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Lembro-me dos seus lbios desenhando o dgrafo 'lh' da palavra "mulheres".

F alava dos direitos, dos jeitos, dos peitos, dos meios, dos pelos. Dizia de si me sma, argumentava, me contava toda a verdade sobre o mundo, e eu, uma criana, ente ndi: as mulheres s queriam respirar e s-las. Mergulhei. Quando enxuguei meus cabel os a vi de novo, e como ela sorria... aquelas palavras to densas nem pareciam pes ar sobre seus ombros. Como ela sabia tanto de tudo, de tudo um tanto, e continua va ali, sendo tola conosco? (Sempre gostei de terminar pargrafos com interrogaes). Sentia-me mal por ser um homem, cheio de raiva e gritos de gol, mas ela tambm me ensinou que a pena de morte um erro - que sorte - e que eu ainda tinha u ma segunda chance. Superei-me de homem e virei um ser humano. Os primeiros dias foram fodas, eu no me sentia confortvel nessa nova carcaa, discordava de tudo, as p essoas eram estpidas demais, s o futebol e ela me faziam esquecer da spera covardia do mundo.

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