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i Pierre Bourdieu ve AECONOMIA DAS TROCAS SIMBOLICAS INTRODUGAO, ORGANIZAGAOE SELECAO SERGIO MICEL PERSPECTIVA 4. Campo do Poder, Campo intelectual e Habitus de Classe* A hilatéria da literatura em sua forma tradicional con tinua” presa ao eHtudo ideogratico. de” casos particuleres Conacet de’ resists ag deciframento enguanto forem aprecn: ido" ecmo “pedem’™ para. slo. quet dizer, em sh mer Spee por a enn fora gtaoe Gur completers Somo Sbjato no sistema de rlarSes conetiutive da. clase See"fetor Geais ou possvets) de que faz pare. sécio-ogt Samente, Tal ocorre porgue © ebstéeulo™ eplstemol6gics Soi que se deftonta qualquer aprecnsio cstratural, 0 dh iduo™ diretamente porceptvel, ens’ reaissimum "pedinds Insistentemente para set pensado. em sua existencia sepa Fada e. exigindo ‘por’ fss0 uma” aprecnsdo substanclalist, Fevestose aqul com a forma de uma individuslidade “ria: Gora’ cuja‘originalidade deliberadamente.cultivada parece Propicia a susctar o sentimento da iredutibilidade a re Nerdneia® Deinandose impingir este objeto pré-construido Gue ve sero ardsta individsal, ou entio, com outros ‘isfarces, ‘a obre singular, a. tradicfo positivista perma fece iliada ‘no essenial "A ideologla fomdntica do. g& hio.erlador_como.individualidade unica’ c. insubstivuvel Destare, por pretenderem fazer a tlmica da ciéncla, oo Bisprafos gosta de enibir a fcira de documentos cxtmia- dos com pasitacla cabendo-thes destino semelhante ao da Guctes gedpratos cuja,preocupagio de fielidade a0 "real INES, Segundo a pardbols ve Borges, a produzie um mapa {Ho grande como o pais, Mormente na rea de sociologia da arte © da litera ra, a ruptura com ar prénogdes que consitl a condigho da ‘Sinatrugio' do objeto de ciencia 10 pode se zeallzar straves a cieacia do objeto que @ a mesma cléncia das pré-novoes Sontra ar qusis a Ciencia consol seu objeto. ‘De fato, tanto S2"eoris ceponténeas que orientam 2 pesquisa adicional ‘Soma. as_ notes Go bomtom social que regem a telaczo SGintinta” com a obra de afte, sho 9 produto das condigies socials robre as. gunis 0 socislogo deve fazer a clencla, de rode gue os obutdculoe 8 construgso.adequasa do objeto {isem parte do objeto da ciéncia adequada. Assim, a teorla a biogralla enquanto integragso fetrospectiva de tode histo 1 pesoal do arty em ti projet puramense eitico ou 1S egprerentagio 6a "eriagfo™ enquanto expressio da pessoa, Go" amirta em sua singulardade, somente podem ser" com preendidas inteiramente 40 forem recolocedas no campo ideo Bigco de que facem parte © que exprime, do uma forma mais Ou menos tanefigurats, a pongo de uma categoria particular Se creritores na estrutiza do campo intelectual, por sua vez Include cin umm tipo eqpecttica de campo palidso, cabendo Una posgio determinada & fregio intelectual © ariitea Embora o interesre pela pessoa do escritor ¢ do, artista ‘se amplie parslelamente £ auronomizagte do campo intclec- al e artistico © 8 slevagdo correlata do status (e da origem ocial) dos prodatores do bens simbolicos', € na época ro ‘castro bo PODER © HAMTUS DE clase 385 sniintica apenas que a vida do escritor tornada ela_pépria tina espécte de obra de arte (por excenpo, Byron) eqreses Saguaro tal'no.Ambito da Uteeaturs: Be tate, Veen tos Sihos da posteidade wna vids cujes minimos’ detathes so ignos da Coleta.autobiogrfiea, ¢ integrand através do nero. *memdrias” todos” os, momentor ea exstincin ‘ae tldade reconstruida de um projeto eststica, crn sum ao {azer de Som vida uma obra de arte et matéra da obra de tte, os escritores ‘stiulam uma leltura blografica de. sus (bra © sugerem te conceba a relaglo ct dor" ea "pentoa" do leon, Todavia, 0 eulto romantica, da Siogeata e'parteintegrante de um stem fnserem, por exemple, 2 concepgio da" browao irfedutvel da pes fimada por Flaubert, por Renan ou Baudelaire, de un "maa~ dlrinato inclectal” finéado nos prineipios de um arstocra- timo da incligtncia ede uma representagso carimaticn da produsio © dat recepsio. dar obren simbolicas NAO seria Aifell mostrar que 820 esses os mesmos prinefpios que engen= fram ainda hoje a representagao que os inslectuals possiem {do mundo social ¢ de sua fungio neste mundo. ‘Tambéan mio Strpreende o fato de que a quase totalidade das" pesqulsas nt historia da arc e Mteratara manteaham com 0° “crader Svcom sua erage” & relacto encantada que, desde a €poce formats, s maior. dos "eriadores™ tim mantido com sua SCrlagio™ Deste modo, & ainda s mesma recurs de metodos surpetton de disolver “2 originalidade eriadora” reduzingo-a s'tuns condigdes toviis de produsio que inspra'o desprezo om que hoje se considera af pesquisa blografias ou o des ombsamento pelon métodon Se anise interna das. obras Una investigacao cfetivamente insplrada pela preocupacto, de Tomper com's ideologia cartamatica da "erlagho” eda “et- ten rindora vera tomar precaugats parg no se deiner Impingi, no momento dn dethigso de set objeto, os i tm que’ se move a Biogratia, 0 que implica na decisto de 126 1» ECONOMIA DAE THOCAS SIKBOLICAS idade uma obra individual ou @ obra de um lator particular ou mesmo tnt aspecto pucticulag de uma ou ‘Gas sitar @ corpus aon onsite ao interior do’ capo ‘McolGgico de que faz parte, bem como cstabelecer as Tel {oer entee al potigao deste corpus neste campo © posigae no [Stipe inteleetual do grupo de agentes que’ produ. Em Stroy termos, necesedrig determisar previamente a fon Shen de gue fe feveste este corpur no sistcrts das relagoes de Soncorienea'¢ de conflvo entre grupos situados em posigoes ‘Siterentes no interior de unr campo tatclectoat-que, por sua oe, também oeupa una dada posite no campo de’ poder ‘A analise extaistien pode tornar-se um instrumento efi- caz de ruptura se extvermos conscientes de que a