Você está na página 1de 13

hlIRIAM L.

MOREIRA LEITE
clos quais o coinportamento e a lingua eratn caracteristicas a ser
classificadas e comparaclas.
Dois documentos clas autoridacles coloniais portuguesas refe-
rentes ao trabalho dos naturalistas permitem entend$-lo com maior
nitidez: o Codice 101-A8 da Col e~5o Lamego, sem data, encon-
trado no Instituto de Estuclos Brasileiros da Universiclade cle S5o
Paulo, consta de utn lnanuscrito sobre a
"Vingenz c/o Park para o I-io clas A~~~az o~z as , da itfad ra.
nthe &Iatto Grosso, t)olln~tclo pelo I-io clos ~oc n~z t i l t s p~. o Palzi
Pnr-te do Brazil q. estd deterin illada pa. viajnlpse
0 s izatllralistas exnllzit?ariio tocln a costa clo ??m-clo Park at196 o rio
TI//-iassll, pela e.xtelz$do qrlazi cle settelztn legons, cle qlie estnva
inczrnzbido o dr. ~ l e x ~ . "
6 de se supor que se trata do mkclico baiano Alexandre Rodrigues
Fen-eisa, futuro autor da Vingem j?losoj?ca e, ao que consta, de
centenas cle ineditos. A minilcia das instnl~aes relativas a geografia
e B astronomia, a atenggo cotn os produtos encontrados, ao acon-
clicionamento clesses produtos e ?I elaborac5o clos alinientos e diiirios,
bem como ao asseio e sailde e aos cuidados con1 os instn~mentos,
denotam um conhecimento prkvio das circ~1nst3ncias da viagem e
de seu coticliano. N5o se destinam diretamente ao dr. Alexandre,
mas aos naturalistas em geral, peinlitindo supor que se tratasse de
uma especie de circular. Apesar dos dados especificos, cleveria se
clirigir a todos os que etnpreendessein tais viagens. 0 naturalista
cleveria observar tambein o estaclo clas povoaldes e indagar a sua
historia, religi50, costumes, artes, economia, cornQcio, alimentos,
meclicina, indument5ria, l~abitacdes, amas, guerras, funerais etc.,
'Fazenclo as reJec~6es co~zuelzie~zles sobt-e o ~nodo de tirnr nlgzrlna
zrtilicle. de tiio vastos sei-t6ess." E quando o documento considera
iniltil repetir "o q. ja esldi con~pilaclo enz uk~ios 1iuro.s beln co~zheciclos
sob1-e este assllt?zpto" pressupde que naturalistas sejam profissionais
conhecidos e para os quais ji existia uma farta e bem divl~lgada
literatura.
Na Elzc~)clop@die (1778), apos a defini@o do objeto da historia
natural e das cisncias que a compdem, 6 feita uma apresenta@o
da metodologia cle trabalho d o naturalista, suas fases e seus
obstAculos. E considera que, apesar do gosto pilblico pela cicncia,
que se exprimia no nilmero de gabinetes de historia natural, seria
preciso muitos hornens, cle diversas nagdes, durante s6culos, para
se reunir o material da historia da natureza, sendo preciso nunca
esquecer que os sistetnas formulados a partir da observag50 e
classifica~Ho das relagdes e resultados s3o filndados apenas em
convenldes arbitrzirias e n30 estiio de acordo corn as leis inva-
riaveis da natureza.

Você também pode gostar