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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO

INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS


CURSOS DE LETRAS

JÚLIA DA CONCEIÇÃO MEDEIROS VIEIRA


Matrícula 20200009630
2021-1

AA285/ESTÁGIO SUPERVISIONADO I
LÍNGUA PORTUGUESA E LEITURA/ INTERPRETAÇÃO DE TEXTO NO 6º E 7º
ANOS DO ENSINO FUNDAMENTAL

1. Atividades equivalentes à observação das aulas (30h)


Plano de Aula. Prática pedagógica de compreensão leitora: uma proposta

SEROPÉDICA
2021
PLANO DE AULA

OBJETIVOS DA ATIVIDADE:
Propor uma reflexão sobre os papeis de homem e mulher na sociedade a partir dos textos
apresentados.

OBJETIVOS DE LEITURA:
Desenvolver a compreensão leitora; despertar a reflexão sobre o papel do homem e da
mulher na sociedade; refletir criticamente sobre as ações descritas nos textos

TEXTO I

Ai que saudades da Amélia


Canção de Noite Ilustrada

Nunca vi fazer tanta exigência


Nem fazer o que você me faz
Você não sabe o que é consciência
Não vê que eu sou um pobre rapaz

Você só pensa em luxo e riqueza


Tudo o que você vê, você quer
Ai meu Deus, que saudade da Amélia
Aquilo sim é que era mulher

Às vezes passava fome ao meu lado


E achava bonito não ter o que comer
E quando me via contrariado
Dizia, meu filho, o que se há de fazer?

Amélia não tinha a menor vaidade


Amélia é que era a mulher de verdade
Amélia não tinha a menor vaidade
Amélia é que era a mulher de verdade

(...)
ANTES DA LEITURA:

1. Na nossa sociedade é comum que certas atividades sejam direcionadas para mulheres
e outras para homens. Liste 3 atividades que você costuma ver sendo realizada mais pelos
homens e 3 que sejam feitas mais pelas mulheres.

2. A partir da lista feita na questão anterior escolha uma atividade feita por cada um dos
gêneros e diga por qual motivo você acredita que elas sejam direcionadas para cada um
deles.

DURANTE A LEITURA:

1.O título da canção diz que o eu lírico - a voz que fala nos textos poéticos - sente saudades
de uma mulher chamada Amélia. Porque existe este sentimento?

2. A última estrofe é o refrão da canção:

“Amélia não tinha a menor vaidade


Amélia é que era a mulher de verdade
Amélia não tinha a menor vaidade
Amélia é que era a mulher de verdade”

Por qual motivo o eu lírico poderia considerar Amélia uma mulher de verdade? Você
concorda com o posicionamento dele? Justifique
TEXTO II:
PNEU FURADO

O carro estava encostado no meio-fio, com um pneu furado. De pé ao lado do


carro, olhando desconsoladamente para o pneu, uma moça muito bonitinha.
Tão bonitinha que atrás parou outro carro e dele desceu um homem dizendo “Pode
deixar”. Ele trocaria o pneu.
– Você tem macaco? – perguntou o homem.
– Não – respondeu a moça.
– Tudo bem, eu tenho – disse o homem – Você tem estepe?
– Não – disse a moça.
– Vamos usar o meu – disse o homem.
E pôs-se a trabalhar, trocando o pneu, sob o olhar da moça.
Terminou no momento em que chegava o ônibus que a moça estava esperando.
Ele ficou ali, suando, de boca aberta, vendo o ônibus se afastar. Dali a pouco
chegou o dono do carro.
– Puxa, você trocou o pneu pra mim. Muito obrigado.
– É. Eu… Eu não posso ver pneu furado. Tenho que trocar.
– Coisa estranha.
– É uma compulsão. Sei lá.

Luís Fernando Veríssimo. Pai não entende nada. São Paulo: L&PM, 1991.

ANTES DA LEITURA

1. Ajudar às pessoas que necessitam é um ato de empatia e solidariedade. Muitas vezes


isso acontece por outros fatores, distintos do sentimento de “compaixão”. Você já
presenciou uma situação assim? Descreva-a.

2. Por quais outros motivos você acredita que as pessoas ajudam as outras? Liste alguns
deles
DURANTE A LEITURA

1. Qual motivo você acredita ter feito o homem trocar o pneu do carro?

2. No lugar da moça, você avisaria para o homem que está trocando o pneu que o carro
não era seu? Por que você acredita que ela não disse nada a este respeito?

