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A ALTERNATIVA DO DIABO
Da Orelha
O DIA DO CHACAL
Virtualmente, um livro único em sua classe; sutil, de ritmo alucinante,
impecavelmente escrito, fascinante do principio ao fim.
Sunday Times
O DOSSIÊ ODESSA
Nas mãos de Frederick Forsyth, o romance-reportagem adquire a sua
forma mais sofisticada... As manchetes de ontem justificam a trama. O efeito
total é assombroso.”
- The Guardian
CÃES DE GUERRA
“O que mantém o leitor totalmente preso — emocionado e tenso — a
este longo romance é a perfeição dos detalhes que levam ao complô.”
• New Statesman (Foto do autor: Couífs Photography, Dublin)
Do autor nesta Editora
CÃES DE GUERRA
O DIA DO CHACAL
O DOSSIÊ ODESSA
A HISTÓRIA DE BIAFRA
O PASTOR
Frederick Forsyth
A Alternativa do Diabo
Tradução
A. B. PINHEIRO DE LEMOS
3ª EDIÇÃO
Título original inglês
THE DEVIL'S ALTERNATIVE
Foi só três dias depois que Azamat Krim partiu do cais 49 do Porto de
Nova York, a bordo do já velho Queen Elizabeth II, a caminho de
Southampton. Decidira voltar de navio ao invés de avião, achando que assim
haveria uma possibilidade maior de sua bagagem principal escapar às
verificações por raios X.
Ele comprara tudo o que fora procurar. Uma das peças de sua
bagagem era uma dessas caixas de alumínio que se penduram no ombro, do
tipo que os fotógrafos profissionais costumam usar para proteger câmaras e
lentes. Não podia ser radiografada e por isso teria de ser examinada
manualmente. A esponja plástica que impedia as câmaras e lentes de se
baterem estava grudada no fundo da caixa, mas terminava a cinco centímetros
do verdadeiro fundo. Nessa cavidade, estavam duas armas pequenas, com
pentes de munição.
Outra peça da bagagem, no fundo de uma pequena arca cheia de
roupas, era um tubo de alumínio, com uma tampa de atarraxar, contendo o
que parecia uma lente fotográfica comprida e cilíndrica, com cerca de 10
centímetros de diâmetro. Krim calculava que, se o tubo fosse examinado,
passaria aos olhos de todos, a não ser do inspetor alfandegário mais
desconfiado do mundo, como uma espécie de teleobjetiva, do tipo usado
pelos maníacos por fotografia. Para confirmar essa explicação, havia na arca,
ao lado da lente, uma coleção de livros de fotografias de pássaros e de vida
selvagem.
Na verdade, a lente era um intensificador de imagem, mais conhecida
como visor noturno, do tipo que podia ser comprado comercialmente, sem
qualquer permissão especial, nos Estados Unidos, mas não na Inglaterra.
Naquele domingo, 8 de agosto, fazia muito calor em Moscou. Os que
não podiam ir para as praias, amontoavam-se nas numerosas piscinas da
cidade, especialmente no novo complexo construído para as Olimpíadas de
1980. Mas o pessoal da Embaixada britânica, juntamente com funcionários de
uma dúzia de outras representações diplomáticas, estava na praia à margem do
Rio Moscou, acima da Ponte de Uspenskoye. Adam Munro também estava ali.
Ele tentava parecer tão despreocupado quanto os outros, mas era
bastante difícil. Consultou o relógio vezes demais e finalmente se vestiu.
— Oh, Adam, já vai voltar? — gritou uma das secretárias. — Ainda
restam séculos de Sol!
Ele forçou um sorriso pesaroso.
— O dever me chama. Ou melhor, os planos para a visita da Câmara
de Comércio de Manchester.
Ele atravessou o bosque até seu carro e guardou os petrechos de
banho. Olhou discretamente ao redor, para verificar se alguém estava
interessado. Trancou o carro. Havia muitos homens de sandálias, calça esporte
e camisa aberta no pescoço para que mais um chamasse alguma atenção. Ele
agradeceu aos céus pelo fato de os homens do KGB aparentemente jamais
tirarem o paletó. Não havia por perto ninguém que parecesse sequer
remotamente com um agente da Oposição. Ele se embrenhou entre as
árvores, seguindo para o norte.