aplleasao Sngenuamente empirists de taxinomiss pré-construidas ow for fnis ste ou iguela populasio de escrvores ou de artistas (populacso concebida como uma simsles colee80 de entida SEGeparadas) meutratisn as relagaes ma sigmtleatvas entre Ss propricdades pertinentes dos individuos ou Jos grupos. A. mao dat ankinesetaties apse amotay ee “Gonstruidas’ de queso parcial oy totsimente excluldos os cores "menoten” ‘Ow arginine do ponte de ve Estetica como do ponto de vista police, como a botmia"). Sendo portanto ineapazes de detestar om peincipios de sclegeo 4: "gue popelact € 0 produto otc, sy lls Que Fees mmo tempo, por serem incapazes de compreender a significa (ho real daw repularidaver que sstssclecem podem acaber ando razi0 sor detensores ‘mais ingenuor do estado ideo: trafic, estanda fadadae a captar. no mivimo, as leis Gas ten AEencias mais gerais do. campo tciectyal cm seu conjunto, como por exemplo a elevacio global do nivel de formacso Gniverstiria dor escritores durante. o Segundo. Impénio od @ ‘lumento da paresia de escritores originarios das classes me ‘Sas que ocupavam posigdes universiariss durante a Tercera Repiblica, Em suma, seria nut, tamisem neste caso, espe Tar gue a estaistion produ la merma c= prinsipion ds #03 Sonsirusio, Somente umn andl estrutural dos sistemas de fagdes que definem wm dcterminad cxtado &o campo inte: {Grnecendohe os prineipios de tims sesso. dos fatos capa Se levar em conta suas propricdates sus pevtinentes, sto €, Sas propriedades de: posigto Alem disso, pelo fato Ge gues anslise estatsion $6 pode fundar-se, ao! menor sn) primizo momenta, mas ialor ‘castro 90 ODER E MAMETUS DH cLABSK 187 ‘mais diretamente acessiveis, vale dizer, not dados olhidos nas blogratias ou nas autabiogratins ein Tunsdo de ftiterios de" selegao pouco expliciios e pouco.sistemiticon, ‘Embora ns maionia dat veres de scordo com os prinepios gue ‘efimem 3 mancira lepltma de abordar © obra de arte, dla ere ee ee ae ttle ota ca lacunas, a reptesentagdo,“dominante” da “etiagso™ artistica ‘Sem duvida, £8 mesma f6 na irredutblidade da criasho ena ‘Butonomla.sbsoluts das essolhas estéucar que far Com uc {is monogratis universiérias veleguem a Segundo plang 3 formente cece ¢ walversiits © peviegion de Mencia ‘chagersca = primeira educagio.¢ a0 primeteat experiencia ‘Snde jt irompern e em grau menor, a estdo sendo molda ‘SiS as partcularidades interes dadas desde a origem de una “invengao crladera” iredutivel a tais determinagoes. Ade ‘mals, tal creaga tambem € responsivel pelo ineresse com {fo esteticas cm det Sthxsndo quase sompre de eunie ambos os ipes to sistema das fomadar de" porigao concorrenter em felagao x quait clas se constituem ese definem. Domai, 0 gosto pelas corres. ondéncias que os bidgrafor mais ingenuamente haplografices Eugerem, noma linha metsferics e sem se. preocuparctn com 42 sstematizaeio — tomemos, por exemplo, as variagSes lte- ‘arias sobre af afinidads cleuvas entre va sima™ do excritor far viewer ques tadigio lterdra empresta «uma pal ‘Sagem, a uma fepito ou @ uma lishagem =~ ima certs carscterfstica da blograia c uma outra caracte~ ‘stica da obra, entre © gosto pre-rombntico pela mecditacto hho cemitévo ea primeira educayia de filhos de pastores do Tmerioe,Existemt contado, armsciihes mai swiss = andlice sociologica corre sempre 9 riseo de sucumbir aos erros im- Pecavets de uma sociogratia hipecempirita. quando se deIxs evar pela preocupagio de escapar ® acusagio de “reducio- hista"s pastando entdo a. competis com a historiografia tex ijonal em seu proprio terreno © a procurar na multiplica- ‘fo das csracteristicas sociologicamente pertinentes que sele- Siona_o sistema explicativo capaz de eluckdar cada obra ein Sua singulardace, ao inves de construc a hierarquia dos sis Temas de fatotes pertinentes quando se Uata de dar conta de tim campo ldeolgpico que corresponds um determinado es ‘ado daexrutura do) campo iiciectal = ‘Uma anise semelhante a que Sartre contagra 8 Flau- here com o objetivo de rertitair As mediagSes plas qual oF oterminsmos socisis moldam a individualsiade siggulae 40 firsts, rompe, apenas aaparéncia com a tradigto domi- ‘ante’ ds hintris da arte e a literatura. Tendo Some pro- Jeto capuar as condigses scciais de possibilidade de um autor Ge uma obra tomados em sua singularidade, Sartze corre © ‘seo de imputar aos (owes mais diretamente visives partir do. ponto de vista pardeular que assume (ou seja, of Scterminanter de classe dt mancira coma se atualizam rela: fados nas particularidades de uma estutura famniiel © de uma historia individual) os efeitos de sistemas de fatores que’ de ‘erminam as. prites © at ideologias ‘de iodo escttor na medida em que. pertence & uin campo intelectual dorado de lima esiutura detcuminade, por sua vez ipculdo em ‘um com po do poder dotado de uine estrutura determinnda e, mais Drecisamente, de todo escrltor que ocupa em tal campo (pre= ents, patiado ou futuro) uma posigdo estraturalmente equ valenie aquela Go escrtar considerado. _ Ademals, 0 esorvo Se retomat o prineipis gorador unificador dae experience Diograficas Seria portetamente leptimo se mio estivesse ine prado por uma flows da consciencie (perticularmente vi ‘vel na lingusgem da anilise)" cuja eredibiidade reside om “time andlise ao poser evoestérlo de ma autobiogratia por procurscio. A ahaiiss sarriana esta inspireda pelo proicto [Stcrminavel e desesperada de integrar ne uaidade construisn de um "projeto original”, espécie ge inversio de uma essén~ ia letbaisiana, toda # verdade objetiva de uma condisto, do toma histGria ede uma obra singularese, em pardcula, todas rete seer ae "Sm Soalgees"da saree ‘castro D0 PODER HABITUS BE CLASSE 189 as caracterstcas ligadas & pertingoela de classe mediads pela Sutrutera familial ca