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Prefeitura Municipal da Estância Turística de Ribeirão Pires

Profª Maria Inês Soares Freire


Prefeita

Jair Diniz Martins


Vice-prefeito

Conselho da Cidade
Presidente: Marcelo Dias Menato
Vice-presidente: Armando Cláudio Paulino
Secretário Geral: Marcos Pellegrini Bandini

Titulares Suplentes
Antonio Carlos Bezerra da Costa Ana Maria Hercoles
Basílio Vido Ana Maria Mateus Marins
Carlos Eduardo Rizzo Antonio Donizeti Guimarães
Clara Judith Piñon Rodriguez Nabeshima Balbina Antonia de Oliveira
Daniel Barbosa
Douglas Carvalho da Fonseca
Edgar Ferreira
Eduardo Romano Soares
Egno Pereira
Elisabeth Conceição
Élson Mirou Tanaka
Fábio Vital Helena de Lima Barbosa de Oliveira
João de Souza Ferrez Idair Ferreira de Moura
Jorge Antonio dos Santos Ivan Carlos Bonadio
José Antonio dos Santos José Oliveira Justino
José Maria de Almeida Lilian Sayuri Nakano
Juracy Ferreira Maira Garcia
Leandro Luis Collodro Marcia Cristina Monteiro
Luciano Ricardo Azevedo Roda Márcia Gonçalves Quinálha
Maria Auxiliadora Freitas Reis Mariza Guedes Carvalhaes Labrada
Mário Nunes Marta Rocca Ferreira
Nívio Pérsio Pires
Nelson Gomes da Silva
Rejane Foresto Momberg
Paulo Roberto de Moraes
Roberto Gonçalves Lima
Ricardo Carajeleascow Rosemeire de Oliveira Nascimento
Roberto Rusticci Rosemeire Cardoso
Ronaldo Queródia Valtamiro Ferreira de Moura
Suzy Maria de Miranda Mendonça Santos Vanesa Nobre dos Santos
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Vera Alice Papp Veridiana Granado
Apresentação É com grande satisfação que em meu governo
Ribeirão Pires tenha a possibilidade de apre-
sentar, pela primeira vez, a Agenda 21 Local. Um dos principais ins-
trumentos de planejamento de políticas públicas para o desenvolvi-
mento sustentável de uma comunidade, cidade, estado ou mesmo um
país, criada na Eco-92, a Agenda 21 tem as premissas para que nosso
município cresça garantindo o desenvolvimento econômico, social e
urbano para todos.
Desde meu primeiro governo criamos espaços de participação
popular e planejamento participativo como o Fórum de Desenvolvi-
mento Sustentado, os diversos congressos e conferências setoriais e
o orçamento participativo. Neste governo demos um passo à frente
integrando as várias discussões setoriais nos trabalhos do Fórum da
Cidade, que se materializa neste documento.
Para tanto, construímos, em 2001, o Fórum da Cidade que reuniu
poder público, cidadãos ribeiraopirenses e entidades da sociedade
civil organizada para discutir o que queríamos para o futuro de Ri-
beirão Pires. O resultado foi um grupo de sugestões feitas de forma
descentralizada pela população nas oito regiões da cidade. Em se-
guida, montamos o Conselho da Cidade, de caráter paritário, que
trabalhou as várias propostas apresentadas pela população, trans-
formando-as em programas nas áreas de saúde, educação, cidada-
nia, cultura, esporte, segurança, transporte, meio ambiente, turismo
e integração regional entre outras ações, para serem aplicadas nos
próximos 20 anos. Um trabalho fantástico que construiu a Agenda
21 Local de forma democrática, transparente e participativa, fato
restrito a pouquíssimos municípios do país, e que mostra que Ribei-
rão está na vanguarda das políticas públicas em muitos setores.
Se vencemos o desafio de montar a Agenda 21 com participação
popular, temos um trabalho maior para que ela se torne realidade.
Sua aplicação não pode ficar restrita aos atores que a elaboraram
mas todos aqueles que desejam ver nossa cidade cada vez melhor,
com mais infra-estrutura, melhores serviços e, principalmente, res-
peito ao meio ambiente.
Um legado para nossos filhos e para as futuras gerações que
devemos construir dia após dia.

