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ESPECIAL DESTINO 3 ANOS!

EDUARDO
&
MÔNICA
De: Lucas Maciel

Personagens:
(Elenco figurativo)

EDUARDO – Daniel de Oliveira


MÔNICA – Leandra Leal
SILVINHA – Natália Lage
CARLÃO – Wagner Santisteban
LUÍS – Caio Blat
BELIZÁRIO - Sebastião Vasconcelos
IRMÃO DE EDUARDO - Gabriel Kauffman
CORRETOR - Pedro Garcia Netto
PROFESSORA DE TEATRO – Bruna Lombardi
CENA 01. REPARTIÇÃO. INT – DIA

Muito movimento. Quase todos trabalham, exceto alguns


funcionários vagais do setor 5. Mônica está de saia e
blusa social, com as pernas em cima da mesa lendo uma
revistinha colorida de horóscopo e tomando conhaque.
Algumas outras revistas e chocolates em cima de sua
bancada. Na bancada à frente, Silvinha flerta no
telefone com Carlão, outro funcionário vagal que está
a três metros de distância.

SILVINHA – [sensualmente/ baixinho] Aih,


desliga você.

CARLÃO – [sensualmente] Não, desliga você...

SILVINHA – Ai para, coração! Desliga você...

Câmera em Mônica. Câmera muito desfocada em Silvinha e


Carlão. Ouve-se:

SILVINHA – [muito sensual] Ai para...

CARLÃO – Vai, dá aquela gemidinha que só você


sabe dar.

MÔNICA – [joga a revista no chão/ histérica]


Chegaaa! Vamô para a palhaçada, vocês dois!
[chama a atenção de alguns funcionários].

SILVINHA – Iiiih, ta precisando de um colo


hein amiga? Sai pra lá...
BETO – [entregando nas bancadas papéis mal-
cortados com um endereço] Aí galera, festinha
hoje lá em casa. Quero todo mundo lá.

SILVINHA – [lendo] Festinha, Beto? Tava


precisando! [à Mônica] Pronto, achamos um
jeito de te desestressar.

MÔNICA – Não quero festas. [pausa] [voz


debochante] ‘Leonina: Hora de achar um amor
verdadeiro, festas e encontros casuais são
ótimas oportunidades para encontrar o
príncipe do cavalo branco.’ [ao normal] Até
essa revistinha que nunca me deixava na mão,
tá me pressionando?

SILVINHA – Filhinha, você tá subindo pelas


paredes. [cochicha] Olha, eu tava assim
também, aí comecei a praticar um esporte que
me ajudou muito. [olha pros lados] Cama!
Aposto que seu problema é falta de sexo.

MÔNICA – [pegando a bolsa] Tchau Silvinha.

SILVINHA – A gente passa no seu apê as nove


pra te pegar, hein!

MÔNICA – [na porta do elevador] Vou pensar no


seu caso.

Corta para:
CENA 02. CAMPO DE FUTEBOL. EXT - DIA

A câmera abre para um campinho de futebol amador. Já


está no fim do jogo. O juiz apita e o time de colete
vermelho vai tirar satisfações com o de colete
amarelo. Eduardo e Luís saem suados, conversando.

LUÍS – [pondo a mão no ombro de Eduardo] Aí


cara, festa de um camarada meu às nove. Vai
mol galera!

EDUARDO – Que camarada Luís?

LUÍS – Do Beto, mas pô, ele já esqueceu a


treta de vocês.

EDUARDO - Festa estranha, com gente


esquisita! Esquece.

LUÍS – Nove e meia no ponto da padoca.

Câmera gira rapidamente, uma briga no campo. Eduardo e


Luís voltam correndo e entram na briga. Socos e
pontapés.

Sonoplastia: “Eduardo e Mônica” – Legião Urbana.

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CLIP SÃO PAULO. EXT – DIA/ NOITE

Sonoplastia: “Bete Balanço” – Cazuza

Av. Paulista ensolarada, muito movimento. Mostra um


ponto de ônibus, vários jovens entram num ônibus
aparentemente velho. O sol vai se pondo, a Avenida vai
perdendo um pouco o movimento. As luzes se acendem.

Corta lentamente para:

CENA 03. RUA AUGUSTA. EXT – NOITE

Já é noite na Rua Augusta. Prostitutas param os carros


para se oferecer. Casais e vândalos andam pelas ruas.
A padaria é velha e movimentada, Eduardo está sentado
na guia bebendo em uma garrafa. No velho Saveiro, vêm
seus amigos com o som no último volume.

LUÍZ – [dançando/ grita] Sobe aí cara!