experienelas ‘biogedficas, cenfelatas Nesta logics, io § a condigio de clases que determina 0 jndividuo, mas 0. sujeto que se sutodeteemine a parti da tomada de conscitncia, parcial ou total, da verdade Gujtive {do sua condigao de classe. Esta flosoia das relagoes ence {8s condigbes de existeacia, a comscioucin ns pedtces ou at eologiss ansparece através da innntencia com que Sartte ‘quer enxergar em um momento da histGria biogrsticn 0 Fetiodo deere don ano 1837-1840 —, uma eapete pee Na verdade, esta crise, longameste analada, ndo'passa de Lima inodalidade de cogiio soctoldgico, acontecimento const Tutivo, arreneado da historia © capae de aerancar a historia SS verdades que funda: cu peaso S manera burguesa, logo Sou burguéi?"a parr de 183 x nos anor 40, Gustave fer lima experiencia capital para s orientagSo de sat vida © pars set de sun bra el sere, nels fora dele, « ugueia Some sua classe de origem ( rag precisa reurayar © tmoviments desta descabert, iio replta de consequsnen Vee o quanto te euth longe da teoria dag relagoee entre a3 ctruturos socials ee estruturas da consciéncia expresea aa Sela andlie célebre. des relagSet “eutre os representantes Doliticor © kterdriog de uma classe ¢ a classe. que eles repre Eitan": “Oque far dles os representantes ds pequens Burgucsia é 0 fato de. que seu cérebro nio pode ullrapassar 2s Timites que © proprio pequeno burgués nao supers em sus ‘ida "s, por conseguinte, eles £0 oricamente levados aos Inesmos problemas e as’ mesmas solugées que sto. cond: ior pralcamente os pequenos.Durgueses por seu interesse faterlal © por ua situagao social” Em suma, fazendo como se a comtcigncia nfo tivesse outros limites sento aqueles que ‘ia ‘propria constitu pela tomiada de consclencia Ge seus Lint {cs Sartre contradiz'o principio da teoris do conhecimento {0 social segundo © qual as condigoes objctives determina SS prilcas eos limites mesmos da experiencia que 0 lod ‘Widdo pode ler de suns pravieat e dae eondigies que at de= ‘As monogafias sparentemente mais exaustvas de oscri tores ou atts epresentam apenas informacdes lacunosas © Amide incoerentes quando instadas a mostar os documentos fhecessios a construgdo da estrutura de um estado do campo Inelectual ou pollles, porque situando-se desde logo em um lugar privileglado s6 conseguem perceber ume porgao rests do horizonte social c, em consequencia, n0\ podem aprect= ‘dec om sua verdade 0 ponto. de vista de onde aio captadas Todas as visBes em perspectiva do campo intclectuat ou pol tieo que apresentara ou analisun, Ou seja, como una posi {0 em um sistema: do relagGes entre posicoes que conferem Sta perdcularidade cada posiogo © ks romadar de posipao Implicadas. Para que soja possivel romper com a problems tics tradicional (de que Sari permancce prisioneio) a con ‘igto bdsien consste cm consti 0 campo intelecttal (por ‘maior que seja. sua aufonomia, ele ¢ deicminado em sua Ssteutura © em sua fungso pela posicio que coupa no inte= ‘or do campo do poder) como sistema Jc posigSes prede= {erminadas abrangendo, assim como os postos de wm met ado de trabalho, classes de agentes provides de propriedades (Gocialmente coastitudas) de um Gp). Jeterminado. Tal asso € necessdrio para que se posta indasar nfo como tal Sscrtor chegou a ser 0 que mas o que 1s diferentes cate forlas de artates © escrtoree de uma determinada €pocs. © fociedade deviam ser do ponto de vista so. habitur nocial= ‘mente constitu, para que Ihes Herc sido possivel ccupar { posgoes que its eam oferecidar por um determinade fstado do campo iatelectaal s, 30 mesmo ‘cmpo, adotar ae ‘omadas‘de_ posto esteticas ou ideologicas objetivamente vinculadas a cxtus ponies ‘Sem apresentar uma exposigg0 sistemstica, © muito me- nos uma’ orteasgaa acabada Ua teoria roposta woswo i {seria dette, tomando-se 0 exemplo da cecala-da arte pela castro 20 ODER H MABITUS DE CLASSE 191, arte (logo, Flaubert), 08 principios da inversio metodologicn ‘Que parece ser @ condigia de umn citocia igocosa dos fates ‘nteetals © artisticor, “Esta eiencia compotia tres momen tos necessérion que mantém entre si uma relaglo de crdem to ‘vtrita quanto or ter nivels da sealidade social que lapreendem, ‘Primeirsmente, uma andlise da posicso dos inte= ‘etal e dos artistas aa esirutura da classe dirigente (ou emt ‘lagi & esta estrutura nos casos em que dela nto fazer parte nem por sus origem nem por sua condigso). Em segundo [igar) ume andlie da eetritura das reiagdes objetvas entre fe poser que os grapes colocedes em situagto de conco reotia pela legkimidade intelectual ou arstea ocupem mun ado momento do tempo na estrutura do campo fntelectu Em termos metodolopicos rigorosos, a construgto da logics peculiar s cada um dos sstemar imbricados Ge FelasSes rela~ Evamente suiSaomas (o campo do poder © o campo inte- Iectual) constitl a condigio previa de construeio da tajet6ria social como sistema dos trapos pevtinenter de uma biogeala individual ow de um gropo te Dlografias, © terceiro e Ul fo momento corresponde A construsta do habitus como sis fema der cisporigdes sovislmente consttutias que, enquanio fsiruturas estruturedas © estruturantes, constituem © princi plo gerador e unifcador do conjuato das praticas © dat idco- {opias caracteriticas de um grupo de agentes. Tals praticas © ‘Seologine poderdo stualizarse em ocasldes mals ou menos favordvels Que ihes propiciam uma posigao e uma tajetoria ‘Aclerminadss no lntefior de tm campe intelectual que, por sua Yer, coupa uma posigto determinada na estraturs da clases [Em outras palavras, quando se tata de explicar as pro- priedades eapecifcas de! um grupo de obras informacio fais importante reside na forma particular da relagio. que So'cuabslece objetivamente entre a fragio dos intelectuais © Siustas cam sou Sonjunto © as