? Como assim? Não, isso não é possível!- fala
Helena.

-Ele fugiu mamãe.- fala Yaskara me olhando.- Tive uma visão, ele
realmente fugiu.

Era a página de um livro? Por que ele escreveria em uma página de um


livro?

Olho o nome do livro, pois é a página do miolo que tem o nome e


informações adicionais. Vejo escrito 1984:George Orwell
....eu já vi esse livro em algum lugar...

Me levanto de rompete virando meu olhar para as mulheres a minha


frente, e a metade de uma também.

-Victtório deixou bem claro que fugiu, não sabemos o motivo, mas
temos que ir agora. Se a visão de Yaskara é algum indicativo, Abner
está mais próximo de nós do que imaginamos.

-O que fazemos?- pergunta Helena meio chateada com seu filho.

-Agora?- olho para Angel encontrando seu olhar perspicaz na carta a


qual havia sido enviada para mim.- Agora nós salvamos os nossos.

×××

Fecho a porta silenciosamente ao entrar no quarto, as tintas estavam


espalhadas por cima da escrivaninha, da cama, no chão e até mesmo
abertas em cima da cama. As cômodas tinham livros por cima, assim
como da última vez.

Por que fugiu Vick? Por que deixar pistas tão difíceis de entender?

Vou até sua mesa de estudos, e folheio seu Sketchbook onde tem
desenhos tão lindos quanto suas pinturas, tem projetos de telas. E um
desses desenhos me chamou a atenção. Era uma garota, segurava uma
adaga, e estava em pé em meio a nuvens douradas, com uma lança
apontada para seu coração, tudo isso com uma garota ao meu lado,
uma que era bem fácil reconhecer.

Era eu. E Amaya ao meu lado.

Eu trajava, não um vestido como acreditava, mas sim uma calça preta
apertada, com uma blusa de manga longa da cor preta também, por
cima tinha um sobre-tudo preto também, tendo um símbolo real de
Nair em sua lapela.

O fato me cai como uma flecha, o símbolo real de Nair... É o mesmo da


carta, bom, quase, aquele símbolo da carta é o selo real do acordo de
paz entre Abaddon e Nair. Volto minha atenção para o desenho.

E como um grande sol, residia uma coroa em minha cabeça. Uma coroa
dourada com pedras transparentes, parecendo diamantes, ao topo
dela tinha um sol brilhante revertido em ouro e prata.

Em uma de minhas mãos tinha a adaga prateada, cravejada com runas


dos reinos celestiais, com um grande e brilhante diamante no fim do
cabo, adornada com espirais de rubis de sangue. Pedras que apareciam
em armas sagradas a cada vez que alguém morria pelo objeto. Eu
apertava fortemente o objeto, ao mesmo tempo que conjurava chamas
na outra mão, porém o fogo que saia era diferente o que eu já havia
visto. Ele era prata. E ao olha-lo sentia frio, mas um frio diferente, ele
penetrava seus ossos te congelando de dentro para fora, o fogo em
minhas veias cantavam ao ver tal pintura.

Viro a página rapidamente, querendo parar com aquela sensação,


vendo outro desenho, este era de... Mim sentada no sofá com a cara
de tédio e as meninas ao meu lado, com lágrimas escorrendo pela face.
Viro a página encontrando Yaskara no nosso meio, e nós a sua volta
enquanto tinha uma visão, viro novamente vendo eu segurando esse
Sketchbook com a feição maravilhada. Olho o verso da mesma página e
me vejo sentada na cama, como estava agora, com o olhar surpreso
demais, como se estivesse surpresa com algo que vi no caderno.

-Meu Deus...

Victtório não apenas é ótimo com desenhos e pinturas, ele pinta e


desenha o futuro. Olho uma página onde seguro a sua carta a lendo, o
outro era eu perto de sua cômoda no canto extremo de seu quarto,
segurando um livro de capa grossa da cor laranja com um número
escrito. 1984.

Ando até a dita cômoda encontrando o livro do desenho em cima dela.


Está marcada em uma página. Um trecho em particular está grifado.

"Ainda nos encontraremos no lugar onde não há escuridão."

Seguro aquele objeto, minha voz repete a frase em minha cabeça.


Quer dizer alguma coisa...

Lugar que não há escuridão... Nos encontraremos?

Um lugar onde não há escuridão, deve ser um local iluminado, ou


preenchido de luz... Divina? Oh, meu Deus!
×××

Estou terminando de embanhar três adagas no cinto do meu sobre-


tudo quando Yaskara bate á minha porta.

-Pode entrar!- a garotinha está vestida com uma saia preta de courino
rodadinha com diamantes no cós da cintura, um body cinza com
diamantes na gola, que é alta, de manga longa com diamantes
ornamentando o pulso, com um casaco de veludo preto. Por baixo da
saia tinha uma meia calça preta a qual ela usava com uma bota preta
sem salto.- Oi Kara, deve ser bom ter pais mágicos que curam sua
perna quebrada.

-É, realmente é bom arrasar sem ter que dividir o holofote com um
gesso hediondo.- ela dá uma risadinha.- Pode me ajudar com o cabelo?
Karen e Angel estão terminando de se arrumar, assim como mamãe
está arrumando os gêmeos, papai está ajudando Oliver com os livros
que vamos levar.- a família LeBlanc irá conosco, deixaremos as crianças
com Cristal e minha mãe, quando contarmos a ela tudo.

Percebi que permanecer ignorantes a algo que pode colocar suas vidas
em risco não me ajuda. Claramente, Jimmy é meu pai
verdadeiramente, apesar de mamãe não ser. Se Abner, um cara traído,
descobrir com quem o amor de sua vida teve uma filha... Ele com
certeza iria querer se vingar de alguma forma. Abner pode machucar
minha família, e algo me diz, que ele não se importaria de machucar
não só meus familiares mas os de todos nós.

-Claro que posso.- digo apontando para o puff do quarto. Kara se senta
olhando-se no espelho.- O que vai querer?

-Quero um rabo de cavalo bem alto e firme.- olho seu rosto.- Coloca
esse gelzinho, faz parecer molhado.- diz me entregando um potinho.
Penteei seu cabelo de uma forma que ficasse mais alto. Pego uma
xuxinha e amarro o rabinho meio ondulado e cheio.

-Então...- Yaskara rompe o silêncio.- Você achou o livro não é? 1984...

-Você sabia?

-Claro que sim, mas tem mais uma parte que você precisa descobrir. A
pintura da sala, a primeira que viu aqui, é o seu futuro... Princesa.- suas
palavras ecoam em minha mente quando vou descendo as escadas
rumo ao grupo de pessoas, todas armadas, com exceção das crianças.

Vou até a parede onde tem a mais bela pintura que já vi durante minha
curta existência.

Encaro aquele emaranhado de cores, as chamas vivas que conseguem


transmitir seu poder... A carta mencionava algo sobre isso...

Enfio a mão em um dos bolsos internos agarrando com força o papel


da carta que recebi, desejando do fundo do meu coração entender sua
mensagem subliminar no conteúdo.

"Olá, Noelany...