3. Descreva uma situação inusitada que você tenha ouvido ou presenciado.

DEPOIS DA LEITURA:

TEXTOS I e II

1. Os textos apresentam homens e mulheres em diferentes situações. Qual é a visão que


cada um dos homens possui em relação às mulheres nos textos lidos? Você concorda ou
discorda com essa visão? Justifique.

2. Qual sentimento que o homem que trocou o pneu poderia ter sentido ao ver a moça
entrando no ônibus? Justifique.

3. Ao final do texto II o homem descobre que o carro não era da moça:

– Puxa, você trocou o pneu pra mim. Muito obrigado.


– É. Eu… Eu não posso ver pneu furado. Tenho que trocar.
– Coisa estranha.
– É uma compulsão. Sei lá.

a. As respostas que o personagem dá ao dono do carro revelam como ele se sentia nesse
momento. O que você percebe sobre esse personagem nessa situação?

b. Se você fosse esse homem, como você agiria? Por quê?


4. A Amélia do texto I é lembrada com uma mulher que coloca as próprias necessidades
em segundo plano para agradar a seu marido. A atitude desta personagem pode se
relacionar com a do homem que troca o pneu no texto II?

a. Que semelhanças você apontaria?


b. Que diferenças?

ATIVIDADE:
A partir da leitura dos textos e das questões discutidas, escreva um texto sobre o tema:

Qual a visão da sociedade sobre os homens e mulheres?


UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO
INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS
CURSOS DE LETRAS

JÚLIA DA CONCEIÇÃO MEDEIROS VIEIRA


Matrícula 20200009630
2021-1

AA285/ESTÁGIO SUPERVISIONADO I
LÍNGUA PORTUGUESA E LEITURA/ INTERPRETAÇÃO DE TEXTO NO 6º E 7º
ANOS DO ENSINO FUNDAMENTAL

2. Atividades equivalentes à observação das aulas (30h)


Pesquisa no Manual Didático: análise de atividade de compreensão leitora
Para a presente análise foi usado o livro didático “Tecendo linguagens” Coleção
Tipo 1. Tania Amaral Oliveira, Elizabeth Gavioli de Oliveira Silva, Cícero de Oliveira
Silva, Lucy Aparecida Melo Araújo. IBEP - Instituto Brasileiro de Edições Pedagógicas.
3ª Edição 2012.
O texto analisado encontra-se nas páginas 119 a 123 do manual didático, trata-se
do fragmento do livro "O Pequeno Príncipe”
Na primeira pergunta, “Quais são os personagens da história”, é exigida do
leitor somente a decodificação textual e exercício de memória a curto prazo, uma vez que
a resposta que satisfaz à questão se encontra explícita no texto, a saber “A raposa e o
principezinho”, logo, caracteriza-se como uma questão de leitura linear (APPLEGATE;
QUINN; APPLEGATE, 2002).
Na segunda questão, pode-se notar também a falta do quesito inferencial, uma vez
que a questão “O narrador da história também é um personagem? Como você chegou a
esta conclusão” se enquadra no nível baixo de leitura conforme delimitam Applegate,
Quinn e Applegate (2002), sendo a resposta de fácil raciocínio e encontrada no texto.
A terceira questão: “Na história do pequeno Príncipe, a raposa é um animal
personificado que sente, pensa e fala como um ser humano. Você já havia lido algum
texto cujos personagens também eram personificados? Conte para turma” apresenta uma
proposta, considerando as informações do texto associadas aos conhecimentos adquiridos
durante a leitura quanto ao conceito de personificação e reconhecimento deste nas
vivências do leitor.
Na questão quatro “Como a raposa define amizade?”, temos uma pergunta de
nível inferencial ii na qual a pergunta se limita à realização de uma paráfrase do texto,
sendo igual na questão cinco “Segundo a raposa o que é preciso para cativar um amigo?”
Por fim, a questão seis “Como o príncipe reagiu diante das explicações e dos
ensinamentos da raposa?” também apresenta o nível ii de leitura e requer a união de
pequenas relações lógicas do texto além da paráfrase.

Referência

APPLEGATE, Mary DeKonty; QUINN, Katheleen Benson; APPLEGATE, Anthony J.


