O Pequeno Príncipe é um livro tão extraordinário quanto todos os outros trabalho brotados da
cabeça de Antoine de Saint-Exupéry. É, do início ao fim, uma crítica ao pensamento adulto,
onde o autor costuma se referir a estes como 'pessoas grandes', além de mostrar uma pequena análise da relação de uma criança com um adulto, no caso, o autor e o pequeno príncipe. Saint-Ex afirma, em certo ponto da história, que se julgava semelhante a ele, mas infelizmente não sabia ver carneiro através da caixa (relativo a um desenho feito por ele mesmo a pedido do garoto), e que era um pouco como as pessoas grandes pelo fato de ter envelhecido. Após seu avião cair no meio do deserto africano, ele precisa consertar a aeronave, com água para apenas oito dias, assim trava conhecimento com o pequeno príncipe, o qual deseja compreender às maneiras possíveis. De fato, Saint-Ex se assemelhava ao principezinho, ambos tinham o mesmo pensamento sobre pessoas grandes, que é quando ele conta não poder falar de seus desenhos de jibóias engolindo elefantes ou de estrelas, pois os adultos só gostam de falar sobre bridge, golfe, política, e gravatas; dessa forma ficam encantados de conhecer uma pessoa tão razoável. Em meio às conversar, o príncipe solta palavras com grandes pausas, coisa que o autor demora a se acostumar, palavras que formam um quebra-cabeça de idéias sobre o valor de cativar alguém. Também de início, é possível ver como Saint-Ex está envelhecido por querer ser levado a sério ao ver o riso do príncipe, riso este do qual virá a sentir falta no fim do livro, juntamente com o jeito misterioso do príncipe ao relatar suas lembranças. Algumas das características adultas que ele transmite são a tremenda e injustamente absurda importância que os adultos dão aos números e a falta de importância que eles dão às outras coisas; por exemplo, nenhum adulto jamais saberá a importância que existe na pergunta que fecha o livro: 'terá ou não terá o carneiro comido a flor?', os adultos precisam sempre que as coisas se ajustem a eles e a sua seriedade. Outro ponto importante é como o príncipe relata seu planeta com amor, sempre muito certo do que diz quando discutem sobre as coisas que a ele pertencem - a flor, o pôr-do-sol, os vulcões, os baobás -, e sobre as tarefas que realizara - cuidar de sua flor, arrancar os arbustos de baobá, recuar sua cadeira a fim de assistir ao pôr-do-sol quantas vezes quisesse -; como ele jamais renunciava uma pergunta após tê-la feito e como nunca dava explicações. Sua personalidade forte, em grande parte pela falta que sente de seu planeta e de tudo que há nele, cativa o autor (e o leitor) profundamente durante todo o percurso. O leitor ainda pode se identificar com o autor quando este se envergonha por repetir e clamar diversas vezes por sua seriedade e o principezinho o acusar de confundir e misturar tudo. Ele também o questiona sobre a importância do fato de que um único golpe de um carneiro pode acabar com sua única flor que tanto ama, isso faz o autor entrar em conflito consigo mesmo e com seus sentimentos, em meio ao conserto de seu avião, à imagem daquele príncipe, e ao fato de ser um adulto e não saber como atingi-lo apesar de compreender um pouco do seu mistério. Algumas lições são postas sobre a mesa quando o príncipe relata que conheceu certa vez um homem orgulhoso como Saint-Ex, nunca amou ninguém, nunca cheirou uma flor, nunca olhou uma estrela; sua flor também era muito orgulhosa - o deixara infeliz e culpado - e apenas mostra ter um sentimento pelo príncipe no dia em que ele parte, mas a grande importância está no fato de um ter cativado ao outro e, dessa forma, sempre que o príncipe ver uma flor, se lembrará da sua, que é a única em seu planeta. Quando o príncipe parte, começa a explorar outros planetas e é quando ele conhece de perto a vida adulta. Descobre que para os adultos as coisas tem pouco ou nenhum valor, que os adultos adoram condenar uns aos outros, que só dão importância a alguém quando este os admira, que só ligam para números e não tem tempo para mais nada por serem orgulhosos e estarem sempre afirmando o quanto são sujeitos 'sérios', que gostam de possuir as coisas e mostrar autoridade sobre algo. Além de conhecer um único sujeito que se ocupa de outra coisa que não seja ele próprio, mas este vive num planeta pequeno demais para os dois. Basicamente, o livro mostra como os adultos dão tanta importância a si mesmos e o príncipe, ao contrário, tem uma flor de muita importância para ele, o que o faz sentir-se triste por tê-la deixado em seu planeta indefesa. Já os homens, nunca se sabe onde se encontram, eles gostam apenas de números, cálculos, e de repetir os cálculos. O príncipe, ao perceber que agora não tinha nada - nem flor, nem pôr-do-sol na hora em que quisesse -, chora deitado na relva; assim conhece a raposa, que se torna sua amiga, um cativa ao outro, o que o torna único no mundo para ela, em meio a cem mil outros garotos, e ela se torna única para ele, em meio a todas as outras raposas do mundo. A grande mensagem do livro está no valor que há em uma pessoa cativar a outra. Para a raposa, todos os homens se parecem e todas as galinhas se parecem, mas se o príncipe a cativa, sua vida se torna melhor pois ele poderá pensar que o seu príncipe estará lá, em algum lugar, e só há um dele no mundo. A gente só conhece bem as coisas que cativou; como a rosa do príncipe e as rosas que ele encontra na Terra, essas não são nada pois ninguém as cativou e elas não cativaram a ninguém e nada serão até que alguém faça delas a sua rosa. O principezinho cativa aqueles que o entendem, cativou Antoine de Saint-Exupéry, continua cativando pessoas ao redor do mundo. Você pode ficar triste ao fim do livro, mas se ele tiver te cativado, verás como tudo valerá a pena.