Eu espero fielMente que seja você a lEr isso pela primeira vez, qUero
começar essa carta com: Me perdoe por isso. Nos conhecemos a
apenas um mês e meio, mas sua amizade é algo que prezo demais.
Você é importante demais Lany, por isso fiz isso. Tive que ir. E uma
hora você vai entender essa decisão, eu Queria mUito que esse
momento não chegAsse, mas é inevitável. Você estava pReocupada se
seria forte para governar um povo, o que não sabe é que o seu povo
clama seu nome, eles acreditam em você e tem fé que no dia que você
aparecer eles iriam ser finalmente livres de verdade. Seu poder é o
fogo, e essa chama arde no coração de todo cidadão de Nair, Cidade
das Luzes, Abaddon, Cidade sombria e LunaeT, e Ninat e tOdos os
povos de todos os reinos. Seu fogo arde no coração de todos nós, como
uma chama de esperança e luz, de que ainda não é o fim.
Espero que saiba entender isso não é um adeus é apenas um até logo,
princesa. Lembre-se, ninguém pode parar ou apagar as duas chamas.
Seu calor não pode ser extinguido. Te amo, verdadeiramente, a melhor
amiga que poderia ter em todos os reinos. Você é a luz da vida de
muita gente, Princesa. Não deixe nada, nem ninguém abafar essa luz.
Ela tem um caminho árduo para iluminar.

   Para sempre seu amigo, Victtório."

Sua intenção com as letras maiúsculas no meio das palavras foi bem
claro. "Meu quarto" era isso que tinha na mensagem, entendi que era
para eu ir até seu quarto, o que não faz sentido é o por que ele deixou
uma carta para mim e não para um de seus pais, eles com certeza
saberiam melhor o que fazer do que eu, porém sinto, como um ferro
sob minha pele, queimando de dentro pra fora, sinto que a única
pessoa que entenderia, sinto que ele também sabia disso.

As chamas gêmeas... "Ninguém pode parar ou apagar as duas


chamas"...

Victtório, onde quer que você esteja, seja isso intencional ou acidental,
vou te bater quando te encontrar. Por que foi embora logo agora que
tanto precisamos?

Duas chamas, como duas garotas, duas filhas, duas primas... Duas
princesas... Eu e Amaya somos as chamas? Faz sentido já que temos o
"poder" beijado pela chama divina.

-Lany, temos que ir.- ouço a voz de Angel me tirando de meus


pensamentos conflituosos. Olho para sua figura que usa quase a
mesma roupa que eu, uma calça moletom preta com correntes, assim
como um crooped, não muito curto, de correntes prateadas e
diamantes legítimos na gola e no pulso, como sua irmã. Com uma bota
de salto alto e armas dentro de um sobre-tudo vinho escuro. A mesma
usa um batom vermelho sangue e um delineado preto perfeito de
gatinho. Qualquer pessoa que olhasse para minha amiga poderia não
se intimidar com seu tamanho, mas com certeza ficaria apreensiva de
lhe dirigir a palavra.

-Vamos lá.

×××

Acho que nunca parei para pensar o que implicaria ser a princesa
perdida, minha mãe claramente não é minha mãe de sangue,
provavelmente a mesma não saiba disso, Jimmy é meu pai, porém...
Significa que ele traiu minha mãe Nora, e que Akemi, a rainha, é minha
verdadeira mãe.

Quando recebemos a missão de vir a Terra, pensei que seria um


pesadelo, eu teria que ficar perto de minha família, ver tudo que perdi.
Mas foi diferente, em vez de ver como perdi minha família e meu
amigos, tive uma mais que agradável surpresa, ganhei amigo e família
nas mesmas pessoas.

-Lany?- a voz de Angel chama minha atenção. Estamos á umas seis


horas no jatinho particular dos LeBlanc's indo para Londres.- Eu tô com
medo.

-Por que?

-Eu vou falar com Marvin, na verdade vamos falar com todos. Ninguém
pode se machucar, Lany.- Angel segura minha mão.- Não posso deixar
que ninguém se machuque.
-Eu sei como se sente. Posso dizer que estou da mesma forma. Estou
indo agora falar para a mulher que me criou, cuidou de mim e me
amou como filha, que ela não é minha mãe, e sendo totalmente
sincera?- suspiro.- Não tinha pensado que isso implicaria em Marvin e
Wonder não serem mais meus irmãos, e... Oh Deus, como Wonder irá
reagir?

-Eu nem tinha pensado o quanto deve ser difícil pra você. Mas fica
tranquila, aquela garota é maravilhosa, e muito compreensiva.- respiro
fundo, isso não me deixa mais tranquila.- Vocês são irmãs acima de
tudo, e acima do sangue. O que importa é que são irmãs aqui.- sua
mão posiciona-se em meu peito.

-Fico preocupada com o que Destiny irá pensar...

-Ele te ama, e mais, ele não tem que pensar nada, é o que você é.

-Eu sei, mas mesmo assim é... Difícil, não consigo acreditar que
estamos a quase um ano procurando uma verdade que...- me
empertigo no assento.- "A pequena verdade que está debaixo dos seus
olhos". Foi o que Troy disse, nunca entendi o que ele quis dizer. Era
isso, meu Deus, como eu nunca entendi.

-Não se culpe, é muita merda pra gente entender. Veja só eu, a dois
meses eu não tinha um pai, era ignorada por minha irmã e totalmente
negligenciada por minha mãe e meu padrasto. Hoje tenho uma família,
de verdade. E eles me aceitaram do jeitinho que sou.- seus olhos se
dirigem a Adam que brinca com Yaskara, os dois conversam como duas
crianças, animadamente Helena vê a cena enquanto segura Donna.

-E eu fico muito feliz por você, Angel. Eu só...


-Eu sei... Você está preocupada com Victtório. Eu também estou, até
demais. Não entendo porque ele foi embora, Vick nunca nos
abandonaria.

-Sim, ele nunca faria isso, pelo menos, não em vão.- sua cabeça vira
para mim, exibindo seu batom rubro intacto preenchendo sua
favorável e rochechuda boca.

-Você sabe de algo que eu não sei.- não é uma pergunta, mas mesmo
assim assinto.- Se não me contou é por um motivo, então não vou
perguntar. Mas seja o que for, não esqueça que pode contar comigo.

-Chegamos!- exclama a aeromoça se retirando logo em seguida.

Adam se levanta quando estamos todos em pé.

-Chegou a hora.

-Hora de quê, papai?- pergunta Yaskara.

-Hora de por as armas na mesa, minha princesa.

Capítulos 26

Os carros param em frente a casa de meus pais. Chegou a hora, não sei
se estou pronta...

Minhas mãos estão suando, minhas unhas cravaram em minha palmas,


abrindo meias luas em seu centro. Meus dentes pressionam meus
lábios pintados de nude fosco, enquanto abro a porta vagamente para
deixar a pequena Yaskara, que está ao meu lado, sair do veículo.
Estico minhas costas assim que posso, ando a mão para a garotinha ao
meu lado. A mesma leva consigo uma bolsa, na verdade, A Bolsa, uma
simples Yves Saint Laurent listrada em preto e branco, com correntes
prateadas como alças.

-Sua bolsa é linda, Kara.- ela olha pra mim sorrindo, possibilitando de
ver que a mesma é apenas uma criança, mesmo que seja tão
inteligente e... Diferente dos irmãos, tem apenas cinco anos.

-Ela é, não é mesmo? É uma Niki da Laurent, a bolsa mais barata que
tenho.

-Sério? Bom, voces são ricos, não tenho ideia do que é barato para
vocês.