diferenter fragsex das clases Sominantes, "A ‘medida que o campo intelectual e ardtico Smplia sua autonomis, elevando-se, 20 mesmo tempo, 0 esta {ute social dos produtores de bons simbelicos, os tatelectuals ts artstas tendem progrestivamente a ingressar por sua propria conta, e no ‘mals apenas por procuragdo ‘ou, pot {ctgngso, 90 joe dos coattos ale a fragic> de classe 12 1A ECONOMIA DAS THOCAS sunReLICAs Colocades em situasio de dependéacia material ¢ impo- teates politcamente dieate das fragdes dominantes x bur fuvcia Se onde a ssioia do sus membros se origina 6 da ‘Goal participam ‘se iso por suas reiagoes familiares e.cir= Sulos Be amiges, pelo menos por seu estilo de vida, Infinit ‘mente mais prosimo do estilo’ da burguesia Go que’ do esto Sb aber sedi (o Ge 6 wid Inclusive par wh tego. Has ‘mais desfavorecidas da intelligentsia proletarbide, con- ‘Senada as formas menos refinadas da vida botmia), os eset (ores artistes constituem, pelo menos desde a époce romin- fea, uma fropdo dominada da’ classe dominante, qUe, em Vistade da ‘stbigtidade eetroturel de ros ponigho sa estes: fora da classe dominante, ye-se foreada a manter uma relaglo fmbivalente tanto com as fragoes domisenies da classe domi sante ("or burgueses") como com as classes dominadas ("0 ove"), ea compor tmma imagem ambigua de sue posieéo ‘Ba sociedade ese sua fungi social, Em termos mais preck fos, a relapio que mantem como mercado lterério © arts tico, ea Picea Corr malted ts Lares Pens ate Rati Sa ue mm tei cmp gale oat Naat cena: Sere cate so geen cre Soa ere See ase ate de hapa Sah tee vhs ge matin Stare ee ‘canro bo rope = wamrus DE GLASER 193 steal, XIX), — a saber ate ssa", Soin bargueat” o-, 36 revelat completamente sus Sittads que's scope ede modo sodweecitva time sigs Feagto estgtiea ¢ paitca (embors autonomia day Tonagas Se"poufio endulie ‘comparadas Ss" tomudes de ‘posh ‘otiicasasja maior ou menor segundo ar épocas, ity [undo 0 crtadg: Gio veagoes ete a raga dos aries ¢ {\pode segundo * porgio no campo e segundo n fungbo Ds Giteto ‘do trabalho’ inlecwal), ae encaridas enquanto cs pecioagtes da porcto gencrice da felagso fundamental de FPestincacis« de enslusto que carsctersa & fragho Sominante- TJominade doe inflecunis © arian “Acad ume day pe- Saber tipleas no ‘camo coresponde ama forma ‘pict de ‘itcto ent « frapto donninantecominada ear frageen do- Thiniates Ein trmon snaie precios, € través da relageo gue ECategeder de agentes vinclador w cada tan dete post Gécs mane comm o mercado © através dow diferentes pos Se" graicagbes econdmicas simbolbeas correspondents sltrentes formas desta relagao que se define © grau cm cs Se cnfatien objedvamente a porinéncls os a excinio s, pat Isiamente, 0 forma én experiencia que cada categoria do seente pode tr a Tepito dn relagto objetiva ene © fa5i0 GSe aulsas o'ae fea dominnntes (e secundaramente a3 ‘Susesdominadaa).* Eaquanto or ertstas som escitores “porgueses" (DOMINANTES-dominadoe) encontram 0 conhecimento que 0 publica “argues” thee concede avo Srultssveses les “atepura, condigdes de enetecla uae orgveses, ag reades pars sasumirem o papel de port-vores Ge'ton cloure, b qual sus obra diigese’eicermente™, ot Sicnaoces da “arts soci!” (Gominantes-DOMINADOS) ea: SSncram cnn sus condigio economics eat sun exchaio tosh ‘Ss"fundumentos de na roidaiedade com as classes Somina- dus" goe enge, como eiocipo, prieice & bowtisiede com ‘hac fragdes Gominantes das castes dominantes © Som tolnfto « snus ceprweenianter no campo inbdectoal Ge do 198 A ECONOMIA DAE THOCAS sIMROLICAS feosores da “arte pela arte” ocupem no cnipo intelectual San posigio esiruuraimente ambiguz que os leva. a sent UeMpbneiea redobrade as contracigSes serentes 2 posigto ida fragdo intelectual e arisen a estrutura das trae latex dominantes. Pela fato de sua posigio 10 Siipo obrighelos a pensar rua identidede esttica © politica Semodo simultineo ou sucessivo (conforme & conjuntura polica) em’ oporigto aos “arustas burgueses", homélogos Ge sburgueses" na lopice relativamente eutcnoma do campo, ‘Su em oposisio aos stastas “socialists” os 3 botmle, Rome: {pgos do "povo", ertio fadados » formar imagens contradito- fit tanto Ge seu propio grupo guano dos grupos « que Sptem, Encarando @ mundo social de acoréo com ctiteios CRrnmente exteices, abo levador reeltar ta mesma classe ‘Sesprezada 0 "burgués” fechado a avte c 0 “povo” as voltas Som as. pecocupagiesmateralistas da existencia cotidiana ‘ku cham burgues, diz Flaubert, odo aquele que pensa vul- frmente"), Nesta condigbes, podem simultanea ou slternati- Fimente id¢atiicarse come *povo" ou com uma nova aris {ccracia: "Para mim, a palavra burguts abrange os burgus ‘Sos de avental e os burgueses de sobrecaseca. Nos, c somente ines, quer dizer, os lelzadon, € que somos o pove, ou melhor, Tadigio da humanidade”=."""e prociso inclinar-se dante Gow mandarins: a Academia de Ciencias deve substitu 0 Pape". “Acteditais que fe a Franca, em lugar de ser gover fade. pela multidao, eativesse em podcr dos mandarin, nés Sstarimos assim?” Em lugar de haver desejado esclarecer 38 ‘sties bainas, teria sido melhor trtar de instrueas alts” Levador a aproximar-se dos “burgucses” quando se sentem fameagados enguante artistas, ov enquanco burgueses quando STameaga ver dor “desclassifeados” ca bosmia, eles invo- am sus solidasiedade com todos agucles que a brutalidade ‘dow inteesses © dos preconcelios Durguesesrejeita ou excl ‘botmie, 0 aprendia de pintor, o maltimanco, 0 Aobre arr nado, “a criada de bom coragso” e sobretudo a prostitu Gipecie de realizagdo simbélica da felagao do artista com 0 mTUs DE classe 195, mmerndo. E su dio a0 “ougute, cents invite, 20 mes mmo tempo convoced « despresado ca de Whois ats ‘Sg se seen shad elvado SSprdpes cet do campo