Valentina o estava esperando, à sombra das árvores. Munro sentia um
bolo de tensão no estômago, apesar de todo o prazer que experimentava por
tornar a vê-la. Valentina não tinha a menor noção de como reconhecer alguém
em seu rastro e poderia ter sido seguida. Se isso tivesse acontecido, a
cobertura diplomática dele poderia salvá-lo de algo pior do que a expulsão,
mas as repercussões seriam tremendas. Contudo, não era isso o que o
preocupava, mas sim o que fariam com Valentina, se a pegassem. Quaisquer
que fossem os motivos, o que ela estava fazendo era de fato alta traição.
Munro abraçou-a e beijou-a. Ela retribuiu o beijo, tremendo entre os
braços dele.
— Está com medo, querida?
— Um pouco. Ouviu a gravação?
— Ouvi, sim. Antes de entregar. Não deveria ter ouvido, mas não
pude resistir.
— Então já sabe que estamos prestes a enfrentar uma fome de
grandes proporções. Quando eu era pequena, Adam, vi a fome neste país,
logo depois da guerra. Foi terrível, mas tinha sido causada pelos alemães.
Podíamos suportar. Os líderes estavam do nosso lado, fariam com que as
coisas melhorassem.
— Talvez possam também dar um jeito agora — disse Munro,
inconvincentemente.
Valentina sacudiu a cabeça, furiosa.
— Eles nem mesmo estão tentando! Fico sentada no escritório
ouvindo as vozes deles, datilografando as transcrições. E sei que eles se
limitam a discutir, cada um querendo salvar apenas a própria pele.
— E seu tio, o Marechal Kerensky?
— Ele é tão miserável quanto os outros. Quando me casei, Tio
Nikolai compareceu. Achei-o extremamente jovial e bondoso. Mas é claro que
isso só acontece em sua vida particular. Agora, posso escutá-lo como é
realmente na vida pública. E ele é como todos os outros, impiedoso e cínico.
Eles ficam brigando por vantagens e poder, e o povo que se dane. Eu deveria
ser como eles, mas não posso. Não agora... nem nunca mais!
Munro olhou pela clareira para os pinheiros do outro lado, mas viu
oliveiras e um rapaz de uniforme gritando: “Você não manda em mim!” Era
estranho, pensou ele, como os sistemas de poder, com toda sua força, de vez
em quando iam longe demais e acabavam perdendo o controle sobre as
pessoas que sujeitavam. Nem sempre, não freqüentemente, mas algumas
vezes.
— Eu poderia tirá-la daqui, Valentina. Eu teria que deixar o Corpo
Diplomático, mas não seria a primeira vez que acontece. Sacha ainda é jovem
o bastante para ser criado em outro lugar.
— Não, Adam, não! É tentador, mas não posso. O que quer que
possa acontecer, sou parte da Rússia e tenho de ficar. Talvez um dia... mas
não sei...
Ficaram sentados em silêncio por algum tempo, de mãos dadas.
Valentina finalmente voltou a falar:
— O seu... chefe do serviço secreto mandou a gravação para Londres?
— Acho que sim. Entreguei-a ao homem que creio ser o
representante do serviço secreto na embaixada. Ele me perguntou se haveria
outra.
Valentina virou a cabeça para sua bolsa.
— É apenas a transcrição. Não posso mais conseguir as gravações.
São trancadas num cofre, depois de feitas as transcrições. Não tenho a chave.
Os papéis que trouxe hoje são da reunião seguinte do Politburo.
— Como conseguiu obtê-los, Valentina?
— Depois das reuniões, as fitas e as anotações taquigráficas são
levadas, sob guarda, para o prédio do Comitê Central. Há ali um
departamento trancado em que trabalhamos, eu e cinco outras mulheres, sob
a chefia de um homem. Depois que as transcrições ficam prontas, as fitas são
guardadas no cofre.
— E como foi então que conseguiu a primeira?
Ela deu de ombros.
— O homem na chefia é novo no cargo, tendo começado há um mês.
O anterior era mais negligente. Há um estúdio de gravação ao lado, onde as
fitas são copiadas uma vez, antes de serem trancadas no cofre. Fiquei sozinha
na sala no mês passado, pelo tempo suficiente para roubar a segunda fita e
substituí-la por outra sem nada.
— Mas eles vão descobrir quando tocarem as fitas!