“Levels of thinking required by comprehension questions in informal reading
inventories”. The Reading Teacher. Vol. 56, n. 2, 2002, p. 174-180.

OLIVEIRA, Tania Amaral, SILVA, Elizabeth Gavioli de Oliveira, SILVA, Cícero de


Oliveira e ARAÚJO, Lucy Aparecida Melo. Tecendo linguagens” Coleção Tipo 1. IBEP
- Instituto Brasileiro de Edições Pedagógicas. 3ª edição, 2012.
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS
DEPARTAMENTO DE LETRAS E COMUNICAÇÃO
CURSOS DE LETRAS

JÙLIA DA CONCEIÇÃO MEDEIROS VIEIRA


Matrícula: 20200009630
2021-1

AA285/ESTÁGIO SUPERVISIONADO I
LÍNGUA PORTUGUESA E LEITURA/ INTERPRETAÇÃO DE TEXTO NO 6º E
7º ANOS DO ENSINO FUNDAMENTAL

3. Atividades paradidáticas (20h)


Atividade equivalente à observação de aulas: Projeto de leitura
Elaboração de Projeto de leitura

Seropédica, 2021
TEMA: Amizade

OBJETIVO DA ATIVIDADE:

Público Alvo: 6° ano

Duração: 3 aulas

Objetivo: Este projeto tem como objetivo fomentar a reflexão sobre a temática “amizade”
bem como o modo como esta relação surge e a necessidade de confiança requerida por
este laço.

AULA 1: Como a amizade pode ser construída?

Material de apoio:
Trecho do livro “O Pequeno Príncipe" de Antoine de Saint-Exupéa

Disponível em:
https://www.google.com/search?q=o+pequeno+pr%C3%ADncipe+pdf&sxsrf=AOaemv
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QUESTÕES:

ANTES DA LEITURA:

1. O texto a seguir apresenta o processo de construção de uma amizade, algumas delas


podem surgir de situações bem incomuns.Você tem algum amigo que fez “por acaso”?
Como foi este processo?

2. Para você o que é necessário que alguém seja ou tenha para se tornar seu amigo?

DURANTE A LEITURA:

1. Na história, o principezinho se encontrava triste por estar sozinho e não ter amigos, ele
encontra a raposa e a convida para brincar. Você acredita que esta atitude dele pode
colaborar para que eles se tornem amigos?

2. No texto, a raposa pergunta algumas vezes ao príncipe se ele também procura galinhas,
por qual motivo você acredita que ela procura galinhas?

ATIVIDADES:

1. Você acabou de ler um trecho do livro “O Pequeno Príncipe”. Nele, o menino e a raposa
se conhecem e iniciam um processo de construção de amizade.
Qual o motivo que você considera ter unido os dois?

2. Em seguida, procure por alguém de sua turma que você considera amigo.
Vocês farão uma carta um para o outro contando como e por que este laço de amizade
surgiu. Destaque também a importância da amizade em sua vida.
Aula 2: “O poder da amizade”

Material de apoio: Filme Intocáveis

Sinopse do filme: O filme conta a história da improvável amizade entre um membro da


alta sociedade francesa que é tetraplégico e um morador do subúrbio.

ATIVIDADES:

1. Qual motivo fez com que Phillipe escolhesse Driss para ser seu ajudante?

2. Você acredita que a vida dos personagens do filme mudou depois que se conheceram?

3. O jeito espontâneo de Driss para lidar com as limitações de Phillipe gerou uma grande
mudança na vida do milionário. Qual rumo você acredita que a vida de Phillipe teria
tomado se ele não tivesse conhecido Driss?

4. A sua visão sobre a amizade foi modificada por este filme? Conte brevemente o que
você achava sobre esta relação antes e depois de assistir a obra.

Aula 3: “Amizade é uma relação de confiança?"

Material de apoio: Poema “Da Descrição” de Mário Quintana e fábula “Os viajantes e
o urso” de Ana maria Machado

Textos disponíveis em:


https://www.jessicaiancoski.com/post/fabula-ana-maria-machado-o-urso-e-os-viajantes
Disponível em: https://www.pensador.com/frase/Mjk3Nw/
ATIVIDADES:

1. Leia os textos a seguir:

TEXTO 1

Da Discrição:
Não te abras com teu amigo
Que ele um outro amigo tem.
E o amigo do teu amigo
Possui amigos também...
Mario Quintana. Espelho mágico. Ed. Globo. 2005.