intelectual (primero horzonte Je fade os cot tis cridtece'e potters) nao pun navn goo tocnce aes ‘tastes burgueus" concent dees lo scone. slat cuje comagragao burgusn 140 obs casa do haw turrecegato ome etrtoret:” “Hid im eae el tears mai petigoes que ow bungicsn, die aedelae fat Cirioidader Evticar 6 ana burpits cade pas inc fv ente o artistas o gio, ¢ que exconde amor Cn") Sr'at figure foe smn, © dono do amass crept Engine Delacrolrco wiufa” Du mma munein 6 es, Preto de pert de_"proisionals” do abaine asics palo Frolauriado ero nvejoo se, eun oitn ede ton te Ste, em outro momentnactve de igprao & agen se or etencores du arte pels ate tm opoplaches® ae Sebi que now prefacin dieade's Heniche Sischat cs- Bou com a pose Pos bem dat ‘Teaho 2 conslentia do iver dio a verdad do haverIndeado sala dance fehertan ca otis cm rlagio a talon ox abalnies Koneton a toda ag patoas tno soo no Teraar eo, Siando pelos cabarés de haverauoalad va sols dus recomege no domino as lees pela sanfesorto 30'at'marsove fax explode sea gto guerra “abico a2 iunag i ofalee el um prone nae sera relo sr um home’ de banc um Barge honrado pars S mode, a estatitien dos leitores de livros (livros comprados, sas também, € claro, emprestados ou Iidos em biblioecas, © {ue explica 0 aaslado para o topo da estruturs) cesgrips ktestos ¢ comerciantes ue possvem wma pratica cultural ‘muito baixa e or tenicor e dirigentes de nivel médio com Prdticas bem superiores as dos funcionsrios, o ” aw ” i 6 orca dus dept elu no eames dr denies cori acpi ‘nborn rouivemete mongrectn, oa ctguit = i sadn ecm 2o tel de mst pean i t= a ‘arate mites soe at elbcaan a esl Bree Mtaeoneemaset ssa creat bets Pest So Sihaaa an oer endo 1 ten oe ‘aie ages eens cot a ow Com mernopUucke CULTUMAL x HEFKODUCAO soctAt 301 i ean Seaer a yon iil i es 2 a lee eee = ices 4 peal 1 Hu Dene todas as priticas culturais, a freqUéncia a0 cine- ‘ma em sua forma cormum a menor cstetamente vinculada 40 nivel de instrugso. (Sem duvida, ei uma das propriedades ‘nis significativas das “artes médise” erroneamente, designs: Uae “artes de massa"), ao contedrio da [requncia a concer- ton, prticn mae rara que a leitura ea freqléncia a teattos, ‘io obstante,o cinema tende'n adquiri © poder de wisunedo social reservado at€ entdo as artes consagradas, sendo_possh- Vel perceber tal mutagiostravés da exatistica de freqUencla fos Cinemas de arte ‘Mais segura por estar fundameatada na mensuracio das préticas efetivas ¢ mio em doclaragses dos entrevstados, a Pesquisa realiaada pelo Centro de Sociologie Europela jute Eo publica dos muieus europeus permite 2 construgso do ss fen de condigocs sucais Ge. produgio dos “consumidores” {dou bens culturais considerados'o* mais dignos de rerem con= Ssumidos, vale dizer, o mecanismos de reprodusdo da est {uta de distribuigze do capital coltoral que se, manifest ‘strutura da ditsibulgsa dos consumideret do muse, do tea: tro, do concerto, do cinema de arte c, em geral, de todos os bets simbolicos que constitaem a culture “legttima”. Avmen~ ‘ado bastante &'medida que se cleva o nivel de instrugio, a frequéncia « museus € quase exclorivemente ‘uma atvidade das classes privilepiadas. A proporcio das diferentes cate- forias socigprotisslonais no poblice, dos museus ‘tranceses Corresponds quise exatemente a raxio inversa de sua_pro- pporga, na populaggo slobel. Sabendo-se. que o vistante {ipico dos museur franceses 6 bacharel (539 dos. visitantes pessuem 10 menos © diploma de coneluszo. do. secundario), Eompreende-se por que a estrutura do. publica disribuldo ‘SSyundo a categoria social seja_semelhante 8 estrutura da Fepulacio’ dos estudantes day feculdaces francesas distebal- Gok conforms @ exteayao socials a paresla de agricaltores & ide 150, 400 de operarios, 59 de arteston © Pequenos comer Siantes, 23% de funcionarios © téenicos e eleigentes de nivel Incdio (endo que 5% suo peotessores primatios), © 4596 Sue classes supsrtores. Em fugar da taxa de representacso Sas diversas esteperias de vistantes no. conjunto do publico ‘dor muscus, se tiisarmos a peobabllidade de ingresso das ‘diversas entegorine em um muscu, durante certo perioda. de tempo, consiata-se (vide quadro abalxo) que, mantendo-se fino’ 9’ nivel de insteugto, @ conhecimento do sexo ou daca Tegoria socloprofisional dos vistantes 50 conteibut com al REPMODUCAO CULTURAL © MEFRODUCKO SOCIAL 303 gumas poucas informagies complementares (com um mesmo fhivel de instrugao, observa-ce que’ om professores ¢ especia Histas em arte apresentann uma pritice cultural itidaeeon Superior aquela’ das “demais" categoria "ey prineipaimenta Aguela das buteas TragSes das clanset dominantes) een A Fone een do mass irmcse conor ‘Anicotores OF persion os Proferoren ope Zakerce (68) 1537 G8) isis Em suma, todas as relagses observadas entre a freqilén- cia ao museu © outras varisvels como'a claste ou a Teagan, 1 classe, a Made, a Zenda ou 0 domicfio, ceduzemse ane a 1 RCONOMIA DAE THOCAS sheNctiCAs muPmooucso CULTURAL E MEMMOBUGKO SOCIAL 305 Que totalmente a relagso entre 0 nivel de iastruso © a fre- uencia. A existincia de uma relagio tao forte © to ex- ‘hisiva enire nivel do iastrugdo e pratice eultural ao ‘eve dissimular 0 fato de que, dados o= pressupostor impli. ‘Sios que @ ofleatam, a agao do sistema escolar somente al- ‘Sanga sua mixiaa eficdeia na medida em que se exeree sobre {ndividuos previamente dotados pela. educagao familiar de tima certa famillardade com o mundo da arte” Na verdade, {al proceso se desenvolve como sem asi0 escolar, que 26 {tinge de forma bastante desigual (mesino do ponto’ de vista ‘da duragio) as erlangas das diferentes classes nocais © CWO sito junto aco que tinge tambem é sulle desigual, ten lease & duplicar ea consagrar por meio’ de suas sangGes a5 desigualdades