-Essa daqui foi 17 mil reais, ou...- a mesma para por um segundo,
contando.-  3.348,83 dólares americanos e... 2.758,11 libras esterlina.

-Uau! Você é otima em matemática!

-Eu tento.- responde segurando minha mão e me puxando para perto


dos outros. Um dos três carros continua indo pela estrada poara outro
lugar.

-Para onde aquele carro está indo?- pergunto.

-Aquele tem dois homens que trabalham para papai, eles vão levar as
malas que estão lá naquele carro.

-Nossas malas? Por que elas não estão nos carros em que viemos?
-Temoas um carro só para as malas, Dante e Donna são muito
vaidosos.- diz dando de ombros, e mais uma vez me impressiono com a
riqueza de sua familia.

Angel segura a mão de sua irmã com ansiedade enquanto seu pai passa
o braço por seu ombro, e a mesma repousa sua cabeçã no ombro do
homem.

Oliver e Helena estão proximos também, o menor ajuda a mãe ao


segurar Dante em seu colo enquanto a mulher carrega a adormecida
Donnatella. 

-Está pronta para isso, Lany?- pergunta Helena se aproximando.

-Acho que nunca estarei pronta para dizer a uma mãe que sua filha não
é verdadeiramente sua. Mas...- resporo fundo.- Vamos logo,
precisamos mante-los seguros. 

-Que bom que entende, meu amor.- Karen se aproxima de nós.

-Liguei para Cristal e Dylan, eles já estão aí. Odin, Circe e Deimos já
estão a caminho.- diz a loira para todos nós  em nosso caminho para a
porta.- Mas... Não consegui falar com Destiny e Mariel, são eles que
estão com Wonder e Amaya.- Franzo o cenho com a frase, por que será
que eles não estavam respondendo?- Teremos que começar sem eles.

Pego Donna adormecida do colo de sua mãe, quando Dante começa a


se remexer nos braços de seu irmão mais velho e começa a chorar.

Angel toca a campainha, porém só ouve um "Pode entrar!" da minha


mãe.
Meu primeiro olhar é dirigido para minha mãe que segura nos braços a
pequena menina, filha de Cristal e Dylan, a pequena Lanye. Su
irmãozinho brinca nos braços do pai, enquanto a mãe deles se move
nervosamente de um lado a outro. A mesma para e olha para mim.

Minha amiga sorri entre lágrimas, correndo para me abraçar, tomando


cuidado com Donna em meus braços.

-Meu deus... Que saudade! foram 17 anos sem te ver Lany, não quero
isso nunca mais!- diz em meu ouvido.

-Também senti saudade, Cristal.

-Por que não me contou antes? Por que continua com a barreira?

-Eu não tinha ideia que você sabia da verdade. E eu não sei tirar a tal
barreira que está falando. Você sabe como tirar o encantamento que
oculta minha identidade?

-Sou uma humana que ajuda os malucos divinos aqui na terra, uma
mensageira principalmente. Mas não tenho poderes.

-Como Troy?

-Tipo isso, porém ele é de Nair, e eu sou de Londres. Enfim, seus pais
estão perguntando sobre o que uma amiga de Angel pode querer falar.

-Tô com medo.- confesso.

-Seria maluca de pedra se não estivesse.- ai está, a velha Cristal que


conheço e tanto amo.

Me viro e vejo todos sentados. Chegou a hora.


-Olá senhor e senhora Lewis, que bom que tiveram tempo e disposição
para nos receber.- digo iniciando. Vejo Yaskara olhando para os
gemeos Lanye e Nouey. A pequena vira para Oliver.

-Temos a mesma idade, mas eles são completos idiotas.

-Crianças.- digo com um sorriso forçado.- Como disse, fico feliz que se
dispuseram a nos escutar.

-Óh minha filha, não agradeça é sempre um prazer de ter amigos da


hamster aqui em casa.

-Não sou Hamster, Nono!

-Tem rasão, é um filhote.- todos riem.- Mas fale, meu amor.

-Esses são Helena e Adam.- apresento e os mesmos trocam


cumprimentos com meus pais.- Seus filhos, Yaskara de cinco anos,
Oliver de sete, e os gemeos, Donnatella e Dante de oito meses. Tem
também o Victtório de dezoito anos, mas ele não pode estar aqui.- digo
e olho de solaio para Helena que engole em seco.-Esses são os
LeBlanc's.

-Um minuto, LeBlanc, como... Como você, Angel?-pergunta meu pai.

-Exatamente, tio Jimmy. Adam é meu pai.

-Oh, prazer em conhece-lo, por isso a... Semelhança. Vejo que


trouxeram Karen...- fala com desconfiança.

-Calma Nono, ela é do bem, sempre foi.


-Viemos aqui para contar a vocês a verdade de tudo o que aconteceu.
Mas primeiro, temos que falar da filha de vocês.

-Wonder?- pergunta meu pai.

-Não, vamos falar de Noelany Lewis.- digo.

-Nossa filha mais velha morreu há 17 anos.

-Sim, ela morreu. Mas... Eu estou aqui... Mãe e pai, sou eu, Noelany.

-Impossivel- diz minha mãe enquanto meu pai olha fixamente para
mim, como se pudesse ver através daquele encantamento, o qual eu
tiro instântaneamente.

Alguém ofega na sala. Mamãe.

-Oh, meu Deus!

-Você sabe...- sussurra meu pai.

Minha mãe corre para me abraçar e angel pega Donna de meus braços.

-Como isso é possivel? Como... Como...?- pergunta examinando meu


rosto desesperadamente.

-Ela não pode morrer, Nora. Não a princesa perdida. Não é mesmo,


filha?

-Pai...

-Você está aqui para nos alertar de tudo o que está acontecendo.
-Jimmy, do que está falando?- pergunta minha mãe.

-É muito complicado Nora, principalmente para você.

-Minha filha morta está na minha frente. Acho que posso entender
bastante coisa.

Meu pai anda até mim e me abraça sussurrando no meu ouvido.

-Oi filha, que saudade de você.- ouço seu suspiro em meu pescoço.
Graças aos deuses ele sabe, não vou ter que explicar muita coisa.

-Oi pai, eu também estava com saudades.- retribuo seu abraço com
muita força. Me separo dele olhando para o resto dos presentes, o
olhar de Angel me dava toda a força que me era necessária.- Não é só o
fato de estar viva que me trás aqui, mãe. Existe mundos diferentes do
nosso, eu pensei que pertencia aqui, e uma parte de mim realmente
pertence, mas... Descobri que não temos o mesmo sangue, mamãe.
Minha mãe se chama Akemi, rainha de Nair.

-O que?- sussurra minha mãe me olhando assustada.- O que está


dizendo, Noelany? Eu e seu pai não temos o seu sangue, você foi
deixada na porta dele quando tinha dias de vida. Nós adotamos você.

-Na verdade mãe...