Profª Maria Inês Soares Freire


Prefeita da Estância Turística de Ribeirão Pires

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Apresentação A Agenda 21 do nosso município é um marco
histórico para a cidade de Ribeirão Pires pois estamos agora no sele-
to rol das cidades no Brasil que planejam seu futuro de forma
criteriosa, participativa, obedecendo não só às normas gerais de
uma Agenda 21 local como também atendendo aos anseios de toda
a sociedade civil.
Hoje estamos comemorando, mas sabemos que os trabalhos para
implementar o que está na nossa Agenda 21 será o próximo passo
de muitos que deverão ser dados no caminho do desenvolvimento
sustentado e por isso a continuidade das próximas ações depende
do esforço contínuo de todos nós munícipes e também das diversas
associações e entidades representativas da cidade.
Eu, enquanto Presidente da Associação Comercial Industrial e
Agrícola de Ribeirão Pires (ACIARP) farei o máximo para que exista
sempre um bom grau de cooperação entre os empresários, poder
público e demais entidades para que a nossa cidade tenha sempre
um rumo correto no seu desenvolvimento.
E como Presidente do Conselho da Cidade de Ribeirão Pires deixo
aqui a minha convocação para que todos dêem a sua contribuição
para o sucesso da Agenda 21 que busca traduzir o desafio de
compatibilizar o seu desenvolvimento respeitando sempre os nossos
mananciais.

Marcelo Dias Menato


Presidente do Conselho da Cidade

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Índice
Ribeirão Pires, cidade planejada .............................. 8
História e Desenvolvimento de Ribeirão Pires ................... 10
Mananciais e a Proteção ao Meio Ambiente .................... 12
Aspectos Físico-territoriais .................................. 14
Bacias Hidrográficas .................................... 15
Relevo e Ocupação .................................... 16
Regiões e População.................................... 17
Equipamentos ........................................ 18
O que é Agenda 21? ...................................... 19
Processo de montagem da Agenda 21 Local ................... 20
Para entender a Agenda 21 ................................ 22
Cidadania e Inserção Social
Saúde .............................................. 23
Cidadania ........................................... 28
Educação ........................................... 35
Cultura ............................................. 40
Esporte e Lazer ....................................... 45
Segurança ........................................... 49
Desenvolvimento Econômico Sustentável
Comércio e Serviço .................................... 53
Turismo ............................................. 58
Mineração ........................................... 63
Indústria ............................................ 66
Qualidade do Ambiente Natural e Construído
Saneamento Ambiental ................................. 70
Habitação ........................................... 75
Recuperação e Preservação da Paisagem ..................... 78
Planejamento e Controle Territorial ......................... 81
Viário e Transporte ..................................... 84
Educação Ambiental .................................... 87
Estatuto da Cidade ....................................... 89
Legislação Estadual de Proteção aos Mananciais ................ 90
Indicadores Gerais ....................................... 92
Glossário ............................................... 93
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Ribeirão Pires,
Essa competitividade levada às últimas consequências
fragilizou cadeias produtivas, criou a “guerra fiscal” e

