Você está na página 1de 1

Atividade de Literatura - Turma 121 - Data: 28/fevereiro/2014 - Prof.

Aline Coelho

Lembrana de morrer
lvares de Azevedo
Quando em meu peito rebentar-se a fibra,
Que o esprito enlaa dor vivente,
No derramem por mim nenhuma lgrima
Em plpebra demente.

Mas quando preludia ave daurora


E quando meia-noite o cu repousa,
Arvoredos do bosque, abri os ramos
Deixai a lua pratear-me a lousa!

E nem desfolhem na matria impura


A flor do vale que adormece ao vento:
No quero que uma nota de alegria
Se cale por meu triste passamento.
Eu deixo a vida como deixa o tdio
Do deserto, o poento caminheiro,
Como as horas de um longo pesadelo
Que se desfaz ao dobre de um sineiro;
Como o desterro de minhalma errante,
Onde fogo insensato a consumia:
S levo uma saudade desses tempos
Que amorosa iluso embelecia.
S levo uma saudade dessas sombras
Que eu sentia velar nas noites minhas
De ti, minha me, pobre coitada,
Que por minha tristeza te definhas!
De meu pai de meus nicos amigos,
Poucos - bem poucos e que no zombavam
Quando, em noites de febre endoidecido,
Minhas plidas crenas duvidavam.
Se uma lgrima as plpebras me inunda,
Se um suspiro nos seios treme ainda,
pela virgem que sonhei que nunca
Aos lbios me encostou a face linda!
S tu mocidade sonhadora
Do plido poeta deste flores
Se viveu, foi por ti! e de esperana
De na vida gozar de teus amores.
Beijarei a verdade santa e nua,
Verei cristalizar-se o sonho amigo
minha virgem dos errantes sonhos,
Filha do cu, eu vou amar contigo!
Descansem o meu leito solitrio
Na floresta dos homens esquecida,
sombra de uma cruz, e escrevam nela:
Foi poeta - sonhou - e amou na vida.
Sombras do vale, noites da montanha
Que minha alma cantou e amava tanto,
Protegei o meu corpo abandonado,
E no silncio derramai-lhe canto!

Exerccios
01. A vontade do poeta a de que aps sua morte
a) derramem-se muitas lgrimas.
a) todos fiquem tristes.
c) no se cale a alegria.
d) enfeitem-no com flores.
02. A partir da leitura das primeiras estrofes do poema,
conclui-se que a morte para o poeta significa
a) sacrifcio b) desespero
c) castigo
d)
libertao
03. O sentimento que os poucos amigos e os pais do
poeta despertam nele no momento da morte de
a) pena
b) saudade
c) revolta
d) gratido
04. Na stima estrofe, percebe-se que o poeta teve
uma relao amorosa
a) sensual b) platnica c) conflituosa
d)
tranquila
05. O poeta deseja que ao ter o seu leito solitrio na
floresta, ele obtenha da natureza
a) proteo b) companheirismo c) compaixo d)
amizade
06. lvares de Azevedo considerado um poeta
ultrarromntico. De acordo com o que o texto
apresenta, qual caracterstica no faz parte das
poesias ultrarromnticas?
a) a viso da morte como refgio ideal.
b) o sentimentalismo.
c) temas sociais e polticos.
d) a idealizao da mulher amada.

Você também pode gostar