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COMPETÊNCIA
• JURISDIÇÃO = una, por definição;

• COMPETÊNCIA = medida ou porção da jurisdição


atribuída a órgão ou grupo de órgãos do Pod. Jud.;

• COMPETÊNCIA = repartição da atribuição de dicção do


direito por critérios lógicos, prévia e abstratamente
previstos em lei.

• COMPETÊNCIA = atributo do órgão e não do agente

• FINALIDADE = racionalização do trabalho e


impossibilidade de exercício por um único juiz.

• PRINCÍPIOS S/ COMPETÊNCIA:

a) juiz natural (examinado em item apartado);

b) aderência ao território (idem);

c) perpetuatio jurisditionis (perpetuação da


competência). Estabelecido o órgão jurisd.
competente, este o será até o final do feito, ainda
que alterado futuramente o critério definidor da
competência (situação fática). Artigo 87, CPC.
Definição: momento em que a ação é proposta (art.
263). Exs.: alteração do valor do objeto litigioso ou
domicílio do réu. Não se aplica: extinção do órgão
judiciário e competência absoluta.

d) Competência sobre a competência: todo juiz é o


primeiro juiz de sua competência. De ofício
(pressuposto processual) ou a requerimento da
parte. Os demais juízes não ficam vinculados à
análise prévia. Conflito de competência (incidente
processual).
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I. ATUAÇÃO DA JUSTIÇA BRASILEIRA
(COMPETÊNCIA INTERNACIONAL).

• Competência internacional X competência interna.

• Definição da “competência” nacional. Confunde-se


com a pp. noção de jurisdição (idéia de soberania).

• Soberania (ilimitada). Delimitação da jurisdição


nacional = finalidade: possibilidade de concreta e real
efetivação da decisão prolatada pelo órgão.

• Competência internacional exclusiva: obrigatoriedade.


Soberania nacional só admite decisão tomada pela
jurisdição brasileira. Art. 89, CPC.

• Competência internacional concorrente: jurisd. nac.


concorre com as demais (facultatividade). Decisão de
outra soberania pode ter validade e eficácia, desde
que chancelada pelo STJ (exequatur – CF e 482/483,
CPC). Art. 88, CPC. Vide art. 90: ñ induz litispendência.

• COMPETÊNCIA INTERNA: desde que definida a internacional.


Divisão entre as diversas “justiças” (2º passo).
Regras: CF, CPC e leis de Organiz. Judiciária.
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II. CRITÉRIOS DE FIXAÇÃO DA COMPETÊNCIA
(DOUTRINA)

• Prévios e abstratamente previstos em lei (juiz natural)

• Concorrência de diversos fatores = determinação de


um único órgão jurisdicional competente.

• Critério tripartite (Chiovenda):

a) objetivo; b) funcional; c) territorial.

a) CRITÉRIO OBJETIVO: características da causa (conteúdo da


demanda). Análise do valor da causa (importância
econômica), natureza da demanda proposta (matéria) ou
condição/qualidade das pessoas envolvidas na lide.

b) CRITÉRIO FUNCIONAL: distribuição das funções


jurisdicionais necessárias, em uma mesma causa, a
órgãos judiciários divesos. Ex: 1º e 2º graus
(hierárquica), cautelar, execução, cartas precatórias...

c) CRITÉRIO TERRITORIAL: competência de foro.


Preponderância do elemento geográfico. Divisão do
território nacional em unidades (Regiões, Seções,
Subseções, Comarcas, etc.). Finalidade: comodidade das
partes e facilidade/economia do processo. Disciplinado
pelo CPC (arts. 94 e ss.). Ex: direitos reais s/ bens
móveis e direitos pessoais = domicílio do réu.
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III. CRITÉRIOS LEGAIS DE FIXAÇÃO DA COMPETÊNCIA

A) COMPETÊNCIA EM RAZÃO DA MATÉRIA (“RATIONE MATERIAE”)

• Especialização: eficácia da prestação jurisdicional

• Determinada p/ natureza da relação jurídica


controvertida (ramo do direito material)

• Plano constitucional: “justiças” (especial e comum)

• Plano infraconstitucional: normas de organização


judiciária, varas especializadas (art. 91, CPC)

• Estabelece regime de competência absoluta.

B) COMPETÊNCIA EM RAZÃO DA PESSOA (“RATIONE PERSONAE”)

• Interesse público no julgamento da causa por órgão


especializado. Por isso, é absoluta.

• Ex: comp. orig. STF (art. 102, I, “e”, CF); comp. orig.
STJ (art. 105, I, “a”, CF); comp. JF – União (art. 109, I)

C) COMPETÊNCIA EM RAZÃO DO VALOR DA CAUSA

* Valor da causa = benefício econômico pretendido (arts.