-Deixe que eu explique, filha.- pede meu pai recebendo um breve


aceno meu.- Nora, há quarenta trinta e cinco anos conheci uma
mulher. Uma garota, ele era linda. Seu sorriso me fazia sorrir, ela era
casada, mas seu marido a havia traido com uma amiga de sua irmã
mais velha. Nos conhecemos em uma tarde de outono, eu tinha 17
anos, já te conhecia mas não tinhamos nada, meu irmão, e seu
namorado, tinha acabado de morrer. Aquela garota sempre tão alegre
mesmo quando tudo ia contra sua felicidade ela sorria. Era inevitável
não amar aquela mulher... E eu amei, pelos poucos dias que nos foram
dados eu a amei. Com todo o meu coração e a minha alma. Era um dia
frio de inverno quando ela veio e me contou que estava grávida, isso
com certeza era uma péssima noticia, mas seu sorriso era gigante ao
me dar a novidade. Noelany nasceu exatos nove meses depois, no
Solstício de Verão, como era comemorado no reino de Nair.- meu pai
olha para mim sorrindo entre lágrimas.- Seu nome era Akemi, e ela era
linda. Assim como você, minha filha. Ela me entregou você com dias de
vida, você fervia quando ficava com raiva.- diz rindo nostálgico.- Igual
Mimi era...

-Pai, por que fala dela como se tivesse morrido?

-Mimi morreu três dias depois de entregar você para mim e sua mãe.
Seu servo me disse que o marido dela, Abner estava atrás da sua mãe e
da  irmã dela. Ele as achou e as matou.- como assim, ele queria dizer
Troy?

-Akemi esta viva, pai. Sempre esteve. Porém, parece que ela não
contou, que sua irmã estava grávida tambem, de uma menina a qual
vocês conhecem bem. Amaya, ela nasceu no mesmo dia que eu. 

-Mas Amaya é filha de Cristal! Nós todos vimos ela grávida!- exclamou
meu pai. Dei um olhar de significado para Cris que era observada pelo
marido.

-Sim, eu realmente fiquei grávida pouco tempo depois da morte da


Noelany, mas eu não estava com Dylan ainda. E no dia que me
encarreguei de cuidar e proteger Amaya, foi o mesmo dia em que...-
minha antiga amiga engoliu em seco, como se falar daquilo lhe
causasse dor fisica. Vejo Dylan segurar sua mão e lhe dar um beijo na
lateral da cabeça. Eles são feitos um para o outro.- Perdi o meu filho,
com quase nove meses, como fui parar no hospital, Lucina me
encontrou lá, me perguntou se eu poderia cuidar de sua filha, já que
ambas estavam em perigo. Concordei na hora, se não podia ter
protegido meu filho, então protegeria aquela bebezinha tão linda que
foi entregue em meus braços. 

-Então... Akemi está viva?- sussurra meu pai. De repente a porta é


aberta abruptamente por duas pessoas as quais estvam extremamente
nervosas. A garota vai até Cristal perguntando desesperadamente por
Amaya.

-Cristal, por favor me diga que está com Amaya!- exclama Wonder com
os olhos arregalados com algo que se parecia com medo.- Meu Deus...

-Wonder, o que houve? O que aconteceu?- meu irmão vinha atrás de


minha irmã que olha para mim com desespero e um pequeno pedido
de desculpas passam por seus lábios.

Encaro os olhos chocados de Marvin. Ele sabe. Porra, ele sabe.

Wonder anda até Karen e Angel sussurrando em seus ouvidos algo que
faz a pequena dá um passo para trás, atordoada com o que quer que
minha irmã tivesse dito. Seu olhar se dirige a mim, me fazendo temer o
que está por vir. Karen sai para o lado de fora discando um numero no
celular. Enquanto minha irmã vem em minha direção e Angel vai até
Helena e seu pai.

-Lany... É Destiny.- meu coração erra uma batida ao ouvir seu nome
nos lábios de minha irmã.- Amaya foi levada por Mariel. E Destiny
simplesmente sumiu! E o pai solicita sua presença no Meio, ele
mandou um mensagem de fogo, disse que precisa te ver
urgentemente.
-Há uma movimentação suspeita ao norte de Nair, em Ketuyt, uma
provícia que acreditávamos estar abandonada. Mas que gera
murmurios de atividade da realeza.- fala Adam.

-Posso ser sincera?- me pronunciei.- Nunca fui a Nair, sempre tive que
ficar confinada no Meio, no castelo, onde eu tinha um quarto que o pai
fez especialmente para mim. Fui nomeada protegoda dele quando sofri
um atentado há 10 anos. Três homens apareceram delirando dizendo
que tinham que me levar para o Dalit's. Nunca descobri o que era.
Depois disso, fiquei com juiza para "almas" com pendencias, sempre
dentro do castelo, nunca vi Treos, a capital do Meio. Literalmente as
"pessoas" que conhecia eram Circe e o Pai, e depois Destiny, mas só 
por causa da missão.

-Isso é... Suspeito demais.- fala Angel que anda na direção de meu
amigo, para lhe dar um abraço bem forte.

 Karen entra de repente olhando para nós.

-Tenho notícias.- anuncia. Yaskara se levanta com Oliver e leva os


gemesos de Cristal parao playgroud murmurando pelo corredos.

-É pedra atras de pedra, e porrada atrás de porrada. Esse povo...- dou


um pequeno sorrisinho.

-Pode dizer, Karen.- falo.

-Loreley me disse que houve um grande movimento em Lynphea,


centenas de pessoas de varios reinos de seu território simplesmente
sumiram. Foram convocadas para servir o rei misterioso.

-Com certeza é Abner...- sussurro.- Mas onde ele andou todos esses
anos?
-Provavelmente Destiny foi levado, assim como Mariel. Temos que
acreditar no melhor

-Desculpe incomodar.- diz uma voz atraindo nossa atenção, fzazendo


todos virarem os olhares para a porta.- Acho que... Posso ajudá-los.- diz
uma mulher parada na entrada.

Seus lábios portavam o mais singelo sorriso, suas mãos estavam


cruzadas na frente de seu vestido preto de tecidos esvoaçantes, com
caminhos prateados, bordados, subindo da cintura para o busto, que
era enaltecido por uma leve abertura no vale dos seios até o início do
estomago. O cinto prata desenhava sua cintura enquanto prendia a sai
de chiffón. Com pequenos pontos de luz no cumprimento de seu
vestido, fazia parecer que a mesma pisava em estrelas ao andar.

Seus pé levavam uma linda sandália de salto, correntes subiam por sua
panturilha, evidenciando suas pernas tonificadas, a cada passo seu pra
frente, a fenda lateral em suas vestes afalhava revelando o brilho das
hastes do calçado. Seus cabelos estavam arrumados com tranças meio
presas e mexas cacheadas em um tom de preto quase azulado. Sua
coroa era prateada, cravejada com pedras de Painita, uma grande lua
de diamante e duas pequena estrelas entrelaçadas. CAda joia era no
mesmo tom de seus imensos olhos azuis e seu rosto delicado.

-É um prazer finalmente ver você de novo, Noelany.- a mulher faz uma


casta reverencia, a qual eu retribuo desajeitadamente.- Tenho certeza
que não se lembra de mim, mas te vi nascer, meu amor.

-Lucina?!- indaga Karen juntamente a meu pai que exclama seu nome
assustado. A loira corre até a estranha a puxando para um forte
abraço.

-Meu amor, oi, como vai?- diz sorrindo ao apertar em seus braços a
irmã de minha amiga, como se a conhecesse a muito tempo. Lucina
dirige seu olhar para papai.- A quanto tempo, Jimmy. Quantas décadas,
o tempo passou para você.- fala rindo e meu pai vai até ela abraçando
sem jeito.