TEXTO 2

O Urso e Os Viajantes

Dois amigos iam viajando por uma estrada quando, de repente, apareceu um urso.
Antes que o animal os visse, um dos homens correu para uma árvore ao lado da
estrada, pendurou-se num galho e conseguiu puxar o corpo para cima e ficar escondido
entre as folhas.
O outro não foi tão rápido e, como era muito pesado, não tinha forças para subir
sozinho. Ficou um tempo pendurado e, ao perceber que seria impossível escapar daquela
maneira, jogou-se no chão e fingiu que estava morto.
Quando o urso chegou bem perto, ficou andando em volta do homem cheirando-
o por toda parte, o coitado prendeu bem a respiração e ficou imóvel, só com o coração
batendo forte.
Dizem que ursos não atacam cadáveres e deve ser verdade, porque o bicho acabou
desistindo, convencido de que o homem tinha mesmo morrido. Acabou indo embora.
Quando não havia mais perigo, o viajante que estava na árvore desceu. Curioso,
perguntou ao outro o que é que tanto o urso lhe segredava no ouvido, quando encostara o
focinho na sua orelha.
- Ah, ele estava me aconselhando a nunca mais viajar com um amigo que me deixa
sozinho no primeiro sinal de perigo!
Nas horas difíceis é que conhecemos a sinceridade dos amigos.

MACHADO, Ana Maria. O tesouro das virtudes para crianças.Rio de Janeiro: Nova
Frontieras, 1999.

Moral da História
Nas horas difíceis é que conhecemos a sinceridade dos amigos.

2. A partir dos materiais lidos responda às questões:

A. O sujeito que fala no poema I se mostra desconfiado sobre a integridade da amizade. Se


você pudesse provar sua lealdade a ele o que faria?

B. O texto I apresenta uma visão negativa sobre a confiança depositada dos amigos. Diga uma
motivação que possa ter feito o narrador do poema chegar a este estado.

C. O texto II possui uma moral, característica comum às fábulas. Você concorda com ela? Por
quê?

D. Se você estivesse no lugar do personagem que subiu na árvore, você agiria como ele?
Descreva sua ação.

E. O primeiro texto trata de alguém que não confia seus segredos a outras pessoas. Enquanto
no texto II, um dos personagens é orientado a não chamar de “amigo” alguém que lhe abandona
em o perigo. Ambos os textos falam de confiança e amizade. Para você, qual é o valor da
confiança nesta relação? É possível chamar de “amigo” alguém em quem não se confia?
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO
INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS
DEPARTAMENTO DE LETRAS E COMUNICAÇÃO
CURSOS DE LETRAS

JÚLIA DA CONCEIÇÃO MEDEIROS VIEIRA


Matrícula: 20200009630
2021-1

AA285/ESTÁGIO SUPERVISIONADO I
LÍNGUA PORTUGUESA E LEITURA/ INTERPRETAÇÃO DE TEXTO NO 6º E 7º
ANOS DO ENSINO FUNDAMENTAL

4. Atividades de elaboração de questões (20h)


Prática pedagógica a ser ministrada na aula de língua portuguesa, especificamente
compreensão leitora no 6º e 7º anos do Ensino Fundamental

Seropédica
2021
OBJETIVO DE ATIVIDADE:
Propor uma reflexão crítica acerca dos desafios da vida humana na atual sociedade em
relação aos temas: trabalho, dificuldades da vida em sociedade e imposição do sucesso

OBJETIVOS DE COMPREENSÃO LEITORA:


Realizar inferências, comparações e reflexões a respeito dos temas: trabalho, dificuldades
da vida em sociedade e imposição do sucesso

TEXTO BASE:

A metamorfose
Uma barata acordou um dia e viu que tinha se transformado num ser humano.
Começou a mexer suas patas e viu que só tinha quatro, que eram grandes e pesadas e de
articulação difícil. Não tinha mais antenas. Quis emitir um som de surpresa e sem querer
deu um grunhido. As outras baratas fugiram aterrorizadas para trás do móvel. Ela quis
segui-las, mas não coube atrás do móvel. O seu segundo pensamento foi: “Que horror…
Preciso acabar com essas baratas…”

Pensar, para a ex-barata, era uma novidade. Antigamente ela seguia seu instinto.
Agora precisava raciocinar. Fez uma espécie de manto com a cortina da sala para cobrir
sua nudez. Saiu pela casa e encontrou um armário num quarto, e nele, roupa de baixo e
um vestido. Olhou-se no espelho e achou-se bonita. Para uma ex-barata. Maquiou-se.
Todas as baratas são iguais, mas as mulheres precisam realçar sua personalidade. Adotou
um nome: Vandirene. Mais tarde descobriu que só um nome não bastava. A que classe
pertencia?… Tinha educação?….Referências?… Conseguiu a muito custo um emprego
como faxineira. Sua experiência de barata lhe dava acesso a sujeiras mal suspeitadas. Era
uma boa faxineira.