258, 259 e 282, V, CPC). Disciplinada pelas leis de
organização judiciária (art. 91, CPC). Absol. ou relat.

d) COMPETÊNCIA FUNCIONAL (ABRANGE COMPETÊNCIA HIERÁRQUICA)

* Fundamento: vários juízes podem, em momentos


distintos, exercer funções no mesmo processo

* Artigo 132: o juiz que concluir instrução julga, salvo...


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* Plano horizontal → Ex: vis attractiva do “processo de
conhecimento” em relação à execução e ao processo
cautelar (arts. 109, 575, II, e art. 800, todos do CPC)

* Plano Vertical ↨ EX2: duplo grau de jurisdição –


competência revisional das decisões proferidas pelos
juízes de primeiro grau.

* Estabelece regime de competência absoluta.

d) COMPETÊNCIA TERRITORIAL OU DE FORO (“RATIONE LOCI”)

• Correspondência com o princípio da aderência do


exercício da jurisdição ao território

• Objetiva a comodidade/interesse das partes (regras


supletivas, dispostas no interesse privado)

• Disciplina detalhada no CPC: arts. 94 e ss.

• FORO COMUM OU GERAL (art. 94): direito pessoal e direito real


sobre bem móvel = domicílio do réu

• Direito pessoal; direito real; bens móveis; domicílio

• Regras subsidiárias:

§ 1º - Pluralidade de domicílios: qualquer deles.


§ 2º - Domicílio incerto ou desconhecido: onde for
encontrado ou no domicílio do autor.
§ 3º - Réu não possui domicílio, nem residência no Brasil:
domicílio do autor. Se este não reside no Brasil: qualquer
foro.
§ 4º - Pluralidade de réus: domicílio de qualquer deles, à
escolha do autor.
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• FOROS ESPECIAIS: instituídos conforme determinadas
peculiaridades da lide (ex: natureza dos fatos e/ou
qualidade das pessoas envolvidas)

1) Foro das sucessões: artigo 96. Autor/instituidor da


herança = de cujus. Vale até partilha
(inventário/arrolamento). Após = regras gerais CPC

Autor herança s/ domic. certo: foro situação bens.

Bens em locais diversos: local do óbito.

2) Foro das ações contra ausentes: último domicílio em


que residiu (art. 97). Ausente = desaparecido sem
deixar notícias ou administrador p/ os seus bens.

3) Foro da situação da coisa (forum rei sitae): ações


fundadas em direito real imobiliário devem ser
ajuizadas onde estiver situado o bem (art. 95).
Razão: bens de raiz, que não podem ser
transportados sem modificação de usa essência.
Imóvel em + d 1 comarca (art. 107) – critério:
prevenção (do art. 219, CPC – foros diferentes).

4) Incapazes: domicílio do representante (art. 98).


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5) Pessoas jurídicas e sociedades: não se aplica às
pessoas elencadas no art. 109, CF. Demais (públicas
e privadas): qd. autoras: domicílio réu (regra geral);
qd. rés: a) sede; b) agência ou sucursal (art. 100,
IV, a e b, CPC). Entes despersonalizados
(sociedades de fato): atividade principal (alínea c).

6) Foro competente em matéria de obrigações:


contrato: no local onde a obrigação será cumprida
(art. 100, IV). Obrigações derivadas de ato ilícito:
lugar do ato ou fato (inc. V). Pluralidade de locais:
qualquer deles, a critério do autor.

7) Ações derivadas de acidentes automobilísticos: local


do fato ou domicílio do autor, à sua escolha (p.ú.).

8) Ações relativas ao matrimônio: foro da residência da


mulher (especial proteção) – art. 100, I. Polêmica:
recepção pela CF/88, art. 226, § 5º. Duas correntes.

9) Foro ações de alimentos: domicílio/residência do


alimentando – hipossuficiência (art. 100, II, CPC).

10) Anulação de títulos de créditos extraviados:


domicílio do devedor (art. 100, III, CPC).

11) Fórum gestae administrationis: réu gestor ou


administrador de coisas alheias – lugar do fato ou
do ato, na forma do artigo 100, V, b, CPC
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IV – COMPETÊNCIA ABSOLUTA E COMPETÊNCIA RELATIVA

• O CPC contempla 2 regimes distintos no tratamento da


competência, de acordo com os critérios examinados.

• Critério: maior ou menor disponibilidade das partes


sobre a regra de competência.

• COMPETÊNCIA ABSOLUTA: conjunto de regras cogentes,


dispostas no interesse público, as quais não admitem
derrogação por vontade das partes.