cidade
gerou uma sociedade desigual, onde poucos ganham
muito e a maioria paga caro com a exclusão. Regiões
inteiras no mundo como o Grande ABC, Ribeirão Pires
planejada incluído, sofreram e sofrem com essa nova ordem mun-
dial.
A mudança dessa realidade só pode ser feita a partir
Como se planeja uma cidade com par- de um planejamento, também induzido, que congre-
ticipação? Quais as ações devem ser tomadas para que gue esforços da sociedade e redirecione iniciativas pon-
toda população tenha a infra-estrutura necessária para tuais e dispersas para um mesmo foco, otimizando in-
viver com dignidade? E quais são as prioridade quan- vestimentos para ações que beneficiem o maior núme-
do se planeja um município? Essa e tantas outras ques- ro de pessoas possível.
tões são fundamentais quando se quer construir uma Na nossa região isso vem acontecendo desde a déca-
cidade melhor, onde haja o desenvolvimento econômi- da passada com a criação do Consórcio Intermunicipal,
co, social e urbano. que começou a planejar ações conjuntas no âmbito regi-
Mas o planejamento participativo é um conceito re- onal, com os prefeitos discutindo projetos e programas
lativamente novo para a sociedade brasileira. As cida- comuns nas áreas econômica, social e urbana. Outra
des, na sua maioria, cresceram em torno de pequenos ação importante foi a criação da Câmara Regional do
núcleos como paradas de tropeiros, igrejas, portos, es- ABC, que integrou o Governo do Estado e sociedade civil
tações de estrada de ferro e raramente tiveram sua ex- organizada para definir acordos que beneficiem a re-
pansão planejada com toda a sociedade. gião como é o caso do Coletor-tronco, investimentos no
Ribeirão Pires não foi diferente. Surgiu em torno de combate às enchentes, saneamento, transporte entre
uma estrada de ferro e cresceu recebendo migrantes e outras ações. Atualmente o Governo Federal por meio
imigrantes que procuraram São Paulo e o Grande ABC do Ministério das Cidades, criado para integrar as ações
para trabalhar e viver. Um crescimento induzido por locais com a política nacional de desenvolvimento, co-
capitais externos à nossa realidade e que nunca partici- meça a participar das discussões regionais, fortalecendo
param da construção social e urbana da nossa região. o planejamento regional.
Essa expansão foi tamanha que em determinado mo- Em Ribeirão Pires o planejamento participativo en-
mento a cidade não a comportou deteriorando serviços trou na agenda local a partir de 1997, quando a prefeita
e equipamentos públicos e gerando novas demandas Maria Inês dá prioridade para a integração regional e
nas áreas de infra-estrutura. assume a necessidade de construir um pacto local para
O mesmo efeito que gerou nosso crescimento rápi- que a cidade pudesse enfrentar, organizada, essa nova
do, caracterizado por um capitalismo que buscava no- realidade mundial, nacional e regional. A cidade con-
vas fronteiras na expansão econômica da Grande São tava com graves problemas urbanos na área fundiária,
Paulo, também trouxe os problemas quando a de infra-estrutura, econômica e social.
globalização definiu os novos parâmetros do mundo Até então, tanto pela comodidade criada pelos mo-
econômico, ampliando a competitividade para padrões delos de desenvolvimento no ABC quanto pela imposi-
globais e formando um capitalismo financeiro forte, ve- ção das políticas de meio ambiente levadas à cabo pelo
loz e ávido por lucro fácil, empurrando a sociedade bra- governo do Estado, o poder público e a sociedade não
sileira para a periferia do mundo, ampliando o desem- se organizaram para tratar conjuntamente das ques-
prego e os problemas sociais. tões mais fundamentais do desenvolvimento social, ur-
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bano e econômico. entre poder público e comunidade por meio de fóruns,
Ao inserir uma nova concepção de encarar a reali- conferências, conselhos entre tantas outras ações.
dade da cidade, feita por meio de planejamento Em 2001, no início do atual governo, foi realizado
participativo, a gestão 1997/2000 abriu as portas para um balanço da Agenda que avaliou como andavam
a comunidade discutir o todas aquelas propostas,
seu futuro, colocando na quais foram realizadas,
mesa para debate todos quais estavam em anda-
os problemas e a busca mento e motivo pelo qual
soluções para a Ribeirão outras ações não foram re-
Pires voltar a crescer. O alizadas, o governo encer-
Fórum de Desenvolvimen- rou a primeira fase de pla-
to Sustentado foi um mar- nejamento participativo e
co na história recente do abriu o caminho para reali-
município porque colocou zar um novo pacto que
frente a frente, poder pú- avançasse para a constitui-
blico e sociedade para dis- ção de uma nova Agenda
cutir a cidade. Foram ati- mais ampla e profunda, que
vidades que reuniram au- pudesse apontar o caminho
toridades, funcionários pú- Na Agenda 21 a cidade debate a para um futuro melhor para
blicos, trabalhadores, es- construção de seu futuro todos. Com essa perspecti-
tudantes, empresários, va, em agosto de 2001, a
profissionais liberais, enfim todos aqueles que quises- prefeitura lançou o Fórum da Cidade, para construir a
sem contribuir com o debate. No final de seis meses e Agenda 21 Local.
mais de 750 participantes, estava lançada, em outubro Diferente do primeiro Fórum, que propôs uma dis-
de 1997, a Agenda de Desenvolvimento Sustentado que cussão centralizada constituída por grupos de trabalho,
definia estratégias e ações para cerca de 260 proble- o Fórum da Cidade circulou as oito regiões de planeja-
mas levantados. mento do município.
Resultado direto daquele trabalho pôde ser visto nos Nesse trabalho, agregou-se também toda a experi-
anos que se seguiram com a consolidação, no municí- ência dos conselhos setoriais como o de Desenvolvimento
pio, do projeto de fomento ao turismo como nova fonte Econômico, Turismo, Saúde, Assistência Social, dos Di-
de desenvolvimento da cidade; uma nova política de reitos da Criança e Adolescente, Cultura, Patrimônio en-
geração de emprego e renda; as intervenções do Plano tre outros, construída nos últimos anos. Foram quase 2
Emergencial de Proteção dos Mananciais; a formula- anos de trabalhos que montaram este documento que
ção de planos de infra-estrutura que beneficiassem a chega até você. Ousada, essa Agenda tem o objetivo
maioria dos habitantes; uma nova política fundiária que de apontar quais as grandes diretrizes que a comuni-
solucionasse os problemas de regularização e de habi- dade ribeirãopirense tem que percorrer para construir
tação; a reestruturação de toda a rede de saúde com a uma sociedade mais justa, democrática e participativa.
gestão plena e a construção de uma maternidade pú- Com todos planejando juntos, estamos tentando fazer
blica; a valorização da área de mata atlântica que co- uma cidade melhor, onde haja mais emprego, saúde,
bre a cidade e que dá potencial para o desenvolvimen- cultura e educação, onde o desenvolvimento aconteça
to de setores da economia como o ecoturismo e água de forma criteriosa, distribuindo renda e multiplicando
potável; a democratização dos espaços de discussões direitos.
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História e
Ribeirão Pires chamava-se Caguassú, Mata Grande ou
Mata Virgem em Tupi Guarani.