inicais."O que se pretend medir atraves do fivel de instugde € apenas acumulacio dos efeitos resul- fantes da formagao adquirida por meio da familia © a izagem escolar que J& supunham tal fornacko prév ‘xem, specs daguels que ecebram desu fama wavse o nivel de istrugao, Tal sucede porguc, em primeira gar, a aproprisgio das obras de arte Scpende. em rua tensidade, cm suas modalidades © cm sua propria existencla, at i | ain « a Ine ne Foci” ‘ol os rudita, © dominio do eédigo nao pode ser completamente ‘Sdguirido pela aprendizagem corriqueirs c difusa da existen: in cotdians, rondo portanto necessdrio um ering metodica- te organizado. por Ul iulgdo. montada com este Cbjetwo. Como o rendimeato da comunicaeso pedepogics, reaponsivel pela transmissda, do cédigo das obras de cultura Crugita, € funedo da competéncia cultural que o receptor de- F Sea eieagto familiar, @ éxito da transmissio vai depender do grau de proximidade do eédigo familiar junto & cultura s ‘rudita que # escola transmite e dos modelos I ‘ultueais segundo os quais se efetua tal transmissa0. ease se a een aa a opi, ett 124) Ren na 00 1A ECONOMIA DAS THROCAE sIMBOLICAS Uma vez que a recepgio da mensagem pietérica © 4 faguisicdo”instucionalmente organizada ds competencia cul {oral que constitu a_condigao. para a secepeao desta mens fgem, cncontramse sujetas ar" mesmas. lel, comprecnde-ee fomo @ difil romper o efteulo que faz com que 0. capil Eultural retome ao capital cultural O muscu ue. delta Seu pablico e que legiimando sua qualidade social apenas Siravés de seu “nivel de-cmisso" ", fale diver, somente por: {que pressupse a posse ds tim eédigo cultural mais ou menos omplexo, © por conseguinte mais ou mens Faro, e necessario 40 deciframento das obras expostas, constitu em certo sentide C'limite a que tende uma agdo escolar (Doder-se-ia dizer Una Dedagogin te, no caso particular, mio foste bem mais de ado Sham ime ago da no-pedagoae) eee [is condisies necessdriay A sum plens produtividade, "Osis- tema de cnsino reprodur tanto melhor a estrutura de dist. ‘buisso do: capital Cultural entre. ar classes (ens rages de Clasue) quando a cultura que tranrmive encontra-e, mats pro Sima de"culturs domiaante © quando o modo de inculcario 2 que fecorte eats menos distante do modo de inculcagao filiar. Na medida em que opera atraves de uma Felagso do Comunicagso, a agso pedagegica visando Inculear cultues ‘Sominaate néo pode forarse (mesmo parcialmcate) as lis ferais da transmissdo cultural segundo as quals © apropriagso a cultura proposta (eem conseqlencia, o éxito do emprecn Gimento de aprendizagem sancionado por tiulcs escolares) ‘Sepense da poste previa dow insrumentos de apropriagto ‘apenas na medida cm que forneee explicita e exprestamente, ‘nn propria Comunicagao pedagopica, os instrumentos tndist Penlivels a9 ahito da comunicagso os. quais, em uma secie~ Eide dividia em classes, ago distbuldos de forma bastante Sesigual entze ae ctlangas dav diferentes classes socials. Pela pritica de uma pedagopia implica que cxige a famallaridade previa com a cultues dominante e que procede pels técnica So familiarieagao insensivel, um sstems de cnsine’ prope um tipo de informacdo ee formagso acessveis exclisivamente AAgueles sujitos dotados do sistema de dsposigses que cons” {iui a condigio do exite da tramsmissso © da inculeagao da hlturs, Eximindovee de ofereser a todos explieitamente © gue Sige de todow implicitamente, quer exigit de todos unifor- femente que tenham o que nao Ives for dado, a saber, sobre ‘Sido a competeneis hnglistion e cultural e-m relagso de inti nerecoucso CULTUBAL © REPRODUGIO SOCAL 307 midade com a cultura e com a linguagem, instrumentos que SOmente a educagso familiar pode produc’ quando tamete cultura dominant. Em suma, uma insta ofcialmente Tncumbida de assegurar a Wansinissgo doe instcumentos, de fapropriacgo da cultura dominante que aso se julga cbvigads a¥iramamitie metodieamente os insrumientes indispensaves 32 hom éxito de sua tarcla de. transmisrio, ext ‘devtinada {ansformarsse em monopoiio das classes socials caparcs de Teansmiie por seus propos meios, quer @izer, mediante = ioe deca eotinan an ¢ pia, Gussie ‘es fans cultvadas (rauitas vezes sem que’o taibam aque es que 4 excroom © aducles que a recebem), os instramentos nevessirios & recepgio de sua mensagem e‘necessiriow. Para Sssegurae a esses classes 0 monopelio dos Instrumentor de Spropriagio da cultura, dominantey e por esta via, © mono olla desta cultura = Quanto mais a”agso escolar Se" apto- ima dens limite, santo matt o valor que © sistema cscolar Soncede aos produtos do trabalho pedogogico realizado pelas Tomilias das Uiversas. classes socials encontra-se intimamente Vinculado ao valor enquanto capital cultural que ¢ confer, ‘no ambito de'um mercado dominado pelos produtoy do. te! balbo pedagogico das familias das classes dominates, 2 com petencla ingutsca ¢ cultoral que ar diferentes classes ou Fracdes de classe estio em condicGes de transmitin, tendo em vista sobretudo a cultora de gue dispdem ea tempo que podem dedicar ‘sua transmissig explicit ou implicit. Em Sutror termor, tado depende da gistneta entre = Compeiéncia lingubuca « cultural impliciamente exigida elm tamrmissdo (scolar da cultura escolar (ela propria mais ow menos fas {ada da cultura dominante) ea competéacle lingUistica e cultural ineuleada pela primeiss edueacio nas diversas classes AAs leis do. mercado escolar sto visveis nas estatsticas ‘capazes de mostrar que, desde 0 ingreeso n0 ensino secundérie Seas universidades. hierargula dow estabelecimenton exc les, ou entio, no interior deles 3 hierarquia das sere © diseiplinas segundo seu. prestigio ¢ segundo o valor excolar {que conferem seu publico, correspond estrtamente hie Farquin destas insituicGer (ver