Eduardo sobe na traseira, está pouco entusiasmado, em


cima, cumprimenta a galera e o carro toma partida em
velocidade.

Corta para:

CENA 04. CENTRO DA CIDADE. EXT - NOITE

Mônica desce arrumada. Balança a chave na mão e acena


para o zelador do prédio típico de adolescente-
independente. Carlão buzina e Silvinha berra.
MÔNICA – [entrando no carro] A próxima vez
que você me gritar desse jeito...

SILVINHA – [liga o som] Ihhh, relaxa Mônica.


A gente jajá chega na festa, você acha um
gatinho, pega ele, vai pra um dos quartos da
casa e faz sexo a noite inteira com ele. Tá
bom assim pra você? [dá risadas exageradas/
Mônica séria]

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CENA 05. FESTA [CASA DE BETO]. EXT – NOITE

Casais e grupos de amigos entram numa casa


aparentemente antiga e bem cuidada por delicados
idosos, as janelas refletem muita luz piscante, som
muito alto. Muitos carros na rua. Fora, um jardim com
cercas de ferro e um portãozinho aberto. Carlão,
Silvinha e Mônica descem do carro e vão entrando com
algumas bebidas.

CENA 06. FESTA [CASA DE BETO]. INT – NOITE

Móveis bem arrumados e afastados para a improvisação


de uma pista de dança. Tudo organizado por Beto (filho
peralta que espera os pais irem para o interior
visitar os parentes para dar uma festa de arromba para
os amigos).
Ponto de vista de Mônica:

Algumas pessoas se agarrando no sofá, outras dançando


freneticamente na sala. Outras preferem beber no
parapeito da janela. Mas há um esquisito, solitário de
óculos escuros e capuz sentado num pufe bebendo vinho.

Ponto de vista de Eduardo:

Pessoas geralmente mais velhas que ele, tudo bem, isso


é normal. Pessoas drogadas no corredor do banheiro,
tudo bem, normal. Uma garota com o corpo bem formado,
cabelo sem cor definida e peitos avantajados com uma
sacola de cervejas na mão o observando na porta.
Hum... Isso não estava no roteiro. Sorri para a
garota.

Silvinha e Carlão somem na multidão, Mônica fica ali


com a sacola se sentindo uma estranha.

SILVINHA – [pegando a sacola] Da isso aqui,


vai menina, se solta. [sai dançando
sorridente]

Câmera mostra a festa. Câmera de cima. Pessoas dançam,


fumam, bebem, se agarram. Câmera vai vagarosamente
para um relógio de parede antigo. 10h45.
Efeito de aceleramento na festa. Os ponteiros vão mais
rápido do que os próprios jovens empolgados. 1 hora da
manhã.
Eduardo já se levantou e voltou para o lugar umas 15
vezes. Mônica já está o observando. Ele traz um
cigarro e uma garrafa de bebida. Ela vem vagarosamente
da cozinha.

MÔNICA – É... Eu não sou a única perdida


aqui.

EDUARDO – [sorri sem graça] Senta aí!

MÔNICA – [sentando na metade do pufe/ os dois


observam a festa juntos] Que foi? Não tá
gostando da festa? Muito forte pra um garoto
de dezesseis anos? [provoca]

EDUARDO – [dá uma tragada muito forte] Quem


disse que eu tenho dezesseis?

MÔNICA – Sua cara. Fumando, bebendo e


tentando parecer diferente. Isso não são
características de um adolescente querendo
impressionar?

EDUARDO – Tá ok, dezesseis. Mas não preciso


impressionar. [dá mais uma tragada] Peraí.
[pega uma garota da festa pelo braço] Aí
gata, rola ir ali fora comigo agora?

GAROTA – Sai pra lá, louco. Olha pra tua


cara.

Eduardo olha desconcertado para Mônica. Ela sorri.


EDUARDO – É... É uma questão de gosto.
MÔNICA – Hum... Agora para de se fazer de
bonzão e assume que você tá tão aleatório
nessa festa quanto eu.

EDUARDO – Pra que tanta tinta nesse cabelo?

MÔNICA – [resmunga] Filho da puta.../ [fala


disfarçando] Isso aqui foi... É... Foi...
Pintei algumas vezes e não pegava, aí
descolori daqui, tira dali.../ [brava] Que
interessa isso?

MÔNICA – [resmunga novamente] Auch wird


silly, ist sogar sim attraktiv.

EDUARDO – [para de fumar e beber/ olha]


Macumba só porque falei do teu cabelo. Calma
aí, não é a intenção... [se afasta]

MÔNICA – Alemão.

EDUARDO – Ah... Tá... [longa pausa] E o que


disse?

