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Avaliação Mensal de Técnica de Redação – 2º E.

M
1º Bimestre
“A crônica está sempre a estabelecer ou ‘restabelecer’ a dimensão das coisas e das pessoas. Em lugar de
oferecer um cenário excelso, numa revoada de adjetivos e períodos candentes, pega o miúdo e mostra nele
uma grandeza, uma beleza ou uma singularidade insuspeitadas.” Antonio Candido, professor e crítico literário
Um espaço em que o escritor lança um olhar peculiar sobre fatos cotidianos, muitos dos quais passam
despercebidos pela maioria das pessoas: assim se pode definir a crônica. Por tratar-se de um gênero no qual
se busca alguma forma de identificação com o leitor, em geral é escrita tanto em primeira quanto em terceira
pessoa, admitindo ainda o uso de linguagem informal – o que facilita a aproximação entre autor e leitor.
Observe, a seguir, alguns fragmentos de crônicas diversas, que mesclam elementos narrativos com
reflexões.
Com as palavras eu ultrapassava a linha do horizonte. E o meu coração de menino se afagava em
esperança.
Ao virar uma página do livro, eu dobrava uma esquina, escalava uma montanha, transpunha uma maré.
Ao passar uma folha, eu frequentava o fundo dos oceanos, transpirava em desertos para, em seguida, me
fazer hóspede de outros corações.
Assim, o livro passou a ser o meu porto, a minha porta, o meu cais, a minha rota. Pelo livro soube da
história e criei os avessos, soube do homem e seus disfarces, soube das várias faces e dos tantos lugares de
se olhar. (...) Ler é aventurar-se pelo universo inteiro. Bartolomeu Campos de Queirós, Sobre ler, escrever e
outros diálogos. Belo Horizonte: Autêntica, 2012, p. 63.
Talvez pudesse viver sem escrever, mas não creio que pudesse viver sem ler. Ler – descobri – vem
antes de escrever. Uma sociedade pode existir – existem muitas, de fato – sem escrever, mas nenhuma
sociedade pode existir sem ler.
Uma criança deve aprender a existir no mundo através de relações humanas concretas: através do
contato com outros seres humanos, e não com máquinas. Se permitirmos que o aprendizado da leitura, da
linguagem, dos meios convencionais de comunicação se faça através de tecnologias, por mais refinadas que
sejam, e não de ser humano para ser humano, seremos culpados de infanticídio. Alberto Manguel, escritor.
Lendo, a gente aprende até sem sentir, cresce, fica mais poderoso e mais forte como indivíduo, mais
integrado no mundo, mais curioso, mais ligado. Mas para isso é preciso, primeiro, alfabetizar-se, e não só lá
pelo ensino médio, como ainda ocorre.
Os primeiros anos são fundamentais não apenas por serem os primeiros, mas por construírem a base do
que seremos, faremos e aprenderemos depois. Ali nasce a atitude em relação ao nosso lugar no mundo,
escolhas pessoais e profissionais, pela vida afora. Por isso, esses primeiros anos, em que se aprende a ler e
a escrever, deviam ser estimulantes, firmes, fortes e eficientes (não perversamente severos). Lya Luft,
escritora (adaptado)
A leitura é uma droga perigosa: vicia... Se os jovens não gostam de ler, a culpa não é só deles. Foram
forçados a aprender tantas coisas sobre os textos – gramática, usos da partícula “se”, dígrafos, encontros
consonantais, análise sintática - que não houve tempo para serem iniciados na única coisa que importa: a
beleza musical do texto. E a missão do professor?
Acho que as escolas só terão realizado a sua missão se forem capazes der desenvolver nos alunos o
prazer da leitura. O prazer da leitura é o pressuposto de tudo o mais. Quem gosta de ler tem nas mãos as
chaves do mundo. Rubem Alves, escritor
PROPOSTA DE REDAÇÃO
Agora você terá a oportunidade de expor suas próprias ideias sobre o papel da leitura em sua vida. Para
tanto, reflita sobre os seguintes aspectos:

• Como se deu seu primeiro contato com a leitura? Ocorreu em casa, na escola ou em outro lugar?
• Que impressão você guarda dessa experiência?
• Você se considera um bom leitor ou ainda se sente pouco à vontade com os livros?
• Em que medida a leitura assídua – ou sua ausência – o tem ajudado (ou atrapalhado) no momento de
escrever?
Registre suas ideias numa crônica. Fique à vontade tanto para narrar quanto para tecer reflexões sobre o
tema proposto. Escreva entre 25 e 30 linhas. Dê um título a seu texto.

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