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Mrio Cesariny

A um rato morto encontrado num


parque
Este fndou aqui sua vasta carreira
de rato vivo e escuro ante as constelaes
a sua pequena medida no humilha
seno aqueles o que tudo querem imenso
e s sabem pensar em termos de homem ou rvore
pois decerto este rato destinou como soube (e at como no soube)
o milagre das patas to junto ao focinho!
que afnal estavam justas, servindo muito bem
para agatanhar, fugir, segurar o alimento, voltar
atrs de repente, quando necessrio
Esta pois tudo certo, o Deus dos cemitrios pequenos?
Mas quem sabe quem sabe quando h engano
nos escritrios do inferno? Quem poder dizer
que no era para prncipe ou julgador de povos
o mpeto primeiro desta criao
irrisria para o mundo com mundo nela?
Tantas preocupaes as donas de casa e aos mdicos ele dava!
Como brincar ao bem e ao mal se estes nos faltam?
Algum rapazola entendeu sua esta vida to impar
e passou nela a roda com que se amam
olhos nos olhos vtima e carrasco
No tinha amigos? Enganava os pais?
Ia por ali fora, minsculo corpo divertido
e agora parado, aquoso, cheira mal.
Sem abuso
que fnal h-de dar-se a este poema?
Romntico? Clssico? Regionalista?
Como acabar com um corpo corajoso e humlimo
morto em pleno exerccio da sua lira?

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