MÔNICA – [charmosa] Mesmo sendo idiota, ainda


sim é atraente.

Sonoplastia: “Eduardo e Mônica” – Legião Urbana


Eduardo segura a garrafa de vodka e olha para a garota
parada na tua frente, esperando por um beijo, depois
um aperto, alguns amassos e, finalmente...
Eduardo e Mônica se beijam.
Os dois se olham.

Eduardo abraça e beija a garota, tudo muito calmo em


relação aos outros ‘casais’ da festa. Beijando,
Eduardo abre os olhos e vê o relógio de parede
apontando às 2 da madrugada.

EDUARDO – [levanta apressado] Aí, eu... Eu to


indo nessa. Ah, a gente se vê depois, pode
ser?

MÔNICA – Mas já? Sei lá eu não tenho nem


teu...

EDUARDO – Tem batom aí?/


[Pegando o batom de Mônica/ anota seu
telefone em um pedaço de papel e entrega a
ela/saindo]

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CENA 07. CASA DE EDUARDO. INT - DIA

Casa pequena. Móveis bagunçados e cozinha imunda. Uma


mesa de futebol de botão está armada e com
organização. Eduardo passa pela sala pegando uma
camisa que está no braço do sofá. Seu irmão pequeno vê
desenho.
EDUARDO – [bocejando/ pendura a camisa no
ombro] Aê, o que comeu de café? [revira o
armário]

CRIANÇA – O vô comprou bolacha ontem.

EDUARDO – [se servindo] Dor insuportável...

BELIZÁRIO – Ressaca meu filho?

EDUARDO – Ah vô, não,não. Os velhos problemas


de vista. [disfarça]

BELIZÁRIO – Sei... Já te falei que não quero


se metendo com aqueles moleques. E além do
mais, pra ensinar teu irmão a jogar futebol
de botão... Haja paciência. [pausa] Tu
esqueceu que ontem era a final meu filho?

EDUARDO – Ah vô, foi mal! [terminando/


levanta-se] Hoje de tarde tu joga com o Mengo
e eu jogo com São Paulo, pode ser?

BELIZÁRIO – Já vai sair é?

EDUARDO – Futebol com a galera lá no campão.


Abraço.

Telefone toca.

CRIANÇA – Du! É pra você.


EDUARDO – Droga! [atende] Alô!

MÔNICA – Eduardo?

A tela se divide em duas partes, cada um de um lado.

EDUARDO – Quem tá falando?

MÔNICA – Eu, da festa de ontem, garoto.

EDUARDO – [sorri] Ah, lembrei. E como sabe


meu nome?

MÔNICA – Perguntei pros teus amigos ontem. E


disseram mais que o teu nome.

EDUARDO – E o que disseram?

MÔNICA – Disseram que teu nome é Eduardo e


teu apelido é amendoim. Dizem que a tua
generosidade é maior do que algumas partes do
teu corpo.

EDUARDO – [sério] Hum, disseram isso foi?


Mentira... Mas diga.

MÔNICA – Vai sair hoje?

EDUARDO – Tava de saída, mas por que?


MÔNICA – Ah nada, to de folga hoje, e...
Pensei em a gente dar uma volta.

EDUARDO – Parque do Ibirapuera às duas, pode


ser?

MÔNICA – Fechado. [pausa] Amendoim.

Eduardo sai às pressas e Mônica ri e desliga o


telefone.

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CENA 08. PARQUE DO IBIRAPUERA. EXT – TARDE

Muitas pessoas no parque. Famílias fazem piqueniques.


Casais de namorados jogam comida para os patos no
lago. Ciclistas aproveitam o parque. Jovens rockeiros
andam de skate na marquise do parque e cantam em rodas
com violão.

Corta para um banco no meio do nada, quase fora do


parque. Alguns carros passam por fora, barulhos de
buzinas e só.

MÔNICA – É... Você deixou de jogar futebol


com seus amigos pra vir, é um bom sinal.
[sorri]

EDUARDO – Na verdade não deixei de jogar, só


não fiquei pro terceiro tempo.
MÔNICA – Ah... Sim. Terceiro?

EDUARDO – É o vício.

Silêncio.

MÔNICA – Nossa! Mas quanto mistério.

EDUARDO – [sorri] É, mas falando em mistério,


quem tu acha que matou a Odete Roitman?
[animado] Não, por que eu tenho quase certeza
que foi a Leila, olha só... [vira-se/
explicando] Velho, quem viu a cena do
capítulo anterior, sabe que ...

O diálogo vai ficando mudo. Mônica faz cara


de paciente e aborrecida. Eduardo dialoga
animadaço.