Difícil era ser gente… Precisava comprar comida e o dinheiro não chegava. As
baratas se acasalam num roçar de antenas, mas os seres humanos não. Conhecem-se,
namoram, brigam, fazem as pazes, resolvem se casar, hesitam. Será que o dinheiro vai
dar ? Conseguir casa, móveis, eletrodomésticos, roupa de cama, mesa e banho. Vandirene
casou-se, teve filhos. Lutou muito, coitada. Filas no Instituto Nacional de Previdência
Social. Pouco leite. O marido desempregado… Finalmente acertou na loteria. Quase
quatro milhões ! Entre as baratas ter ou não ter quatro milhões não faz diferença. Mas
Vandirene mudou. Empregou o dinheiro. Mudou de bairro. Comprou casa. Passou a vestir
bem, a comer bem, a cuidar onde põe o pronome. Subiu de classe. Contratou babás e
entrou na Pontifícia Universidade Católica.

Vandirene acordou um dia e viu que tinha se transformado em barata. Seu


penúltimo pensamento humano foi : “Meu Deus!… A casa foi dedetizada há dois
dias!…”. Seu último pensamento humano foi para seu dinheiro rendendo na financeira e
que o safado do marido, seu herdeiro legal, o usaria. Depois desceu pelo pé da cama e
correu para trás de um móvel. Não pensava mais em nada. Era puro instinto. Morreu cinco
minutos depois mas foram os cinco minutos mais felizes de sua vida.

Kafka não significa nada para as baratas…

QUESTÕES DE ANTES DA LEITURA

1.O texto a seguir fala sobre uma metamorfose que é a transformação de um ser em outro.
Você sabe de algum processo parecido com este na natureza? Descreva.

2. A vida em sociedade é repleta de mudanças e fases diferentes. Você ou alguém da sua


família já passou por uma mudança repentina? Diga como aconteceu esse processo.

3. Certamente, você tem contato com alguém que trabalha. Por qual motivo você acredita
que esta pessoa trabalha? Você pretende fazer o mesmo no futuro? Por quê?

4. Para você o que é “ser bem sucedido”? Você acredita que todas as pessoas podem
alcançar a sua visão de sucesso? O que é sucesso para você?

QUESTÕES DE DURANTE A LEITURA

5. O conceito de metamorfose caracteriza a transformação de um ser em outro, como a


lagarta que se transforma em borboleta.
No texto, temos uma barata que vira gente. Esta transformação dificultou ou facilitou a
vida dela? Indique os motivos que justificam sua resposta com base nas informações do
texto.
6. No trecho abaixo, a ex-barata começa a perceber que não é mais um inseto. Neste
momento, algumas características dos seres humanos começam a se apresentar e, dentre
elas, a capacidade de pensar:

Não tinha mais antenas. Quis emitir um som de surpresa e sem querer deu um
grunhido. As outras baratas fugiram aterrorizadas para trás do móvel. Ela quis
segui-las, mas não coube atrás do móvel. O seu segundo pensamento foi:
“Que horror… Preciso acabar com essas baratas…””

O trecho em negrito representa o primeiro pensamento da personagem como humana,


tendo em vista o seu novo estado físico. O que este pensamento poderia sugerir sobre seu
estado atual?

7. Ter o que comer, o que vestir, onde morar, ter boa aparência e aprender a se relacionar
com outros seres humanos foram alguns dos desafios enfrentados pela ex-barata
Valdirene.

a. Se você estivesse no lugar da personagem, como você resolveria estes conflitos?

b. Apresente uma solução possível para dois dos problemas citados.

c. Você já viu ou soube de alguém que estivesse passando por conflitos semelhantes ao
da personagem? Qual conflito. Explique o que você percebe dessa situação.