• COMPETÊNCIA RELATIVA: diretrizes de caráter supletivo,


dispostas no interesse privado das partes, que podem
dispor livremente sobre tais critérios.

“JUSTIÇA” COMPETENTE
a) ratione materiae
JUÍZO COMPETENTE

COMPETÊNCIA ABSOLUTA b) ratione personae

c) funcional/hierárquica

d) ratione loci (arts. 94 e ss. do CPC).


Exceção: forum rei sitae (art. 95, in fine, CPC) –
bens imóveis. Critério Territorial-funcional.

COMPETÊNCIA RELATIVA

e) valor da causa (do maior p/ o menor).


Exceção: procedimento sumário e juizado
especial estadual cível. Juizado Especial
Federal= absoluta, por expressa disposição
legal (artigo 3º da Lei 10.259/01)
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REGIME JURÍDICO

REGIME COMPETÊNCIA COMPETÊNCIA


ABSOLUTA RELATIVA
QUANTO À MODIFICAÇÃO Não admite modificação Admite modificação
pelas partes (art. 111) pela vontade das
partes (art. 111)
FORMA DE ARGÜIÇÃO primeira oportunidade Exceção declinatória
ou na contestação (§ de foro/juízo (arts.
1º, 113 c/c 301, I) 112 e 304)
MOMENTO PARA A qualquer tempo e No prazo de 15
ARGÜIÇÃO grau de jurisdição (art. (ciência do fato –
113) citação) art. 305
PRECLUSÃO Não preclui (v. art. 485) Preclui (art. 114/305)
CONHECIMENTO DE OFÍCIO Possível (arts. 113 e Inviável (art. 112 e
PELO JUIZ 301, I e § 4º) Súmula 33 do STJ)
SANÇÃO PELA NÃO Meramente econômica Prorrogação da comp.
ALEGAÇÃO NO TEMPO E (§ 1º do art. 113) (art. 114)
FORMA LEGAIS
IRREGULARIDADE Nulidade absoluta dos Nulidade relativa.
atos decisórios (§ 2º do Convalidação se não
art. 113). Relativização alegada (art. 114)

a) expressa: cláusula contratual


de eleição de foro (modificação
abstrata: anterior ao
ajuizamento). Art. 111 e §§, CPC

1) VOLUNTÁRIA
MODIFICAÇÃO
b) tácita: não-interposição de
exceção na forma e prazo legais.
“Prorrogação”. Arts. 114/305

COMPETÊNCIA

a) Conexão: identidade - objeto


ou causa de pedir (art. 103)
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2) LEGAL
b) Continência: identid. partes e
causa de pedir (art. 104)

CONEXÃO E CONTINÊNCIA

• NOÇÃO: reunião, num único juízo, de mais de uma ação,


pelo critério da afinidade, para julgamento conjunto.

• FINALIDADE: a) julgamento uniforme; b) eficiência da


atividade jurisdicional (economia).

• FACULTATIVIDADE (art. 105): juízo de conveniência.

• REQUISITOS: a) juiz imparcial e competente p/ as causas;


b) sentença pendente.

• CRITÉRIO: prevenção. Antinomia: art. 106 X art. 219.


Compatibilização: mesma e diversa compet. territorial.
Competência de juízo e competência de foro.

• Não geram suspensão do processo.

CONEXÃO

• Identidade de causa de pedir e/ou de objeto (pedido).

• Exs. (Dall’Agnol): a) mesmo imóvel reivindicado em


duas ações distintas (pedido mediato), por partes
distintas; b) locatário ajuíza ação consignatória dos
alugueres; o locador, de despejo, por mora no pagto.
(mesma causa de pedir remota: contrato); c) ações de
cobrança de contrato bancário e de nulidade de
cláusula contratual (mesma causa de pedir remota).

CONTINÊNCIA

• Identidade de partes e causa de pedir, mas o objeto de


uma ação, por ser mais amplo, abrange o da outra.

• Ex (Dall’Agnol): ação de cobrança (contrato de mútuo)


em que se exija o valor do principal mais juros, e
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HÁ OUTRAS HIPÓTESES DE MODIFICAÇÃO LEGAL, TAL C/ A DA VIS ATTRACTIVA INERENTE AOS JUÍZOS UNIVERSAIS. A
AÇÃO FALÊNCIA ATRAI P/ O JUÍZO FALIMENTAR TODAS (OU QUASE TODAS) AS AÇÕES RELATIVAS AO FALIDO.
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outra, fundada no mesmo título, em que se
controverta a respeito do índice de correção monetária
aplicável ou acerca do patamar dos juros.

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