-Não tive a sorte de ser imortal, não é mesmo Lu?- diz sorrindo.- Mas
por que está aqui? Noelany me contou que Akemi está viva, o que quer
dizer que você mentiu para mim.

-Eu sei, mas naquela época, realmente acreditei que Mimi estava
morta. Você conhece minha irmã, Jimmy, o que a bixinha quer ela
consegue. Ela queria que todos achassem que estava morta, e foi isso
que aconteceu.- mamãe aponta para uma poltrona e Lucina
silenciosamente agradece e se senta de pernas cruzadas, como uma
verdadeira rainha. Que é o que ela é, querendo ou não.- Achei mesmo
que Abner a tinha matado, principalmente depois de descobrir que o
bebê que esperava não era do mesmo, e sim de um mortal. Sei que
minha irmã, assim como meu marido, foi torturada, mas com a ajuda
de Troy conseguiu fugir. Infelizmente Ari não teve a mesma sorte, ele
não resistiu as atrocidades que são feitas em Ketuyt, Navt e Rweiq.- a
mulher engole em seco, sei que a mesma fala de seu marido, o amor
de sua vida e pai de Amaya e Odin.- sua voz abaixa uma oitava.- Ele foi
atrás de mim e de minha filha. Achando tolamente que Noelany estaria
comigo.- Foi quando percebi que Mimi tinha razão, Noelany e Amaya
são poderosas demais juntas, o que colocava um alvo em suas costas.
Percebi...- Lucina engole em seco.- Percebi que as princesas estavam
em perigo em qualquer lugar se estivesse conosco ou em qualquer
reino celestial. Akemi foi tão inteligente... Entregou a filha camuflando
sua marca de magia e sua marca real, e entregou para uma familia
mortal, sendo criada como uma mortal. Descidi que eu deveria fazer o
mesmo definitivamente. Então quando Amaya tinha dezessete anos
mortais, o que seria oito e meio celestiais, a levei a um amigo.- ela olha
para Adam com um sorriso nostálgico.- Olá velho amigo Adam. A
quanto tempo que não nos vemos.
-Olá Lu, senti sua falta, vejo que todos os nossos esforços deram certo.
Fico feliz que nada aconteceu a pequena Amaya.

-Graças a você, meu amigo, tudo deu mais que certo. Minha filha
cresceu com a melhor familia que eu poderia querer, serei
eternamente grata, Cristal e Dylan.- seu olhar que estava em meus
antigos amigo, se volta para meu pai.- Mas o mundo precisava que as
primas crescessem juntas, ou então pelo menos vivessem no mesmo
ambiente. então pensei que a nova guardiã devaria ser alguém
proximo a familia de Noelany. Foi quando conheci Dylan e essa garota
maravilhosa, Cristal. Vi nela uma filha, e supus que ela seria uma otima
mãe. Durante os primeiros dez anos de Amaya aqui, fui muito presente
em sua vida, mesmo quando fiquei sabendo que antes mesmo de levar
minha filha para Cristal, Noelany havia morrido. O que era impossivel!
Como uma imortal poderia morrer como uma frágil humana? Foi aí que
recebi uma carta de minha irmã, ela avisava que os outros reis e
rainhas , o parlamento, todos haviam desaparecido. Na hora que li só
consegui me emocionar por minha irmã estar viva.- Lucina suspira
tristemente.- Marquei de me encontrar com ela... Fui eu que dei a
notícia da morte de Noelany, não tem idéia do quanto doeu. Mas para
Akemi era impossível, sua filha não podia morrer. Então chegamos a
mesma conclusão, Abner estava encolvido de alguma forma.

-Não temos notícia dele há anos, nem deles nem dos reis, que
chamamos de deuses.- fala uma voz doce que conheço muito bem.
Circe está parada na porta, com couro preto fosco do pescoço para
baixo. Uma grossa capa azul escuro cobria seu arco-flecha, e as duas
espadas em sua cintura, assim como as duas adagas em cada coxa. Seu
cabelo outrora na lombar, agora estava no meio das costas  em uma
trança embutida que não deixava nenhum fio solto. Em seu peito havia
um simbolo, uma isígnia. Uma fenix em chamas, abaixo de uma estrela
que ficava acima de sua cabeça, dentro de um circulo de correntes de
agua, todo o desenho em dourado. -Oi tia Lu...- a pequena garota corre
para os braços da mulher.
-Oi minha pequena general! Continua a mesma princesa de sempre...
Sempre tão linda.- seu olhar se dirige a Deimos que a encara com os
olhos marejados.- Senti saldade meu pequeno confidente, meu filho
que não nasceu de mim.- Lucina  o puxou para um abraço apertado,
repleto de saudade depois de soltar sua irmã.

Desvio meu olhar deles encarando chocado de meu irmão, que


abraçava minha irmã assim como meu pai abraçava minha mãe, Adam
a Helena, Karen a Angel e Cristal e Dylan. Marvin solta Wonder,
sussurrando algo em seu ouvido e a mesma assente. Logo o vejo
seguindo em minha direção, e nunca pensei que me sentiria intimidada
pelo tamanho do meu irmão caçula. Seus braços me rodeiam antes que
eu perceba, o abraço de volta com toda força que consigo. Ele me
aperta tanto que não tenho certeza de que serei capaz de respirar.

-Marvin...- minha voz não tinha firmeza nenhuma, pelo contrário, se


encontrava embargada de emoção. Tantos anos que venho sonhando
em abraça-lo de novo.

-Eu sempre achei que nunca...- seu tom treme um pouco.- Achei que
nunca poderia de abraçar novamente... Não sabe o quanto estou feliz
por te sentir comigo. - ele aspira o cheiro do meu cabelo.- Não me
abandone de novo, por favor... Faça tudo, mas não me deixe de novo.-
meu coração se parte com sua fala. Como pude ser tão egoísta?

-Não volte deixar.- sussurro.- Nunca mais vou te abandonar, não


prometo estar sempre perto, mas prometo não ir embora. Fiz isso uma
vez, e não tenho vontade de fazer de novo.

-Sei que não temos o mesmo sangue, antes de entrar por aquela porta
eu já sabia.- levanto meus olhos para os seus.

-Como assim, Marvin?- pergunto.


-Um homem me levou a uma floresta, aquela que fica perto da
biblioteca onde você sempre me levava, onde conheci Angel...- seu
olhar voa para os olhos da pequena que presta atenção em nossa
conversa, e se separa de sua irmã, vindo até nós.- Ele me deu isso.

Meu irmão tinha de dentro de seu casaco uma fruta, rosada com
pontinhos dourados, sinto que a conheço de algum lugar...

-Marvin, qual era o nome do tal homem?- pergunta minha amiga


repousando a mão no atebraço de meu irmão que dirige seu olhar para
o toque e estampa um pequeno sorriso de vitória.

-Acho que era...

Capítulos 27

-Dalit's!?- exclamou Lucina ao apontar para a suculenta e chamativa


fruta.- Onde achou? Meu cunhado ordenou que toda planta que foi
criada por Akemi fosse queimada. - a mulher para um curto segundo.-
É a fruta preferida de Akemi. Ela até mesmo nomeou a ilha única onde
produzia esse fruto com o mesmo nome...

-Dalit's LA...- sussurro baixinho sem perceber, as lembranças jorrando


em minha mente.