8. Leia o trecho abaixo e responda:

Valdirene acordou um dia e viu que tinha se transformado em barata. Seu


penúltimo pensamento humano foi: “Meu Deus!… A casa foi dedetizada há
dois dias!…”. Seu último pensamento humano foi para seu dinheiro
rendendo na financeira e que o safado do marido, seu herdeiro legal, o
usaria. Depois desceu pelo pé da cama e correu para trás de um móvel. Não
pensava mais em nada. Era puro instinto. Morreu cinco minutos depois, mas
foram os cinco minutos mais felizes de sua vida”.
O último pensamento que Valdirene tem como humana se direciona ao dinheiro que ela
ganhou e sua fortuna seria deixada para seu marido. Pelo modo com que ela se refere a
ele como você acredita que seja a relação deles?

QUESTÕES DE PÓS LEITURA:

9. O autor da crônica relaciona as ideias de instinto e raciocínio através do texto com uma
barata que vira humana, isto é, um ser que agia por instinto agora raciocina antes de agir.

a. Você acredita que os seres humanos, que são dotados de razão, podem agir por instinto
algumas vezes? Cite uma situação na qual isto se apresenta.

b. A personagem da crônica teve alguma atitude ou pensamento instintivo? Justifique.

10. O Brasil é um país de grandes proporções. Além disso, ele também possui muitas
marcas culturais, uma delas são os ditos populares.

Leia o verbete “Ditos Populares”:


“Frases curtas, de autor desconhecido, que exprimem, muitas vezes de modo metafórico
e ritmado, um pensamento, ensinamento, advertência ou conselho: finalizou o discurso
citando o dito popular que ouvia de seu pai: “o que não te mata te fortalece”.
(REFEÊNCIA)

a. Um dos mais famosos ditos é “Se a vida te der limões, faça uma limonada”.
O que esse dito popular exprime?

b. Você acredita que a ex-barata Valdirene conseguiu transformar seus “limões” em


“limonada”? Por que?

11. No texto, a vida de Valdirene era bem difícil e por mais que trabalhasse a situação
nunca parecia estar “resolvida”.
O contexto da crônica reflete uma realidade de nossa sociedade, isto é, a imposição de
buscar sempre mais a cada dia para alcançar o sucesso.
Qual sua opinião sobre esta constante busca? Você acredita que o trabalho é uma
ferramenta para se chegar ao sucesso? Opine sobre essas questões, dando exemplos do
que você conhece.
Compreensão leitora e abordagens de leitura
VIEIRA, Júlia da Conceição Medeiros (UFRRJ)

Resumo:
Este texto propõe a análise de algumas discussões relacionadas à compreensão leitora. Por meio
da leitura de pesquisas de autores como Jou e Sperb (2009) e Ângela Kleiman (2004), abordaram-
se certos fatores veiculados à compreensão leitora tais como os processos cognitivos bem como
a relação entre leitor e texto. Após a leitura dos textos, verificamos que a compreensão leitora é
um processo complexo que demanda diversas questões e que as abordagens de leitura
relacionadas ao leitor têm um papel decisivo nesta relação.

Palavras chave: Leitura. Compreensão. Leitor. Texto

Abstract:
This text proposes the analysis of some discussions related to reading comprehension. By
reading research by authors in the field of linguistics such as Jou and Sperb (2009) and
Ângela Kleiman (2004), certain mechanisms responsible for the development of reading
comprehension were addressed, such as some cognitive aspects as well as the relationship
between reader and text through of reading approaches. After reading the texts, it was
possible to identify that reading comprehension is a broad process that requires different
tools to be carried out and that reading approaches made to the readership have a decisive
role in this relationship.

Keywords: Reading. Understanding. Reader. Text

Introdução

Para algumas pessoas, o ato de ler é uma tarefa simples em que basta deter a
atenção em um texto por algum tempo e a leitura será realizada. Porém, esta atividade
mostra-se um tanto mais complexa do que aparenta ser quando é vista pelo viés da
compreensão leitora. Ao se analisar a leitura por este foco compreende-se que esta
atividade não é meramente a decodificação de vocábulos em um texto, a leitura
compreensiva é um processo que depende de diversos fatores para ser realizada. Jou e
Sperb (2009, p. 13) propõem que a compreensão leitora seja analisada como uma
atividade de solução problemas para que se possa entender como o leitor compreende e
armazena o conteúdo do texto. Com isto em foco, as autoras realizam uma pesquisa que
se detém em aperfeiçoar os mecanismos necessários à compreensão leitora com o objetivo
de mostrar aos estudantes e leitores que eles são os agentes de seu aprendizado.
Neste artigo, propõe-se a análise de pesquisas desenvolvidas por Jou e Sperb
(2009) e Ângela Kleiman (2004), veiculados à compreensão leitora, sendo um contributo
para a formação docente em termos de ensino e aprendizagem no espaço escolar.