— É improvável que isso venha a acontecer. As transcrições é que
constituem os arquivos, depois de serem cotejadas com as gravações, para se
verificar se estão acuradas. Tive sorte com aquela fita. Levei-a numa sacola de
compras, debaixo das mercadorias que havia comprado no reembolsável do
Comitê Central.
— E não é revistada?
— Dificilmente. Não se esqueça de que somos de confiança, Adam, a
elite da Nova Rússia. E é bem mais fácil levar os papéis. No trabalho,
costumo usar uma cinta antiquada. Copiei a última reunião de junho na
máquina, fazendo uma cópia extra. Depois, voltei o número de controle para
trás. Meti a cópia extra dentro da cinta. Não faz qualquer volume que dê para
se perceber.
Munro sentiu um calafrio no estômago ao pensar no risco que ela
estava correndo.
— E sobre o que eles falaram nessa reunião? — perguntou ele,
apontando para a bolsa.
— Sobre as conseqüências. O que irá acontecer quando a fome se
tornar uma realidade. O que o povo da Rússia fará com eles. Mas houve outra
reunião depois, Adam. No início de julho. Não pude copiá-la, pois estava de
licença. Não podia recusar a licença, pois isso atrairia muita atenção. Mas
quando voltei, conversei com uma das moças que trabalharam na transcrição.
Ela estava extremamente pálida e não me quis contar o que havia ocorrido na
reunião.
— Pode arrumar uma cópia da transcrição dessa reunião?
— Posso tentar. Terei de esperar até que o escritório fique vazio para
poder usar a máquina copiadora. Posso depois dar um jeito na máquina para
que ninguém perceba que foi usada. Mas isso só será possível no início do
mês que vem, quando estarei no último turno e terei uma oportunidade de
trabalhar sozinha.
— Não devemos voltar a nos encontrar aqui, Valentina. Os padrões
são sempre perigosos.
Munro passou a hora seguinte descrevendo os métodos que ela
precisaria conhecer para que pudessem continuar a se encontrar. Finalmente,
ele lhe entregou algumas folhas de papel datilografadas que metera por baixo
do cinto, sob a camisa solta.
— Está tudo aí, minha querida. Decore e depois queime. Jogue as
cinzas no vaso e dê a descarga.
Cinco minutos depois, Valentina entregou-lhe um maço de folhas de
papel fino, cobertas pela escrita cirílica datilografada. Afastou-se em seguida
pelo bosque, voltando para seu carro, que estava parado num caminho de
terra, a quase um quilômetro de distância.
Munro foi para a escuridão da arcada principal, por cima da porta
recuada da capela. Tirou do bolso um rolo de fita adesiva, abaixou a calça até
os joelhos e prendeu os papéis na coxa. Com a calça novamente levantada e o
cinto no lugar podia sentir o volume em sua coxa enquanto andava. Mas sob a
calça de fabricação russa, bem larga, não dava para se perceber nada.
Por volta de meia-noite, no silêncio de seu apartamento, ele já tinha
lido todas as páginas uma dúzia de vezes. Na quarta-feira seguinte, a
transcrição seguiu para Londres na caixa presa por uma corrente ao pulso do
Mensageiro, dentro de um envelope lacrado, codificado para somente ser
entregue ao homem de ligação do SIS, no Foreign Office.
Sir Nigel Irvine era sócio de três clubes na zona oeste de Londres, mas
escolheu o Brook's para seu jantar com Barry Ferndale e Adam Munro. Por
tradição, os negócios sérios da noite esperaram até que terminassem o jantar.
Os três retiraram-se para uma sala de estar, onde foram servidos o café, vinho
do Porto e charutos.
Sir Nigel pedira ao mordomo do clube que lhe reservasse seu canto
predileto, perto das janelas que davam para a Rua St. James. Quando os três
chegaram, quatro confortáveis poltronas de couro estavam devidamente à
espera. Munro escolheu conhaque e água, Ferndale e Sir Nigel pediram uma
garrafa do vinho do Porto do clube, ficando tudo na mesinha entre as
poltronas. Houve silêncio enquanto os charutos eram acesos e o café tomado.
Das paredes, os Diletantes, um grupo de homens do século XVIII, os
contemplavam.
— Agora, meu caro Adam, qual é o problema? — indagou Sir Nigel,
finalmente.
Munro olhou para uma mesa próxima, onde dois altos servidores civis
conversavam. Para ouvidos atentos, eles estavam próximos o bastante para
que os escutassem. Sir Nigel percebeu o olhar e disse calmamente:
— A menos que gritemos, ninguém nos vai ouvir. Cavalheiros não
escutam as conversas de outros cavalheiros.