- Isso mesmo, se chama Dalit's LA, A de Amaya, como se chamaria a


minha filha, e L seria...- ela me olha apreensiva.- L seria de Lis, que era
como sua mãe ia te chamar. Lis ou Liv. Ela ama nomes curtos, por isso
sempre a chamei de Mi, a mesma sempre disse que nomes não
mostravam a personalidade de ninguém, que seu nome seria aquilo
que você mesma contruísse.- aquela mulher se move pela sala
graciosamente. - Ela fez naquela ilha, um portal para o mundo dos
mundanos, para que pudesse vê-la sempre, e para que Amaya e Lis
crescessem juntas. Mas então tudo aconteceu... Pensando bem, essa
ilha é totalmente restrita, como sabe dela? Apenas algumas pessoas
tinham acesso.

-Alguns meses antes de ser chamada de a protegida do pai, sofri um...


"Atentado". Apesar de eu mesma não ter sofrido dano algum, papai
condenou os meus... Terroristas. Estava em uma missão em Keryt,
junto com Circe, quando de repente fui cercada e levada para um
beco.- aperto minhas mãos, pressionando minha unhas nas palmas.-
Eram dois garotos de no máximo 17 anos terrestres e um homem de
uns 60 anos também. Os dois garotos eram gemeos, com certeza, os
três eram ruivos, como se fossem até da mesma...

-Como se fossem da mesma família.- diz Circe me encarando quando


assinto.

-Naquele dia eu ainda não sabia sobre a ilha, para mim Dalit's era
apenas uma fruta a qual era proibida a tempos. O mais velho me
agarrou segurando meus ombros e disse essas exatas palavras: "Dalit's,
vá para Dalit's princesa!".- respiro fundo.- Foi exatamente isso que ele
falou, mas logo depois um mote de guardas apareceram e arrastaram
os três para a Grande Prisão Ilhada. Eles estavam sujos,eram fugitívos
importantes daquela prisão para qual retornaram.

-Aquela prisão é um horror, o pesadelo de qualquer um.-Disse Lucina.-


Ao que parece eles queriam que você fosse lá, meu amor.- sua mão
segura a minha.- Eu pensei por anos, que você seria a cópia de sua
mãe. Mas não, tude em você lembra seu pai, Mimi irá ficar encantada
com com você. A filha dela... A princesa de Nair.- seus braços me
circulam com uma grande força.- Esperei tanto para te conhecer...

Passo meus braços em volta de seu corpo esguio, retribuindo seu


abraço. Passam dez minutos e continuamos na mesma posição, não
existia lugar melhor que aquele, era como... Casa.
Todos os olhares se voltam para a porta onde estava um Odin
paralizado, com a boca aberta em choque, creio que sua maior
surpresa seja o fato de sua mãe está em sua frente e não por descobrir
que somos... Primos?

-Mamãe...?- o rei infernal dá um passo a frente.- Mãe!- o moreno corre


ao seu encontro a agarrando e levantando no ar. Eles eram muito
parecidos, os olhos azuis vibrantes, o cabelo de um catanho quase
preto, grossos e fartos. A pele pouco distinguia-se, a de Odin era
apenas um pouco mais dourada que a pálida de sua mãe.

-Meu filho!- ela o abraça, mesmo que exista centenas de anos entre os
dois, parece um homem de uns 23 anose uma mulher de no maximo
30 anos. Parecem irmãos.- Que saudade meu monstrinho!- a mulher
agarra as bochechas do filho as esticando até o mesmo soltar um
resmungo de incômodo.- Você está tão magrinho, andou comendo mal
não é mesmo?- Lucina cruza as mãos na cintura, seu tamanho
comparado a o filho é... Peculiar e engraçado no minimo.- Olhe
Deimos, está corado e roxechudo, era para estar assim, Odinter!- todos
ficamos surpresos com a mensão de seu nome.

-Mãe, não precisa disso, eu tô comendo direito.

-Está se transformando demais não é mesmo? Da ultima vez que isso


aconteceu foi na sua puberdade, nem quero por em palavras as
lembranças de quando...

-MÃE!- ele olha para os lados desconcertado.- Estou feliz em te ver,


mas pode parar de constranger?- sua mãe dá um pequeno peteleco em
sua cabeça com um sorriso estampado no rosto.

-Fico feliz em te ver também, meu filho. Você achou sua irmã... Como
prometeu a seu pai que faria.
Odin encara a mãe, mas logo desvia o olhar focando em um ponto
atras de mim, junto ao meu irmão.

-Meu hamster?

-Meu capiroto!

Os dois correm ao encontro um do outro e ele a agarra abraçando e a


girando no ar. Angel gargalha em seus braços enquanto puxa os
cabelos do garoto.

-Eu não acredito que ficou sem se comunicar por um mês!- exclamou a
pequena quando tocou o chão com as pontas dos dedos.- Para que
serve uma ligação se não vamos usa-la?!

-Desculpe meu hamster, foram tantas coisa que você não tem ideia.- a
menor coloca a mão em seu ombro, o acalmando.

-E essa menina linda, quem é?- pergunta Lucina.

-Essa é o filhote de hamster.- fala Nora, minha mãe.- A gente chama ela
de Angel as vezes.- dos rimos menos a menor que revira os olhos.

-Essa é Angel LeBlanc, Lu.- explica Adam.- Minha filha mais velha, a
conheci a pouco tempo.

-Esses bestas.- diz minha pequena rindo e dirigindo-se a mãe de seu


amigo.- Eu sou Angel, a amiga que o seu filho usa de escória. E se me
permite o elogio, puta que pariu teu olho parece duas lanternas, igual
o dele. Só que o dele é aquela lanterna queimada que ninguém mais
quer.- ela se vira para o garoto que a encara com cara de tédio.- Sua
mãe é muito gostosa!- sussurra meio que gritando.
-Você é um pedaço de mal caminho, minha querida. Literalmente.-
responde a mais velha com um sorriso, recebendo um olhar incrédulo
de seu filho.

-De jeito nenhum! Na-na-ni-na-não! Minha mãe não! Sua pervertida!-


ele se puxou a amiga para longe a abraçando.- Não basta ter pegado
Deimos e minha irmã, ainda quer pegar a minha mãe?!

-Você ficou com Deimos e Amaya? Antes ou depois de ficar comigo?-


Pergunto.

-Você ficou com a Lanylany?- exclamou o moreno.

-E eu pensando que tinha pegado você antes de Amaya,  pera... VOCÊ


PEGOU MINHA IRMÃ?.- diz Wonder de olhos arregalados.

-Você não citou nosso beijo, fiquei triste.- diz Circe secando uma
lágrima imaginária.- Pera vocês não sabiam?- todos balançamos a
cabeça.- Esse anjinho já ficou comigo, com Deimos, Amaya, Wonder,
Lany, Marvin e com meu amorzinho também. Mas com ele foi só
fingimento.

A pequena olha o moreno que a encara de volta com um sorrisinho


mínimo. Seria mesmo apenas fingimento? 

Volta uns capitulos aí Circe, minha querida.

-Então gente...- começa a hamster.- Então vamos deixar baixo? Deixa


baixo, abafa o caso. Pelo amor de Deus.