Sonoplastia: “Eduardo e Mônica” – Legião Urbana

Ainda com a sonoplastia, surge um calendário


no canto da câmera. Vários dias vão se
passando e os dois no mesmo banco, as roupas
mudam.

...

[passa-se 1 dia]

MÔNICA – Não, eu disse pra ele que não podia


fazer aquela operação. [empolgada] Cara! E se
desse errado? Eu ainda era enfermeira na
época.

Eduardo com cara de aborrecido. Mônica


empolgada.

...
[passam-se 2 dias]

EDUARDO – Aí chegou no dia vinte e finalmente


teve a final, acredita que meu avô chamou a
galera da rua pra assistir? Ganhei dele de
dois a zero, o velho ficou irado.

...
[passa-se 1 semana]

MÔNICA – E foi assim, ficamos amigas no show


do Caetano, foi tão mágico. Aliás, o Caetano
é mágico, gosto dele e do Gil, mas claro, o
Caetano é minha preferência, não sei se você
já ouviu, aquela que diz assim...

...
[passam-se 2 semanas]

EDUARDO – Putz! Quando o segurança descolou


que a galera tinha entrado tudo com o mesmo
ingresso. Sabe aquele esquema de ‘entra você
e vai no banheiro, me passa pelo lado de
fora’, não deu outra, o cara tentou correr
atrás...
...
[passa-se 1 mês]

MÔNICA – Eis que minha vontade sempre foi de


largar tudo pro alto e fazer teatro,
fotografia e um mochilão pela América do Sul.

EDUARDO – Poxa, eu também!

MÔNICA – Topa?

Corta para:

CENA 09. ARGENTINA – BARILOCHI – EXT. DIA

Sonoplastia: “It’s my life” – Bom Jovi

Eduardo e Mônica estão de mãos dadas esquiando. Câmera


filma o trajeto dos dois, que após caírem, rolam no
chão e se beijam.

Ainda com a sonoplastia, corta para:

CENA 10. CHILE. EXT – DIA

Mônica anda cansada, acena pela décima vez para pedir


carona a um caminhão. Eduardo a abraça e sorri com
paciência. Carregam enormes mochilas.
Ainda com a sonoplastia, corta para:
CENA 11. URUGUAI. EXT – DIA

Os dois terminam de tomar um suco numa lanchonete.


Eduardo arranja o esquema e os dois saem sem pagar.
Olham para trás e são perseguidos pelo garçom, correm
rindo.

Ainda com a sonoplastia, corta para:

CENA 12. RODOVIÁRIA SÃO PAULO. EXT - DIA

O ônibus dá partida e os dois se olham. Sonoplastia


encerrada.

MÔNICA – Cansou?

EDUARDO – Cansei.

MÔNICA – E quem disse que acabou? [os dois se


olham/ aperta o nariz de Eduardo] Olha a
promessa!

Corta para:

CENA 13. TEATRO VELHO – CENTRO SÃO PAULO. INT – DIA

Teatro falido com muitas fantasias armazenadas num


galpão que cede espaço para o palco. Professora hippie
coordena os exercícios físicos. Todos calmos e com
aparências esquisitas. Eduardo faz os exercícios
desengonçado e Mônica com cara de criança feliz.
PROFESSORA – Isso aí, agora se dividam em
duplas e borá montar a cena que eu expliquei
no começo da aula. Rápido. Quem quiser toma
água lá em cima. Vamos abrir pro público às
duas, se preparem aí. Merda pra vocês! [sai
dançando]

EDUARDO – Puta merda, cena? Você não me falou


que a gente apresentava.

Eduardo e Mônica se olham. Sorriem um para o


outro.

MÔNICA – Um!

EDUARDO – Dois

Saem correndo do teatro.

A câmera mostra os dois correndo felizes pelo


Centro da Cidade, e aos poucos a imagem some
como uma página virada de um livro. O mesmo
livro é filmado pela câmera e vira um álbum
de fotografia. Abre-se o álbum, fotos de uma
formatura.

Corta para:
CENA 14. FORMATURA DE MÔNICA. INT – NOITE

Muitas pessoas sentadas. Os formandos fazem seus


juramentos no palco. Eduardo olha Mônica da platéia,
sorri.

Corta para:

CENA 15. FACULDADE/ PÁTIO. EXT – DIA

O mesmo sorriso da cena anterior recebe um giro rápido


da câmera e se torna o sorriso desta cena. Eduardo
grita com os amigos que passaram no vestibular. Pega
seu papel e abraça Mônica.

CENA 16. VIDA DE EDUARDO & MÔNICA – CLIP

A câmera se divide em duas.