Munro pensou por um momento e comentou:
— Nós escutamos.
— Isso é diferente — disse Ferndale. — É o nosso trabalho.
— Está certo — murmurou Munro. — O problema é que estou
querendo tirar Nightingale de lá.
Sir Nigel examinou a ponta do charuto.
— Entendo... Alguma razão em particular?
— Em parte é a tensão — explicou Munro. — A gravação original em
julho teve de ser roubada e substituída por uma fita virgem. Isso pode ser
descoberto e está afligindo a mente de Nightingale. Em segundo lugar, há a
possibilidade de descoberta. Cada retirada das minutas do Politburo aumena a
possibilidade. Sabemos agora como Maxim Rudin está lutando por sua vida
política e pela sucessão, quando ele se for. Se Nightingale for descuidado ou
tiver um pouco de azar, pode ser apanhado.
— Adam, esse é um dos riscos da defecção — disse Ferndale. — É
inerente ao trabalho. Penkovsky foi apanhado.
— É justamente esse o ponto. Penkovsky já tinha fornecido tudo o
que podia. A crise dos mísseis cubanos estava terminada. Os russos nada mais
podiam fazer para reparar os danos que Penkovsky havia causado.
— Eu pensaria que essa é uma boa razão para manter Nightingale no
lugar — comentou Sir Nigel. — Ele ainda pode fazer muitas coisas para nós.
— O contrário também pode acontecer — disse Munro. — Se
Nightingale sair, o Kremlin jamais poderá saber com certeza o que foi
transmitido. Se ele for apanhado, será obrigado a falar. O que pode falar agora
será suficiente para derrubar Rudin. E acho que este é o momento em que é
melhor para o Ocidente que Rudin permaneça no poder.
— Tem razão — concordou Sir Nigel. — Aceito seu argumento. Mas
é uma questão de equilíbrio de chances. Se tirarmos Nightingale, o KGB irá
investigar por muitos meses antes. A fita desaparecida presumivelmente será
descoberta e a suposição será de que mais informações foram passadas antes
de ele partir. Se ele for apanhado, a situação será ainda pior. Certamente vão
arrancar-lhe um registro completo de tudo o que foi transmitido. Rudin pode
perfeitamente cair em conseqüência. Mesmo que Vishnayev do mesmo modo
caísse em desgraça, o que também é possível, as conversações de Castletown
iriam fracassar. A terceira opção é mantermos Nightingale no lugar até que a
conferência de Castletown tenha terminado e o acordo de limitação de
armamentos seja assinado. A esta altura, a facção a favor da guerra no Politburo
já não poderia fazer mais nada. É realmente uma decisão difícil.
— Eu gostaria de tirá-lo de lá — insistiu Munro. — Se isso não for
possível, vamos deixá-lo quieto, interrompendo suas transmissões.
Sir Nigel refletiu sobre os argumentos alternativos.
— Passei a tarde com a Primeira-Ministra — disse ele, finalmente. —
Ela me fez um pedido, um pedido bem forte, em seu nome e do Presidente
dos Estados Unidos. Não posso neste momento rejeitar esse pedido, a menos
que fique comprovado que Nightingale está prestes a ser descoberto. Os
americanos consideram vital para o sucesso de seus esforços em obter um
tratado amplo em Castletown que Nightingale continue a manter-nos informados
da posição soviética em relação às negociações. Pelo menos até o Ano Novo.
“Assim, vou explicar o que farei. Barry, prepare um plano para trazer
Nightingale. Algo que possa ser ativado a curto prazo. Adam, se o pavio
começar a arder atrás de Nightingale, nós o traremos para cá. O mais depressa
possível. No momento, porém, as conversações de Castletown e a frustração da
facção de Vishnayev devem ter prioridade. Mais três ou quatro transmissões e
as conversações de Castletown estarão em seus estágios finais. Os soviéticos
não podem retardar o acordo do trigo além de fevereiro ou março, no
máximo. Depois disso, Adam, Nightingale pode vir para o Ocidente. E tenho
certeza de que os americanos demonstrarão sua gratidão à maneira habitual.
Três dias antes do final do mês, uma velha senhora estava caminhando
pela Rua Sverdlov, no centro de Kiev, em direção do edifício em que morava.