desenvolvimento
No século XVII Ribeirão Pires começou seu povoa-
mento, atraindo muitas famílias que se fixaram nas pro-
ximidades da Igreja de Nossa Senhora do Pilar
de Ribeirão Pires construída, segundo registros, no ano de 1719. A área
era tida como passagem entre São Bernardo do Cam-
po e Mogi das Cruzes.
No século XIX, com a construção da estrada de ferro
Ribeirão Pires é um município que nes- São Paulo Railway para levar a produção de café ao porto
te ano atinge uma população de 110 mil habitantes, de Santos, surge um novo povoado às margens da ferro-
segundo dados estatísticos feitos a partir do censo de via e começa o desenvolvimento de olarias e madeireiras
2000. Situado a sudoeste da região Metropo-
litana de São Paulo, forma com outros seis mu-
nicípios (Santo André, São Bernardo do Cam-
po, São Caetano do Sul, Diadema, Mauá e
Rio Grande da Serra) a região do Grande ABC.
Conta com mais de 50% de seu território co-
berto por áreas verdes, sendo 30% remanes-
centes da mata altlântica. Banhado pelo bra-
ço Rio Grande do reservatório Billings, tem todo
o seu território de 107 Km2 protegido desde
1975 pela Lei Estadual dos Mananciais, já que
inúmeras nascentes alimentam o maior reser-
vatório de abastecimento da Grande São Pau-
lo e outras duas bacias hidrográficas: Guaió e
Taiaçupeba.
Situado no topo da Serra do Mar, cortada A passagem de nível na década de
por duas importantes vias de transporte: a es-
trada de Ferro Santos a Jundiaí e a rodovia Índio Tibiriçá, por conta do solo argiloso e da abundância de madeira
que liga São Bernardo do Campo a Suzano, a cidade de lei para construção de dormentes.
conta com um relevo conhecido como “mares de mor- Com a construção da estação ferroviária em 1885, o
ros”, que fez com que o desenvolvimento urbano acon- povoado, que já recebe o nome de Ribeirão Pires por
tecesse a partir de núcleos distantes um do outro (Cen- estar próximo a um ribeirão que corta uma fazenda da
tro e Centro Alto, Parque Aliança, Ouro Fino, Vila Sueli, família Pires, começa a se desenvolver rapidamente.
Jardim Caçula, IV Divisão). Com a vinda da colônia italiana em 1887, a ocupação
das margens da estrada de ferro superou a ocupação
Nossa história em torno da Igreja do Pilar. Em 1893 demarca-se o
Fundada em 1954, a história do território de Ribei- loteamento da área central. A primeira construção da
rão Pires remonta ao século XVII. Antes disso, o local Igreja São José é datada de 1895. Nessa época a vila
era usado apenas como passagem para quem ia da começa a ter vida urbana, com comércio e pequenas
1 0 Vila de Mogi para São Paulo ou Santos. Nessa época, indústrias. Alguns anos depois uma nova estação ferro-
mento industrial principalmente ligado
à cadeia automobilística tendo em vis-
ta sua localização afastada e a topo-
grafia acidentada.
Os efeitos do crescimento regional
nos anos 50 e 60 foram sentidos ape-
nas posteriormente com a explosão
demográfica da Grande São Paulo en-
tre os anos 70 e 80. Trabalhadores das
indústrias da região passam a ocupar
loteamentos precários e sem infra-es-
trutura completa.
A expansão começa a ameaçar as
regiões de manancial, o que levou o
governo do Estado a aprovar a Lei de
Proteção aos Mananciais, que mudou
Vista geral do Centro Alto nos anos 50 drasticamente o uso e ocupação do solo
do município, que ficou com seu terri-
viário foi construída, a mesma até hoje, que passou por tório totalmente protegido. Neste ano, a cidade conta-
algumas modificações mas mantém as características va com mais de 40 mil habitantes enfrentava proble-
da época. mas com o crescimento urbano e a infra-estrutura.
Em 1925, com a formação da represa Billings, 6,5%
de seu território foi inundado pelo lago, criado para a
geração de energia elétrica, mas que a partir de 1974
transformou-se em reservatório prioritário para o abas-
tecimento humano. Com o desenvolvimento industrial
do país e da região entre as duas grandes guerras,
Ribeirão recebe mais empresas e novos imigrantes, vin-
dos principalmente da Europa e Japão após a Primeira
e Segunda Guerras Mundiais.
Na década de 40 ocorre uma nova fase de expan-
são com a implantação de chácaras de veranistas vin-
dos do litoral em busca de lazer.
Quando inicia o processo de emancipação de Santo
André, em 1953, Ribeirão Pires já conta com cerca de
15 mil habitantes. Segue-se uma onda especulativa que
resulta na rápida expansão da mancha urbana. Em
1963, com a construção da rodovia Índio Tibiriçá a ci-
dade ganha um novo corredor de transporte, que faci-
lita a ligação com São Paulo, Baixada Santista e Vale do
Paraíba. Abre-se uma nova área de expansão urbana.
Na década de 70 Ribeirão conhece um desenvolvi- 1 1
Mananciais e a
proteção ao