-Angel...- ouvimos a voz de Marvin.- Você pegou minhas irmãs.- não foi
exatamente uma pergunta. Estava mais para uma afirmação cheia de
descrença e incredulidade.- E me beijou... E ficou com Deimos e Circe
que são... Irmãos?

-Primos adotivos.- respondem em uníssono.

-Meus pais acharam ela no lixo.- responde Deimos recebendo um soco


no estomago.

-E também ficou com Odin e Amaya... A filha de Cristal?

-Minha filha de criação?- a incredulidade de Cristal é palpável.

-Viu? Todo mundo feliz!- exclama batendo palminhas.

-É cara, só falta sua mãe.- fala Deimos para o amigo que olha tudo
desacreditado.- A tia Lu é bem gost...

-CALA A BOCA DEIMOS! É A MINHA MÃE!- exclama o moreno batendo


na cabeça de seu amigo.

-AÍ! DOEU!- reclamou o loiro.

- Bom, mudando de assunto... Como você tá? Fiquei sabendo de


umas... Coisinhas que você não me contou.

-Eu sei, desculpa meu hamster, eu, Deimos e Circe estamos


namorando!- a loira vai até minha outra amiga e sorri a abraçando.

-Parabens Circe, você merece tudo isso. Até que enfim adimitiram esse
sentimento!- exclama abraçando os três.- Depois a gente pode...
Colocar em prática o que tínhamos conversado.- fala piscando um dos
olhos.
-Pode ter certeza que vamos testar isso um dia.- diz a loira com um
sorrisinho perveso.

-Do que vocês estão falando?- pergunta Odin.

-Cara, depois eu que sou o burro, idiota, lento e lerdo.

-Mas você é!

-Posso participar desse negócio?- pergunta Lucina olhando para o filho


bem animada.

-MÃE!

-Fique quieto que eu quero me divertir.

-Gente, sei que é muito bom esse clima de reencontro e tudo mais.
Porém temos que focar, temos que descobrir qual será o proximo
passo de Abner, temos que localizar Amaya, Mariel e...- engasgo um
pouco.- Destiny. 

-Exatamente algo que Mimi diria, para focarmos no mais importante,


depois teremos a paz como recompensa.- diz Lucina sorrindo
nostálgica.

-Seja como for, Cristal e Dylan podem ficar com as crianças.- diz
Deimos.

-Não seja tolo, loiro.- Karen se pronúcia.- Tenho o lugar perfeito para
deixar todos esses cape... Anjinhos seguros. Deixem comigo.

-Ok então. Vamos fazer assim.- começo enquanto olho para eles.- eu
vou até o "pai", agora mesmo. Vou ver por que Mariel, Amaya e
Destiny não voltaram. Karen, Cristal e Dylan vão levar as crianças para
um lugar seguro, um lugar onde não seja possivel encontra-los.- eles
assentem.- Circe quero você em Abaddon, Deimos em Ninat vocês
serão meus olhos e ouvidos, Helena, estabeleça uma coneção entre eu
e Circe, e entre eu e o loiro. Odin e Angel vão até Keryt e Fortly,
encontrarei vocês lá, busquem informações sobre Dalit's LA, tudo que
vocês conseguirem. Marvin você ficará com papai e mamãe, Adam
você os levará para um lugar seguro. Rainha Lucina e Wonder, vocês
irão até a floresta, neste exato local. Lá entenderão o que deve ser
feito.- peguei um papel e escrevi a localização.- Quero atualizações de
todos vocês. Alguma objeção?- ninguém ao menos respirou.- Ótimo.
Vão!

Todos começaram a fazer exatamente o que lhe foi cabido. 

-Sua aparencia é completamente do seu pai, mas sua personalidade é...


Unicamente de sua mãe.- diz Lucina com um último abraço que me
deixa atordoada.

×××

Mesmo me lembrando de como era o Meio, ainda não deixo de me


surpreender com o cheiro pulgente, assim como estava na Terra.

O barulho de minhas botas ecoa quando paro em frente aos guardas


do palacio. Rhyts e Fichys abrem espaço para mim, conforme seus
olhos se arregalam com minhas vestimentas.

Me encaminho para o salão de reunião, onde eu tinha estado há um


ano atrás. Quando eu não passava de uma criança que havia cometido
uma burrice.
Passo por inúmeros rostos conhecidos, e outros que nunca havia visto.
Mas todos demonstravam a mesma coisa, surpresa, choque e... Medo?
Não me entendo porque eles estariam com medo de mim.

Talvez seja por causa das armas presas a mim, quando eu estava aqui,
o pai determinou que eu não deveria aprender a lutar, pois mandaria
uma visão errada aos anjos.

As grandes portas se abrem, me permitindo ver o pai, em pé, e de


costas. 

-Estou aqui para te ver pai.- fico sobre um joelho, fazendo uma
profunda reverencia. Há algo dentro de mim que grita que tem algo
errado, que isso está errado.

-Minha filha, quanto tempo.- o ser se vira e é então que noto o que
está errado. Suas feições puramente como qualquer imortal do Meio,
seu brilho que antes ofuscava minha visão, já não está presente.
Aquela melodia que transmitia paz já não é ouvida...

Ele deve ter visto algo em meu rosto, nunca fui boa em mentiras.

-Que bom que está aqui, é provavel que Destiny e Circe chegarão em
breve.- franzo o cenho com tal afirmação, eu deixei Circe encarregada
de vigiar Abaddon.

-Pai eu...

-Isso não é necessário, Noelany. Sei que sabe a verdade.- seu olhar
endurece ao mesmo tempo que meu coração despenca.- Sabe de suas
origens, não minta para mim, minha querida. Eu sou seu pai.
-Não, você não é.- solto antes mesmo de perceber e pensar no que ia
dizer. E é como se uma mascara caisse de seu rosto.

-É mesmo, não é? Não sou seu pai.- sua voz é capaz de resfriar todo o
calor que corre por minhas veias.- Seu poder despertou não é?

-Como sabe disso?

-Posso sentir.- o olho tentando entender como um ser tão "bom" pode
ser tão frio.- Mas sei que seu poderes despertaram quando encontrou
Deimos e Odin, assim como quando ficou cara a cara com Victtório
LeBlanc, as malditas pinturas daquele lixo imortal.

-Como sabe de tudo isso? Por que nunca me falou nada?- grito, não sei
em  que momento fiquei com raiva, mas só percebo quando chamas
lambem meus dedos ao mesmo tempo que minha pele se arrepia.

-Ora, ora, se não é justo que precisava chegar.- olho para a porta vendo
Destiny com uma roupa branca e cinza, a mesma que estava da ultima
vez que nos vimos, e Mariel ao seu lado, ela segurava uma caixa de
onde respingava algum liquido.

-Mariel? Destiny?- a mais velha coloca um sorriso no rosto quando


passa por mim. E destiny... Seus olhos não são os mesmos, aquela
manchinha roxa, sumiu. E com ela, toda emoção do mar revoltoso que
habitava seus olhos.- O que está acontecendo?

-Você não contou a ela, meu bem?- pergunta sarcasticamente Mariel,


seu olhar repousa em mim como se ela me conhecesse de muito
tempo, como se tivesse nojo de mim.

-Meu bem?- a ficha começa a cair lentamente quando um sorriso


aparece no rosto do "pai".- Não...
-Eu te disse que ela era inteligente pai, até demais as vezes.- a voz de
Destiny se pronúcia.

