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O ÁUDIO E SUAS VERTENTES NA INTERNET1

Glécia carneiro
Jatanael Cerqueira
Osméria Almeida
Verena Borges2

Resumo: Este artigo busca mostrar as adaptações do áudio na internet, de forma a


provocar uma reflexão sobre a utilização do som em websites, a consolidação da
web rádio e o consumo das músicas compartilhadas que proporciona a criação de
uma nova cultura na sociedade. E, que busca conciliar a inserção das novas
tecnologias no contexto social.

Abstract: This article looks for to show the adaptations of the audio in the internet, in
way to provoke a reflection about the use of the sound in websites, the consolidation
of the web radio and the consumption of the music shared that it provides the
creation of a new culture in the society. And that he/she looks for to reconcile the
insert of the new technologies in the social context.

Palavras - chave: Internet – Áudio – Música – Websites – Webrádios

Introdução.

Durante muito tempo nenhuma inovação tecnológica provocou tantas


transformações no mundo como a Internet. Uma rede mundial de computadores que
interliga milhões de usuários, não parando de crescer, em um ritmo vertiginoso, está
cada vez mais presente em nosso cotidiano.
Essas redes eletrônicas permitem que as pessoas interajam no espaço local
ou transcendam as fronteiras do Estado - nação, para trocar informações e
1
Trabalho avaliativo da disciplina de Sonoplastia, ministrado pela docente Hanayana Brandão.
2
Discentes do curso de Comunicação Social – Rádio e TV, pela Universidade do Estado da Bahia

1
compartilhar interesses comuns, em escala global. Essas interconexões promovem
no espaço virtual, uma gama de relações entre indivíduos, conteúdos, e o
crescimento de recursos audiovisuais. Como conseqüência dessas interações,
percebe-se uma mudança de comportamento nas relações pessoais devido ao fluxo
intenso de informações cedidas a todo instante, transformando e criando novas
mensagens, com influência de diversas culturas, permitindo qualquer internauta
obterem oportunidades de novas utilizações do conteúdo audiovisual.
A Internet considerada um veículo de interações, centraliza seus recursos já
estabelecidos, como o áudio, para romper as características da comunicação
pessoal que foi comprimida pelos meios de comunicação de massa.
Apresentamos neste trabalho, alguns elementos que mostram as
modalidades radiofônicas na Internet, como o surgimento da Web rádios e a sua
implantação, a aplicação do som à Web sites, o consumo desenfreado de download
de músicas, e propomos ainda, um olhar vanguardista sobre o nosso futuro musical
nos meios, exclusivamente na internet.

Web rádio: uma fonte de renovação

A Web rádio (denominada como Rádio via internet ou rádio Online) é um


serviço de transmissão de áudio via Internet como a tecnologia streaming [sistema
pelo qual a música fica permanentemente no ar, sem que o internauta precise baixa-
lá] gerando o áudio em tempo real, havendo possibilidades de optar pela
programação ao vivo ou gravada. A maioria dessas rádios transmite a mesma
programação pelo meio convencional3 e também pela Internet, conseguindo o
alcance global.
O custo para a criação de uma Web rádio é bem inferior a de uma rádio
tradicional, o que facilita sua expansão tão veloz nos últimos anos. Essa distração
dos brasileiros, além de um baixo custo está aberta para todas as camadas da
população. Além de ser uma alternativa para quem busca informação rápida,
entretenimento, companhia e sons de qualquer lugar do mundo.
Nesse cenário, grandes portais tem desempenhado um papel fundamental na
construção da radiodifusão on-line, sendo proveitoso para as indústrias de
entretenimento:
3
Refere-se a mais conhecida e tradicional, transmissão analógica.

2
“Estes sites não apenas facilitam, mas também
organizam e hierarquizam o acesso à produção
radiofônica das estações conectadas à rede.”
(Marcelo Kischinhevsky, 2007. p. 190)

Baseado nos estudos de Kischinhevsky (2007), as Web rádios expostas no


mundo virtual, são classificadas especificamente de acordo com o interesse de
determinado público, podendo assim, repelir outras audiências, devido a essa
categorização:

“Categorizações desse tipo ganharam terreno nas ultimas décadas com a


ocupação do dial em Freqüência Modulada (FM) por estações de menor
alcance geográfico e, portanto, concebidas para atingir ouvintes certas
classes sociais e interesses culturais, maximizando o retorno de anunciantes
de pequeno e médio porte.” (KISCHINHEYSKY, 2007. p. 192)

O rádio via Internet, portanto continua sendo o velho rádio, só que em um


novo suporte, representando uma nova modalidade de rádio. Esta a qual, herda
características do antigo modelo, como a participação, porém, em uma audiência
dispersa do ponto de vista geográfico, e com um adereço a mais, que é o acesso a
própria produção radiofônica.

