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O pequeno príncipe foi publicado pela primeira vez em 1943, nos Estados Unidos, sendo a

terceira maior obra traduzida (cerca de 160 idiomas) e é um dos livros mais vendidos no
mundo todo. Mesmo que você não tenha lido o clássico, com certeza algo sobre ele já viu
por aí, já que a obra ganhou diversas adaptações, cinema, teatros, musicais.

O livro é contado pelo autor do livro que é narrador e um dos protagonista da história que
um dia sofre um acidente de avião e cai no deserto. Ao acordar encontra o Pequeno
Príncipe, que pede para que ele desenhe um carneiro numa folha de papel. Interessante
notar que o protagonista tem uma relação nada amigável com seus desenhos, uma vez que
as pessoas não conseguem interpretá-los.

Ao longo da história o Pequeno Príncipe vai contando ao protagonista suas aventuras e sua
busca por um carneiro para comer as árvores que crescem em abundância no seu lar, o
asteroide conhecido por B 612, que teria apenas uma rosa vermelha e três vulcões (um
deles inativo).

O Pequeno Príncipe tem uma trama simples, rápida de ler, mas é repleta de significados,
numa narrativa um tanto poética. É por isso que mesmo sendo voltado ao público infantil
agrada adultos até hoje por ter uma mensagem muito bonita sobre valorizar os sentimentos
e as pequenas coisas da vida. Uma parábola sobre perda da inocência e do lúdico à medida
que amadurecemos.

A obra é marcada por vários personagens interessantes, a começar pelo protagonista, o


piloto que simboliza a persistência. Temos a Rosa, por quem o Pequeno Príncipe nutre
muito amor e carinho, que é uma personagem dramática, temperamental e de certa forma
também ingênua. Meu personagem preferido, a Raposa, um tanto misteriosa que se torna
amiga do Pequeno Príncipe e responsável pelas frases que mais me tocaram no livro.

“Os homens não têm mais tempo de conhecer coisa alguma. Compram tudo já pronto nas
lojas. Mas como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos. Se tu
queres um amigo, cativa-me!”

“Teria sido melhor voltares à mesma hora, disse a raposa. Se tu vens, por exemplo, às
quatro da tarde, desde às três eu começarei a ser feliz.”

Já o Rei é um personagem engraçado que governa seu universo, mas só dá ordens as


coisas que aconteceriam mesmo sem que ele mandasse. O rei é autoritário, mas ensina ao
Pequeno Príncipe que não se pode exigir das pessoas aquilo que elas não podem dar. Em
outro planeta encontramos o Bêbado que ironicamente bebe para fugir da vergonha de
beber. O personagem simboliza a fuga da realidade.
Outro personagem interessante é o Homem de Negócios, sempre muito ocupado,
claramente uma caricatura dos adultos que passam a vida trabalhando para ganhar dinheiro
sem conseguir de fato aproveitar muita coisa. Confesso que quando o Pequeno Príncipe
passa pelo planeta do Acendedor de lampiões, fiquei um pouco agoniada. O personagem
precisa acender o lampião de noite e apagá-lo de dia, mas o planeta gira muito rápido e o
Sol se põe a cada minuto, tornando o trabalho do homem exaustivo. O Acendedor de
lampiões simboliza o trabalhador que não tem senso crítico para questionar suas tarefas,
simplesmente as fazem e pronto.

O astrônomo turco foi o primeiro humano a descobrir o asteroide B-612. Infelizmente


ninguém acreditou na sua descoberta por conta das suas vestimentas turcas. No entanto,
anos depois com as vestimentas ocidentais revelou mais uma vez sobre o asteroide. Aqui
Antoine de Saint-Exupéry claramente fala sobre xenofobia.

Já o Geógrafo é um homem inteligente que sabe bastante sobre outros lugares, mas nada
sobre próprio planeta. É ele quem recomenda a Terra ao Pequeno Príncipe e que alerta ao
personagem que as flores não duram pra sempre. Outro personagem que me chamou
bastante atenção é o Vaidoso, quer ser o mais bonito, inteligente, mais rico, mas
ironicamente vive sozinho no seu planeta. O Pequeno Príncipe é uma obra tão atual que ao
ler esse trecho com o Vaidoso me lembrei das pessoas que vivem das aparências nas
redes sociais.

E por fim, mas não menos importante, o Pequeno Príncipe que simboliza a infância, amor,
esperança e inocência.

Hoje em dia todo mundo fala sobre viver na sua própria bolha, mas boa parte dos
personagens do livro já faziam isso em seus planetas, cada um fechado em sua própria
opinião e conhecimento de mundo, ao contrário do Pequeno Príncipe que sai do seu
planeta e acaba entrando na bolhas dos demais, cativa e se deixa cativar por outras
pessoas. No fim, queria voltar para sua amada Rosa, mas sem dúvidas muito mais maduro
do que era quando partiu.

E pra quem não sabe, a obra é inspirada por uma situação vivida por Saint-Exupéry,
descrita com detalhes em seu livro de memórias em 1939. Infelizmente, o autor faleceu em
outro acidente de avião.

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