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ONTOLOGIA

CONTEMPORÂNEA
Edmund Husserl criou uma nova
área da Filosofia, chamada
Fenomenologia, em que
destacou a consciência
intencional dos fenômenos
como forma de acesso à
realidade
• No século XX, muitos filósofos O filósofo alemão, de origem
julgaram a Metafísica superada judaica, Edmund Husserl defendeu a
pela ciência moderna. importância das reflexões metafísicas, ou
• Outros, porém, apontaram a ontológicas, pois não aceitava que a
permanência de pressupostos Filosofia fosse subordinada aos métodos
metafísicos no método científico e das ciências exatas, como propuseram
destacaram a importância desse
campo de reflexão filosófica
alguns pensadores.
Assim, dedicou-se ao estudo do
conhecimento e da consciência.
• No século XX, muitos filósofos
O filósofo alemão Martin Heidegger,
julgaram a Metafísica superada
pela ciência moderna. aluno de Husserl, destacou a
relevância de se refletir sobre o ser,
• Outros, porém, apontaram a
permanência de pressupostos entendido como a condição de
metafísicos no método científico e possibilidade de todos os entes,
destacaram a importância desse denunciando o esquecimento da
campo de reflexão filosófica questão do ser no estudo dos entes.
• Antes de Kant, a Metafísica encarava a consciência (ou intelecto) como
substância pensante.
• Depois dele, a Psicologia avançou como ciência voltada ao estudo
desse tema e reduziu a consciência a um conjunto de fatos observáveis
e testáveis
• Por exemplo: sensações, percepções, lembranças e pensamentos
Ontologias • Husserl discordou desse caminho e preferiu fazer uma nova crítica ao
regionais conhecimento, retomando as noções kantianas de sujeito
transcendental e de fenômeno para refletir sobre a consciência, a qual
definiu como atividade universal e intencional, com o objetivo de criar
significados à realidade.
• Além disso, para designar os elementos formadores da realidade, ele
utilizou os termos:
• “fenômenos”, “essências” ou “ eidos” (ideia, em grego)
• Adotou o procedimento de “colocar entre parênteses” (epoché) as
verdades científicas e filosóficas, assim como as crenças irrefletidas,
frequentes no senso comum.
• Depois, ele percebeu que, para constituir o conhecimento, restava apenas a
consciência - atividade e estrutura universal, caracterizada pela
intencionalidade.

Husserl • Dizer que a consciência é intencional equivale a afirmar que ela é


sempre consciência de algo e constituída por entes tomados das diversas
regiões do ser, sob perspectivas diferentes e de acordo com as
circunstâncias, aos quais ela confere significados.
• Tais regiões seriam
• A natureza, a sociedade, a moral, a religião, a lógica, a matemática

• Entre outras que oferecem objetos para serem percebidos e pensados.


• Ao analisar o conhecimento e suas possibilidades, Husserl não recorreu aos conceitos de nôumeno ou
substância
• Porque reconhecia que um objeto não seria o mesmo para a consciência quando lembrado, imaginado, visto de
perto ou de longe, com medo ou desejo, isolado ou em um contexto.

• Ele empregou o termo noema


• Para referir-se àquilo de que se tem consciência (os fenômenos, essências ou eidos)

• E o termo noésis
• Para designar a consciência intencional.

• Concebeu a fenomenologia como investigação dos modos segundo os quais os noemas se apresentam
à noésis
• Considerando que os noemas eram entes naturais, sociais, lógicos, matemáticos, etc.,
• Husserl não retomou a metafísica do “ser enquanto ser”.
• Em vez disso, propôs “ontologias regionais”
• O estudo do ser diferenciado em noemas de regiões distintas, os quais se apresentam à consciência intencional
(ou noésis) de formas também distintas.
• Na obra de Magritte, os objetos
pessoais aparecem em tamanhos
desproporcionais em relação aos seus
tamanhos naturais, pois seu
proprietário atribui diferentes
significados a cada um deles.
• Da mesma forma, a consciência
intencional, postulada por Husserl,
mostra que os fenômenos (noemas)
são percebidos de diferentes
maneiras, de acordo com a
intencionalidade da consciência
(noésis).