1. Metodologia

Esta pesquisa de natureza qualitativa e interpretativa utilizou-se do construto


teórico sobre compreensão leitora desenvolvido por Jou e Sperb (2009) e Kleiman (2004)
para análise de questões relacionadas à compreensão leitora como fatores implicados
nessa relação e como as abordagens de leitura desempenam papel fundamental para o
desenvolvimento de leitores críticos.

2. A compreensão leitora: abordagens

Dentre as noções iniciais do texto, as autoras salientam a importância de se


diferenciar a leitura compreensiva da mera decodificação textual, pois é possível que se
leia as palavras, mas não se consiga compor uma ideia geral do que se leu. Este fato
demostra que a leitura compreensiva não se trata de um processo simples nem que pode
ser tomado como sinônimo do letramento. A ação de ler e compreender se define pela
leitura acompanhada da compreensão da ideia geral do texto e não só das palavras que
ele apresenta, para isso, faz-se necessário que além de compreender os vocábulos o leitor
ainda possa articular as ideias presentes neles em uma espécie de esquema mental no qual
organiza as ideias principais do texto. (JOU e SPERB 2009). As autoras enfatizam a
importância dos mecanismos cognitivos para tal processo, vide a menção dos esquemas
de compreensão feitos por cada leitor, sendo a memória um dos componentes necessários
às associações relativas aos conhecimentos prévios (informações extratextuais) e às
informações do texto. Desta maneira, cada leitor participa ativamente deste processo uma
vez que o conhecimento armazenado em suas memórias é parte de cada sujeito-leitor.
Além desses fatores, Jou e Sperb (op. cit.) mostram que, muitas vezes, os leitores
não conseguem compreender um texto quando este é lido somente por eles, mas
compreendem quando a leitura é feita por seus professores. Segundo as autoras, esta
postura pode exemplificar que o conteúdo apresentado oralmente tende a ser de mais fácil
compreensão do que o escrito, pois, normalmente, se tem mais familiaridade com
discursos orais do que textuais. Esta dificuldade de compreensão do texto pode levar
alguns leitores a se desinteressarem pelas atividades de leitura, o que por sua vez inibe a
evolução de suas capacidades de compreensão leitora.
Como um processo relacional, a leitura e sua compreensão não dependem
somente de um fator para acorrer. Neste caso, a falta de motivação do público alvo pode
se dar em resposta ao texto que lhes é apresentado. Assim, é importante destacar que as
abordagens de leitura são de grande valia para o processo de compreensão leitora.
Kleiman (2004) frisa a importância de se levar em conta o sujeito leitor e outras
influências externas para o processo de leitura como vemos em:

Os usos da leitura estão ligados à situação; são determinados


pelas histórias dos participantes, pelas características da
instituição em que se encontram, pelo grau de formalidade ou
informalidade da situação, pelo objetivo da atividade de leitura,
diferindo segundo o grupo social. (KLEIMAN, 2004, p. 13)

Com esta relação em foco, a autora desenvolve uma pesquisa que busca
analisar como as abordagens de leitura feitas nas pesquisas linguísticas se ligam aos
sujeitos pressupostos nos livros didáticos (LD), mostrando a relação entre sujeito leitor e
a compreensão leitora nos livros didáticos.
Tendo em vista que a leitura é um processo relacional, Kleiman analisa a
relação entre leitor e as práticas de leitura feitas através dos LD, ressaltando que existem
diferentes tipos sujeitos leitores e que, para isso, é necessário que haja diferentes tipos de
abordagens de leitura para que se leve em conta a história de cada leitor, a instituição,
grau de formalidade da situação entre outros aspectos que incidem no modo de leitura.
Na pesquisa de Kleiman (2004), os processos relacionais de leitura e leitor são
explorados por diversas áreas: a primeira delas, a psicolinguística aborda a leitura
diretamente ligada às ações da cognição, fato que fez com que os processos mentais dos
indivíduos fossem o foco da pesquisa nesta área. Os resultados, por muito tempo,
apontavam para um leitor que carecia de estímulos que “prendessem” sua atenção para
uma plena execução da leitura. E os livros didáticos deste período supunham um leitor
maduro capaz de sustentar a atenção por muito tempo em um texto sem estímulos visuais
como notamos em:

Nesse manual, que não contém nenhuma ilustração ao longo de 270


páginas, o interlocutor previsto é um leitor capaz de realizar atividades
metacognitivas próprias de leitores maduros, flexíveis, independentes,
como a atividade de monitoração da própria compreensão. (KLEIMAN,
2004, p. 17)

Este fato mostra como a relação “leitor e leitura”, ainda que considerada como
uma atividade de cunho cognitivo, não estava inserida no contexto dos livros didáticos.
Logo, enquanto as pesquisas apontavam para uma direção teórica, os livros, como base
do ensino de compreensão leitora, iam para o caminho oposto.
Outra abordagem de leitura que pode ser mencionada é a da linguística textual,
que, na década 80, passou a entender os mecanismos textuais que poderiam influir na
compreensão dos textos. Assim, o objetivo era explicar a compreensão ou incompreensão
textual pautada na presença ou ausência de mecanismos de textualidade como tipologias,
intertextualidades entre outros (KLEIMAN, 2004, p. 14).
Por fim, após um longo período, houve uma ruptura epistemológica das
relações de leitura e sujeito leitor no final de década de 90. Neste período a abordagem
sócio-histórica da leitura passou a investiga-la como prática social, pautada pelos estudos
de letramento, sendo observada a leitura e sua relação com a sociedade de forma que o
ato de ler passou a ser analisado juntamente com o sujeito leitor e seu contexto. Aliado a
isso, inspecionaram-se as “múltiplas e heterogêneas funções da leitura ligadas aos
contextos de ação desses sujeitos” (KLEIMAN, op. cit., p. 15). Desta forma, passou-se a
entender a leitura como um processo que integra diversos fatores e necessita da soma
deles para ser executada de forma satisfatória.
Os estudos de Kleiman mostram que, por muito tempo, as pesquisas de abordagem
de leitura apontavam para áreas muitos específicas dos componentes ligados à
compreensão leitora, por este motivo não se tinha uma visão da amplitude deste processo.
Além disso, as pesquisas, quando convergiam sobre a pluralidade de fatores envolvidos
na leitura, não conseguiam se fazer presentes no contexto de sala de aula, principal agente
na propagação da leitura compreensiva.
3. Contributos da pesquisa

Os estudos de Jou e Sperb unem pensamentos que corroboram com a ideia de que a
leitura não é um simples processo mecânico. Trata-se, pois, da união de fatores
demandados do leitor como os processos cognitivos de memória e formulação de
esquemas mentais que possibilitam a compreensão leitora, além de fatores de fora do
leitor como os conhecimentos prévios. Por esta relação, a de leitor e texto, a pesquisa de
Kleiman se faz necessária, uma vez que trata das abordagens de leitura feitas nas
pesquisas linguísticas e como estas se relacionam com os sujeitos leitores.
Após estas discussões, a compreensão leitora depende de diversos fatores, dentre
eles, a cognição, o leitor, o texto e sua estrutura, entre outros. Além disso, graças aos
estudos de Kleiman, as pesquisas sobre abordagens de leitura contribuíram massivamente
para o entendimento do funcionamento da compreensão leitora uma vez que abordaram
os modos de leitura. Estes estudos apontam para a necessidade de que as práticas
pedagógicas, na maioria das vezes, são guiadas pelos LD e alinhadas às descobertas
científicas para que se possa não só teorizar sobre a compreensão leitora, mas também
que se ponha, como prática pedagógica, a relação entre leitor e texto, da melhor forma
possível.

Referências:

JOU, G. SPERB, T. Lectura Comprensiva: Un Estudio de Intervención. Revista


Interamericana de Psicología/Interamerican Journal of Psychology. Vol. 43, Num.
1, 2009, pp. 12-21.

KLEIMAN, A. Abordagens de leitura. Scripta. Belo Horizonte.V. 7, n. 14, 1º sem. 2004,


pp. 13-22.

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