quadro anexo) de arse om ‘ estrutura social de seu publico. Logo, as classes eas Sees de classe mais Ficas'em capital cultural ferense_ cada ‘ez mals presentes quanto mais resce a ranidade e, a0 mesmo sos A RCONOMIA Das THOCAE sscoLtCAs tempo, o valor escolar © 0 rendimento social dos titlos exco- fares, bat sucede porgue, em vituce Gs pequena sutoomia ‘ear de wn sistema escouie ineapex se surmar a especmeida: Se denies principios ge avaliagao © de stu modo proprio de Droaupea Gas ainpongSer cultwadas, a zclagdo entfe as agbes Poagopeas exerswns peias cinsror domnadas e pelas classes Romumattes pode ser entendida por atalope com a relaglo (Que se estapetece, no piano eeououuco, emie modot de pro: Sic Spec diet ou spt Gesaa por ence fminedo pelos produtos em sene de ‘ume indasteta aitamente Stender prauton ssicoy cy bain, pega ‘So saber fazer, as maneiras de ser, dizer ¢ fazer —, possuem fo mene valor mercado ssots ym ata, Ro mer ‘Skto simbolico (por exemplo nas trocss’ matrimonials) © m9 fmercado econdmico (pelo mene: aa mevida em que suas Singoes depenaem da consagragso escolar) quanto mais it~ Gane 9 modo de’ produgso simbsiico de que slo. o produto ‘neoatra-se do modo de produgao dominante, a saber, as 10% fay educativas det clases soviais em condigoes de impor a ‘Gominagio. dos eritérios de avaliagdo rai favorivels a seus produtos, E segundo exta lopca que se deve compreender © Vator ‘sminente que’ o sistema ‘de ennino francés conlere Tnodaliades sui de telagla com a Iinguagem e com a cul {ure, come por exemplo aintimidade, s elegancia, o “natural” ‘ou a “alsingdo"” Estas sao algumas dis maneitas de uilizar ‘Béus simbdlicon que devem represeatar a excelencia em man tea de cultura Cem dotrimento das disposigdes.produzidas pets escola ey paradonalmente, desvalontadss pela. propeia 2itola como “eseolares") pelo fato de sue pertencem apenas Xgueles que: adguiriram 's\cultura, ou ao menos, as disposi (ors nectesisi' a aqusigdo da cultura cscolar”por famnli Fleagaoy vale dizer, através da sprendizagem imperceptivel Impints pela educagzo familiar como modo de aqusigao dos Instramentos de spropriagio da culture dominante cujo mo fnopolio encontra-se tm ios das clesses dominantes, ‘A eficécla especfioa das ranges do mercado escolae re- sultam do fato Ge que tals saagbes se cxctcem com todas 35 {da logitiidade. No werdade, todo se paste como Bktho'e aplicacao escolar para os alunos, iavestimentox em tempo, em enforgos © em dinheteo pare as familias — a0 TRANTMNANAIIT ‘ HATH CLIC (Tauper) — came SE doo Iucroe que esperam obter @ méaio ou longo prazo neste tneread®, como se 0 preso-que eles conferem. As sangdes Go imeread escolar foste fungée do. prego que Ihes conferem at ‘Singoes deste meteado e Jo grau em que seu Valor econsrnico C'nimbslieo depende do Valor que les concede. o mercado ‘Sstolan esta mancirm, as dieposigder nepativas fo tocante $"Seoola que levam a miaioria dar criancas day classes © fra: een de classe mais desfavorecidas culturalmente a awo-el- imagao, como por exemplo a depreciaczo de si mestNo, Scwvalorizagio da casola © desist sangies ou a. resignacao So feacasse © & exclurto, devem ser compreendidas em ter- mon de nconscients {es clases ou fragies de Clase desprovidas de capital cul- tural," © sistema de. disposigoes em relagao a eawola & 0 produce da interiorinasio do valor que o mercado escolar Cantecipando por suas sansGes fermalmente eutras a San fer da mercado simbslico ou eeonémico) confers. 40s pro ‘Sstoe da ‘educacdo familie das slversas classes socials (Iop0, elacy ‘capltal cultural) cdo. valor que, por suas tangoes Sbjeuvas, bs mercador econémico e simblico conferem aot fprodutor’ da ‘ago escolar segundo a clause social de que Provém.” Nestas condigdes, 0 sistema de disposes em fe= [igao 8 ercola enquento,propensto a comentie investmentos GS tempo, esforge © sinkelrd, nesessésien para conservar ov Sumentar o capital caltral, ende a duplicar os efeitos stn Batloos © cconbmicos da aistibulgso desigual do capital cul- {aral'a0' mesmo tempo que or dissimula¢"os legiuma. “Os logos funcionalistas cecorrern a um mundo ideal quando, im de uny estado. longitudinal Gas earreiras escalates ¢ ‘Gescobrem que, pelos encanior de uma harmonis Jrecatabelecide, os individuor obtiverem tudo que haviam es Fedo, melr, nfo gram nama So due wie Efperado” Esquecemee, porém, que os indfvidues so spon Srottimas menoy pendevels pelo efeito ideologico que 8 de ‘Sus fihos mas também em consumos capszer de simbolizar tr poste de melos materias © eulturais adequados Ss regras do silo de vida bergués e propieias a formicso deus capital Soelal, capital de Telagoes.mundanas, (Conte de "apoios” Stein) de hosrader © respeitablidade, muitss vezes indispen- EPRODUCKO CULTURAL = HHPKODUCKO Socla 325 sivel para atrair ou assegurar confianga da bos sociedsde ©, por esta via, de sua eieatcla, podendo inclusive resultae fiumal carreira “poliies ‘De fato, a parcela das frages mais ricas em capital ext ‘cal € unto’ maior aaguelas insiwigoes situadas fc topo da hlerarqula propriamente escolar dor estabelecimentos de cn sing) (Comparada, por exemplo, a0 indice de exto.cxcolar Anterior), stingindo seu maximo na tastivaigio cncarregeds Sk steaiearateprodugio do somo docente CEscle Normal so6 A REONOMIA. DAE EROCAS SIMBOLICAS eae de“ Es chat ganda 9 pa te eabetcimento te em fungio da formagso que oferecem e, por contegunts, do tpo de capital que exigem (a parecla dos fos de enge ‘heltos ¢ particularmente clevads nas insiuigdes clentiicas, S.10 nas faculdades de cigncias, 15,190 nos corsor prepara: ‘Gos para as grander escolar cientificas, 19,7% na Escola Politécnica e 1486 na Escola Normal Superior Cientfica), mat também ent fungio da cerreira, a que dio acco, a Wrar= ‘Guia propriamente