• MAGRITEE, René. Os valores pessoais. 1952. 1 óleo sobre tela, color., 77,5 cm x 100 cm.
Museu de Arte Moderna de São Francisco, Califórnia.
Edmund Husserl valorizou a intencionalidade da consciência
em seus estudos. Sobre essa questão, leia o poema a seguir De acordo com seus estudos e com a leitura do
O que nós vemos das cousas são as cousas poema, responda as questões a seguir.
Por que veríamos nós uma cousa se houvesse outra?
Porque é que ver e ouvir seriam iludirmo-nos
Husserl definiu a consciência como “atividade
Se ver e ouvir são ver e ouvir? universal e intencional com o objetivo de criar
significados para a realidade”.
O essencial é saber ver, Saber ver sem estar a pensar,
Saber ver quando se vê, 1. Grife no poema os trechos que
E nem pensar quando se vê, Nem ver quando se pensa. representam o conceito de consciência do
filósofo e explique o que você
Mas isso (tristes de nós que trazemos a alma vestida!),
Isso exige um estudo profundo, compreendeu a respeito desse conceito.
Uma aprendizagem de desaprender
2. Com base na Fenomenologia, explique o
E uma sequestração na liberdade daquele convento
De que os poetas dizem que as estrelas são as freiras eternas que significam os versos “triste de nós que
E as flores as penitentes convictas de um só dia, trazemos a alma vestida!/ Isso exige um
Mas onde afinal as estrelas não são senão estrelas estudo profundo,/ Uma aprendizagem de
Nem as flores senão flores,
Sendo por isso que lhes chamamos estrelas e flores. desaprender”.
CAEIRO, Alberto. O que vemos das cousas são as cousas. In: AZEVEDO, Álvares de; MOISÉS, Carlos F.
(org.) et al. Poesia faz pensar. São Paulo: Ática, 2011. p. 56. (Para gostar de ler, v. 46).
Um dos maiores
pensadores do século XX,
Martin Heidegger
dedicou-se à metafísica
em busca do sentido do
ser
• O filósofo Martin Heidegger deixou importantes contribuições à Ontologia
contemporânea.
• Ele elaborou um pensamento que mantinha relações com aspectos da
Fenomenologia e com a tese existencialista de que o ser humano é autor de
sua própria essência.
Retomada • Dedicou-se a investigações metafísicas, afirmando que era fundamental
da questão perguntar pelo sentido do ser, tema que havia sido abandonado pelas ciências
do ser modernas.
• Por isso, ele decidiu começar suas reflexões pela interpretação do modo de ser
do único ente que poderia fazer essa pergunta:
• O ser humano
• A quem chamava de dasein (geralmente traduzido como “ser-aí”).
• O dasein é o único ente que existe
• Os demais entes apenas são.
• Para ele, existir significava ter uma compreensão prévia do ser e a
possibilidade de questionar ou ignorar essa compreensão.

Martin • Ao questioná-la, o dasein alcançaria uma existência autêntica.


Heidegger • Ao ignorá-la, continuaria numa existência inautêntica, mergulhando
num cotidiano agitado, em que as pessoas se perdem no anonimato de
afirmações como “a gente pensa”, “a gente faz”.
• Essa atitude representaria uma tentativa de sufocar a angústia de se
descobrir como um ente suspenso no nada.
• A existência autêntica do dasein dependeria da investigação do ser
e do enfrentamento da angústia
• A qual corresponderia à consciência humana da morte como
horizonte da vida

• Afirmava que a condição do dasein era a de “ser para a morte”


Segundo • O que significava reconhecer a “possibilidade da impossibilidade da
Heidegger existência”
• E, ainda assim, buscar um modo autêntico de existir, sem fugas

• Ele considerava a angústia uma disposição originária do dasein,


frequentemente sufocada, mas sempre presente para
experimentar, em vez dos entes cotidianos, o ser e o nada.
Como no desenho de Kohnhorst, a morte, para Heidegger, é uma sombra
que acompanha o ser humano ao longo de sua existência, marcada pelo
sentimento de angústia. O ser para a morte é, pois, a abertura do ser para
a sua própria finitude. Isso significa que o dasein é infinito do ponto de KOHNHORST, Thorsten. A morte. In: FEITOSA,
Charles. Explicando a filosofia com arte.Rio de
vista do ser (existência), mas finito do ponto de vista do tempo (morte). Janeiro: Ediouro, 2004. p. 169.
• Essa transcendência, a atitude de ir além dos entes, era a verdadeira
metafísica.
• Ele afirmava que a filosofia:
• Consistia em colocar em marcha a metafísica entendida como a própria
essência do dasein, e não como mera disciplina filosófica.
Para Heidegger
• Além disso, acreditava que a retomada da questão do “ser”,
pelo dasein, abriria a possibilidade de renovação das ciências, de
modo que não fossem mais consideradas definitivas e suficientes.
• Sua busca pelo sentido do ser começou com a analítica existencial,
ou seja, com a análise das estruturas essenciais do dasein, o ente
privilegiado, aberto ao ser
• Porém, na segunda fase de sua reflexão, conhecida
como khére (ou virada), o filósofo radicalizou,
levando sua busca pelo ser para além das estruturas
do dasein, confrontando-se com os limites da
Para Heidegger linguagem conceitual da filosofia.
• Assim, ele concluiu que a verdadeira morada do ser
era a linguagem poética, considerando que, ao
contrário dela, a linguagem filosófica era incapaz de
expressar a universalidade do ser.
FONTE

ARANHA, MARIA LUCIA DE ARRUDA. FILOSOFANDO, INTRODUÇÃO À FILOSOFIA.


EDITORA MODERNA. SÃO PAULO: 1993.

PAULINO, FERNANDA TAVARES. SISTEMA POSITIVO DE ENSINO : ENSINO MÉDIO:


FORMAÇÃO GERAL BÁSICA : CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS PLICADAS : MÓDULO 1 :
FILOSOFIA : SURGIMENTO DA FILOSOFIA E A QUESTÃO DO SER / FERNANDA TAVARES
PAULINO. – CURITIBA : CIA. BRAS. DE EDUCAÇÃO E SISTEMAS DE ENSINO, 2023.

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