meio ambiente:
uma nova
realidade para o
desenvolvimento Represa Billings. Prioridade para o
abastecimento
Virar área de proteção aos mananciais planejamento urbano que compatibilizasse a proteção
(Leis 898/75 e 1.172/76) mudou para sempre a reali- dos mananciais com o crescimento sustentável. Com
dade de Ribeirão Pires. De uma hora para outra a cida- isso, a cidade iniciaou um processo de estagnação que
de viu-se obrigada a restringir o crescimento urbano atravessou toda a década de 80 e parte da década se-
para garantir a produção de água para a represa Billings guinte. Nesse período Ribeirão Pires perdeu a corrida
e para o sistema Guaió e do desenvolvimento econômico e começou a
Taiaçupeba. Essa limitação, enfrentar sérios problemas com o crescimen-
se por um lado foi ruim por- to urbano irregular. Só para se ter idéia, o
que fez com que o Ribeirão índice de crescimento da população entre a
Pires abortasse o incipiente década de 70 e 80 foi de 6,89%, enquanto
processo de crescimento in- no ABC era de 5,27%. Na década seguinte,
dustrial e urbano no mesmo a média de crescimento no ABC caiu para
ritmo dos outros municípios 1,96%, enquanto Ribeirão Pires atingia 3,78%,
da região, por outro, muito alta para uma região de mananciais.
garantiu a manutenção da O agravamento dessa crise se deu nos
qualidade de vida de seus anos 90, quando a cidade começou a mos-
moradores ao mesmo tem- trar que não tinha condições de comportar
po que dava a possibilida- tal crescimento sem prejudicar a qualidade
de de criar novos modelos de vida dos moradores e a produção de água.
de desenvolvimento. Pela A dificuldade em investir em infra-estrutura,
primeira vez, naquele mo- problemas com as enchentes, ausência de ar-
mento, o cidadão tinha a ticulação entre município e estado e as dívi-
possibilidade de definir seu das com empresas concessionárias de servi-
futuro. ços públicos como Sabesp e Eletropaulo com-
Mas não foi isso que prometeram de tal forma o funcionamento
aconteceu. O poder público O turismo como nova estratégia da cidade que os munícipes não conseguiam
não conse guiu articular um para o desenvolvimento sequer ligar energia elétrica ou água em suas
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casas, comércios ou empresas. dito em Ribeirão Pires, conseguiu registrar como o mu-
Para agravar a crise, os problemas nacionais como nicípio se encontrava do ponto de vista real. Esse vôo
os sucessivos fracassos de planos econômicos nos anos está em vias de ser reeditado novamente de forma que
assim como a política de globalização sem critérios que o planejamento tenha uma base de dados sempre atu-
enfraqueceu a indústria nacional, trouxeram problemas alizada. Além disso, a prefeitura realiza neste segundo
estruturais para a região como o desemprego e a guer- semestre o Plano Diretor que fará, também de forma
rafiscal. participativa, as discussões sobre o zoneamento da ci-
Grandes indústrias como Phillips-Constanta e Brosol dade com o objetivo de aplicar em Ribeirão Pires o Es-
decretaram falência ou fecharam suas unidades e saíram tatuto da Cidade, editado em 2001.
do município, deixando milhares de trabalhadores desem- O Plano Diretor já é uma ação definida na Agenda
pregados e sem perspectivas econômicas. Para piorar, o 21, que começa a ser colocada em prática e que deve
encerramento das atividades de duas das maiores indús- definir, na legislação, como será a nova estrutura urba-
trias do município derrubou a arrecadação municipal. na da cidade para os próximos anos.
A partir de 1997 o gover-
no assume o compromisso
de mudar radicalmente a
concepção de cidade desen-
volvida até então. Inicia um
novo processo de planeja-
mento administrativo finan-
ceiro, social, urbano e eco-
nômico de forma participa-
tivo como o Fórum de De-
senvolvimento Sustentado, o
Orçamento Participativo e os
Conselhos Setorias.
Banco de Dados
Apesar de Ribeirão Pires
se localizar em área de pro-
teção aos mananciais, até
1997 não possuia nenhum
tipo de informação confiável
para ser utilizada no plane-
jamento. Foi necessário um
grande esforço da equipe de
governo para construir uma
base de dados que pudesse
orientar os trabalhos de pla-
nejamento e investimentos
na cidade.
Um banco de dados confiável foi instrumento para a nova
Um vôo aerofotogramé-
fase de planejamento de Ribeirão Pires
trico realizado em 1997, iné- 1 3
Aspectos
físico-territoriais
A Estância Turística de Ribeirão Pires está
situada a sudoeste da região Metropolitana de São Pau-
lo, tendo como limite geopolítico os municípios de San-
to André, Mauá, Suzano e Rio Grande da Serra. Tem
100% do território em área de manancial das bacias
hidrográficas do reservatório Billings, Taiaçupeba e
Guaió.