escolar Impoe-se'de mancira perfeit ape ‘nas aos fos de professores, levades pela formacgo familie 2 idenuficar todo €xito ao éxito escolar Na medida ea gue “iferencas que separam as diversas (ra- Tentide dupa Tribuigso do capital eeonémico ‘ntsc. as fragbes através das Felagoes de oposigdo © complementariedade que definem 9 ‘stoma de inettuigaes do ensino superior. Na‘ verdade, na, ‘mcdida em que resulta da splicagao de dois principios opes- tos de icrarguiaagdo, a estrutura. Go sistema das imeitigdes Oe casing superior, pode ‘comstfuir @ abjete. de ume feture ent in ds eee de Se pene ee top Te «areas rs) ‘io tention Fakes 328 1A ECONOMIA DAE THOCAS SIMBCLICAS eo ee cet emia i etre ie mee frtag maton, rete he Se sr a eet iae nt aaa incl cadr ae, net in ils progressive ‘a Fentes 80 ‘outro principio (Ver quadro 0 13), ‘A anilise dos mecanismos escolares. mediante os qusis Sabemos que o éxito escolar & fungio do capital cults- tal roped oes ernie sie Ce po 332 [A RCONOMIA DAs THOCAE HBBCLICAS esperam, Ao invés de desviar om proveito préprio os jovens Ser trarece dominsates das class domtnanier (como. pare- ‘Sim Confirmar alguna excmplos cuja repercussio levou as free male Consetvadoras Gs burguesia'a denunciot a cOrtUp ‘Bo da juventude cy a0 mesmo terupo, levou professeres © ‘Rtcletualss acreditarem ma enipotenci de suas dia), im de que 07 jovens das demais fagocs e clanses posam rei Mindichr'o prego de scus investimentos cscslaes ¢ obtcr de {cts situlos 9 Iuero econdmico ¢ simbolice de que saber trae Prove ce flhos da. grande burguesis de nepocios, melhor Ffusdos para telaviaar os julos excolares "A escola consegulia desviar de forma to completa em seu provelto as categoria que concede seu valor mais alto ‘Go duc ve constata straves da Sifercnca entre qualidade esco- {fre anos da Escola Normal Superior © da Escola Necio ‘bal de-Administragso) te os ttulos que olsrsce fossem Posst- ‘cis de conversio, em termos paritarios, no mercado econ Soe politico? Or limites da autonomia escolar na produgae de Stes bierarguise colncidem rigorosamente com os limites obje~ tivamenteatribuidos a sou poder de garanir fora do mereado scolar o valor scontmico e simibelica dos stulos que ouorga, ‘Tieulos escolares semelhantes recebem valores © fungSer bas” {ante variavets conforme @ capreal econdmico e social (sobre ‘0 6"Sapid desloge Tega pels faa) de ge im 4eue dctentores © de acordo Som on mercadoe em gC Yio uulizados.” Logo, sabemos que 0 ko” profisional des Smtigos alunos da Escola de Alton Estudon Comerciais (reeru- ‘ia sua maior parte na tuirguesia de negocios parisiense) muito malt em fungio da menciea como fol ebtido. © Drimeiro poste profssional (atraver de relacocr familiares OW for oultey vias) do quo em fungao de sus posiqao no exame Final da Escols, Enquante os teenicos de nivel superior filhos defuncionsrios seceblam em 1962 un slirio anal medio de Ts.024 frances, os tgenieor de mesmo nivel illhos de indus trais ou grandes comerciantes resebiam 2990. feanon Sie che arete Santee ig.” Isto porque os detentores dos titulos de maice presti= ge Sees teaade Seis oer aps Pea ait eee ere EPRODUCAO CULTURAL E REPRODUCKO.NOCIAE 933 neiras © 08 gostos da. boa sociedade, que consttues cm slgur may carreras (sem flr das toest mattianoniai oportunt: dades de aumeatar o capital social de honorabilidade ede felagocs) a condigio © tavez 0 fator principal do éxito, O hrabitus lnculeado por uma. primeira Educagso burgyesa eh fendraprascaz gut, por male desincestadae gue seam, Sao Shamente rentivels ‘a media que permitem obter @ rend ‘mento maximo dor tituloe excolires sempre que 0 reerutas lento ou_a escalada dependerem de escola por coupiacis ‘por criteros cifusos © tota ("bos aparéncie™ “caltare ‘era’, cc.) Assim como em uma economia pre capitalists ade dma garantia vale 0 que vale © faador, o diploma vale {Gra do mercado escolar 0 que seu detentor Vale econdmica e'soclalmente; sendo que o rendimento do capital escolar ‘orma wransformada do capital cultural) depende do capital Seondmico © social que pode ser uilizado em sua valorizar $0, (0 iho de industrial egresso da Escola de Altos Estu- Sssbgura, so Passo gue o filho de funciominio costando: ape ‘has ‘com seu prépeio Exit eacolar para. alcangar o mesmo titulo poder mo conseguir © cargo de ditsior comercial na Imesms cmpresa Rim sumay stravee da anise day cartete: steas socials e, escolares dos individuor mencionador no Who's who, 9 diploma € tanto mals indispensivel quando se @ origindrio de'uma familla despeovida de capital econd- mico\e social, Assim, 9 sistema escolar 16 pode. gerantir Completamente 0 valor’dow titalos que outorga em sus pro pra esfera de reprodupto. A posse de um diploma, por mais prestgioso que sela, nao é por si mesma capar de amcgurar D acesso is: posigaes mais elevadar endo ¢ aufiiente pars ‘dar acesso a0 poder econdmico. Ao costréio, como indies 334 1A RCONOMIA DAS THOCAS SIMELICAS © dingrama de correlaglo, 0 acesto as classes dominantes 1 onion, As fragoes"dominantes.dessss classes relates inenic independente das oportunidedes de accsso 20 ening SRpctot pars ayucles tndviduon oniginsios dar rages mals petaiasa pi eon,
  • , € de out lado. que os detentores do capital ceo- {bmico_tém mals chances (Gm comparagao com or que N80 Srpossvem) de deter também 0 caplal cuturais © per assim Site de" poder’ ‘dnponaa to" pois" tale. ects const tmoeda trace cujo. valor total 6 se fax’ sentr nos Wentes So merendo. sca eeRODUCAO CULTUNAL E REPKODUCKO =OEEAL 435 agra covrlto. ctre_powlbliades de acrio ty clases eon eG 336 ‘fh meowonta Ont Teens eneeeusons iy eiiai at tla aie: iif i i une 1 Doe mds rem 6 pn a 30 mes mr fret To cr pen oe ri ur 610, aw as gh Bop + i 7 a
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