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Comentário sobre o trabalho realizado pela colega Estela Couto

Escolhi comentar o trabalho realizado por esta colega, por considerar


que, de uma maneira geral, o seu testemunho reflecte muitos aspectos que
eu considero bastante pertinentes e que, de algum modo, me causam
preocupação. Estou plenamente de acordo quando refere que o
professor bibliotecário ainda é visto como “gestor de prateleiras”. ..Eu
chamei-lhe “guardador de livros”! Mas, na verdade, combater essa imagem
vai ser, na minha opinião, algo difícil e trabalhoso. Quando colegas nossos
questionam o nosso papel e o reduzem a uma tarefa mecânica de
“fornecedores” de documentos, livros ou outros materiais que estão na
biblioteca, estão simplesmente a diminuir a nossa missão ao nível mais
rudimentar. É com grande esforço, porém, que diariamente luto para que as
minhas tarefas não sejam reduzidas a esse plano. Quantos de nós , não
sentiu ainda na pele, que desde que entramos na biblioteca da escola, até
à hora de saída, somos literalmente “atacados” por missões rotineiras,
tarefas triviais, lidas comuns, mas que os nossos utilizadores tanto
necessitam? Os recursos humanos nunca serão os ideais, mas reduzir-nos a
tão pouco, deixa-me frequentemente frustrada e com receio de perder as
minhas melhores qualidades enquanto formadora, educadora, professora!

Quanto ao trabalho cooperativo, com os nossos pares, ele terá


realmente que ser incrementado. Porém, e todos nós enquanto professores,
conhecemos bem a realidade das nossas escolas…Se é certo que os nossos
colegas não se negam a colaborar, temos que compreender que também
eles estão frequentemente assoberbados de trabalho. A planificação das
actividades em conjunto é para eles “ uma visão romântica” do professor
bibliotecário! Todos nós sabemos que depois das aulas, das reuniões, das
tarefas de coordenação, das tarefas de direcção de turma, dos relatórios
para tudo e mais alguma coisa, dos clubes, das aulas de substituição …
tudo o que eles querem é fugir de nós. Compreendo e não critico. Os
elementos da Equipa da Biblioteca que a Estela refere , e muito bem, que
mal conhecem a BE, vêem, muitas vezes essa “horinha” como a
oportunidade de descansar ou de pôr em dia aquelas papeladas sem fim…
Quem sou eu, para lhes pedir colaboração, quando eles passam por lá 45
minutos e nem sequer têm tempo para interiorizar o que há para fazer?
Falar na questão do “tempo” é fundamental. Quem tem tempo para tudo?
As boas intenções não chegam…Não basta falar em motivação. Como vou
motivar uma equipa inexperiente, gerir uma BE sem recursos, dinamizar
professores cansados? Como vou eu desenvolver as minhas técnicas de
marketing para divulgação da BE quando, em resposta, vejo um sorriso
amarelo, de todos que tento mobilizar? Mas…nada de desespero: Nós
vamos conseguir! Nós vamos “ganhá-los para o nosso lado!”
Estou também de acordo quando a Estela dá ênfase às novas
tecnologias. Temos que compreender que o futuro se constrói hoje e nós,
enquanto profissionais de informação, temos que dar o nosso melhor nessa
área, surpreender os nossos pares com o melhor que a tecnologia põe ao
dispor da educação. A BE como “centro aglutinador do conhecimento”faz de
nós algo de muito “superior”…Faz da nossa missão, hoje em dia, o que é
mais esperado para os jovens que formamos: Que sejam eles os próprios
construtores do seu conhecimento. Não lhes vamos dar o peixe, vamos
ensiná-los a pescar…Poderá parecer um lugar comum mas a sabedoria
popular encerra muitas vezes o que há de mais profundo. O sucesso da BE
é, na verdade, o sucesso dos nossos alunos e se nós conseguirmos , de
algum modo, provar isso teremos todos do nosso lado.

Reconhecer os obstáculos a vencer e as ameaças que pairam na


nossa função, é porventura, o nosso melhor incentivo para fazermos mais e
melhor. Os nossos pontos fortes falam por si: Já muito se faz nas nossas
bibliotecas!

Bom trabalho.

…Uma professora cansada, depois de ter “dado no duro” todo o dia


na BE.

Rosa Rebelo

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