O som em Websites

São poucos os estudos sobre a aplicação do som em Websites, mas as


pesquisas realizadas mostram o áudio sendo trabalhado de forma secundária, como
ornamento, sem grande valorização. Ainda que seja visível essa observação, o som
em rede mundial, esta em uma evolução gradual.
Para Ferreira e Paiva (2008) o áudio normalmente esta ligado a uma mensagem
sonora, e esta relação causa uma repulsão por parte dos indivíduos que tem acesso
aos Websites. Muito além desses problemas, existem as limitações dos
computadores de cada usuário:

“O problema atual está ligado à articulação inteligente da


mensagem sonora com isto causa certa rejeição por parte dos
indivíduos que participam desse meio”.

3
Ao ter acesso a esses websites, é percebível que o som empregado com
varias repetições, distante dos conteúdos e de forma fragmentada. O estudo de
Ferreira e Paiva afirma:

“Até 2006 o som tem sido empregado em vários websites no


Brasil, sendo elemento secundário muitas vezes, desconexo do
conteúdo textual e imagético.” (FERREIRA; PAIVA, 2008)

A atualização do áudio nos site visitado foi identificado o som de transição de


fundo para preservar o conteúdo sonoro com a imagem, e com uma limitação do
fluxo sonoro. Como exemplo foi estudado o site do Seminário de Cinema4, do Brasil,
que é um site de cunho acadêmico e especifico para estudiosos da área. Este site
tem o uso do som de transição entre palavras e um fundo sonoro com relação a
imagem do cineasta Godard5. O fundo sonoro só é interrompido quando o visitante
se propõe a clicar com o mouse, em uma outra opção dentro deste mesmo. Essa
conexão entre a imagem e o som do site, é explicada pela lógica Chion (1994:46)
define como modo de conectar imagem e som de forma que parece segui e
reflexível e variado e crescente estimulo de acordo com a situação narrativa e que
inspira sentimentos.

Um Consumo Musical

Desde a criação da indústria fonográfica, indivíduos passaram a consumir


música de forma livre. No mesmo momento chegava ao mercado LP, rádios, fitas e
gravadores, permitindo que a música chegasse mais fácil nas residências. Além de
trazer a tecnologia para os lares, surgia uma nova forma de consumir música.
A tecnologia não estagnou, e a indústria exigiu muito mais das criações e
inovações do som. Milhares de aparelhos surgiram com a capacidade de fazer
modificações no som, o qual faz parte do cotidiano de muitos.

Na entrada do século XXI, aparelhos mais modernos e digitais absorvem tudo


que há de novo no mercado. A passagem do serviço analógico para o digital teve em
conseqüência a mudança não só nos consumidores, mas também nos grandes
4
Disponível em http:// www.seminariodecinema.com.br, acessado em agosto de2009.
5
O cineasta francês homenageado no Seminário Internacional de Cinema e Audiovisual de 2009

4
meios que dependem e vivem do serviço digital.
A doutora Gisela Castro (2007), confirma essa situação:

“Concentrada em quatro gigantescos conglomerados midiáticos


transnacionais, a indústria fonográfica (parte integrante da mídia) vive hoje
um momento em que seu principal modelo de negócios – a venda de CDs –
vem sendo desafiado por novas modalidades de consumo, possibilitadas
pela entrada em cena de tecnologias de produção e distribuição surgidas na
estrutura do desenvolvimento da microinformática em escala
global.”( CASTRO, 2007, p.214)