1 4
Bacias
Hidrográficas

Área de 1º categoria (preservação permanente)

Margem da represa Billings (Preservação


permanente)

Bacia hidrográfica do rio Guaió

Bacia hidrográfica do rio Taiaçupeba

Bacia hidrográfica do Braço Rio Grande do


reservatório Billings
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Relevo e
Ocupação
Área: 107 km2
Altitides: máxima 1043 metros
Mínima 747 metros
Latitude: Sul 23o42‘
Longitude: Oeste 46o25‘
Temperatura: Máxima 32o
Mínima: 05o
Média: 16o

1 6
Regiões e
População
População: 104.508
(censo IBGE 2000)
Crescimento: 1,7%/ano
Índice de Desenvolvimento Humano: 0,805
Seade 2002

Represa
12 bairros, 6.079 habitantes

Centro Alto
27 bairros, 23.022 habitantes
Centro
36 bairros, 17.093 habitantes
Parque Aliança
15 bairros, 17.682 habitantes
Santana
20 bairros, 10.662 habitantes
Santa Luzia
15 bairros, 12.908 habitantes
Ouro Fino
26 bairros, 9.970 habitantes
IV Divisão
13 bairros, 7.092 habitantes
1 7
Equipamentos

1 8
O que é a
Agenda 21?
Você deve estar se per-
guntando o que é uma Agenda 21? Ela
nada mais é do que um protocolo de
ações definidos por uma comunidade,
cidade, estado ou país que constitui um
modelo de desenvolvimento urbano,
social e econômico.
A proposta de lançar a idéia de cada
localidade ter sua Agenda para o sé-
culo 21 surgiu na Eco-92, ou Rio 92,
realizada no Rio de Janeiro, o maior
evento já realizado pela Organização Lançamento do Fórum da Cidade, responsável por
das Nações Unidas, que reuniu lide- organizar os debates da Agenda 21 Local
ranças de todos os países do mundo,
organizações não-governamentais de todos os con- democrática e participativa.
tinentes e as mais diversas comunidades e etnias que Apesar dessas orientações, poucos municípios têm
debateram modelos de desenvolvimento global. A feito esse trabalho. Hoje, segundo dados do Minis-
partir daquele momento di- tério do Meio Ambiente, cerca de 5 % dos 5,6
versos países elaboraram Elaborar uma mil municípios brasileiros têm a sua.
suas Agendas, inclusive o Em Ribeirão Pires, desde 1997 a cidade vêm se
Agenda 21 é
Brasil. Em seguida, estados preparando para montar sua Agenda 21 já que o
e municípios também inici- construir, de forma Fórum de Desenvolvimento Sustentáado que mon-
aram a elaboração deste participativa, o que tou uma agenda tendo como princípio a
documento. queremos para o sustentabilidade local. A partir de 2001, com a
No ano passado, em criação do Fórum da Cidade e o Conselho da Ci-
futuro de nossa
Joanesburgo, África do Sul, dade, Ribeirão tornou-se um dos primeiros muni-
a ONU realizou a Rio+10, cidade, de forma cípios do país a concretizar esse processo de for-
que fez um balanço dos sustentável, ma totalmente participativa, já que a Agenda foi
compromissos assumidos respeitando o montada a partir de discussões regionais e depois
por todos os países em temáticas, envolvendo comunidade e sociedade ci-
meio ambiente
1992 e fortaleceu a neces- vil organizada em diversos debates. Neste ano,
sidade dos países, estados e o cidadão. com a constituição do Ministério das Cidades, o
e municípios continuarem governo federal convocou a Conferência Nacio-
buscando uma sociedade sustentável, onde a rela- nal das Cidades, a ser realizada também pelos Estados
ção homem e meio ambiente seja a mais harmônica e Municípios, e começa a se organizar para estabelecer
possível, construindo seus compromissos de forma uma Agenda nacional integrada. 1 9
O processo de dústria, transporte, entre outros. Nessas plenárias, a
sociedade civil organizada também pôde acrescentar