-Oh, ela é muito inteligente. E forte, olhe seu poder se manisfestando.


Uma lider nata, assim como sua mãe.- diz o "pai".

-Você conhece Akemi?

-Como poderia não conhece-la se tenho a filha e sobrinha dela diante


de meus olhos.- me viro para trás encontrando Amaya amarrada,
sendo segurada por dois guardas com expressões duras, nunca os tinha
visto.- Você é inteligente demais, Noelany. Diga a verdade que esta
zumbindo em seus ouvidos!

-Não, tem que ser brincadeira.- olho para minha... Prima. Sua boca está
tampada por amarras de magia, suas mão foram presas nas costas.

-Fale Noelany, diga o que está passando por sua mente!

-É você...- sussurro olhando horrorisada para os três.

-Quem eu sou, minha filha?

-Eu. Não. Sou. Sua. Filha.- digo com um rosnado.- É você. Você é
Abner.- sua risada explode pela sala me causando arrepios.

-É tão bom ouvir alguem me chamando assim depois de tantos anos.-


diz, e logo depois sorri.- Deixe-me te apresentar, esse é Rael, o qual
você chama de Destiny. Ele é meu filho.- meus olhos se arregalam
quando a possibilidade de sermos irmão bate contra mim me deixando
desnorteada.- Não, não, não minha querida. Apesar dele ser bem mais
velho que você, vocês não são irmãos.
-Eu sou a mãe do meu Rael.- diz Mariel.- Planejamos isso a anos.

-Por que começar uma vingaça sendo que você traiu minha mãe?- era a
primeira vez que eu usava essa frase se referindo a outra pessoa.

-Oh, ela acha que vamos começar uma guerra por vingança.- fala
Destiny, ou Rael, com uma gargalhada que me faz estremecer.- Não se
engane, Lanylany. A guerra já começou.- sua mão tira a tampa da caixa
onde tem cabelo, cabelos levemente dourados, com poucos fios
brancos, cabelos que eu reconheceria de qualquer lugar. Era a cabeça
de minha mãe mortal, de Nora.

Eles haviam matado minha mãe.

Sua cabeça rolou de dentro da caixa e caiu no chão com um baque


surdo abafado pelo molhado do sangue. Meus peito afundou, o ar...

Não conseguia respirar.

-Você matou minha mãe.

-Sim, e foi muito divertido. Mas seu papaizinho continua solto, eu


deixei que ele fosse tratado por Abner, ele sabe bem como tratar lixo
mortal.

-Destiny...- sussurro, não com amor ou com paixão de uma amante


traida. Mas sim como a princesa de um povo que clama por sua
majestade.- Amaya, eu volto.- digo olhando para trás e gesticulando
com a boca. Me viro para Abner e aponto um dedo para ele e sua
esposa.- Você e você, vão morrer, por minhas mãos, será um morte
lenta e dolorosa. E você...- me dirijo a Destiny, ou Rael.- Você não é
digno da morte, vou fazer bem pior com você.
-Oh, como é engraçado, você não vai fazer isso. Você me ama lembra?-
pergunta sarcastico.

-Eu te amo, mas amor é uma escolha, não uma necessidade, posso
muito bem viver sem você. E vocês dois morrerão pelas minhas mãos,
nem que seja a ultima coisa que eu faça em vida.- dito isso abro um
portal, ao chamar aquele poder que canta meu nome dentro de mim.

Meus pés tocão o solo da cidade de Fortly, em minha frente Angel e


Odin estavam conversando, porém inspirei, mas o ar não chegou.

 Meus pumões ardiam em busca de ar, eu ofegava tentando puxar uma


respiração. Não funcionava, isso já havia acontecido antes.

Coloco a mão em meu estomago que se revira enquanto meus olhos se


enchem de lágrimas as quais eu não permito descer. Por que nunca
percebi que Abner era o pai? Ele era bom. Não acredito que nos
deixamos enganar por Mariel, por todo esse tempo, tudo dando tão
certo, era ela, a mulher que nos travava como filhos havia nos traido.

O homem que eu amava era filho do nosso pior inimigo, isso faz dele,
não só um traidor, por nos trair, mas faz dele nosso inimigo também.

-Noelany?- chama Odin me alcançando, toda aquela leveza e diversão


já não dançava mais em seus olhos.- O que aconteceu? 

-Lany, você está com cara de que encontrou o próprio diabo na sua
frente.- diz angel que recebe um olhar atravessado  de seu amigo.-
Noelany, respira.- diz segurando meu pulso.

-Encontrei algo muito pior.- sussurro puxando minha mão de seu


aperto, minhas veias, que antes ferviam, agora estão geladas. Noto que
as pessoas acampam a nossa volta em um  circulo, vejo que de repente
ficou apertado demais para respirar quando caio de joelhos , a verdade
batendo contra mim ao mesmo tempo que uma onda de dor e fúria
vinha sobre mim, cobrindo cada parte de meu ser.

E então eu grito.

Não, eu não grito, eu rujo quando algo vital se quebra em algum lugar
dentro de mim. O gelo toma conta de minhas veias, porém não é
quente o que sai das pon tas de meus dedos. Em chamas prateadas,
fogo seca o caminho de minhas lágrimas.

O chão começa a tremer, e eu ouço o choro de algumas crianças


pequenas que estvam no colo de suas mães.

Meus dedos deixam lentamente de ser gelados e as espressões de


assombro vem junto ao murmurar da população.

-É ela!- grita uma mulher chorando e ao mesmo tempo sorrindo.-


Vejam, é ela!

-Sim, olhem, é a princesa!- exclamou outro com choque e felicidade. 

Me levanto devagar ainda tonta com todo aquele frio correndo por
meu corpo, quando algo surge em minha cabeça, algo brilhando em
dourado. Uma coroa de ouro se materializou em minha cabeça, meus
cabelos foram soltos magicamente, liberando as mexas para se
mexerem livremente, a coroa era dourada com diamantes rosados em
forma de flores, rosas. Uma pedra em formato de sol, uma Opala
negra, com pequenas outras opalas.

Uma garotinha puxa meu sobre-tudo. Não devia ter mais que 5 anos,
seus cabelos cacheados e negros, faziam jus a sua pele escura,
destacando seus olhos de um violeta profundo.
-É você?- sua voz era infantil.- Você é a princesa que vai trazer meu
papai de volta?

-Eu...- Olho para aquelas pessoas que choram de alegria e choque, eles
não me olham com raiva, ou com rejeição. E sim com algo diferente. 

Esperança.

Eles me olham com esperança. Essa constatação faz meu coração


acelerar, e minhas lagrimas de tristeza, se verterem em uma pequena
sementinha de esperança.

Mas é então que a atenção de todos para em um ponto atrás de mim.

-Vejo que a minha princesinha já não é mais uma menina.- diz uma voz
feminina. Viro meu rosto para poder ver quem é.

E em pé, ao lado de uma Angel e um Odin de olhos arregalados, tinha


uma linda mulher, não mais que 30 anos, com o brilhpo imortal
reluzindo em sim. Não precisava que seu nome me fosse dito, eu já
sabia quem era antes mesmo dela se apresentar.

Ali estava a Rainha Akemi, Rainha de Nair. E por conhecidencia do


destino, também é minha mãe.

-Olá, Lis. Que bom vê-la novamente, minha princesa.

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