A mudança na forma de consumir essa tecnologia tem forte influência da


internet, esta que difundiu a música para todos os cantos do mundo. Dentro dessa
difusão, o som digital ofereceu ao mercado reprodução de CDs e de Dvd’s alterando
muito na qualidade do material, devido à compactação do arquivo, e na forma de
distribuição pela internet, considerada um meio alternativo e mais rentável.
Diversos adultos e principalmente crianças e jovens6 utilizam de programas
de compartilhamento para suprir seus desejos musicais, por exemplo, E-mule 7,
Limewire8, de livre acesso, com praticidade nos seus comandos e rapidez no
download de arquivos, trazendo a música desejada em alguns minutos ou segundos
dependendo do tipo de conexão utilizada pelo usuário, isso se dá pela alta taxa de
usuários participando desses programas de compartilhamento de dados em geral.
Porém esse livre comércio de musica na internet, tem trazido sérios
problemas as gravadoras e artistas que dependem muitas vezes da vendagem dos
CDs. Mesmo com toda essa crise financeira nas gravadoras, o CD ainda é uma
alternativa, pois ele apresenta uma qualidade sonora muito maior que a música
disponível para download o que faz com que ele proporcione uma experiência
musical muito mais rica.
O que ocorre com toda essa facilidade dos arquivos digitais é uma aceleração
no processo e banalização da música. Logo no surgimento das gravadoras, ouvir
música implicava sir de casa, reunir-se aos outros, ou seja, ter um maior contato
social. Hoje, os aparelhos portáteis como fones de ouvido, estão por todos os
lugares, e a sociedade num vício solitário. Em pequenos aparelhos como IPod
suportam tantas músicas que já não se ouve quase nada devido a quantidade de

6
Em uma sociedade com desigualdades, os jovens e adultos citados, são os que têm acesso a internet como
forma de entretenimento.
7
Um programa de compartilhamento de arquivos mais conhecidos da internet.
8
Programa compartilhador P2P de todos os tipos de aquivos que trabalha com a rede Gnutella.

5
áudio.
O surgimento de aparelhos portáteis e a facilidade de se obter músicas em
alguns instantes instigam os ouvintes. Em suma, fica evidente que a sociedade atual
tem horror ao silêncio, criando uma sociedade afastada da realidade e indivíduos
alienados.

O futuro da música na sociedade

Em meio ao século XXI as dúvidas são freqüentes em relação ao surgimento


da música nos grandes meios de comunicação, como a internet. As tendências
podem ser acompanhadas pelos sites. Futuramente o que se espera é que, os sites
disponibilizem todo o álbum do artista gratuitamente para o internauta, tendo a
possibilidade de ser aprovado, ou não, antes de seu lançamento oficial.
Em um mundo de mudanças continuas o que prevalece no mercado musical
hoje é o MP3, mas na internet é a vez do sistema streaming que facilita o trabalho
do internauta. De acordo com pesquisadores e profissionais da área essa nova
tecnologia será de livre acesso em mais alguns anos, e surgirão novas tecnologias
de transmissão, além das existentes.
Este cenário brasileiro, ainda imaturo, porém, acompanha lentamente as
inovações do mundo. O mercado musical em sua totalidade mantém estilos e ritmos
passados, e com o apoio de recursos tecnológicos, se mostram capazes de fazer
misturas de ritmos, os quais podem permanecer no quadro musical. Dentro de toda
essa criação, é preciso que a internet disponha de um acervo virtual diversificado e
atualizado, e isso, esse meio oferece para tais criações.
Em frente a esse fascínio pelo meio, os indivíduos que tem o acesso ao
compartilhamento de música, confirma a preferência pelo consumo digital, mesmo
obtendo contato com outros recursos.
Gisele Castro confirma:

“Este novo cenário também contribui para tornar novamente acessíveis


antigos recursos, artistas, bandas e álbuns raros, muitas vezes fora de
catalogo. A promessa de um acervo virtual aparentemente ilimitado e
diversificado, constantemente atualizado e ampliado pelos próprios usuários,
vem atraindo mais e mais fãs da música em todo o muno, consolidando a
rede como arena preferencial no consumo da música digital” (Castro, 2007,
p.217).