montagem da
suas sugestões.
Ao final dos três dias de trabalho, estavam prontas

Agenda 21 Local
as propostas para a Agenda 21. No último dia, tam-
bém, foram eleitos os 28 integrantes do Conselho da
Cidade com 14 representantes da sociedade civil e 14
do poder público mais seus respectivos suplentes. Da
Depois da experiência do Fórum de De- sociedade civil, foram eleitos oito conselheiros repre-
senvolvimento Sustentado que pactuou um novo mode- sentando as regiões e seis ligados às entidades da so-
lo de planejamento participativo, o governo municipal ciedade civil organizada.
propôs criar o Fórum da Cidade, em 2001dessa vez Em 2002, depois da posse do Conselho, instalou-se
mais abrangente do ponto de vista temático e mais ou- um grupo executivo, com presidente, vice e secretário-
sado nos debates com a população, integrando poder geral, responsável por organizar todo o processo de
público, comunidade e sociedade civil organizada.
Responsável por instituir o Conselho da Cidade e
elaborar a Agenda 21 Local, o Fórum organizou oito
plenárias regionais e três temáticas onde discutiu-se
o que cada cidadão queria para o futuro de Ribeirão
Pires. Constituído a partir de três eixos que organiza-
ram a discussão denominados Cidadania e Inserção
Social, Qualidade do Ambiente Natural e Construído
e Desenvolvimento Econômico Sustentável, o Fórum
realizou oito plenárias regionais que contaram com a
participação da população dos bairros e três
temáticas, uma por eixo, com a participação de dele-
gados dos bairros e da sociedade civil organizada.
Em todas essas rodadas de discussão, a comunidade
respondeu três premissas que questionavam em qual
ambiente estaremos vivendo, que direitos a cidade
Plenária regional, realizada em oito
garantirá e o que ela produzirá daqui a 20 anos.
regiões, que reuniu cerca de 500 pessoas
A partir desses questionamentos o Fórum ouviu pro-
postas sugeridas pela população, pactuadas com todos construção da Agenda 21. Foram eleitos um represen-
os presentes nas plenárias, que definiam quais delas tante de cada segmento participante do Conselho. A
seriam encaminhadas para as discussões temáticas. presidência ficou com a sociedade civil organizada, re-
Nesses encontros regionais participaram cerca de 500 presentada por Marcelo Menato indicado pela Aciarp
pessoas que elegeram os delegados que iriam para o Conselho. A vice-presidência ficou com Arman-
representá-las nas plenárias temáticas. do Cláudio Paulino, representando a região do Centro.
Na segunda fase, cerca de 250 pessoas participa- Por parte da prefeitura, o indicado para secretário-ge-
ram dos três dias de trabalho, onde sistematizaram-se ral foi Marcos Pellegrini Bandini.
todas as propostas vindas dos bairros, organizadas por A partir daí, o Conselho montou grupos de trabalho
2 0 temas como educação, cultura, cidadania, turismo, in- que debateram cada tema, em reuniões que contaram
com a colaboração da sociedade para sistematizar as As premissas
propostas em programas, com diagnóstico, indicador, A cidade é o ambiente onde eu vivo. Em que ambi-
ações, definição de atores responsáveis pela sua execu- ente estarei vivendo daqui a 20 anos?
A cidade é o lugar onde se exercem nosso direitos.
ção, prazo e governabilidade. Para cada eixo, foi defi-
Que direito eu quero que a cidade me garanta daqui a
nido um conselheiro para coordenar e outro para rela- 20 anos?
tar os trabalhos. No eixo Cidadania e Inserção Social, Ribeirão Pires é a cidade onde se produz. O que a
Leandro Luis Collodro foi o coordenador e Elizabeth cidade estará produzindo daqui a 20 anos?
Conceição a relatora. No eixo Desenvolvimento Econô-
mico Sustentável, o coordenador ficou com Edgar PLENÁRIAS REGIONAL
Ferreira e Rose Cardoso a relatora. Já o terceiro eixo, Região 4 – Parque Aliança
18 de agosto de 2001
Qualidade do Ambiente Natural e Construído a
E.E. Mário Leandro
coordenadoria ficou com Antonio Carlos Bezerra da Região 2 – Centro Alto
Costa e a relatoria com Ana Maria Mateus Marins. A 25 de agosto de 2001
partir daí foram dezenas de reuniões, que se estende- E.E. Professora Ruth Neves Santana
ram durante todo o ano de 2002. Região 6 – Santa Luzia
Ao final do trabalho, estava montada a base da Agen- 1 de setembro de 2001
da 21 local. Em seguida, durante o primeiro semestre E.E. Francisco Prisco
de 2003, foram realizadas mais rodadas de discussão, Região 1 – Represa
organizadas pelo conselho gestor, onde se elaborou o 15 de setembro de 2001
diagnóstico de cada tema, articulando suas ações. E.E. Farid Eid
Após todo esse trabalho, o Conselho organizou ple- Região 5 – Santana
22 de setembro de 2001
nárias ampliadas e abertas onde para fazer uma última
Paróquia Santana
leitura da Agenda 21 para revisar todas as ações pro-
Região 3 – Centro
postas. Ao final desses trabalhos o documento ficou pron- 29 de setembro de 2001
to e aprovado para sua publicação e divulgação. E.M Carlos Rohn
Região 8 – IV Divisão
6 de outubro de 2001
E.M. João Midola
Região 7 – Ouro Fino
20 de outubro de 2002
Cisc Ouro Fino