De um lado, Eduardo devolve trocados para uma senhora


que passa a catraca do ônibus. Sorri insatisfeito e
assim continua no seu primeiro dia de trabalho.

Do outro, Mônica guia os turistas até a mesa de quatro


lugares. Sorri e volta a atender o outro grupo.

NARRADOR - É, passou-se um ano e os dois


naquela pindaíba. Tudo isso? Pra juntar
dinheiro.

Legenda: 3 anos depois.


CENA 17. CASA À VENDA. EXT – DIA

Mônica está com um lenço na cabeça. Roupa leve e uma


barriga enorme. Eduardo está com a mão em seu ombro.
Sorri para o corretor.

CORRETOR – Ficamos assim então?

EDUARDO – Isso! Pagamos a última parcela no


mês que vem.

CORRETOR – [apertando a mão de Eduardo] Tudo


certinho senhor Eduardo. [olha para Mônica] E
o bebê nasce quando?

MÔNICA – São gêmeos. [sorri] Mês que vem


nascem.

CORRETOR – Parabéns e... Boa Sorte.

Os dois sorriem para o corretor que entra no carro. A


luz do sol ofusca o telhado do sobrado. Os dois se
abraçam, sorriem e entram.

CENA 18. CASA DE EDUARDO E MÔNICA. INT – DIA

Sonoplastia: “Eduardo e Mônica Instrumental”

Casa vazia, cheiro de pó. Algumas janelas cobertas com


papel. Apenas um sofá de móvel, esse também coberto.
Eduardo se realiza vendo o resto da casa. Sem
perceber, já subiu para os quartos.
EDUARDO – [vendo a varanda do quarto] Amor,
vem. Vem ver amor.

Silêncio.

EDUARDO – [abrindo a janela] Mônica!

Ouve-se um gemido de baixo.

EDUARDO – [descendo as escadas rapidamente]


Mônica. O [socorrendo] O que aconteceu?

Eduardo vê Mônica gemendo e com o vestido molhado. O


chão também tem uma poça.

EDUARDO – Pô meu amor, [a abraçando/ sorri


para consolá-la] A emoção é tanta. Olha, você
se mijou toda. [sorri] Vai, vem, vamos trocar
isso.

MÔNICA – [gemendo] Não seu merda. [respira/


grita histérica] A bolsa estourou.

Corta para:

CENA 19. DENTRO DO CARRO BRASÍLIA. INT - DIA

Sonoplastia: “Eduardo e Mônica“ – Legião Urbana

O carro balança e faz um barulho que quase consegue


cobrir os gritos histéricos de Mônica. Ela está
deitada de pernas abertas no banco de trás e Eduardo
dirigindo desesperadamente, chegando ao hospital.

Corta para:

CENA 20. CASA DE EDUARDO E MÔNICA. INT – NOITE

A voz de Eduardo vem narrando alguns fatos desde a


cena anterior.

EDUARDO – [em off] É... E eu que achava que


aquela mijadeira toda na sala não daria em
nada. Juro que fiquei por volta de cinco
horas naquela salinha de hospital. Deu até
pra pegar uns dois pães de queijo de graça na
cantina. Mas enfim, nasceram as pestes. E
hoje, hoje estão.../

Todos estão reunidos na sala, comendo pizza. Eduardo,


Mônica, Sílvia, Luís, Carlão, Belizário e os gêmeos.

EDUARDO – Hoje estão mais teimosos do que


nunca. Eu já te falei, só dois pedaços.
Quanta gula.

MÔNICA – Você deixou eles mal acostumados e


agora reclama.

EDUARDO – Eu deixei? [larga a garrafa de


refrigerante]
SILVIA – Olha aí, gente. Tá derramando tudo.
[recolhendo]

MÔNICA – A culpa é desse tonto, que deixa as


crianças mal acostumas e depois.

BELIZÁRIO – Calma minha filha.

LUÍS – Pô brother eu já disse, borá largar


tudo isso aqui e bater uma pelada.

MÔNICA – Pelada, Luís? Pelada? O Eduardo é um


homem muito bem casado e já passou dessa fase
de pelada. Você que vá caças suas peladas por
aí, é disso que você tem falta.

SILVIA – Gente, mas que barraco é esse? Olha


o menino ali engasgando. [grita] Mônica!

MÔNICA – Meu filho! [socorrendo o garoto]

Inicia-se uma discussão. Todos se envolvem.

Sonoplastia: “Eduardo e Mônica“ – Legião Urbana.

VOZ: “E quem um dia irá dizer que existe razão


Nas coisas feitas pelo coração? E quem irá dizer
Que não existe razão?”

FIM

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