6
Com todas as facilidades já expostas, a mobilidade traz uma característica da
internet a tona. A praticidade de se clicar em botões e escutar a música que carrega
por si só a mobilidade do som se fixa na sociedade. Os aparelhos portáteis como
celulares, Ipod e notebooks já fazem parte da sociedade contemporânea, e
juntamente com eles, milhares de músicas de todos os estilos, tornando assim, cada
aparelho desse um mundo particular, conectados por fones de ouvidos, desligando-
se do mundo real.
O que parece confirmar é uma sociedade distante dos contatos sociais, cada
vez mais presos a um mundo individual e com novos hábitos em costumes inseridos
por esse novo meio. Do outro lado os músicos, produtores e gravadoras recorrem a
idéias diferentes para se manterem no mercado, sendo consumidos por suas tribos
e com retorno financeiro.
Gisela Castro exemplifica essa perspectiva:

“A partir da popularização do padrão MP3 de compactação e de aplicativos


de compartilhamento via internet desde o pioneiro Napster, tornou-se mais
fácil entrar em contato com a produção de novas bandas ou artistas
independentes, fora do glamuroso e restrito cast das grandes gravadoras,
muitos disponibilizam seu material para o compartilhamento gratuito em
MP3 no intuito de se lançar no mercado musical” (Castro, 2007,p.216 e
217).

As alternativas para prosseguir dentro desta tecnologia são obscuras ainda,


pois a situação atual não permite soluções fixas para quem está inserido desse lado
virtual compartilhado.

Considerações Finais:

A adaptação do áudio ocorre de forma gradual e sujeitas a variações.


Aplicação do som na web rádio e a consolidação confirmam o posicionamento a
favor dessa nova modalidade do rádio, que inova em alguns aspectos tecnológicos e
conserva a sua essência da criação.
Reflexões e análises sobre o uso do áudio nos websites mostram que ainda
são muito recentes os estudos nessa área, mas o que pode ser notado é a pouca
exploração nos websites, devido à falta de prática e estudos, podendo sim, o áudio
ter novas alternativas de utilização, obtendo uma nova perspectiva sobre o pensar
em áudio na internet.

7
O olhar vanguardista sobre o futuro musical, fica resguardado perante as
duvidas que surgem ao longo desse processo. Para a sociedade, as transformações
podem e devem favorecer o individuo que utiliza do compartilhamento de músicas,
como mais um suporte para seu mundo móvel. E, quem trabalha do outro lado, se
propõe a experimentar gêneros musicais, descobrir novos ídolos e investir
assustadoramente no mercado imprevisível.
Apresentamos aqui alguns questionamentos advindos dessas novas
tecnologias, cuja proposta do áudio na internet nos preenche de expectativas no
mesmo espaço de tempo. Agora, nos resta vivenciar esse momento, para não restar
dúvidas do que criamos, e do que somos capazes de modificar para suprir nossas
necessidades.

Referências:

AMARAL, Adriana. Categorização dos gêneros musicais na internet para uma


8
etnografia virtual das praticas comunicacionais na plataforma social Last. Fm. In:
Freire Filho, João, Herschmenn, Micael (orgs) Novos rumos da cultura da mídia:
indústria, produtos, audiência. Rio de Janeiro: Mauad X, 2007.

CASTRO, Gisela. Consumindo musica, consumindo tecnologia. In: Freire Filho,


João, Herschmenn, Micael (orgs) Novos rumos da cultura da mídia: indústria,
produtos, audiência. Rio de Janeiro: Mauad X, 2007.

Ferreira, Daniela Carvalho Ferreira; Paiva José Eduardo ribeiro de. Investigação
sobre o Som aplicado em Websites na Internet. XXXI Congresso Brasileiro de
Ciências da Comunicação – Natal, RN – 2 a 6 de setembro de 2008. Disponível em:
http://www.intercom.org.br/papers/nacionais /2008/resumos/R3-0187-1.pdf .Acesso
em: 20 de maio de 2009.

KISCHINVSKY, Marcelo. Os portais e a segmentação de rádio via internet. In: Freire


Filho, João, Herschmenn, Micael (orgs) Novos rumos da cultura da mídia:
indústria, produtos, audiência. Rio de Janeiro: Mauad X, 2007.

“O musico precisa ser amigo do Fã”: ‘considerações sobre o download de músicas’.


Revista Bravo nº142, São Paulo, junho de 2009ª.

“Qual o futuro da Música”. Revista Bravo nº139, São Paulo, março de 2009ª.

______www.semimariodecinema.com.br ,acesso em 6/08/2009

______www.wikipedia.com.br, acesso em 10/08/2009

______www.emule-project.net/home acesso em 13/08/2009

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