PLENÁRIAS TEMÁTICAS
Desenvolvimento Econômico Sustentável
29 de outubro de 2001
Teatro Euclides Menato
Qualidade do Ambiente Natural e
Construído
30 de outubro de 2001
Plenárias temáticas, que Teatro Euclides Menato
Cidadania e Inserção Social
sistematizaram as propostas dos bairros
31 de outubro de 2001
Teatro Euclides Menato 2 1
Para entender a tra determinado programa de cada tema.
• Os indicadores apontam as metas qualitativas e/ou

Agenda 21
quantitativas a serem alcançadas dentro dos vários perí-
odos apontados na Agenda 21. O Conselho da Cidade
utilizou vários indicadores já existentes, mas em muitos
casos não conseguiu estabelecer indicador, ficando um
O Conselho da Cidade, responsável compromisso de, nos próximos passos, elaborá-los.
pela Agenda 21 de Ribeirão Pires, definiu: • Os atores, envolvem as diversas instâncias do po-
A Agenda 21 Local foi montada a partir da definição der executivo, legislativo e judiciário, além de organi-
de três eixos: Cidadania e Inserção Social, Desenvolvi- zações não governamentais, entidades representativas
mento Econômico Sustentável e Qualidade do Ambien- de classe profissional, trabalhadores, instituições de
te Natural e Construído, que integraram temas que se ensino, centros de pesquisa e movimentos populares
articulam entre si e ajudaram a organizar todo o pro- responsáveis pela execução de terminada ação.
cesso de discussão. • Os prazos das ações foram divididos em: curto,
• Cada eixo contém temas que abordarão as políti- com período de execução de 5 anos; médio, que vai de
cas públicas municipais. 5 a 10 anos; e longo, onde as ações podem ser execu-
• Cada tema propostas elaboradas em programas, tadas entre 10 e 20 anos.
com diagnóstico, indicador, ações, atores, prazo e • O Conselho da Cidade estabeleceu três níveis de
governabilidade. governabilidade, ou seja, a capacidade dos atores envolvi-
• O diagnóstico avalia a situação em que se encon- dos em concretizar determinada ação: baixa, média e alta.

Eixos estruturantes e seus temas


Para facilitar a elaboração da Agenda 21 os temas foram agrupados em eixos estruturantes como seguem:
Cidadania e Inserção Social
Saúde
Cidadania e Participação Popular
Educação
Cultura
Esporte
Segurança;

Desenvolvimento Econômico Sustentável


Comércio e Serviços
Turismo
Mineração
Indústria
Agronegócio

Qualidade do Ambiente Natural e Construído


Saneamento Ambiental
Habitação
Recuperação e Preservação da Paisagem
Planejamento e Controle Urbano
Transporte e Sistema Viário
2 2 Educação Ambiental

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