Embora tivesse direito a um carro com motorista, nascera e fora criada no
campo, de família camponesa. Mesmo com 70 e tantos anos, preferia andar a
ir de carro, quando tinha de percorrer pequenas distâncias. Naquela noite,
tinha ido visitar uma amiga que morava a dois quarteirões de distância e por
isso dispensara o carro. Passava um pouco das 10 horas quando atravessou a
rua, diante do seu prédio.
Não viu o carro, que se aproximava velozmente. Num instante estava
no meio da rua, sem ninguém por perto, a não ser dois pedestres a 100 metros
de distância, no instante seguinte o carro estava em cima dela, os faróis acesos,
os pneus rangendo. Ela ficou paralisada. O motorista pareceu dar uma
guinada para cima dela, antes de tentar desviar-se. O pára-lama bateu em seu
quadril, jogando-a na sarjeta. O carro não parou, acelerando na direção do
Bulevar Kreshchatik, ao final da Sverdlov. Ela ouviu vagamente o barulho de
pés correndo em sua direção, de transeuntes se aproximando para socorrê-la.
03:00 às 09:00
09:00 às 13:00
Nada mudara na cabine de comando, exceto que agora havia ali mais
um terrorista, enroscado a um canto, dormindo, ainda mascarado e segurando
a arma. Outro terrorista vigiava as telas de radar e sonar. Svoboda perguntou-
lhe algo na língua que Larsen sabia agora ser ucraniano. O homem sacudiu a
cabeça e respondeu na mesma língua. A uma palavra de Svoboda, o terrorista
mascarado apontou sua arma para Larsen.
Svoboda foi até as telas e deu uma olhada. Havia um círculo periférico
de mar vazio em torno do Freya, com pelo menos cinco milhas para oeste, sul
e norte. Para leste, o mar estava inteiramente vazio até a costa holandesa.
Encaminhou-se para a porta e saiu para a ponte de comando, gritando alguma
coisa para o alto. Larsen ouviu o homem no alto da chaminé gritar em
resposta. Svoboda voltou à cabine e disse ao comandante norueguês:
— Sua audiência está esperando. Qualquer tentativa de truque, fuzilo
um de seus marinheiros, conforme prometi.
Larsen pegou o microfone e empurrou a alavanca de transmissão.
— Controle do Maas, Controle do Maas, aqui é o Freya.
Embora ele não o soubesse, o chamado foi captado em mais de 50
lugares diferentes. Cinco grandes serviços secretos de informações estavam na
escuta, captando o Canal 20 com seus equipamentos sofisticados. As palavras
foram ouvidas e simultaneamente transmitidas para a Agência Nacional de
Segurança, em Washington, para o SIS, em Londres, SDECE francês, BND
alemão ocidental, KGB soviético e diversos serviços da Holanda, Bélgica e
Suécia.
Na escuta, havia também oficiais de rádio de muitos navios,
radioamadores e jornalistas. Uma voz respondeu do Cabo da Holanda:
— Freya, aqui é Controle do Maas. Pode falar, por favor.
Thor Larsen leu do papel que lhe fora entregue:
— Aqui é o Comandante Thor Larsen. Quero falar pessoalmente com
o Primeiro-Ministro da Holanda.
Uma nova voz, falando inglês, foi transmitida pelo rádio do Cabo:
— Comandante Larsen, aqui é Jan Grayling. Sou o Primeiro-Ministro
do Reino da Holanda. Está tudo bem aí?
No Freya, Svoboda pôs a mão sobre o microfone do radiotelefone e
disse a Larsen:
— Nada de perguntas. Indague apenas se o Embaixador da Alemanha
Ocidental está presente e qual o nome dele.
— Por favor, Primeiro-Ministro, não faça perguntas. Não tenho
permissão para respondê-las. O Embaixador da Alemanha Ocidental está
presente?
No Controle do Maas, o microfone foi passado a Konrad Voss.
— Aqui é o Embaixador da República Federal da Alemanha. Meu
nome é Konrad Voss.
Na cabine de comando do Freya, Svoboda acenou com a cabeça para
Larsen, murmurando:
— Tudo bem. Pode ler a mensagem.
21:00 às 06:00
06:00 às 16:00
16:00 às 20:00
Se quiser outros títulos nos procure.
Será um prazer recebê‐lo em nosso grupo.
http://groups.google.com/group/Viciados_em_Livros
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